sexta-feira, 13 de novembro de 2020

18 de Novembro de 2020- Talentos e Trono de Deus

OS DONS DE DEUS SÃO DADOS PARA SEREM MULTIPLICADOS

Quarta-Feira da XXXIII Semana Comum

História Estudo do Apocalipse - Capítulo 11 - História escrita por  HebertOliveira - Spirit Fanfics e HistóriasApocalipse 4Evangelho de hoje (Lc 19,11-28) - Egídio Serpa | Egídio Serpa - Diário do  Nordeste

 

Primeira Leitura: Ap 4,1-11

Eu, João, 1 vi uma porta aberta no céu, e a voz que antes eu tinha ouvido falar-me como trombeta, disse: “Sobe até aqui, para que eu te mostre as coisas que devem acontecer depois destas”. 2 Imediatamente, o Espírito tomou conta de mim. Havia no céu um trono e, no trono, alguém sentado. 3 Aquele que estava sentado parecia uma pedra de jaspe e cornalina; um arco-íris envolvia o trono com reflexos de esmeralda. 4 Ao redor do trono havia outros vinte e quatro tronos; neles estavam sentados vinte e quatro anciãos, todos eles vestidos de branco e com coroas de ouro nas cabeças. 5 Do trono saíam relâmpagos, vozes e trovões. Diante do trono estavam acesas sete lâmpadas de fogo, que são os sete espíritos de Deus. 6 Na frente do trono, havia como que um mar de vidro cristalino. No meio, em redor do trono, estavam quatro Seres vivos, cheios de olhos pela frente e por detrás. 7 O primeiro Ser vivo parecia um leão; o segundo parecia um touro; o terceiro tinha rosto de homem; o quarto parecia uma águia em pleno voo. 8 Cada um dos quatro Seres vivos tinha seis asas, cobertas de olhos ao redor e por dentro. Dia e noite, sem parar, eles proclamavam: “Santo! Santo! Santo! Senhor Deus Todo-Poderoso! Aquele que é, que era e que vem!” 9 Os Seres vivos davam glória, honra e ação de graças ao que estava no trono e que vive para sempre. 10 E cada vez que os Seres vivos faziam isto, os vinte e quatro anciãos se prostravam diante daquele que estava sentado no trono, para adorar o que vive para sempre. Colocavam suas coroas diante do trono de Deus e diziam: 11 “Senhor, nosso Deus, tu és digno de receber a glória, a honra e o poder, porque tu criaste todas as coisas. Pela tua vontade é que elas existem e foram criadas”.

 

Evangelho: Lc 19,11-28

Naquele tempo, 11 Jesus acrescentou uma parábola, porque estava perto de Jerusalém e eles pensavam que o Reino de Deus ia chegar logo. 12 Então Jesus disse: “Um homem nobre partiu para um país distante, a fim de ser coroado rei e depois voltar. 13 Chamou então dez dos seus empregados, entregou cem moedas de prata a cada um e disse: ‘Procurai negociar até que eu volte’. 14 Seus concidadãos, porém, o odiavam, e enviaram uma embaixada atrás dele, dizendo: ‘Nós não queremos que esse homem reine sobre nós’. 15 Mas o homem foi coroado rei e voltou. Mandou chamar os empregados, aos quais havia dado o dinheiro, a fim de saber quanto cada um havia lucrado. 16 O primeiro chegou e disse: ‘Senhor, as cem moedas renderam dez vezes mais’. 17 O homem disse: ‘Muito bem, servo bom. Como foste fiel em coisas pequenas, recebe o governo de dez cidades’. 18 O segundo chegou e disse: ‘Senhor, as cem moedas renderam cinco vezes mais’. 19 O homem disse também a este: ‘Recebe tu também o governo de cinco cidades’. 20 Chegou o outro empregado e disse: ‘Senhor, aqui estão as tuas cem moedas que guardei num lenço, 21 pois eu tinha medo de ti, porque és um homem severo. Recebes o que não deste e colhes o que não semeaste’. 22 O homem disse: ‘Servo mau, eu te julgo pela tua própria boca. Tu sabias que eu sou um homem severo, que recebo o que não dei e colho o que não semeei. 23 Então, por que tu não depositaste meu dinheiro no banco? Ao chegar, eu o retiraria com juros’. 24 Depois disse aos que estavam aí presentes: ‘Tirai dele as cem moedas e dai-as àquele que tem mil’. 25 Os presentes disseram: ‘Senhor, esse já tem mil moedas!’ 26 Ele respondeu: ‘Eu vos digo: a todo aquele que já possui, será dado mais ainda; mas àquele que nada tem, será tirado até mesmo o que tem. 27 E quanto a esses inimigos, que não queriam que eu reinasse sobre eles, trazei-os aqui e matai-os na minha frente’”. 28 Jesus caminhava à frente dos discípulos, subindo para Jerusalém.

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Somos Chamados Por Jesus Ressuscitado a Olhar Para o Lado Profundo Da História e a Ter Esperança No Poder de Deus No Céu

 

O Apocalipse não é, antes de tudo, catástrofe. Pelo contrário, seu sentido principal é mensagem de esperança e chama todos os cristão a viver na esperança em Deus que tem poder no céu. Mas este livro foi escrito em pleno período de perseguição, entre Nero e Domiciano, num contexto de crise violenta para a Igreja. A mensagem apocalíptica é, por isso, estimulante para acreditar em Deus independentemente da situação em que vive, pois Deus tem em suas mãos o poder sobre a humanidade inteira. O texto da Primeira Leitura de hoje está cheio de símbolos tirados de Is 6,15; Ez 1,4-27; Dn 7,9-10.

 

O texto da Primeira Leitura de hoje faz parte do conjunto de Ap 4,1-8,1. Neste conjunto fala-se da visão profética da história. A visão inicial é a da liturgia no céu (Ap 4 e 5). Na estrutura do texto (Ap 4 e 5) há a dualidade céu-terra. “Céu-terra” é um símbolo mítico para expressar teologicamente as dimensões transcendentes e a dimensão empírica da história. A “terra”, no contexto da visão, é onde dominam os ímpios, os idólatras e os opressores. O “ceu” é o mundo transcendente de Deus dentro da história: é o mundo dos santos, dos que não são opressores nem idólatras.

 

Nestes dois capítulos (Ap 4 e 5) há uma impressionante reconstrução do céu. Reconstruir o céu é reconstruir este mundo dos santos, dos pobres, dos oprimidos; é um mundo que não é visível na vida ostensiva do Império, no entanto é real na visão apocalíptica.Eu, João, vi uma porta aberta no céu e a voz que antes eu tinha ouvido falar-me como trombeta”. “Uma porta aberta no céu” significa uma oportunidade para entrar nessa dimesao profunda da história. A voz que chama João é a voz de Jesus Ressuscitado como aconteceu anteriormente em Ap 1,9-3,22.

 

O elemento central na visão de Ap 4, onde se encontra o texto da Primeira Leitura de hoje é o trono eregido no céu. O trono de Deus é um símbolo de seu poder. Na terra, o mundo dominado e organizado pelo Império se encontra o trono do imperador que faz os cristãos sofrer (perseguição). Mas os cristãos têm uma grande esperança inabalável, pois no céu domina o poder de Deus. O poder de Deus é a força dos cristão e é o fundamento de sua esperança. E por causa deste poder de Deus no céu é que dá a força da resistência contra o Império.

 

Na visão aparecem 24 anciaos e 4 viventes: “Ao redor do trono havia outros vinte e quatro tronos; neles estavam sentados vinte e quatro anciãos, todos eles vestidos de branco e com coroas de ouro nas cabeças”. O número 24 representa o povo em sua perfeição: o povo das 12 tribos de Israel e o povo dos 12 apóstolos. Os 4 viventes simbolizam o cosmo, pois o número 4 no Apocalpse alude aos 4 pontos cardeais ou aos 4 extremos da terra (Cf. Ap 6,1-8 2 7,1). Estes 24 anciãos simbolizam num sentido amplo a humanidade libertada: a humanidade santa, a humanidade que não é idólatra e que faz opção pela vida. Num sentido mais especifico, estes 24 anciãos representam o Povo de Deus, o povo dos mártires que recebem o poder para construir o Reino de Deus.

 

Um dos aspectos que deveríamos recordar mais, toda vez que participamos da Eucaristia ou de reuniões de oração é que estamos unidos à comunidade dos salvos no céu, que estão celebrando, na presença de Deus, a verdadeira liturgia, entoando hinos e lançando ao ar suas coroas de vitória. Não celebramos sós a Santa Eucaristia. Nós a celebramos unidos aos anjos, à Virgem Maria, aos santos, a nossos entes-queridos. A liturgia do céu e a liturgia da terra estão intimamente relacionadas. Não somente quando dizemos isso explicitamente, como no Santo, Santo, Santo da missa que cantamos unindo vozes às vozes dos anjos e dos santos e sim sempre estamos unidos. Ao celebrarmos a Eucaristia está diante de nós uma imagem de triunfo, de cantos jubilosos, de uma liturgia festiva pela vitória dos que estão salvos. E isso é uma mensagem de esperança para nós que estamos lutando pelo bem e bondade nesta terra. Olhando dentro desta visão, a participação da Santa Missa se torna prazerosa para todos nós.

 

Os Talentos São Dados a Nós Por Deus Para o Bem De Todos

 

Estamos no fim da viagem de Jesus para Jerusalém. Jesus está perto de Jerusalém (Lc 9,51-19,28). E Ele continua a aproveitar o momento para dar suas ultimas e importantes lições para nossa vida como cristãos. Desta vez, através de uma parábola, Jesus nos fala sobre os dons que Deus nos deu, e que precisamos frutificá-los para o bem de todos. Nisto consiste o sentido de nossa passagem neste mundo.

 

A parábola, lida no texto do evangelho de hoje, é semelhante à parábola dos talentos na versão de Mateus (cf. Mt 25, 14-30) embora cada evangelista tenha sua própria acentuação. Lucas fala de “mina” (“mina” equivale a 571 g). Mateus fala de “talento” (“talento” equivale a 34,272 kg). Mas ambos os evangelistas querem nos alertar que, um dia, cada ser humano prestará contas para Deus ou Deus vai pedir contas a cada homem dos dons e talentos recebidos que deveriam ser frutificados através da vivência do amor fraterno (cf. Mt 25,31-46). O encontro derradeiro com Deus será inevitável (cf. 2Cor 5,1-10), pois neste mundo somos apenas passageiros. O critério do julgamento será a vivência do amor fraterno. O amor é a moeda do reino que precisamos fazê-lo circular e frutificar. Se um dia nós formos condenados, não por termos amado demais e sim por termos amado de menos. Tudo será revelado e nada será escondido sobre tudo que fizemos, cometemos, praticamos, falamos e comentamos durante nossa passagem neste mundo. Precisamos ter temor do Senhor e não medo, pois o temor do Senhor é o início da sabedoria de viver na graça e pela graça de Deus (cf. 1Cor 15,10). O temor de Deus nos faz respeitarmos a vida e a dignidade do outro. O temor de Deus orienta nosso tratamento fraterno para com os demais: tratamento mais respeitoso por causa da vivência profunda do mandamento do amor fraterno (cf. Jo 13,34-35; 15,12). O temor de Deus nos faz vivermos como pessoas gratas, agradecidas e agraciadas.

 

O evangelista Lucas nos relatou que um homem nobre entregou cem moedas de prata para cada empregado para que eles pudessem multiplicá-los. A palavra “entregar” nos faz pensarmos no dom. Isto significa que ninguém escolhe os dons recebidos. Simplesmente cada um recebeu os dons de Deus. Eles são fruto da benevolência divina e não por nossos méritos. Ao Deus nos dar os talentos conforme a capacidade de cada um de nós, o evangelho quer nos dizer que Deus nos ama, tem confiança em nós e na nossa capacidade, nos estima, e por isso, deu-nos uma missão a realizar na vida. Deus nunca dá seus dons ou talentos acima de nossa capacidade. Diante da confiança depositada em mim por Deus, eu tenho que ter uma justa confiança em mim mesmo, porque, se assim não for, não posso revelar os meus dons ou talentos, não posso pôr a render os talentos que Deus me deu, não posso agir e produzir e fechar-me em mim mesmo, triste, na minha árida esterilidade e terminarei minha passagem neste mundo como pessoa ressentida pela vida vivida pela metade. Como é triste morrer sem ter sabido viver e como é triste viver sem aprender a morrer.

 

Se os dons são dados por Deus para cada um de nós gratuitamente, isto significa que estamos no mundo de gratuidade. Viver no mundo de gratuidade nos faz vivermos na constante gratidão e na permanente ação de graças que se traduz na generosidade com os demais. Viver na gratidão e na permanente ação de graças é uma grande revelação de que somos capazes de olhar para a vida e seus acontecimentos com o olhar positivo, com o olhar do Senhor. Quem vive na constante gratidão suas forças se renovam, sua auto-estima aumenta e seu ânimo de viver se dobra cada dia. E se tudo que temos e somos é o fruto da generosidade de Deus, cada um precisa ser prolongamento dessa generosidade divina partilhando e dividindo com os outros o que se tem e o que se é. A generosidade é o caminho de libertação das garras do apego das coisas terrenas. Mesmo que tenhamos dificuldade de largar o apego, um dia, quando chegar nosso momento nós seremos obrigados a renunciar a tudo que temos.

 

Para o evangelista Lucas, a história da salvação é dividida em três partes. Primeiro, o tempo de Israel. A história da salvação tem suas raízes no passado representado pelo Antigo Testamento, isto é, no tempo de Israel e em suas promessas. Segundo, o tempo de Jesus. Para Lucas, Jesus e seu ministério público representam o centro do tempo. Terceiro, o tempo da Igreja. O Espírito Santo (Pentecostes) funda a missão da Igreja.

 

Lendo a parábola dentro dessa divisão de tempo entendemos que o tempo da Igreja, isto é, o espaço da vida terrena é um tempo de plantio, floração, frutificação. Semear a bondade é a tarefa de cada cristão. A bondade é o único investimento que nunca falha. Ninguém pode esperar trigo, se na vida vive plantando o joio que só danifica o que é bom. Mas a bondade triunfará, pois Deus é o Supremo Bem. Nós não somos os donos do espaço e do tempo de nossa vida. Somos criaturas de Deus. O documento Lúmen Gentium do Concílio Vaticano II afirma: Todos os fieis cristãos são chamados à plenitude da vida cristã e à perfeição da caridade (LG 40). Ou na linguagem de São Paulo: “A caridade é o pleno cumprimento da lei” (Rm 13,10).

 

O Senhor confiou à Sua Igreja uns ministérios, uns dons ou talentos. E um dia todos serão chamados a prestar contas. Dons são de Deus. O homem é administrador dos dons. Alguns os fazem frutificar em serviços, solidariedade e fortalecimento dos ministérios para o bem comum. Estes verão o fruto de suas boas obras. Outros, somente esperam que seus ministérios lhes sirvam como um simples título de prestígio. Os que foram negligentes com seu ministério e sepultaram seus dons, verão como seu nome desaparecerá.

 

A mensagem da parábola é clara. Temos que ser criativos até a chegada da segunda vinda do Senhor na nossa vida (parusia). O Senhor nos concede Seus dons para continuarmos construindo Seu projeto do Reino. Ele faz de nós pequenos criadores (ser criativos). Pode ser que a cultura atual seja uma fábrica de passividade. Mas os cristãos continuam sendo, “geneticamente”, criativos, pois o Senhor concede-lhes dons para serem frutificados ou multiplicados. Sem exageros, podemos dizer que nascemos gênios, mas muitos morrem na mediocridade por falta de esforço.

 

Para ter muita imaginação temos que ter muita memória. Grande parte das operações chamadas “criadoras” depende de uma hábil exploração da memória. Com efeito, a desvinculação das raízes (memória), a falta da profundidade impede a criatividade. Quando se elimina a memória (raiz), se elimina também a criatividade profunda.

 

Afinal, a vida cristã não consiste em estar pendente do futuro. A existência cristã se joga no presente e por isso, não consiste na simples espera ou expectativa, e sim no compromisso de amor. Deus não quer saber se frutificamos muito ou pouco com os talentos que recebemos. Mas que os frutifiquemos. O que se enfatiza é o esforço, isto é, usar todo esforço que se tem para frutificar os dons recebidos: sejam 30%, 60% ou 100% de resultado. A Bíblia não tem uma única palavra de louvor para o preguiçoso e a pobreza, quando é conseqüência da preguiça, pois a preguiça nunca é considerada como virtude. O que eu tenho multiplicado nos meus dons até agora é a pergunta que cada um deve fazer diariamente, especialmente neste momento.

 

Na Eucaristia o Senhor nos entrega sua Palavra, sua Vida que nos salva, e a comunhão fraterna no amor. Este grande tesouro certamente deve ser aproveitado primeiramente por cada um de nós. Nós somos os primeiros beneficiados pelo Senhor, e Sua presença em nós há de ser uma presença transformante, transfigurante, de tal modo que, dia a dia, vamos não somente sendo iluminados pela Luz do Senhor e sim que nos convertamos em luz que ilumine o caminho daqueles que nos rodeiam. Não podemos deixar que o Senhor acende sua Luz em nós para depois apagarmos d’Ele. Sua presença em nós há de ser contínua, unidos a Ele mediante a oração e a escuta de Sua Palavra, pois a salvação não é obra do homem e sim de Deus no homem com a colaboração do homem.

 

Na nossa comunidade, será que conhecemos e valorizamos os dons dos outros membros da mesma? Nossa comunidade é um espaço para frutificar os dons?

P. Vitus Gustama,svd

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