domingo, 2 de setembro de 2018

15/09/2018
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NOSSA SENHORA DAS DORES
15 de Setembro


I Leitura: Hb 5,7-9
 7 Cristo, nos dias de sua vida terrestre, dirigiu preces e súplicas, com forte clamor e lágrimas, àquele que era capaz de salvá-lo da morte. E foi atendido, por causa de sua entrega a Deus. 8 Mesmo sendo Filho, aprendeu o que significa a obediência a Deus por aquilo que ele sofreu. 9 Mas, na consumação de sua vida, tornou-se causa de salvação eterna para todos os que lhe obedecem.


Evangelho: Jo 19, 25-27
Naquele tempo,25 perto da cruz de Jesus, estavam de pé a sua mãe, a irmã da sua mãe, Maria de Cléofas, e Maria Madalena. 26 Jesus, ao ver sua mãe e, ao lado dela, o discípulo que ele amava, disse à mãe: “Mulher, este é o teu filho”. 27 Depois disse ao discípulo: “Esta é a tua mãe”. Daquela hora em diante, o discípulo a acolheu consigo.


Facultativo)
Lc 2,33-35
Naquele tempo: 33 O pai e a mãe de Jesus estavam admirados com o que diziam a respeito dele. 34 Simeão os abençoou e disse a Maria, a mãe de Jesus: "Este menino vai ser causa tanto de queda como de reerguimento para mtos em Israel. Ele será um sinal de contradição. 35 Assim serão revelados os pensamentos de muitos corações. Quanto a ti, uma espada te traspassará a alma".
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A festa de Nossa Senhora das Dores foi celebrada em toda a Igreja em 1727 por ordem do Papa Bento XIII. O Papa Pio VIII publicou um decreto de 18 de setembro de 1814 para autorizar a celebração da festa para todo o mundo católico.


No dia anterior celebramos a festa da Exaltação da Santa Cruz (14/9). Hoje (15/9) nos encontramos com Maria das Dores, mãe de Jesus. Os dois acontecimentos- Exaltação da Santa Cruz e Maria das Dores- nos mostram a união profunda entre Jesus, como filho, e Maria como mãe até as ultimas consequências, como afirmou o Concílio Vaticano II na Constituição Dogmatica Lumen Gentium: “A bem-aventurada Virgem avançou no caminho da fé, e conservou fielmente a união com seu Filho até a cruz, junto da qual, por desígnio de Deus, se manteve de pé (cf. Jo 19,25); sofreu profundamente com o seu Unigenitao maternal ao seu sacrifício...” (n.58).


Este fato, isto é, a união profunda entre Jesus, como filho, e Maria como mãe, na verdade, nós experimentamos no nosso cotidiano. Ninguém fica feliz sozinho como também ninguém sofre sozinho, pois não somente vivemos, mas convivemos. A felicidade de um filho é a felicidade de uma mãe ou de um pai. O sofrimento de um filho é o sofrimento de uma mãe ou de um pai. Diante de um filho sofredor uma mãe ou um pai vai procurar até os últimos recursos de sua vida a fim de que o filho volte a ser recuperado. Mesmo que se sinta impotente diante da dor do filho, uma mãe ou pai procura outro recurso sobre-humano: a oração. É dificilmente encontrar uma mãe ou um pai que fuja da dor de um filho. Mãe e pai sofrem com o filho, pois para uma mãe/um pai, o filho ou a filha é ela própria/ele próprio.


Maria, sofrendo, se encontra ao pé da cruz de Jesus, seu filho. A dor é a companheira inseparável de nosso peregrinar durante esta vida terrena. Ela aparece pelo caminho de nossa existência e se põe ao nosso lado. Cedo ou tarde ela vai bater na nossa porta. Ela não nos pede permissão para entrar. Ela entra e sai como se fosse um dos membros de nossa família.


A vida de Maria esteve profundamente marcada pela dor e pela fé em Deus. Maria experimentou a dor diante das palavras de Simeão (cf. Lc 2,34-35). Mas no seu coração não mora nenhum desespero. Na profundeza de sua alma reina a paz e a esperança em Deus. Em seu coração volta a ressoar com força e segurança seu Fiat cheio de amor na anunciação: “Eis aqui a serva do Senhor. Faça-se em mim segundo a tua palavra” (Lc 1,38).


Maria experimentou a dor do assassinato dos inocentes por Herodes, o Grande, pois Maria também era mãe (cf. Mt 2,16-18). Seguramente Maria conhecia muitos desses inocentes sacrificados em nome da crueldade de um poder sem limites de Herodes. Certamente Maria rezava por esses inocentes e sobretudo, por suas mães inconsoláveis. Nosso coração há de mostrar-se sensível ao sofrimento alheio, compadecer-se para socorrer, pelo menos para consolar, e rezar para aliviar.


Maria experimentou a dor da perda do filho de 12 anos de idade em Jerusalém (cf. Lc 2,41-52). “Onde ele está?  Está em perigo? Alguém o raptou ou o matou?”. Tudo isso passava na cabeça de Maria. Qualquer mãe sofre pela perda de um filho ou de uma filha. E como sofre! Quantas mães continuam a esperar a volta de um filho perdido e continuam a esperar sua volta. Maria sofria durante três dias da procura de seu filho, Jesus. Mas como uma mulher “cheia de graça” (Lc 1,28), com certeza, acreditava em Deus apesar de tudo. Ela quer entender o significado das palavras de seu filho: “Por que me procurais?” e tenta meditar essas mesmas palavras no seu coração. Nem sempre podemos entender o significado de cada acontecimento ou de cada experiência. Muitas vezes, depois de algum tempo é que podemos entender seu significado.


Maria também experimentou a dor da separação e da solidão. Chegou o dia de despedida depois de passar trinta anos juntos: mãe e filho! Trinta anos de experiências inesquecíveis vividos num ambiente inacreditavelmente divino e incrivelmente humano em Nazaré. Trinta anos de silêncio, de trabalho, de oração, de alegria, de entrega mútua. Trinta anos de uma família unida e maravilhosa. Abundantes e intensos sentimentos. “Adeus, filho...! Adeus mãe...!”. Todos nós intuímos o que passa pelo coração da mãe em uma despedida assim. Já vimos nos olhos de nossa mãe sua reação imediata ao sentir este tipo de experiência. Maria experimentou a solidão da ausência de seu filho. A solidão é um dos sofrimentos bastante profundos dos seres humanos, pois nascemos para viver em companhia dos demais. Como dura foi a solidão de Maria. Maria também soube viver esse sofrimento da separação e da solidão com amor, com fé, com serenidade interior. Ofereceu esse momento pelo seu filho que começou sua vida pública. Necessitamos, como Maria, ser fortes na solidão e nas despedidas. Fortes pelo amor, fortes pela fé e pela confiança em Deus e fortes pela oração.


Maria também experimentou a dor da paixão do filho (via crucis). Ela viu o filho carregar a cruz para o Calvário. Que momento tão duro para uma mãe ver o filho sofrer assim! Ao mesmo tempo, que fortaleza interior que Maria tem nesse momento! Muitos dos seus discípulos abandonaram Jesus, seu mestre. Mas a mãe jamais abandonaria seu filho no seu sofrimento. Ali ela estava, perto de seu filho, ao pé da cruz. Os dois se olham no silêncio de fortaleza. A nossa vida é, às vezes, uma via crucis. Busquemos o olhar amoroso de Maria. “A suave Mãe nos consola, transforma nossa tristeza em alegria e nos fortalece para carregar nossas cruzes” (Luis Monfort Grignion).


Por fim, Maria experimentou a dor da morte de seu filho. Terrível episódio! É uma mãe que vê seu filho morrer terrivelmente na cruz. Com o coração sangrento, de pé diante da cruz, Maria repetiu mais uma vez, sem palavras, na mais pura das obediências: “Faça-se a Tua vontade!”.


Mas crendo, confiando e amando, Maria soube esperar a maior alegria de sua vida: a ressurreição. A volta de seu filho na gloria da ressurreição.


Perto da cruz de Jesus, estava de pé a sua mãe...” (Jo 19,25). Esta presença significa fidelidade até as ultimas conseqüências, até a morte. Nós nos acostumamos ver em Maria, sobretudo na Semana Santa, como a Virgem dolorosa. No entanto, a tradição cristã nos recorda que Maria é uma mãe valente que se mantém firme de pé junto à cruz. Isto quer dizer que ela não se deixa derrubar pela dor. Ela está de pé. Para estarmos de pé diante da vida com todos os seus acontecimentos e contratempos, temos que nos habituar a ficarmos de joelho diante de Deus, pois nossa verdadeira força está em Deus.


Maria é protótipo da atitude de valor em meio ao sofrimento. Mas não se trata de qualquer valor. Trata-se do valor sustentado pela esperança. O coração de Maria nunca fica vazio de esperança. Por isso, a comunidade cristã recorda Maria neste dia como a mãe fiel que acompanha seu Filho até a morte na cruz, ainda que esteja no meio da máxima dor.


Nós cristãos devemos ser pessoas de esperança e pregadores de esperança. Ao entregar sua mãe para nós como nossa mãe, através de São João, Jesus quer que devamos ter os mesmos sentimentos de Maria. Com Maria podemos confiar sempre em Deus que nos ama, que nos anuncia, com a ressurreição de seu Filho, nossa própria ressurreição. Também nosso espírito pode se alegrar pela esperança que Deus da vida sustenta para nós, ainda que estejamos cercados pela dor.


Perto da cruz de Jesus, estava de pé a sua mãe...”. Maria não gritou. Maria não atraiu a atenção para si. Maria estava lá, de pé e não prostrada. Ela estava de pé perto da cruz olhando para Jesus, seu filho. Maria nos ensina a nos esquecermos totalmente de nós para ter um olhar mais atento para o outro numa atitude de um puro acolhimento do sofrimento do outro. Esta atitude se chama compaixão. Compadecer-se não é apiedar-se pelo sofrimento do outro. É sentir com o outro a mesma dor para depois tomar atitude para aliviar essa dor mesmo que seja uma parte dela.


“Jesus disse à mãe: ‘Mulher, este é o teu filho’. Depois disse ao discípulo: ‘Esta é a tua mãe’. Daquela hora em diante, o discípulo a acolheu consigo”. A mãe de Jesus será sempre mãe e sempre mulher. Essa maternidade jamais será reduzida a um personagem histórico. Maria continua sendo a mãe para todos os que o discípulo amado representa. É a mãe de toda comunidade de fé e de todos os discípulos amados de Jesus, pois Maria e a pequena comunidade de discípulos juntamente ao discípulo amado representam todos os que seguem a Jesus até o fim, até perto da cruz, demonstrando coragem e fidelidade que nenhum dos servidores de Jesus manifestou.


Maria nos ensina que, para quem põe sua confiança em Deus e deixa que seja o Espírito divino que conduz sua vida é possível estar de pé diante da cruz encontrada no caminho desta vida ou a cruz fruto da fidelidade aos valores cristãos vividos até as ultimas conseqüências. A verdadeira dor cristã é o verdadeiro preço do amor aos demais, como Jesus que foi crucificado por causa do amor. O verdadeiro cristão jamais pode ser o causador da dor para os outros. O verdadeiro cristão jamais envenena o ambiente. O verdadeiro cristão jamais pode ser pregador da desgraça nem pode causar a angústia para os demais. O cristão é chamado a ser compassivo, isto é aquele que alivia a dor dos outros. Infelizmente, muitos que se dizem cristãos, que rezam supostamente, ao sair da igreja, se tornam espalhadores das coisas negativas na esquina, na rua, no salão de beleza, no grupo, no trabalho, em casa, em vez de serem proclamadores da esperança, de boa notícia e do amor. Quem prega ou espalha coisas negativas vai atrair mais coisas negativas para sua vida e para toda sua família. Quem prega a bênção, vai atrair mais as bênçãos para sua vida e para sua família. Ser cristão, a exemplo de Maria, é gestar Jesus no coração para dá-Lo aos irmãos.    
P.Vitus Gustama,svd
As provações que suportamos podem e devem revelar-nos quais são as nossas forças. Você possui forças que provavelmente desconhece. Encontre a que necessita nesse momento. Use-a!” (Epicteto)

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