JESUS NOS INTERROGA PARA NOS INTERROGARMOS
Quinta-feira, 16 de Fevereiro de 2012
Texto de leitura: Mc 8,27-33
Naquele tempo, 27Jesus partiu com seus discípulos para os povoados de Cesareia de Filipe. No caminho perguntou aos discípulos: “Quem dizem os homens que eu sou?” 28Eles responderam: “Alguns dizem que tu és João Batista; outros que és Elias; outros, ainda, que és um dos profetas”. 29Então ele perguntou: “E vós, quem dizeis que eu sou?” Pedro respondeu: “Tu és o Messias”. 30Jesus proibiu-lhes severamente de falar a alguém a seu respeito. 31Em seguida, começou a ensiná-los, dizendo que o Filho do Homem devia sofrer muito, ser rejeitado pelos anciãos, pelos sumos sacerdotes e doutores da Lei, devia ser morto, e ressuscitar depois de três dias. 32Ele dizia isso abertamente. Então Pedro tomou Jesus à parte e começou a repreendê-lo. 33Jesus voltou-se, olhou para os discípulos e repreendeu a Pedro, dizendo: “Vai para longe de mim, Satanás!” Tu não pensas como Deus, e sim como os homens”.
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A cena do evangelho deste dia acontece no território pagão. O afastamento do centro do poder (político e religioso) para estar nesse território faz com que os discípulos de Jesus estejam mais livres da pressão ideológica de sua sociedade, especialmente dos fariseus. Nessa região é que Jesus lança duas perguntas para os discípulos sobre Sua identidade (cf. Mc 4,41; 6,14-16): “Quem dizem os homens que eu sou?” e “E vós, quem dizeis que eu sou?”. As duas perguntas que Jesus faz aos discípulos correspondem aos dois momentos da cura do cego (Mc 8, 24.27). Já faz tempo os discípulos têm estado com Jesus. Mesmo assim, não conhecem verdadeiramente quem Ele é. Para os discípulos, como para o cego de Betsaida (Mc 8,22-26), seus olhos vão se abrindo progressivamente para conhecer quem é Jesus de verdade.

Jesus espera uma resposta distinta da gente comum . Por isso , ele lança a segunda pergunta para os próprios discípulos : “E vós , quem dizeis que eu sou?”. Pela iniciativa própria , Pedro se faz porta-voz do grupo (cf. Mc 1,36). Sua resposta é clara : “Tu és o Messias ”. É o título que Mc colocou logo no início do seu Evangelho (Mc 1,1). Trata-se, pois , do reconhecimento da identidade profunda de Jesus: Jesus não é somente “um dos profetas ” pelos quais Deus conduzia a história ao seu término . Agora Jesus é o término , o fim mesmo , “aquele que os profetas anunciavam”, o Messias , o Ungido, o Cristo .
Pedro, apesar de sua profissão , não tem ainda a suficiente maturidade . A reação dele diante do anúncio é forte . Pedro chega a recriminar /censurar Jesus. Pedro, que ama a Jesus até suas entranhas , tenta convencer Jesus para que não tome o caminho da cruz . Pedro queria dizer : “Será que não tem outros caminhos de levar a cabo o plano de Deus , como o caminho de poder ?”. Será que não pensamos também desta maneira ?

De Pedro aprendemos que muitas vezes julgamos tudo sob aparências falsas, mas o Espírito Santo sabe tudo e penetra em tudo . Se não queremos ser dos que obstaculizam o caminho da evangelização , devemos ter um contato muito estreito com o Espírito Santo a fim de julgarmos com critérios de Deus . Se realmente somos cristãos , é preciso que demos à vontade de Deus o lugar que lhe corresponde: o primeiro lugar .

“E vós , quem dizeis que eu sou?”. Como se Jesus quisesse dizer a cada um de nós : “Diga-me de que maneira você vive e convive para saber quem sou Eu para você ?”. É uma pergunta para verificar nosso modo de viver e de conviver e para fazer um exame profundo sobre nossa verdadeira identidade se realmente somos de Cristo ou não somos dele. Será que os outros percebem na nossa maneira de viver que somos de Cristo ? Lembremo-nos do alerta que São Paulo nos escreveu: "Somos uma carta de Cristo , escrita , não com tinta , mas com o Espírito de Deus vivo , não em tábuas de pedra , mas em tábuas de carne , nos corações " (2Cor 3,3). Que os outros possam ler alguma coisa de Cristo em cada um de nós ! E São Paulo acrescentou: “Somos para Deus o perfume de Cristo entre os que se salvam e entre os que se perdem” (2Cor 2,15). Ser perfume é ser agradável tanto para Deus como para os homens . Mas “Que vossa caridade não seja fingida. Aborrecei o mal , apegai-vos solidamente ao bem , amai-vos mutuamente com afeição terna e fraternal . Adiantai-vos em honrar uns aos outros ” (Rm 12,9-10), pois “Vós sois concidadãos dos santos e membros da família de Deus , edificados sobre o fundamento dos apóstolos e profetas , tendo por pedra angular o próprio Cristo Jesus” (Ef 2,19-20).
P. Vitus Gustama,svd
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