COM MARIA CANTEMOS E LOUVEMOS A MISERICÓRDIA DE DEUS QUE NOS FECUNDA
22 de
Primeira Leitura: 1Samuel 1,24-28
Naqueles dias, 24 Ana, logo que o desmamou, levou consigo Samuel à casa do Senhor em Silo, e mais um novilho de três anos, três arrobas de farinha e um odre de vinho. O menino, porém, era ainda uma criança. 25 Depois de sacrificarem o novilho, apresentaram o menino a Eli. 26 E Ana disse-lhe: “Ouve, meu Senhor, por tua vida, eu sou a mulher que esteve aqui orando ao Senhor, na tua presença. 27 Eis o menino por quem eu pedi, e o Senhor ouviu a minha súplica. 28 Portanto, eu também o ofereço ao Senhor, a fim de que só a ele sirva em todos os dias de sua vida”. E adoraram o Senhor.
Evangelho: Lc 1,46-56
Naquele
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Deus Escuta Os Pedidos Dos Que São Fiéis a Ele
Muito próximo já o Natal, a liturgia se concentra na contemplação de Maria e recorda os nascimentos milagrosos que narra o Antigo Testamento. Ana estéril suplica a Deus que se digne olhar para a aflição de sua serva. Tendo sido escutado sua oração, consagrou seu filho a Deus, o pequeno Samuel. Contemplemos em silêncio a alegria de Maria nesses dias: ela espera e se prepara para o nascimento do Salvador do mundo, o Deus-Conosco.
A primeira leitura tirada do Antigo Testamento foi escolhida para a liturgia de hoje por duas razões: Primeiro, o Cântico de Ana contém exatamente os mesmos temas que o Magnificat de Maria que é lido no texto do Evangelho de hoje. Segundo, a maternidade excepcional de Ana, até agora estéril, anuncia também as duas maternidades excepcionais de Isabel (estéril) e de Maria (Virgem fecunda).
As
Samuel (hebraico: “ouvido por Deus”) é um filho fruto de uma mãe estéril, fruto de uma oração insistente cheia de fé dirigida a Deus. Como fruto da graça, a mãe, Ana, consagra seu filho ao Senhor, Samuel, desde sua tenra idade. O perfil de Samuel é igual a outros personagens da história sagrada: Isaac, Jacó, Sansão, João Batista.
Uma convicção teológica que tem por atrás do relato que o autor quer nos transmitir é que não são as forças da natureza nem os esforços humanos que levam adiante a história da salvação, e sim a graça de Deus capaz de fecundar os úteros estéreis e de dar vigor para corpos velhos e enfraquecidos (cf. Rm 4,19). A graça fecunda qualquer pessoa que sabe criar o espaço para Deus. Onde há graça, não há esterilidade. Onde há graça, há vida, mesmo que tenha uma aparência de esterilidade, pois a extremidade do homem é a oportunidade de Deus, pois para Deus nada é impossível (cf. Lc 1,37).
Apesar das circunstancias não favoráveis, a exemplo de Ana, é preciso mantermos nossa fé em Deus que tem a última palavra sobre nossa vida. Trata-se de uma palavra cheia do amor misericordioso do Senhor. Na maior parte do tempo hoje em dia, recebemos um excesso de informações de maneira muito rápida. Somos bombardeados com imprensas, com sons, com imagens, com fakenews, com informações de redes sociais e assim por diante. Muitos de nós cultivamos um “saudável” ceticismo e procuramos verificar a fonte. Nesta era de corrupção, de vingança, de desunião, de ódio incentivado e cinismos disseminados, a fé também precisa ser disseminada, pois a fé é saudável. A fé é uma afirmação de valor que orienta nossa vida e nossa convivência. A fé nos leva para além da história e das aparências da vida. A fé é ancorar-se da alma em Deus, Criador de todas coisas onde eu sou incluído. Ser criado por Deus é uma graça. Quem cria, cuida. E quem cuida é porque ama. “Deus é amor” (1Jo 4,8.16).
Maria Cheia Da Graça Louva a Misericórdia de Deus
No
O cântico Magnificat que o evangelista Lucas põe na boca de Maria é a expressão da esperança de Israel e o testemunho da Igreja primitiva que tinha um grande apreço pela Mãe do Senhor que é apresentada como modelo de fé e esperança para os seguidores de Jesus Cristo. Maria é capaz de ver o mundo e a história da humanidade com os olhos de Deus. Quem tem Deus no coração e quem vive de acordo com os mandamentos do Senhor vive da esperança e na esperança do Senhor. Quem tem Deus no coração louva a Deus cheio de misericórdia. Maria, através de seu canto Magnificat quer nos recordar a fidelidade de Deus para nós apesar de nossos questionamentos e de todas as nossas dúvidas. Ao rezar ou canta o Magnificat queremos, como a Igreja primitiva, louvar a misericórdia, a fidelidade e a justiça de Deus que liberta. É um canto que nos chama a ser servos de Deus a exemplo de Maria.
“Magnificat” (=
engrandece) é, na
No Magnificat, Maria
aparece
Nas
“O Senhor olhou para a humildade de sua serva...”. Quando a mãe de Deus vivia na terra, ela era uma humilde serva. Ele não viveu em Roma, a triunfante, nem em Atenas, a sábia, nem na Babilônia, a arrogância, nem mesmo em Jerusalém, a santa... mas no cantinho de uma aldeia desconhecida: Nazaré. Nas cidades há os notáveis, as pessoas de primeiro escalão, há as pessoas de nível médio e há também pessoas humildes, aqueles de quem ninguém fala. Maria foi uma delas! E Deus se inclinou sobre ela: “O Senhor olhou para a humildade de sua serva...”. Maria sabe que é pequena e humilde, mas isso não significa que não tenha visão sobre a humanidade. As colinas que cercam sua aldeia, Nazaré, não podem fechar seu horizonte. O olhar de Maria é amplo e distante. Esta mulher descnhecida até então pensa em toda a humanidade. Por isso, com uma fé muito firme em Deus ela tem a coragem de dizer ao Anjo do Senhor: “Faça-se em mim segundo a sua Palavra!”. As colinas que cercam sua aldeia não podem fechar seu horizonte. Qual é o meu horizonte?
Esta é a ação de Deus: humilhar os orgulhosos, mostrar-lhes o seu vazio... exalta os pequeninos, mostra-lhes a sua grandeza... É a finalidade de um tema essencial do Antigo Testamento: os "anawim", os pobres no espírito, são os preferidos de Deus. A "pobreza" no espírito é uma disposição essencial da alma. Um copo já cheio não pode ser enchido. É preciso esvaziar-se de si para acolher a Deus. O homem muito seguro de si, o homem satisfeito, o esperto... não tem por que esperar. Bem-aventurados os pobres, dirá Jesus (Mt 5,3). Bem-aventurados os pobres, já nos diz sua Mãe. Deus pode preenchê-los, porque eles estão esperando, porque querem ser preenchidos pela graça de Deus. Deus é amor. Eu tenho que que me abrir para esse amor. Deus não o impõe. Eu sou pobre, neste sentido?
O
Maria
louva a
P. Vitus Gustama,svd
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