quinta-feira, 29 de dezembro de 2022

06/01/2023-Tempo De Natal

CRER EM JESUS, FILHO DE DEUS, SIGNIFICA TER VIDA ETERNA

06 de Janeiro

Primeira Leitura: 1Jo 5,5-13

Caríssimos, 5quem é o vencedor do mundo, senão aquele que crê que Jesus é o Filho de Deus? 6Este é o que veio pela água e pelo sangue: Jesus Cristo. (Não veio somente com a água, mas com a água e o sangue). E o Espírito é que dá testemunho, porque o Espírito é a Verdade. 7Assim, são três que dão testemunho: 8o Espírito, a água e o sangue; e os três são unânimes. 9Se aceitamos o testemunho dos homens, o testemunho de Deus é maior. Este é o testemunho de Deus, pois ele deu testemunho a respeito de seu Filho. Aquele que crê no Filho de Deus tem este testemunho dentro de si. 10Aquele que não crê em Deus faz dele um mentiroso, porque não crê no testemunho que Deus deu a respeito de seu Filho. 11E o testemunho é este: Deus nos deu a vida eterna, e esta vida está em seu Filho. 12Quem tem o Filho, tem a vida; quem não tem o Filho não tem a vida. 13Eu vos escrevo estas coisas a vós que acreditastes no nome do Filho de Deus, para que saibais que possuís a vida eterna. 

Evangelho: Mc 1,7-11

Naquele tempo, 7João pregava, dizendo: “Depois de mim virá alguém mais forte do que eu. Eu nem sou digno de me abaixar para desamarrar suas sandálias. 8Eu vos batizei com água, mas ele vos batizará com o Espírito Santo”. 9Naqueles dias, Jesus veio de Nazaré da Galileia, e foi batizado por João no rio Jordão. 10E logo, ao sair da água, viu o céu se abrindo, e o Espírito, como pomba, descer sobre ele. 11E do céu veio uma voz: “Tu és o meu Filho amado, em ti ponho meu bem-querer”.

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A Fé Em Jesus Tem Poder De Vencer o Mundo

Caríssimos, quem é o vencedor do mundo, senão aquele que crê que Jesus é o Filho de Deus? ... são três que dão testemunho (sobre Jesus): o Espírito, a água e o sangue. ...  Quem tem o Filho, tem a vida; quem não tem o Filho não tem a vida.” (1Jo 5,5.8.12).

Como se sabe que no vocabulário de são João, o termo “mundo”, neste contexto, significa “o homem encerrado em si mesmo e tentado de construir-se e salvar-se por suas próprias forças”. Mas ninguém se salva. O homem precisa de Salvador que é Jesus Cristo. O verdadeiro cristão venceu esta tentação, pois ele não vive fechado em si mesmo e sim aberto para Deus; venceu a ridícula e vã tentativa de querer “divinizar-se” por conta própria e deixa o êxito de toda sua vida nas mãos de Deus. 

Por crer em Jesus Cristo o cristão se torna vencedor do mundo. A verdadeira fé nos faz vencedores da tentação de autodivinização. Na Primeira Leitura do dia anterior lemos: “Esta é a vitória que venceu o mundo: a nossa fé” (1Jo 5,4b). 

Se quisermos vencer o mundo com suas armadilhas, temos que crer em Jesus Cristo, Filho de Deus que provou seu amor incondicional para nos salvar ao derramar seu sangue na Cruz. O preço de nossa vida é o sangue de Jesus derramado na Cruz. "A força mais potente do universo? - A fé." (Madre Teresa de Calcutá). "Uma pequena fé levará tua alma ao céu; uma grande fé trará o céu para sua alma." (Charles Spurgeon) Porém, "Os católicos devem estar atentos e vigilantes, porque existem forças e grupos que querem destruir a fé." (Benedicto XVI). A fé (“creio”) e a vida (“não pratico”) não podem estar assim separadas. Por sua própria natureza, devem estar unidas. Uma fé sem obras é morta (Tg 2,26); obras, mesmo que piedosas, sem fé tornam-se vazias. 

Este é o que veio pela água e pelo sangue: Jesus Cristo” (1Jo 5,6). 

A água e o sangue” tem um duplo significado simbólico em são João. Em primeiro lugar, “a água e o sangue” simbolizam a obediência filial de Jesus até a morte, por amor a todos os homens (Cf. Jo 13,1; 3,16). João viu isto, estava ao pé da Cruz. O afirma. Jesus deu tudo. O Coração aberto do qual emana “a água e o sangue” é o símbolo mais forte e expressivo do amor. 

Em segundo lugar, “a água e o sanguesimbolizam também a sacramentalidade eclesial: a presença do Ressuscitado é perpetuada por seu Corpo que é a Igreja e que se expressa em uns ritos visíveis, os sacramentos. Através dos sacramentos, o Senhor está conosco desde criança até a morte, e até a vida eterna. Em particular o Batismo e a Eucaristia, “a água e o sangue”, o mais forte testemunho, hoje, do dom de Deus para os homens. 

Quando mantivermos nossa fé de que Jesus está conosco todos os dias (Cf. Mt 28,20), jamais perderemos a esperança, jamais cairemos no desespero, jamais nossas forças esgotarão. Nunca andamos sozinhos. Somos acompanhados pelos Senhor. 

Em resumo, são João nos esclarece que são três os que dão testemunho de Cristo como prova de seu amor por nós e por isso devemos crer n´Ele: a água, o sangue e o Espírito. A água que jorra do lado de Cristo na Cruz testemunha o Batismo que nos imerge ou mergulha na vida de Cristo e tem poder de nos purificar. O Sangue derramado do peito de Cristo na Cruz testemuna a Eucaristia que nos une a Jesus Cristo. Com efeito, em cada Eucaristia não celebramos o fato passado e sim uma presença: Jesus Cristo. Aquele que nasceu da Virgem Maria no primeiro Natal é feito Pão e Vinho para nós em cada Eucaristia, para nos fortalecer no nosso caminho rumo à eternidade. Se Ele é feito Pão e Vinho na Eucaristia, isto significa que não estamos comemorando uma data, nem um aniversário, nem uma doutrina. Estamos celebrando uma Pessoa que vive, que está presente: o Filho, o Irmão, o Salvador. É o Deus que se fez homem para nos tornar participantes da vida de Deus. Ele é o Filho que se fez homem para dar aos homens a alegria de saber que Deus os aceita como filhos e os ama incondicionalmente. Do mesmo modo como na Eucaristia, Jesus Cristo continua a estar presente nos outros Sacramentos da Igreja. O Espírito que Jesus entregou ao Pai na Cruz (Lc 23,46) é para ser derramado nos nossos corações a fim de nos santificar para que sejamos capazes de amar como Jesus nos amou (Jo 13,34-35). “Com o dom do Espírito, todo homem atinge, na fé, a contemplação e o gosto do mistério do plano da salvação (Gaudium et Spes/GS,15”. Se estivermos unidos a Cristo, venceremos também o mundo com suas ciladas como Jesus o venceu (Jo 16,33). Por isso, São João escreveu e afirmou: “Quem tem o Filho, tem a vida; quem não tem o Filho não tem a vida”.

Caríssimos, quem é o vencedor do mundo, senão aquele que crê que Jesus é o Filho de Deus? Este é o que veio pela água e pelo sangue: Jesus Cristo” (1Jo 5,5-6)). “A fé nasce no encontro com o Deus vivo, que nos chama e revela o seu amor: um amor que nos precede e sobre o qual podemos apoiar-nos para construir solidamente a vida. Transformados por este amor, recebemos olhos novos e experimentamos que há nele uma grande promessa de plenitude e nos é aberta a visão do futuro. A fé, que recebemos de Deus como dom sobrenatural, aparece-nos como luz para a estrada orientando os nossos passos no tempo” (Papa Francisco em Carta Encíclica Lumen Fidei,4)

João Batista Na Sua Missão Como Precursor Do Messias

O texto do evangelho lido neste dia fala da missão de João Batista e do Batismo de Jesus.                   

No horizonte teológico da comunidade de Mc, a missão principal de João Batista é preparar a vinda daquele que é “mais forte” que ele. A imagem do “mais forte” evoca as antigas esperanças messiânicas do herói divino que de maneira eficaz e corajosa intervém na história para libertar os oprimidos (cf. Is 9,5;49,24s). Na tradição cristã primitiva, Jesus será apresentado como o “mais forte”, que vence o adversário e liberta os oprimidos (cf. Mc 3,27; Lc 11,22; At 10,38). Esse “mais forte” é quem vai realizar todas as promessas do AT.          

Perante esse “mais forte”, João Batista reconhece a sua indignidade total. Até para desamarrar as correias das sandálias, que era uma tarefa exclusivamente dos escravos e que era tido como gesto de extrema humilhação, sente-se indigno.  Só tem que desaparecer para dar lugar a quem “mais forte” que ele: “É necessário que ele cresça e eu diminua” (Jo 3,30).

Sentir-se indigno, pequeno e humilde é a atitude normal de quem se encontra perante uma divindade. Consciente ou inconscientemente, em cada comunhão, perante Jesus Cristo presente na hóstia consagrada, também nos sentimos indignos de recebê-lo ao rezarmos: “Senhor eu não sou digno de que entreis em minha morada. Mas dizei uma só palavra, serei salvo!” Mas Jesus quer entrar na nossa vida para que voltemos a ser dignos de ser filhos de Deus (salvos). Mas depois disto temos uma missão de preparar os outros para a vinda de Jesus na vida deles, como João Batista preparava o povo para a chegada do Messias prometido.

O segundo momento é o da chegada. Jesus está no meio de nós. O tempo de espera terminou. O anseio se consumou. O céu, fechado até agora, se abre para dar passo ao Espírito. E Deus, calado muito tempo, entra em diálogo com Jesus. Por isso, é o momento de contemplação, de assombro, de alegria contida. Céu e Terra deixam de estar incomunicados pela incompreensão, pela maldade e a hostilidade. Chegou um novo modo e distinto de gerar história. Com sua chegada, Jesus nos introduz em uma atmosfera limpa, pura, maculada e respirável. Com Jesus sempre ganhamos novo fôlego. Esta é sua força. 

Neste segundo momento relata-se o batismo de Jesus. Com o batismo de Jesus, Deus mergulha totalmente na vida do ser humano para que o ser humano possa mergulhar na vida de Deus. Jesus se manifesta um de nós, igual a todos, menos no pecado, mas assumindo os pecados dos seres humanos (cf. Mt 8,17). Deus torna-se um de nós em Cristo para que nós nos tornemos divinos. Ele morreu não para pagar os próprios pecados, mas os nossos: “Nossos pecados ele os carregou em seu corpo no madeiro, a fim de que, mortos para o pecado, vivamos para a justiça” (1Pd 2,24). Ao receber esse batismo, Jesus assume a ansiedade dos homens de receber a salvação e ao mesmo tempo assume o desejo do seu Pai de conduzir os homens à comunhão de irmãos. 

A abertura dos céus, na hora do batismo de Jesus, que se rasgam significa a abertura de novas relações entre Deus e os homens, um início de um novo diálogo de Deus com os homens, um novo tempo de graça, de novos dons dados por Deus aos homens. Jesus é o lugar do novo, definitivo e pleno encontro de Deus com os homens, dos homens com Deus e, conseqüentemente, dos homens entre si. Neste sentido Jesus se torna para seus seguidores, ao mesmo tempo o ponto de encontro e o ponto de partida no sentido de viver aquilo que Jesus ensinou e viveu. 

O batismo de Jesus é o momento de teofania (manifestação divina). A “voz vinda do céu” revela quem é Jesus, sua verdadeira identidade: “Tu és o meu Filho, o amado. Em ti me comprazo” (v.11; cf. Is 42,1). Esta voz é uma indicação a Jesus como ele é amado pelo Pai. Depois de um longo tempo de silêncio de Deus, de vazio do Espírito, os céus se rasgam e Deus atua novamente na história e fala com os homens de maneira definitiva a partir de Jesus. Doravante em Jesus, como o Filho de Deus, vai agir o poder salvífico de Deus.               

Durante a nossa curta vida, a questão que guia muitos dos nossos comportamentos é a seguinte: “Quem somos nós?” Raramente nos fazemos esta pergunta de maneira formal; contudo, a vivemos muito concretamente nas decisões do nosso dia-a-dia. 

O Batismo de Jesus nos relembra o nosso Batismo. O batismo nos vincula a Cristo, a sua obra de salvação. Por isso, no batismo, morremos para o homem velho para dar passo ao homem novo criado por Jesus ressuscitado. No batismo entramos no Reino da liberdade de filhos e filhas de Deus. E o batismo é a porta de entrada para a comunidade eclesial. Por ele nos incorporamos ao Corpo místico de Jesus Cristo que é a Igreja cuja cabeça é o próprio Jesus Cristo. 

No Batismo nos doamos a Cristo e ele nos assume em si, para que depois não vivamos mais para nós mesmos, mas graças a ele, com ele e nele. No Batismo abandonamos a nós mesmos e colocamos nossa vida nas mãos de Cristo para poder dizer com São Paulo: “Não sou eu quem vive, mas Cristo que vive em mim” (Gl 2,20). Esta é a novidade do Batismo: nossa vida pertence a Cristo, não mais a nós mesmos. Eu sou de Cristo. Eu não sou do mundo. A minha vida tem um dono: Jesus Cristo. Precisamente, por isso, não estamos mais sós nem mesmo na morte (Mt 28,20), mas estamos com Cristo que vive para sempre. Cristo é a vida de nossa vida. 

O Batismo não é um simples rito nem uma ação meramente individual ou isolada e sim um acontecimento da salvação. E que Deus continua com suas ações salvadoras na história também através do batismo. Trata-se de um momento privilegiado em que Deus atualiza Seu amor gratuito e soberano para quem é batizado e os que participam deste acontecimento.  Portanto, o batismo é um verdadeiro acontecimento salvífico, pois por ele participamos da história da salvação que Deus continua oferecendo a todos os homens através de Jesus Cristo em todos os tempos e lugares

P. Vitus Gustama,SVD

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