sábado, 14 de agosto de 2021

Quinta-feira Da XX Semana Comum,19/08/2021

VIVER NA ALEGRIA DO SENHOR

Quinta-Feira Da XX Semana Comum

Primeira Leitura: Jz 11,29-39a

Naqueles dias, 29 o espírito do Senhor veio sobre Jefté e ele, atravessando Galaad e Manassés, passou por Masfa e Galaad e de lá marchou contra os filhos de Amon. 30 E Jefté fez um voto ao Senhor, dizendo: “Se entregares os amonitas em minhas mãos, 31 a primeira pessoa que sair da porta de minha casa para vir ao meu encontro, quando eu voltar vencedor sobre os amonitas, pertencerá ao Senhor e eu a oferecerei em holocausto”. 32 Jefté passou às terras dos amonitas para combater contra eles, e o Senhor entregou-os em suas mãos. 33 E Jefté fez uma grande mortandade em vinte cidades, desde Aroer até a entrada de Menit e até Abel-Carmim, e assim os filhos de Amon foram subjugados pelos filhos de Israel. 34 Quando Jefté voltou para sua casa em Masfa, sua filha veio-lhe ao encontro, dançando ao som do tamborim. Era a sua única filha, pois não tinha mais filhos. 35 Ao vê-la, rasgou as vestes e bradou: “Ai, minha filha, tu me prostraste de dor! És a causa da minha desgraça! Pois fiz uma promessa ao Senhor e não posso voltar atrás”. 36 Então ela respondeu: “Meu pai, se fizeste um voto ao Senhor, trata-me segundo o que prometeste, porque o Senhor concedeu que te vingasses de teus inimigos, os amonitas”. 37 Depois disse ao pai: “Concede-me apenas o que te peço: deixa-me livre dois meses para ir vagar pelos montes com minhas companheiras e chorar a minha virgindade”. 38 “Vai”, respondeu ele. E deixou-a partir por dois meses. Ela foi com suas companheiras chorar pelos montes a sua virgindade. 39ª Passados os dois meses, voltou para o seu pai e ele cumpriu o voto que tinha feito.

Evangelho: Mt 22,1-14

Naquele tempo, 1 Jesus voltou a falar em parábolas aos sumos sacerdotes e aos anciãos do povo, 2 dizendo: “O Reino dos Céus é como a história do rei que preparou a festa de casamento do seu filho. 3 E mandou os seus empregados chamar os convidados para a festa, mas estes não quiseram vir. 4 O rei mandou outros empregados, dizendo: ‘Dizei aos convidados: já preparei o banquete, os bois e os animais cevados já foram abatidos e tudo está pronto. Vinde para a festa!’ 5 Mas os convidados não deram a menor atenção: um foi para o seu campo, outro para os seus negócios, 6 outros agarraram os empregados, bateram neles e os mataram. 7 O rei ficou indignado e mandou suas tropas, para matar aqueles assassinos e incendiar a cidade deles. 8 Em seguida, o rei disse aos empregados: ‘A festa de casamento está pronta, mas os convidados não foram dignos dela. 9 Portanto, ide às encruzilhadas dos caminhos e convidai para a festa todos os que encon­trar­des’. 10 Então os empregados saíram pelos caminhos e reuniram todos os que encontraram, maus e bons. E a sala da festa ficou cheia de convidados. 11 Quando o rei entrou para ver os convidados observou ali um homem que não estava usando traje de festa 12 e perguntou-lhe: ‘Amigo, como entraste aqui sem o traje de festa?’ Mas o homem nada respondeu. 13 Então o rei disse aos que serviam: ‘Amarrai os pés e as mãos desse homem e jogai-o fora, na escuridão! Ali haverá choro e ranger de dentes’. 14 Porque muitos são chamados, e poucos são escolhidos”.

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Fidelidade Sem Condição a Deus É Medida Pelo Respeito à Vida

Se entregares os amonitas em minhas mãos, a primeira pessoa que sair da porta de minha casa para vir ao meu encontro, quando eu voltar vencedor sobre os amonitas, pertencerá ao Senhor e eu a oferecerei em holocausto”, prometeu Jefté para Deus (Javé). Com ajuda de Deus Jefté ganhou a batalha. Quando Jefté voltou para casa, a primeira pessoa que foi ao seu encontro dançando era sua filha única. Rasgando as vestes Jefté bradou: “Ai, minha filha, tu me prostraste de dor! És a causa da minha desgraça! Pois fiz uma promessa ao Senhor e não posso voltar atrás”.

O episódio de Jefté, que sacrifica a vida da filha pela promessa que fez a Deus, é estranho e horrível.  Jefté crê em Deus (Javé), mas sua fé está misturada com atitudes pagãs. Fez um voto que resulta totalmente irreconciliável com o espírito da Aliança. Outros povos vizinhos praticavam sacrifícios humanos. Mas Israel, não. O episódio de Abraão, disposto a oferecer a vida de seu filho Isaac e detido pela mão do anjo, interpretava-se precisamente como uma desautorização dos sacrifícios humanos (Cf. Gn 22). Por isso, Jefté não tinha que fazer esse voto ou promessa, nem cumpri-lo, uma vez feito. A mesma história podemos encontrar na vida de Herodes que fez a promessa sua filha bailarina. E essa filha pediu a cabeça de João Batista. E mesmo que não fosse promessa feita a Deus, Herodes mandou decapitar João Batista (Cf. Mc 6,14-29). 

Um autor desconhecido diz: “Não prometa nada quando estiver feliz. Não responda nada quando estiver irritado. E não decida nada quando estiver triste”. 

A história de Jefté é triste, mas também nos pode dar lições. Em primeiro lugar, a vida humana há de ser respeitada absolutamente. E isso desde seu início, na sua duração e no seu fim. Somente Deus é Dono da vida e da morte. Por isso, há que recusar todo “sacrifício da vida humana”. 

Em segundo lugar, não nos estranha que em nossos tempos, continuam sendo de tremenda atualidade tanto a discussão sobre o aborto como sobre a eutanásia e a pena de morte. 

Em terceiro lugar, a Primeira Leitura nos apresenta de forma dramática até onde pode ir uma questão que diz respeito diretamente à virtude da religião: o que é adequado ou próprio oferecer a Deus? O que, na verdade, podemos ou devemos oferecer a Deus?

Em quatro lugar, o relato da Primeira Leitura nos parece brutal, desmedido, inútil e repugnante. É bom que perguntemos o por quê? Há brutalidade, atitude desmedida, inutilidade e repugnância em matar a filha, mas isso explica tudo? Em outras palavras, o fato de que reprovemos com tanta força ou veemência  o sacrifício que Jefté fez de sua filha, não pode ser que sirva de cortina de fumaça que nos impede de ver quem estamos  sacrificando HOJE, diante de quais altares e para quais fins? Falemos, mais uma vez, das crianças abortadas. Quem são os “sacerdotes” que sacrificam essa vidas, mais inocentes que a filha de Jefté? Diante de qual altar são sacrificadas, e por defender quais princípios ou para obter quais benefícios? Falemos também dos mortos de fome ou por outras causas relacionadas com a distribuição injusta da riqueza ou a proliferação criminal de armas! Por que razões se priva do mínimo para seres inocentes, muitas vezes, que não alcançam a idade da filha de Jefté? De que serve esse sangue ou quem chora para esses mortos? Jefté acredita, equivocamente, por suposto, que sirva a Deus. Mas se Deus é o Doador ou Criador da vida, por que então sacrifica a vida? Precisamos rever, profundamente, o que significa, de verdade, servir a Deus?

Deus Quer Nossa Alegria e Felicidade 

A parábola apresentada no evangelho de hoje fala do banquete. Na Bíblia o Reino de Deus é comparado a um banquete, onde se come e se bebe à saciedade, onde se dança, se brinca, se ri, se fala com os amigos e se contam histórias e todos se sentem felizes. Em uma festa alegre o tempo parece ficar parado. É um pedaço da eternidade experimentada nesta terra. É uma antecipação, parcialmente, daquilo que será experimentado perfeitamente na eternidade. 

Tanto no Antigo Testamento como no Novo Testamento, o banquete é símbolo da abundância, da vida, da felicidade, da fraternidade, da comunhão e  da alegria. É o símbolo da grande reunião, da reunião universal de Deus, a que todos os povos são convidados. Isto quer nos dizer que o Reino de Deus é alegre e gozoso; é semelhante a um banquete de bodas, que, na tradição bíblica, é a expressão mais elevada da festa. Deus nos chama à alegria.

Com efeito, o cristianismo é, antes de tudo, vida, amor, festa, fraternidade, família, comunhão... Nessa família Deus é o Pai de todos. Não é por acaso que São Paulo nos convida com firmeza: “Alegrai-vos sempre no Senhor. Repito: alegrai-vos!” (Fl 4,4). E o profeta Isaías (Is 25,1-10) nos conta que Deus, num determinado tempo, vai organizar um banquete e vai convidar todos os povos da terra. Deus simplesmente não discrimina; sua escala de valores e seu estilo de agir são diferentes dos nossos. Nossas classificações das pessoas não são válidas para o Senhor que faz nascer o sol cada manhã sobre maus e bons (Mt 5,45). Com efeito a alegria tem uma relação com o amor. O amor profundo produz uma alegria profunda. A alegria permanecerá, se sua fonte que é o amor não se deixar secar. Tudo que se ama se torna alegre. Sem o amor as gargalhadas se parecem mais a um soluço do que com uma risada.  Ninguém pode encobrir sua tristeza com um gesto de alegria. A alegria compartilhada sempre cresce e se multiplica, pois a alegria se parece com as borboletas: se você as perseguir, fugirão. Basta plantar no seu jardim flores, as borboletas estarão presentes. 

O convite à alegria do banquete é uma graça, um dom que compromete a vida. Diante deste convite o homem dispõe da liberdade de aceitá-lo ou de recusá-lo. Deus convida, Deus chama e Deus propõe. É uma das melhores imagens do destino do homem. Hoje em dia, muitas pessoas não sabem mais qual é o objetivo de sua vida: para que nascem e que sentido tem sua vida? Jesus responde que fomos feitos para a união com Deus através de Jesus Cristo: “Eu sou o Caminho, a verdade e a Vida; ninguém vai ao Pai senão por mim” (Jo 14,6). O objetivo do homem, seu desenvolvimento total, é a “relação com Deus”: amar e ser amado. Deus-nos-ama é a certeza de nossa vida. E cada um é convidado a responder a esse amor com o mesmo amor. E todos os verdadeiros amores na terra são o anúncio, a imagem, a preparação e o sinal desse amor misterioso de Deus por cada um de nós. 

Apesar de ser gratuita a entrada para o banquete, dos comensais é exigida uma disposição correspondente: deve-se vestir de acordo com o habito de uma festa de bodas: roupas decentes. O vestido de bodas é a vida levada ou vivida com dignidade. O vestido de bodas significa as “obras de justiça” que cada um deve fazer (Mt 5,20;7,21s;13,47s;21,28ss). O vestido de festa é a mudança de mentalidade, a conversão necessária para entrar na dimensão gozosa do Reino. Sem esta mudança é impossível entrar no Reno da alegria. Nós hoje necessitamos modificar nossa mentalidade, ter um coração mais humano, mais misericordioso, um coração mais fraterno. Um coração duro como pedra pode nos levar para qualquer lugar menos para o céu, menos para a alegria. Nenhuma pessoa de coração duro que seja alegre e feliz. Pessoa de amor é uma pessoa alegre e feliz. 

Cada dia é um dia feliz para nós que escutamos o convite que brota das fontes da Palavra de Deus. Deus nos chama à festa de seu Reino, festa autêntica, alegria completa, oferta total de felicidade. A mensagem cristã é a boa notícia da libertação já iniciada e o gozo da esperança plena da mesma; e isto, apesar de tantas misérias que nos cercam. Quem confia em Deus sabe que Deus guarda por ele, que ele está convidado para o futuro de Deus e tem em suas mãos, com isso, o mais maravilhoso convite de sua vida. 

O homem que entrou sem a roupa nupcial sublinha a dimensão de vigilância de nossa vida. Devemos estar preparados sempre porque em qualquer momento o Senhor pode nos chamar. Vamos trabalhar como se o encontro definitivo com Deus estivesse longe ainda, mas vamos rezar como se esse encontro estivesse próximo. Vamos viver a vida presente, mas com uma visão do futuro, dar às coisas uma função de meio e não de fim. Vamos eliminar diariamente toda a desordem que há dentro nós mesmos, em especial a autossuficiência ou orgulho e todo tipo de segurança falsa. É verdade que Deus não vai nos excluir. Cuidado, porém, para não acabarmos ser excluídos por nossa própria iniciativa.

Nós participamos da Eucaristia antecipando o banquete celeste. Que “vestido” nos revestimos? Quais são nossas obras? O homem que não levou vestido nupcial é aquele que carece da graça santificante, sem a qual ninguém pode aproximar-se do banquete do Cordeiro (cf. Ap 19,6ss). Se o cristianismo é um convite à alegria, o que impede você de alcançar essa alegria? O que você faz para manter sua alegria apesar dos problemas desta vida. Para ser alegre e feliz temos que fazer os outros alegres e felizes. Quem mantiver a alegria sempre tem força suficiente para levar a vida com dignidade e leveza. ”A alegria evita mil males e prolonga a vida” (William Shakespeare). “Alegrai-vos sempre no Senhor. Repito: alegrai-vos!” (Fl 4,4). Quem estiver conectado permanente com o Senhor, haverá alegria na vida: alegria no Senhor. Quem vive somente em função do prazer do mundo é porque não tem prazer de viver. “A alegria não está nas coisas, está em nós” (Johann Goethe).

P.Vitus Gustama,svd

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