SÃO JOÃO,
(+
27 de
1 Caríssimos, o
No
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O evangelho nos apresenta o que há de fundamental nos apóstolos: seguidores de Jesus, testemunhas da vida ressuscitada, crentes em Jesus ressuscitado e em todo o seu ensinamento e caminho. Hoje, contemplando o Menino de Belém, somos convidados a viver esta mesma fé plena. Sem uma autêntica experiência de fé, ninguém pode tornar-se um instrumento para suscitar a fé nos outros. Quando anunciamos Cristo com a vida, não queremos apenas comunicar o conhecimento, mas também atrair outros para a nossa comunhão e, com ela, para a comunhão com o Pai e o Filho, que significa salvação e "alegria plena". São João, em seus escritos, nos fala do amor-comunhão de Deus conosco, e do amor que devemos ter pelos nossos irmãos (Jo 13,34-35). A "vida" de Deus é essencialmente uma "vida de amor", uma vida familiar, uma vida de comunhão: é a vida de muitas pessoas que vivem em comum-união.
São João, através da Primeira Leitura, testemunha o que Jesus viveu e fez, e nos convida a reconhecer em Jesus a Palavra do Pai (Jo 1,1-14). E ele escreve seu evangelho "para que possamos crer e ter vida". Vale a pena valorizarmos a presença de Jesus entre nós, por meio das Escrituras. O propósito de toda a carta é claro. O amor de Deus se manifestou a nós para que tenhamos comunhão de vida com ele e a alegria seja plena: "para que estejais unidos a nós naquela união que temos com o Pai e com seu Filho Jesus Cristo" , e "que nossa alegria seja completa".
1. Jesus Para o Evangelista João
Neste dia (27 de
Dezembro) celebramos a festa do evangelista São João. João,
A
2. Quem é o Evangelista João?
No seu evangelho o evangelista João nos apresenta que Jesus é a Palavra de Deus que se fez carne (cf. Jo 1,14); é o Salvador do mundo por amor (Jo 3,16); é a Vida e a Ressurreição (Jo 11,25); é o Caminho, a Verdade e a Vida (Jo 14,6); é o Bom Pastor (Jo 10); é o Pão da vida que sacia plenamente a humanidade (Jo 6); é a Luz do mundo (Jo 8,12); é a Porta pela qual o homem se salva (Jo 10,6); é a verdadeira Videira com a qual o homem deve permanecer para produzir bons frutos (Jo 15,5) e assim por diante. Para o evangelista Deus não permanece calado, mas se comunica conosco. Deus não se revelou através de conceitos e doutrinas sublimes e sim se encarnou na vida entranhável de Jesus a fim de que todos nós, inclusive os mais simples, possamos entendê-Lo e nos comover diante do amor e da bondade de Deus (cf. Jo 3,16). Nos gestos e palavras de Jesus nos encontramos com o próprio Deus (cf. Jo 14,7-11). Jesus é o grande revelador e, é o único que pode revelar o Pai. Por isso, o evangelista nos diz que em Jesus “vimos Sua glória, glória de Filho único do Pai, cheio de graça e de verdade” (Jo 1,14).
3. O Evangelista João e a Veneração à Maria
A veneração por Maria já aparece no contexto do Novo Testamento (NT). Não há dúvida de que Maria ocupe um lugar importante na história da salvação. Obviamente o lugar central cabe ao Cristo.
No Evangelho de Mateus (cf. Mt 2,11.13.14.20.21) o evangelista se refere cinco vezes ao “menino e sua mãe”.
O evangelista Lucas, de
modo especial, testemunha esta veneração:
· Lc 1,29: “Cheia de
graça”, “encontraste graça diante de ti”.
· Lc 1,42: “Bendita és tu
entre as mulheres e bendito é o fruto de teu ventre”.
· Lc 1,43: “Donde me vem
que a mãe de meu Senhor me visite”.
· Lc 1,46-55: “Sim,
doravante todas as gerações me chamarão bem-aventurada”.
· No Magnificat Maria se
coloca ao lado dos humildes, dos famintos, dos que temem a Deus (Lc 1,46-55).
· At 1,14: “Antes de Pentecostes, todos unânimes, eram assíduos à oração, com algumas mulheres, entre elas Maria, mãe de Jesus”.
Em Jo 2,4 e Jo 19,26, Maria é chamada “mulher”, isto é a Nova Eva, mãe dos discípulos ou da comunidade cristã.
Estes textos mostram que pelo ano 85 ou 90 depois de Cristo, já existia na Igreja uma veneração de Maria, seja que aceitemos as palavras acima como históricas, seja que as aceitemos como fruto das comunidades mateana, lucana ou joanina.
4. Primeira Leitura e Sua Mensagem: Estar Salvo É Estar Em Comunhão Com Deus
O primeiro tema que o texto da Primeira Leitura nos apresenta é o da comunhão com Deus: “... nós vos anunciamos, para que estejais em comunhão conosco. E a nossa comunhão é com o Pai e com seu Filho, Jesus Cristo” (1Jo 1,3). Aos olhos do autor da Primeira Carta de João, a finalidade e a razão de ser de seu ministério evangélico é esta comunhão com Deus. E este tema aparece sob diversas formas nessa Carta: “Nascer com Deus” (1Jo 2,29; 4,7), “permanecer na luz”, e essa luz é Deus (1Jo 2,8-11); “permanecer em Deus” (1Jo 3,5-6; 4,16); “comunhão com Deus” (1Jo 1,5-7); “conhecer a Deus” (1Jo 4,7-8).
Todas as exposições de João tendem para a mesma conclusão: Deus se revela através de certas qualidades (justiça, amor, luz, etc.), e o cristão que atua em conformidade com essas qualidades (pratica justiça, ama, caminha na luz), penetra numa determinada relação existencial com Deus à que João designa aqui com o nome de comunhão. Mais adiante, a Carta nos apresenta em que consiste essa comunhão: uma presença de Deus no homem e uma presença do homem em Deus, por comunicação de vida realizada plenamente em Jesus Cristo (1Jo 5,11-12; 2,5-6; 3,6.24; 4,13-16; 5,19). E essa comunhão é também uma aliança pela qual Deus concede ao homem um coração novo para conhece-Lo (Cf. Jr 31,31-34; Ez 36,25-28: Cf. 1Jo 5,19; 2,27).
Praticar justiça, amar (com o amor ágape), andar na luz são sinais da comunhão com Deus.
O segundo tema importante da Carta de João e deu prólogo é o do conhecimento de Deus (1Jo 1,1). Este tema coincide mais ou menos com o da comunhão. Para um semita como São João, o conhecimento não tem nada de intelectual. É essencialmente concreto. Somente conhecemos o outro, entregando-nos a ele e aceitando que ele se entregue a nós. Trata-se de uma relação existencial. Não se conhece quando se cala ou quando se afasta. Não chegamos a Deus como se fosse uma realidade abstrata, deduzida a partir de provas silogísticas e sim como um ser que vive e que, agora, vive em Cristo e permanece em nós com certas condições.
Portanto, para são João, a proclamação missionária se situa nesse contexto de comunhão e de conhecimento. Os termos com que se descreve essa missão são significativos: João fala de “testemunho”, de “anúncio”, de “alegria” (1Jo 1,2.3.5). Para são João, a missão não é um ensinamento e sim transmissão de experiências e de comunhão de vida.
Será que conhecemos a Deus e estamos em comunhão com Ele?
5. Texto do Evangelho e Sua Mensagem
O
Na época de Natal, enquanto contemplamos o Menino Jesus recém-nascido, somos convidados a viver esta mesma fé, a fé plena que São João viveu e transmitiu para todos os seus leitores, inclusive, para nós todos. João é testemunha daquilo que Jesus viveu e fez (1Jo 1,1-4). E, ao mesmo tempo, nos convida a reconhecermos em Jesus a Palavra do Pai: “No princípio era Verbo e o Verbo era Deus. (...) E o Verbo se fez carne e habitou entre nós” (Jo 1,1. 14). Ele escreveu seu Evangelho “para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais a vida em seu nome” (Jo 20,31). Em seus escritos João fala do amor-comunhão de Deus conosco e do amor que temos de ter aos irmãos.
Todas as exposições de João, na primeira leitura (1Jo 1,1-4), tendem para a mesma conclusão: Deus se revela através de certas qualidades: justiça, amor, verdade, vida, luz etc., e o cristão que atua em conformidade com essas qualidades: vive conforme a justiça, ama, caminha na direção da Luz, está do lado da verdade etc., penetra em uma determinada relação existencial com Deus a qual João designa aqui com o nome de comunhão. E essa comunhão consiste numa presença de Deus no homem e numa presença do homem em Deus, pela comunicação de vida realizada plenamente em Jesus Cristo (Jo 10,10). Essa comunhão é também uma aliança através da qual Deus concede ao homem um coração novo para poder conhecê-Lo (Jr 31,31-34; Ez 36,25-28; cf. 1Jo 5,19; 2,27). Mas quando se fala do conhecimento não se trata de um conhecimento intelectual e abstrato, mas trata-se de uma comunhão existencial.
Pedimos ao São João que tenhamos um pouco de seu espírito de reflexão sobre os fatos e os acontecimentos de nossa vida para entender seu sentido profundo; que tenhamos um pouco do seu amor pelo Senhor e pelos irmãos para que possamos alcançar a comunhão com Deus de Amor; que tenhamos um pouco de sua fé para que possamos captar os sinais de Deus na nossa vida e para que sejamos perseverantes até o fim vivendo os ensinamentos de Cristo no nosso cotidiano a fim de que um dia nosso nome seja escrito também no Livro da Vida (Ap 3,5; 20,11-15). Que assim seja!!!
P. Vitus Gustama,svd
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