domingo, 8 de janeiro de 2012

ENSINAR E VIVER COM AUTORIDADE


10 de Janeiro de 2012

Texto de Leitura: Mc 1,21-28
     
Jesus e seus seguidores chegaram a Cafarnaum, numa população ao redor do lago Galiléia. Esta região vai se converter em centro da atividade de Jesus.  Num Sábado entrou numa sinagoga e teve oportunidade de comentar as leituras do dia.

       
Sem dúvida, Jesus apóia seu ensinamento nos fatos, dá uma nova dimensão à lei e valoriza as pessoas diante das instituições dominantes de seu tempo. As regras são feitas para valorizar mais as pessoas e não para oprimi-las. O foco da atividade de Jesus são as pessoas. Por isso, surgiu o comentário: “Todos ficavam admirados com o seu ensinamento, pois ele ensinava como quem tem autoridade, não como os mestres da lei” (Mc 1,22).

       
A autoridade de Jesus não está a serviço de uma instituição, mas está a serviço do ser humano para que este reconheça sua própria dignidade, sua vocação à vida comunitária. A nova forma de Jesus ensinarcom plena autoridadeapela a valores e atitudes fundamentais do ser humano: apela à capacidade de convivência, ao reconhecimento respeitoso e tolerante do outro, ao desenvolvimento da auto-estima como condições para um autêntica libertação da situação de marginalização em que vive a grande maioria. Onde não houver um mútuo respeito, não haverá espaço para a mútua admiração.

       
Por isso, o episódio do homem possuído por um espírito impuro, mais do que demonstrar autoridade de Jesus sobre as forças do mal, quer mostrar como Jesus integra ao seio da comunidade aquele que era excluído e recusado como muitos outros em nome de um poder que desumaniza. Na verdade, Mc coloca aqui o possuído como representante dos fanáticos pelo poder. Para assinalar o fanatismo Mc usa a expressãoestar possuído por um espírito impuroem oposição ao Espírito Santo quevida, que anima, que capacita o ser humano a amar. A força que despersonaliza o homem e impede todo espírito crítico é uma ideologia contrária ao plano de Deus.

       
O possuído não pode negar a autoridade de Jesus (profeta), mas não admite que sua autoridade se oponha à instituição religiosa e a sua doutrina que despersonaliza o ser humano. Para o possuído a autoridade de Jesus deve estar a serviço do sistema. Apesar de sua resistência, Jesus o liberta de seu fanatismo ou convence este possuído do erro de sua postura. Ao aceitar o Espírito de Deus o homem se liberta de suas escravidões.


A autoridade está ligada ao crescimento. A própria palavra vem do latim “augere”, que quer dizercrescer”. Por isso, exercer a autoridade é sentir-se realmente responsável pelos outros e por seu crescimento, sabendo que eles não são nossa propriedade, nossos objetos, mas pessoas que têm um coração, nas quais existe a Luz de Deus, e que são chamadas a crescer na liberdade da verdade e do amor. O maior perigo para alguém que tem autoridade é manipular as pessoas e dirigi-las para seus próprios objetivos e sua necessidade de poder.
      

Jesus fala como quem tem autoridade. Há palavras que nos aproximam de Jesus. Quais são estas palavras? Sempre que pronunciarmos uma palavra viva, aquela que não é fingida, aquela que sabe detectar em cada momento o que o outro está necessitando, aquela que faz o outro melhorar e crescer, aquela que não semeia a discórdia, a palavra que humaniza, estaremos falando com autoridade. Sempre que pronunciarmos uma palavra compassiva, aquela que consola nos momentos de dificuldade, a palavra que anima quem está desesperado, a palavra sincera de querer ajudar, estaremos falando com autoridade. Sempre que pronunciarmos uma palavra solidária, aquela que coloca as coisas no seu devido lugar, aquela que sai do coração para aliviar a dor do outro, aquela que serena, estaremos falando com autoridade. Sempre que pronunciarmos uma palavra de esperança que diz que nem tudo está perdido, que o melhor está para vir porque Deus está conosco, estaremos falando com autoridade.

       
É bom cada um fazer um exame de consciência para saber se fala com autoridade como Jesus ou não? Se esta próximo de Jesus no modo de viver e de tratar os demais?


P. Vitus Gustama,svd




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