sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

TENHA NO SENHOR EM TODOS OS MOMENTOS!
Sábado, 28 de Janeiro de 2012
Festa de Santo Tomás de Aquino
Texto de Leitura: Mc 4,35-41

35Naquele dia, ao cair da tarde, Jesus disse a seus discípulos: “Vamos para a outra margem!” 36Eles despediram a multidão e levaram Jesus consigo, assim como estava na barca. Havia ainda outras barcas com ele. 37Começou a soprar uma ventania muito forte e as ondas se lançavam dentro da barca, de modo que a barca começava a se encher. 38Jesus estava na parte de trás, dormindo sobre um travesseiro. Os discípulos o acordaram e disseram: “Mestre, estamos perecendo e tu não te importas?” 39Ele se levantou e ordenou ao vento e ao mar: “Silêncio! Cala-te!” O vento cessou e houve uma grande calmaria. 40Então Jesus perguntou aos discípulos: “Por que sois tão medrosos? Ainda não tendes ?” 41Eles sentiram um grande medo e diziam uns aos outros: “Quem é este, a quem até o vento e o mar obedecem?”

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Depois que terminou o discurso das parábolas, Jesus ordena aos discípulos para cruzarem o mar da Galiléia com ele: “Vamos para outro lado do mar”. Jesus convida os discípulos a ir a “outro lado do mar”. “Do outro lado” estão os pagãos, ou o território não- judeu. Jesus convida os discípulos para esse território para que possam semear também entre os pagãos a Boa Notícia do Reino. "Levar os homens à verdade é o maior benefício que se pode prestar aos outros. O grande mistério da santidade é amar muito" dizia Santo Tomás de Aquino. Atravessar, ouir para outro lado”, então, significa sair de si mesmo, pensar nos outros e não ficar apenas no nosso lado. Precisamos ir a “outro lado”. Quem sabe no “outro ladoem vez de evangelizarmos os outros, seremos evangelizados. Travessia é muitas vezes sinônimo de abertura ao novo e diferente.


Na travessia Jesus parece ausente, dorme e parece estar completamente alheio à tragédia do mar (v.38a). O sono tranqüilo de Jesus simboliza uma confiança total em Deus. Assustados, os discípulos acordam Jesus com uma ríspida pergunta que tem um tom de queixa e de censura: “Mestre, não te importas que pereçamos?”. Com seu poder Jesus acalmou o vento.


Depois que acalmou o vento, Jesus faz uma censura aos discípulos sob a forma de dupla pergunta retórica, assim correspondendo e contestando a censura deles que foi também em forma de pergunta retórica: “Por que tendes medo? Ainda não tendes ?”. O “ainda não” da pergunta de Jesus faz referência tanto para trás (passado) como para frente (futuro). Para trás(passado), refere-se à experiência prévia que os discípulos tiveram da poderosa palavra de Jesus demonstrada em ensinamentos e em milagres, uma experiência que deveria ter despertado a deles em Jesus, mas não aconteceu. Mas o “ainda nãotambém antecipa com expectativa algum momento futuro, quando os discípulos terão a . Com esta pergunta, Jesus exorta aos discípulos que confiem nele em todo momento e circunstância. Somente com a é possível manter-se firme diante da aparente ausência de Jesus. A falta de impede reconhecer a presença atuante de Deus no cotidiano.


Depois destas palavras os discípulos ficam “muito cheios de medo”. É um medo diferente do anterior. Antes eles temiam que as forças ameaçadoras, as forças da morte não pudessem ser vencidas, por isso ficavam paralisadas e impotentes diante delas. Agora o medo os atinge ao perceberem tais forças vencidas. Esse medo é o temor reverencial diante do mistério da força e do poder de Deus. Esse temor de Deus indica a aceitação da impossibilidade humana de vencer forças poderosas de morte e ao mesmo tempo o reconhecimento de que Deus pode superá-las.


Ainda não tendes ?”, Jesus perguntou retoricamente aos discípulos. Segundo a Carta aos Hebreus: A é a certeza daquilo que ainda se espera, a demonstração de realidades que não se vêem” (Hb11,1). Trata-se de uma fórmula admirável! A é um paradoxo. Ela nos faz “possuir o que não temos e nos faz “conhecer” o que está fora da capacidade de nossos sentidos. A é Deus no homem que nos leva ao entusiasmo (entusiasmo= Deus está dentro: em + theos); é um inicio do céu; é a alegria eterna, presente no seio da monotonia cotidiana. A é um dinamismo vital extraordinária; uma aventura em companhia do Invisível; é a familiaridade com um imenso entorno de realidades invisíveis; é um novo modo de conhecimento, uns “olhos novospara ver tudo com profundidade. A é confiar na palavra de alguém; é pôr-se em caminho; é atravessar a noite até a luz; é viver e esperar uma cidade perfeita onde tudo será edificado sobre o amor. A é crer na fecundidade de minha vida com a ajuda divina, apesar das aparências contrárias; é trabalhar segundo meus meios e confiar nas promessas de Deus que é muito fiel a Si próprio. “Ainda não tendes ?” é a pergunta dirigida a cada um de nós que nos chama a verificarmos até que ponto temos realmente . "Quanto mais um ser se afasta de Deus tanto mais ele se aproxima do nada. Quanto mais se aproxima de Deus, tanto mais se distancia do nada" dizia Santo Tomás de Aquino.


No Evangelho de hoje Jesus nos convida a um ato de nele. Talvez seja necessário que estejamos numa barquinha agitada pelo vento para que percebamos a presença de Deus. Há cristãos que pensam em Deus quando ficam doentes, quando atingidos por alguma desdita(falta de sorte). então rezam com toda a devoção e pedem a Deus para que ele venha socorrê-los. Quando tudo corre bem o ser humano corre o risco de se tornar auto-suficiente. É a pedagogia da provação.
P. Vitus Gustama,svd

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