NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO
APARECIDA
12 de Outubro
No Brasil é Solenidade, sua Padroeira.
Primeira Leitura: Ester 5,1-2; 7,2-3
1b Ester revestiu-se com vestes de rainha e foi colocar-se no vestíbulo interno do palácio real, frente à residência do rei. O rei estava sentado no trono real, na sala do trono, frente à entrada. 2 Ao ver a rainha Ester parada no vestíbulo, olhou para ela com agrado e estendeu-lhe o cetro de ouro que tinha na mão, e Ester aproximou-se para tocar a ponta do cetro. 7,2b Então, o rei lhe disse: “O que me pedes, Ester; o que queres que eu faça? Ainda que me pedisses a metade do meu reino, ela te seria concedida”. 3 Ester respondeu-lhe: “Se ganhei as tuas boas graças, ó rei, e se for de teu agrado, concede-me a vida — eis o meu pedido! — e a vida do meu povo — eis o meu desejo!”
Segunda Leitura: Apocalipse 12,1.5.13.15-16
1 Apareceu no céu um grande sinal: uma mulher vestida do sol, tendo a lua debaixo dos pés e sobre a cabeça uma coroa de doze estrelas. 5 E ela deu à luz um filho homem, que veio para governar todas as nações com cetro de ferro. Mas o filho foi levado para junto de Deus e do seu trono. 13ª Quando viu que tinha sido expulso para a terra, o dragão começou a perseguir a mulher que tinha dado à luz o menino. 15 A serpente, então, vomitou como um rio de água atrás da mulher, a fim de a submergir. 16ª A terra, porém, veio em socorro da mulher.
Evangelho: Jo 2,1-11
Naquele tempo, 1 houve um casamento em Caná da
Galileia. A mãe de Jesus estava presente. 2Também Jesus e seus discípulos
tinham sido convidados para o casamento. 3 Como o vinho veio a faltar, a mãe de
Jesus lhe disse: “Eles não têm mais vinho”.
4 Jesus respondeu-lhe: “Mulher, por que dizes isto a mim? Minha hora
ainda não chegou”. 5 Sua mãe disse aos que estavam servindo: “Fazei o que ele
vos disser”. 6 Estavam seis talhas de pedra colocadas aí para a purificação que
os judeus costumam fazer. Em cada uma delas cabiam mais ou menos cem litros. 7
Jesus disse aos que estavam servindo: “Enchei as talhas de água”. Encheram-nas
até a boca. 8 Jesus disse: “Agora tirai e levai ao mestre-sala”. E eles
levaram. 9 O mestre-sala experimentou a água que se tinha transformado em
vinho. Ele não sabia de onde vinha, mas os que estavam servindo sabiam, pois
eram eles que tinham tirado a água. 10 O mestre-sala chamou então o noivo e lhe
disse: “Todo mundo serve primeiro o vinho melhor e, quando os convidados já
estão embriagados, serve o vinho menos bom. Mas tu guardaste o vinho melhor até
agora!” 11 Este foi o início dos sinais de Jesus. Ele o realizou em Caná da
Galileia e manifestou a sua glória, e seus discípulos creram nele.
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Neste dia tragamos de volta aqueles três simples pescadores: Domingos Martins Garcia, Filipe Pedroso e Joao Alves. Eles estavam pescando no Rio Paraiba do Sul no lugar chamado Porto Itaguaçu em 1717. No início, em vez de pegar peixes, eles apanharam na sua rede a imagem de Nossa Senhora sem cabeça. Na nova tentativa apanharam a cabeça da imagem. Dai em diante, os peixes chegaram em abundância para os tres humildes pescadores. É o primeiro milagre para esses simples pescadores para sua vida, pois para os pescadores, peixe significa vida, significa o pão de cada o qual pedimos no Pai Nossos. Para vivermos a vida na sua abundância e plenitude precisamos colocar em primeiro lugar Aquele que é a fonte e o Doador da vida: Deus. Aqui Maria representa aquele ventre bendito pelo qual nos trouxe a vida. Para vivermos na alegria, no ânimo, precisamos colocar Deus em primeiro lugar, precisamos viver a Palavra de Deus e de acordo com Sua Palavra. A vida, antes de ser vivida, precisa ser rezada para que possamos viver a vida na sua abundância e plenitude.
Para celebrar a festa de Nossa Senhora da Conceição Aparecida a Igreja (no Brasil) escolhe uma passagem do evangelho de São João 2,1-11 que fala da festa de casamento em Caná da Galiléia. No entanto, os protagonistas não são os noivos, mas Jesus e sua mãe, o que aponta já para dois níveis de leitura: a leitura a partir de Cristo que converte a água em vinho e a leitura a partir de Maria que faz a intervenção suplicante nessa festa.
1. Festa De Casamento: Quem é O Nosso Deus Revelado Em Jesus Cristo?
O simbolismo matrimonial é freqüente na Bíblia (Is 54,6.10;62,5;Os 2,16-18.21 etc...) para falar da ternura, da intimidade e do afeto da nova relação de Deus com o seu povo, todos nós. Isto quer nos dizer que o nosso Deus não é um Deus severo e tirano, e sim esposo e amigo, capaz de amar com ternura e paixão, de encontrar alegria no amor a seu povo.
Não é por acaso que o texto diz: “Jesus e os seus discípulos foram também convidados para o casamento” (v.3). Isto quer nos dizer que o Deus de Jesus não nos é revelado rodeado de imponente majestade, mas nas bodas e acompanhado de amigos. É precisamente isto que o que o evangelista João diz: a presença de Jesus é a manifestação deste Deus novo e diferente. Não do medo e do castigo, distante das pessoas, mas o Deus próximo, em meio à festa compartilhando as suas alegrias e preocupações. É um Deus que nos acompanha, que está sempre no meio de nós (Mt 28,20; 18,20). A religião de Jesus é, e continua sendo a da alegria e a da festa compartilhada porque Jesus é o vinho novo da nossa vida. Ele é capaz de transformar as situações em que tudo parece como água, sem sabor nem cor. Quem está com Jesus tem vida sobrando, pois Jesus que é a Vida (Jo 14,6; 10,10) comunica continuamente vida e alegria. Para vivermos a vida na sua abundância precisamos ter lugar especial para Jesus na nossa vida diária.
2. Maria, Nossa Mãe Quem Suplica por Nós
Maria, Mãe de Jesus também estava presente nas Bodas de Caná. E nessa festa, ao perceber que estava faltando vinho, Maria se dirigiu diretamente a Jesus e não ao organizador da festa: “Eles não têm mais vinho”. O vinho, na Bíblia, representa o amor e a alegria (cf. Ct 1,2;7,10;8,2). Quem são “eles” nesta frase da mãe de Jesus? Aqueles que basearam a relação com Deus não no amor, mas numa série de normas e regras, tornando assim essa relação fria e paralisada. Jesus é quem transforma essa relação cheia de regras para uma relação cheia de amor simbolizada na transformação da água em vinho.
Depois desta frase, Mãe de Jesus diz outra frase, mas, desta vez, para os serventes: “Fazei tudo o que ele vos disser” (v.5). O que leva Maria a dizer esta frase é a fé absoluta em Jesus Cristo. Ela não exige provas antes de render a seu Filho uma total confiança. Ela não tem dúvida alguma de que Jesus vai fazer algo. Maria leva até o limite a sua fé consciente. Ela abandona-se à decisão do Filho. A fé de Maria é ilimitada em Jesus. A expressão “Fazei tudo o que ele vos disser”, sublinha a soberania de Jesus, por um lado e a fé absoluta de Maria em Jesus, por outro lado.
Pela sua atitude e pelas suas palavras, ao convidar os servidores a adotar a mesma atitude de obediência às palavras de Jesus, Maria é modelo para todos os que fazem parte do novo Povo de Deus. Maria não só realiza a vontade de Deus na sua vida, mas também orienta os outros a fazerem de acordo com a Palavra de Deus. Maria, como a perfeita discípula e seguidora de Jesus se torna mestra e guia para todos nós. Sua frase continua atual. Ela continua nos dizendo hoje: “Para ser feliz, para viver a vida na sua profundidade e na sua abundância, vale a pena ouvir, ler, meditar e viver de açodo com a Palavra de Deus”.
Além disso, Maria nos ensina a orar pelos nossos irmãos, assim como ela fez nas Bodas de Caná. Maria está uma mulher muito atenciosa e prestativa. Por isso, ela percebe com rapidez as necessidades dos outros e logo toma providência. Maria é muito atenciosa. A atenção é um comportamento vigilante do eu sobre os outros; é uma transparência de olhar, uma prontidão em notar sinais de sofrimento em volta de si, um doar-se. A atenção é o amor verdadeiro, delicado, desinteressado e previdente. Ela é uma qualidade humana necessária e preliminar no caminho espiritual.
Revivendo hoje o momento em que o Filho de Deus transforma a água em vinho para os convivas de Caná, deveríamos ter a capacidade de perceber que uma das mais exaltantes mensagens do cristianismo é a mensagem de alegria. Deus quer que haja o vinho nupcial da alegria, a alegria de permanecer unidos, como irmãos. Cabe a cada um de nós a tarefa de viver e de anunciar a mensagem de alegria para os outros de que Deus sempre tem a última palavra. E esta última palavra está cheia de vida, de paz e de alegria. Temos que proclamar as razões da alegria, não da tristeza; temos que apontar os motivos do otimismo, não do pessimismo; temos que promover a vida, não a morte. A alegria deveria ser característica de quem vive na fé e caminha para o Reino de Deus. A religião de Jesus é e continua sendo a da alegria e da festa compartilhada porque Jesus é o vinho novo da nossa vida. Ele é capaz de transformar as situações tristes em alegria. Quem está com Jesus tem vida sobrando, pois ele comunica continuamente vida e alegria.
O papa Gregório Magno, uma vez na sua pregação, disse a seguinte frase: “Embora tenha quem escute as boas palavras, falta quem as diga”.
3. Nossa Devoção à Mãe Do Senhor Que Também É Nossa Mãe
Nós, sem dúvida nenhuma, acreditamos que Jesus é o Senhor (Rm 10,9; Fl 2,11), o único mediador entre Deus e a humanidade (1Tm 2,5). Por isso, no final das orações da missa, dizemos: “Por Nosso Senhor Jesus Cristo,... na unidade do Espírito Santo”. Em cada oração, nos dirigimos ao Pai, pelo Filho, no Espírito Santo.
Se toda a oração é trinitária, dirigida ao Pai, pelo Filho, no Espírito, como então nós podemos rezar a Maria e aos santos?
Se nós olharmos com cuidado o jeito como Jesus realiza sua missão aqui na terra, perceberemos que ele não trabalha sozinho. Ele conta com a colaboração dos discípulos (Mt 10,1-8). Também algumas mulheres seguem Jesus e fazem parte do seu grupo mais próximo (Lc 8,1-3). Maria, Mãe do Senhor, fazia parte desse grupo. O Evangelho de Lucas mostra com clareza que Maria é o exemplo do discípulo e seguidor de Jesus. Ela escuta a palavra com fé (Lc 1, 38.45), acolhe-a, medita no coração (Lc 2,19.51) e a põe em prática, transformando-a em belos frutos (Lc 1,42;11,28).
Nós adoramos somente a Deus e a Ele prestamos culto. Reconhecemos que só Jesus é o nosso Salvador, o único Senhor. Mas continuamos respeitando e veneramos os santos que são reflexos da própria santidade de Deus. Sabemos muito bem que isso não nos tira do rumo certo. Temos cuidado para que eles não ocupem o espaço de Jesus. Porque eles são santos porque participaram da santidade de Jesus, são reflexos de Jesus. Se Jesus não existisse, não existiria também santo nenhum. Ficamos contentes, quando experimentamos que não estamos sozinhos na travessia dessa vida. Não somente os nossos companheiros de comunidade estão conosco, mas também os santos, os “vivos em Deus” que deram sua vida para mostrar o caminho para Deus, para o Céu.
Maria tem um posto especial na comunhão dos santos. Como diz o Concílio Vaticano II (LG VIII), ela ocupa o lugar único, mais perto de Cristo e mais perto de nós. Por isso, podemos rezar pedindo a ajuda dela, como nossa Mãe, contar com sua intercessão, pedir sua proteção e auxílio e entregar-nos nas mãos de Deus. A graça que Maria nos dá não vem dela e ela nada segura para si. Tudo vem de Deus e para Deus volta. Qualquer oração a Maria nos coloca em sintonia com Deus mesmo: o Pai, o Filho e o Espírito.
Quando chamamos Maria de “Nossa Senhora”, fazemos isso com delicadeza e afeto, reconhecimento e gratidão, pois aceitou para ser a Mãe do Senhor, nosso Salvador, Jesus Cristo. Mas não podemos colocá-la no mesmo nível de Jesus. Jesus é o Nosso Senhor. Ela aprendeu de Jesus a ser serva, a prestar serviço a toda a humanidade (Mt 20,28). Maria, como um espelho ou um prisma, reflete e transmite a graça de Deus (Rm 3,18). No seu manto de luz, ela transmite a luz amorosa de Deus.
Em relação ao Evangelho da missa, os teólogos concordam que o Evangelho de João é para os cristãos maduros porque o evangelista João tem uma profundidade nas suas reflexões. É naturalmente, ele fala de Maria de forma mais profunda. João não se preocupa com a infância de Jesus, ou com as relações familiares com sua mãe. Responde a outras perguntas: Qual é o lugar de Maria na missão de Jesus? E como ela contribui na comunidade dos amigos de Jesus.
No Evangelho de João, Maria aparece somente duas vezes. Primeiro, Maria atua na realização do primeiro sinal de Jesus, em Caná, ao inaugurar sua missão pública (Jo 2,1-11). Segundo, Maria permanece ao pé da cruz, no momento da morte de Jesus, no final de sua missão nesse mundo (Jo 19,25-27). Ao colocar Maria no início e no final da missão de Jesus, João está dizendo que ela tem um lugar especial, pois se faz presente nos momentos mais importantes.
O evangelista nos conta Maria na festa de bodas em Caná. Quase todo mundo gosta de festa. Numa festa boa, parece que o tempo não existe. Ninguém olha para o relógio. Se estivermos conscientes mesmos de que a missa é um grande banquete do Senhor, uma grande festa, ninguém se preocupará com o relógio ou com o celular. A festa rompe com a dureza do dia-a-dia. O Senhor que cada participante possa saborear esse banquete divino.
Em Caná Maria está na festa. Jesus e seus discípulos também. O vinho, que é o elemento principal nessa festa, está terminando e Maria se dirige a Jesus, fazendo-lhe um pedido discreto: “Eles não têm mais vinho”.
Jesus faz o primeiro sinal de forma discreta. João coloca, como primeiro sinal de Jesus, a transformação da água em vinho para nos transmitir que Jesus é o vinho novo da nossa vida. Ele é capaz de transformar as situações em que tudo parece “água”, sem sabor nem cor. No AT, o vinho simboliza a felicidade e a abundância que acontecerá para todos, quando o Messias chegar. Com o sinal do vinho Jesus está dizendo que ele é o vinho novo. Acabou o tempo de miséria. Quem está com Jesus tem vida sobrando. Ele comunica vida e alegria.
O relato sobre a festa de Caná nos mostra Maria como a mãe da comunidade cristã, que estimula os servidores e amigos de Jesus a realizarem sua vontade: “Façam tudo o que ele disser a vocês”. Ela ajuda os discípulos a terem fé em Jesus e ficarem junto dele: “Jesus manifestou sua glória e os discípulos creram nele” (Jo 2,11) Maria, a mulher atenta às necessidades das pessoas, pede ao seu filho. O povo vê nesse gesto de Maria sua bondade e caridade, e também sua capacidade de intercessão, pelo bem de todos.
Nós somos hoje os discípulos amados de Jesus. O Pai nos dá o mesmo amor com o qual amou a Jesus (Jo 17,26). E nos presenteia Maria, mãe educadora, para nos ajudar a viver nossa vocação cristã. Que saibamos captar as palavras de Maria: “Façam tudo o que Jesus disser a vocês”. Maria continua dizendo-nos hoje: “Vale a pena buscar a vontade de Jesus, ouvir suas palavras e tomar atitudes concretas”.
ATO DE CONSAGRAÇÃO À NOSSA SENHORA APARECIDA DO PAPA FRANCISCO
“Ó Maria Santíssima, pelos méritos de Nosso Senhor Jesus Cristo, em vossa querida imagem de Aparecida, espalhais inúmeros benefícios sobre todo o Brasil.
Eu, embora indigno de pertencer ao número de vossos filhos e filhas, mas cheio do desejo de participar dos benefícios de vossa misericórdia, prostrado a vossos pés, consagro-vos o meu entendimento, para que sempre pense no amor que mereceis; consagro-vos a minha língua para que sempre vos louve e propague a vossa devoção; consagro-vos o meu coração, para que, depois de Deus, vos ame sobre todas as coisas.
Recebei-me, ó Rainha incomparável, vós que o Cristo crucificado nos deu por Mãe, no ditoso número de vossos filhos e filhas; acolhei-me debaixo de vossa proteção; socorrei-me em todas as minhas necessidades, espirituais e temporais, sobretudo na hora de minha morte.
Abençoai-me, ó celestial cooperadora, e com vossa poderosa intercessão, fortalecei-me em minha fraqueza, a fim de que, servindo-vos fielmente nesta vida, possa louvar-vos, amar-vos e dar-vos graças no céu, por toda eternidade. Assim seja!”
P.
Vitus Gustama,svd
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