quinta-feira, 10 de outubro de 2024

XXVIII Domingo Comum-Ano "B"- 13/10/2024

ESCOLHER ENTRE OS BENS DE DEUS OU O DEUS DOS BENS

XXVIII DOMINGO DO TEMPO COMUM “B”

Primeira Leitura: Sabedoria 7,7-11

7 “Orei, e foi-me dada a prudência; supliquei, e veio a mim o espírito da sabedoria. 8 Preferi a Sabedoria aos cetros e tronos e, em comparação com ela, julguei sem valor a riqueza; 9ª  ela não igualei nenhuma pedra preciosa, pois, a seu lado, todo o ouro do mundo é um punhado de areia e, diante dela, a prata será como a lama. 10 Amei-a mais que a saúde e a beleza, e quis possuí-la mais que a luz, pois o esplendor que dela irradia não se apaga. 11 Todos os bens me vieram com ela, pois uma riqueza incalculável está em suas mãos”.

Segunda Leitura: Hebreus 4,12-13

12 A Palavra de Deus é viva, eficaz e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes. Penetra até dividir alma e espírito, articulações e medulas. Ela julga os pensamentos e as intenções do coração. 13 E não há criatura que possa ocultar-se diante dela. Tudo está nu e descoberto aos seus olhos, e é a ela que devemos prestar contas.

Evangelho: Mc 10,17-30

Naquele tempo, 17 quando Jesus saiu a caminhar, veio alguém correndo, ajoelhou-se diante dele e perguntou: “Bom Mestre, que devo fazer para ganhar a vida eterna?” 18 Jesus disse: “Por que me chamas de bom? Só Deus é bom, e mais ninguém. 19 Tu conheces os mandamentos: não matarás; não cometerás adultério; não roubarás; não levantarás falso testemunho; não prejudicarás ninguém; honra teu pai e tua mãe”. 20 Ele respondeu: “Mestre, tudo isso tenho observado desde a minha juventude”. 21 Jesus olhou para ele com amor, e disse: “Só uma coisa te falta: vai, vende tudo o que tens e dá aos pobres, e terás um tesouro no céu. Depois vem e segue-me!” 22 Mas quando ele ouviu isso, ficou abatido e foi embora cheio de tristeza, porque era muito rico. 23Jesus então olhou ao redor e disse aos discípulos: “Como é difícil para os ricos entrar no Reino de Deus!” 24 Os discípulos se admiravam com estas palavras, mas ele disse de novo: “Meus filhos, como é difícil entrar no Reino de Deus! 25 É mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha do que um rico entrar no Reino de Deus!” 26 Eles ficaram muito espantados ao ouvirem isso, e perguntavam uns aos outros: “Então, quem pode ser salvo?” 27 Jesus olhou para eles e disse: “Para os homens isso é impossível, mas não para Deus. Para Deus tudo é possível”. 28 Pedro então começou a dizer-lhe: “Eis que nós deixamos tudo e te seguimos”. 29 Respondeu Jesus: “Em verdade vos digo, quem tiver deixado casa, irmãos, irmãs, mãe, pai, filhos, campos, por causa de mim e do Evangelho, 30 receberá cem vezes mais agora, durante esta vida — casa, irmãos, irmãs, mães, filhos e campos, com perseguições — e, no mundo futuro, a vida eterna.

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Fará Parte Da Família De Deus, Na Vida Eterna, Quem Imitar a Bondade De Deus

No contexto da Igreja dos séculos I e II, o episódio do chamamento era relido à procura de uma resposta à interrogação: quais são as condições para poder ser salvo? Destaca-se no texto evangélico deste domingo o tema da posse dos bens: qual é o relacionamento entre a posse das riquezas, a vida eterna e o seguimento de Jesus? Esses problemas foram sentidos com muita seriedade e urgência nas primeiras comunidades cristãs.        

O nosso texto começa com estas palavras: “Ao retomar o seu caminho...”. Jesus está no caminho que o levará a Jerusalém, à morte. O seguimento significa seguir ou trilhar o caminho de um Mestre até as últimas conseqüências de doação de si. Esse é o caminho de Jesus. Por isso, este texto pode ser colocado sob o título: o caminho rumo à vida para todos os discípulos.        

Estando Jesus nesse caminho, “alguém (sem nome, que pode ser qualquer um de nós) correu e ajoelhou-se, em atitude de reverência, perguntando: ‘Bom mestre, que farei para herdar a vida eterna ?’”. É uma pergunta que jovens faziam aos rabis, quando se apresentavam para iniciarem a formação acadêmica nas escolas hebraicas: que devo fazer? No evangelho de Mateus o jovem rico diz: “Mestre, que farei de bom para ter a vida eterna ?” (Mt 19,16). 

Este “alguém” chama Jesus de “bom” mestre. O substantivo do adjetivo “bom” é bondade. A bondade formal ou absoluto é definida como a própria perfeição possuída por um ser. Enquanto que a bondade ativa significa a capacidade que possui um ser de dar a outro a perfeição que lhe falta.        

Antes de responder à pergunta desse rico, Jesus se cautela diante do apelativo “bom”: “Por que me chamas bom? Ninguém é bom senão só Deus”. Essa precisão servirá para se compreender a resposta que Jesus fará a esse rico. Deus em si é perfeito absolutamente. Na sua perfeição absoluta Deus sai ao encontro do homem que se encontra carente na sua perfeição para salvá-lo através de sua encarnação em Jesus Cristo (Jo 1,14). Implicitamente, Jesus quer dizer ao homem rico para que saia também ao encontro dos necessitados partilhando os bens que se possui. Mas infelizmente o homem avarento só quer ser rico para si e não quer ajudar os necessitados. Nisto entendemos o verbo que ele usa ao perguntar a Jesus sobre o que deve fazer para “herdar”. Herdar é ter direito a receber como herança. Até o Reino de Deus ele quer possuir para si. Em vez de perguntar: “O que devo fazer para entrar no Reino de Deus”, ele pergunta: “O que devo fazer ou o que farei para herdar a vida eterna?”.

Por que me chamas bom? Ninguém é bom senão só Deus”. Esta observação de Jesus corresponde perfeitamente à concepção bíblica e judaica segundo a qual só Deus é chamado bom, porque ele usa de misericórdia, socorre os pobres e defende os fracos (cf. Dt 10,18). O Reino de Deus é o Reino de amor, de misericórdia, de fraternidade, de compaixão, de solidariedade, de partilha e assim por diante. Por isso, a única condição para entrar na vida eterna é imitar o único bom, Deus. A fidelidade a Deus é exercida no amor ao próximo, síntese dos mandamentos.        

Jesus prossegue, indicando ao seu interlocutor o caminho para “herdar” a vida definitiva junto a Deus, e citou só os mandamentos que se referem aos deveres para com o próximo (v.19). O rico responde: “Mestre, tudo isso eu tenho guardado desde a minha juventude” (v.20). A palavra “juventude” ofereceu a Mateus a oportunidade para fazer do rico um “jovem” que inicia o caminho cristão (cf. Mt 19,16-30).        

E os deveres para com Deus? A resposta da tradição evangélica é conhecida: a maneira concreta de amar a Deus é amar e ser fiel ao homem no qual Deus se torna nosso próximo (cf. Lc 10,25-37: o bom samaritano). Neste caso, aquele que tem observado “todos” os mandamentos que dizem respeito ao próximo deveria estar no caminho da vida eterna. 

No entanto, Jesus lhe propõe o teste definitivo. O texto prossegue: “Fitando-o, Jesus o amou e disse:’ uma só coisa te falta: vai, vende o que tens, dá aos pobres e terás um tesouro no céu. Depois, vem e segue-me’” (v.21).

Fitar” é o mesmo que cravar, admirar, fixar a atenção e o pensamento, ficar imóvel. Esse olhar intenso de Jesus é típico do evangelho de Marcos; ele é um sinal de amor para com um homem justo, disponível para o reino de Deus. Marcos apresenta algumas pessoas que se aproximam com simpatia de Jesus e estão no limiar do reino de Deus (cf. Mc 12,34). Mas eles ainda  estão no âmbito judaico. Quem observa os mandamentos é um bom judeu, mas ainda não entrou em comunhão com Jesus, não se tornou cristão. O sinal distintivo da identidade do discípulo é seguir a Jesus, isto é, ficar envolvido em seu destino, seu modo de amar e de ser fiel ao outro homem até o testemunho supremo da cruz. 

A diferença entre a renúncia aos bens como estilo de vida e o seguimento evangélico está nessas duas palavras de Jesus: “dá-os aos pobres”. Se nos detivermos na primeira: “vai e vende tudo o que tens”, ainda estamos no limiar do evangelho que para termos liberdade interior, nos afastamos de todas as coisas e preocupações materiais. A novidade evangélica é o convite: “dá aos pobres, porque assim imitas o único bom, Deus; depois vem e segue-me”. O amor ao próximo é o caminho para o Reino de Deus. Trata-se de seguir aquele que, pelos pobres, deixou não só sua atividade, a segurança social e os laços de parentesco, mas também entrega sua própria existência como dom de amor pelos muitos, pela libertação deles (cf. Mc 10,45). Não simplesmente o estar livre dos bens, para não ter aborrecimento ou preocupação, para dedicar-se às coisas espirituais. Essa seria a escolha sapiencial. A escolha religiosa evangélica é amar como ama Deus bom e “perfeito”. Nessa perspectiva, dar os bens aos pobres é um gesto de amor. Para quem possui riquezas, esta fidelidade e amor para com o outro, no seguimento de Jesus, concretamente se realizam, não na renúncia estóica (sapiencial) ou ascética, mas no doar os bens aos pobres. Esta é a realização de seu amor para com o próximo. Nesta perspectiva, a observância dos mandamentos não é mais um meio para se garantir um privilégio espiritual ou uma dignidade moral, mas é a expressão de amor e fidelidade ao próximo. O próximo é a passagem obrigatória para chegar até Deus. Isto agora é possível no seguimento de Jesus, onde o rosto do único bom se tornou um rosto humano. Agora aquele que se põe a seguir Jesus não só sabe, mas tem também a real possibilidade de imitar o único bom, que socorre os fracos e se solidariza com os pobres (cf. Dt 10,18). Quem entra na vida eterna, então, não é aquele que não pratica o mal, mas aquele que pratica o bem (cf. Mt 25,31-46).        

Por isso, dar os bens para pobres e seguir a Jesus não é um passatempo ou um luxo religioso proposto a um elite; não é um conselho para os mais generosos. É a condição básica para ter um tesouro no céu, para entrar no Reino, isto é, para herdar a vida plena e definitiva.        

Esse chamamento tem uma resposta negativa, ao contrário de todos os outros chamamentos evangélicos recordados até agora, como o dos quatro irmãos pescadores, que tinham uma pequena empresa de pesca (Mc 1,16-20), ou o de Levi, o publicano, pertencia à classe média (Mc 2,13-17). O único episódio de chamamento de um rico teve um resultado negativo: “Ele, porém, contristado com essa palavra, saiu pesaroso, pois era possuidor de muitos bens” (v.22; Cf. Mt 19,22). Ele adora a Deus falsamente (ficou de joelho diante de Jesus expressa seu reconhecimento da divindade na pessoa de Jesus), pois ele não quer partilhar seus bens com os necessitados. Ele adora a Deus na teoria, mas na prática ele nega Deus através da negação da partilha dos seus bens para os pobres, pois os pobres também são os filhos de Deus. Cuidar dos pobres é honrar a Deus. Ele abandona o Criador das coisas (Jo 1,1-3) para ficar somente com as coisas do Criador. Com isso, ele se torna coisa entre as coisas e perde-se entre as coisas. Ele se esquece que o homem somente tem o direito de usar as coisas e não para possui-las, pois assim que terminar a passagem neste mundo, o direito de usar as coisas cessará. Durante a vida alguém pode dizer: “Aquele carro é meu; aquele imóvel é meu” e assim por diante. Quando ele morrer não há nada mais que pertença a ele. 

O evangelho de Lucas diz explicitamente: “era muito rico” (Lc 18,23). O homem rico, pelo seu apego à riqueza, não aceita o convite de Jesus. Seu amor aos outros é relativo, não chega ao nível necessário para um cristão. Não está disposto a trabalhar por uma mudança social, por uma sociedade justa; a antiga lhe basta. Prefere o dinheiro ao bem do homem.

A Avareza Torna o Coração Insensível Diante Da Necessidade Alheia        

Segue-se a segunda parte do texto: o diálogo de Jesus com os discípulos, que impressionou os leitores de todos os tempos. A interrogação que domina o diálogo de Jesus com os discípulos é esta: “Pode um rico salvar-se?”. Essa pergunta se põe no âmbito da comunidade dos discípulos. Também as Igrejas que releem esse episódio devem abordar a questão dos ricos que se convertem e acham difícil perseverar. “Então Jesus, olhando em torno, disse a seus discípulos: ‘Como é difícil a quem tem riquezas entrar no Reino de Deus’ “ (v.23). 

Jesus não condena a riqueza, mas a avareza, isto é, a ansiedade de acumular fortunas de forma gananciosa. O ideal do cristão não é a pobreza nem a fome, e nem a nudez, mas a divisão fraterna dos bens que Deus pôs à disposição de todos. A partilha é a alma do projeto de Jesus Cristo. Pecado não é ficar rico, mas ficar rico só por si, sem ajudar quem está em necessidade extrema (cf. Lc 16,19-31: o mau rico e pobre Lázaro) . É ser avarento. 

A lógica do acúmulo dos bens materiais só para si produz aridez social e espiritual. Geralmente quem vive acumulando os bens materiais só para si é incapaz de enxergar as necessidades dos outros, dos pobres e jamais fica satisfeito com o que tem. Já a lógica da partilha faz com que pensemos que somos apenas administradores das coisas que Deus criou e nos condece. Além disso, neste mundo temos apenas o direito de usar ou usufruir as coisas de Deus e não de possuí-las. Por isso, este direito de usar ou de usufruir as coisas de Deus cessará assim que terminarmos nossa passagem neste mundo. Durante a vida alguém pode dizer: “Aquele carro é meu; aquele apartamento é meu; aquele ouro é meu”. Mas quando morrer, nada mais pertence a ele. Fica tudo para quem está vivo ainda neste mundo.

“Como é difícil a quem tem riquezas entrar no Reino de Deus”, disse Jesus aos discípulos. Os discípulos “se espantam com estas palavras”. Na crença popular da época, a posse de riquezas era sinal da bênção de Deus. E no fundo, os próprios discípulos não eram livres da esperança de ganhar alguma recompensa tangível (riqueza material) por ter seguido a Jesus (10,28.37.41).       

Aos discípulos, que perguntam “espantados”: “Então, quem pode ser salvo?”, Jesus fitando-os, diz: “Aos homens é impossível, mas não a Deus, pois para Deus tudo é possível” (v.27). Esse olhar intenso de Jesus aos discípulos corresponde ao que foi dirigido antes ao rico disponível. A sua resposta faz compreender que o seu seguimento é graça, dom de Deus. Não é uma questão de dosagem no uso dos bens, mas se trata de uma mudança radical de mentalidade, que pode ser pedida a Deus, porque só Deus pode realizá-la.        

O alerta de Jesus sobre os perigos da riqueza não é somente para os ricos de fato, mas para todos quantos queiram ser seus discípulos e herdar a vida eterna. O dinheiro é o deus que tem seu altar em cada coração humano. Seria ingênuo negá-lo. Como o “Deus” em quem cada crença deposita sua confiança, cria briga, assim também o deus- dinheiro cria briga até causa a morte de tantas pessoas. O alerta de Jesus sobre os perigos da riqueza é para todos. É um ensinamento para todos, pois todos temos “alma de rico’, incluindo os pobres que são cobiçosos, avarentos e apegados ao pouco que possuem. Em todos os níveis sociais se busca o dinheiro/riqueza material, freqüentemente com espírito de cobiça, e se põe nele a confiança mais que em Deus. Jesus pede a todos os seus seguidores que tenham o desprendimento que sabe se conformar com o necessário e compartilhar com os outros o que se tem, sem entesourar nem incorrer na idolatria do dinheiro como bem supremo. 

O ser humano tende por natureza ao desenvolvimento de si mesmo para melhorar suas condições. Trata-se de uma aspiração legítima. Porém, se a cobiça dos bens for exagerada, excessivo o apego aos bens materiais, então ele não estará mais exercendo um direito, mas sendo vítima de um vício hediondo: a avareza. 

A avareza é um desvio do significado de infinito, uma transposição absoluta para o que é relativo. Para um avarento, a riqueza não é um meio para se viver, e sim a própria razão de ser da vida. O varento está sendo vítima de um prazer em possuir as coisas que jamais será satisfeito, mas o estimulará cada vez mais numa espiral sem fim. Para o avarento, a satisfação em possuir os bens é tão grande que até torna o medo de perdê-los maios que o desejo de aumentá-los. O avarento é a pessoa mais pobre e mais escrava que existe. 

Não é fácil conciliar a riqueza excessiva de alguns com os direitos que os outros têm ao necessário. A posse pode isolar e quem tem posse acaba sendo contado entre os bens. Mas no leito da doença e da morte todos se nivelam. A igualdade imposta é sentida por todos nessa altura. Demora para cada um entender esta dura realidade. 

Jesus Nos Convida a Ser Generosos Com Os Necessitados

Uma só coisa te falta: vai, vende o que tens, dá aos pobres e terás um tesouro no céu. Depois, vem e segue-me”. 

A alma do projeto de Jesus Cristo está na partilha, na generosidade, na compaixão com os necessitados. Na partilha e na generosidade todos participam da multiplicidade da alegria. A alegria verdadeira está no dar e no receber.

A generosidade que se concretiza na partilha e na solidariedade não empobrece, mas é geradora de vida e de vida em abundância. Quando repartirmos com generosidade e amor aquilo que Deus colocou à nossa disposição, não ficaremos pobres, mas os bens repartidos tornam-se fonte de vida e de bênção para nós e para todos aqueles que deles são beneficiados. 

A generosidade é um sinal de gratidão e de liberdade interior. Na generosidade mostramos ao mundo a verdade de que podemos possuir as coisas, mas jamais as coisas podem nos possuir. Na generosidade mantemos nossa liberdade. Ser generoso significa dar-se a si próprio por amor de Deus que criou tudo generosamente para nós todos e por amor do próximo, pois o próximo é nosso irmão, filho de Deus como o somos. A virtude de genrosidade é libertadora tanto para o generoso como para quem é favorecido. Aquilo que faz ou dá aos outros redunda também em seu próprio benfício. Sem a generosidade, nem sequer pode existir a liberdade como virtude. 

Viver na partilha e na generosidade é uma sabedoria que Jesus nos ensinou no Evangelho. A Primeira Leitura tirada do livro da Sabedoria antecipa aquilo que Jesus ensina no evangelho de hoje: “Preferi a Sabedoria aos cetros e tronos e, em comparação com ela, julguei sem valor a riqueza; ela não igualei nenhuma pedra preciosa, pois, a seu lado, todo o ouro do mundo é um punhado de areia e, diante dela, a prata será como a lama” (Sb 7,8-9). O jovem rico do Evangelho não chegou a viver ainda esta sabedoria. 

A sabedoria é a arte de viver e de conviver bem. O saber é algo que todos apreciam. Ninguém gosta da denominação de “nécio”, “ignorante”. No entanto, o ter razão, o ser doutor, o conhecedor das coisas nos agrada. Contudo, há muitas formas de saber. Existe o sábio naturalista que classifica as plantas pela qualidade de suas flores e frutos. É sábio o filósofo. É sábio o arqueólogo. Mas sua sabedoria é parcial. 

A sabedoria que se apresenta o texto da Primeira Leitura de hoje é, ao mesmo tempo, mais humana e mais divina. Tem algo de ciência e algo de arte; algo de especulativo e algo de prático. Certo conhecimento das coisas em sua relação com Deus, como Último e Fim nosso, e a arte de viver segundo Ele. A sabedoria de que fala o autor do livro de Sabedoria é a sabedoria que dimana de Deus. ela nos dá o conhecimento preciso das coisas em sua relação com Deus, seu Criador, e em sua relação com nós, seus usufrutuários. Ela nos dá o reto conhecimento de Deus e de nós mesmos. É a arte de viver segundo o ver e o querer de Deus. É a arte de viver usar as coisas, de apreciá-las, e a arte de conduzir-se segundo a vontade divina. É a arte de chegar ao Último Fim que é o próprio Deus, Criador de todas as coisas. 

O jovem rico recusou o convite de Deus pelos bens de Deus e não quer seguir o Deus dos bens. Diariamente temos que escolher entre os bens de Deus ou o Deus dos bens. Se escolhemos apenas os bens de Deus e não o Deus dos bens, acabaremos perdendo Deus que significa viver sem a salvação. É preciso termos muito discernimento!

P. Vitus Gustama,SVD

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