segunda-feira, 17 de setembro de 2018

24/09/2018
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SER CRISTÃO É VIVER UMA VIDA DE SABEDORIA E DE DISCERNIMENTO  CAPAZ DE ILUMINAR OS OUTROS
Segunda-Feira da XXV Semana


Primeira Leitura: Pr 3,27-34
Meu filho, 27 não recuses um favor a quem dele necessita, se tu podes fazê-lo. 28 Não digas ao próximo: “Vai embora, volta amanhã, então te darei”, quando podes dar logo! 29 Não trames o mal contra o próximo, quando ele vive contigo cheio de confiança. 30 Não abras processo contra alguém sem motivo, se não te fez mal algum! 31 Não invejes o homem violento, e não escolhas nenhum de seus caminhos, 32 porque o Senhor detesta o perverso, mas reserva sua amizade aos íntegros. 33 O Senhor amaldiçoa a casa do ímpio, mas abençoa a morada dos justos. 34 Ele zomba dos zombadores, mas concede o seu favor aos humildes.


Evangelho: Lc 8,16-18
Naquele tempo, disse Jesus à multidão: 16 “Ninguém acende uma lâmpada para cobri-la com uma vasilha ou colocá-la debaixo da cama; ao contrário, coloca-a no candeeiro, a fim de que todos os que entram vejam a luz. 17 Com efeito, tudo o que está escondido deverá tornar-se manifesto; e tudo o que está em segredo deverá tornar-se conhecido e claramente manifesto. 18 Portanto, prestai atenção à maneira como vós ouvis! Pois a quem tem alguma coisa, será dado ainda mais; e àquele que não tem, será tirado até mesmo o que ele pensa ter”.
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Ter Discernimento É Imprescíndivel Para Viver Uma Vida De Qualidade


“Meu filho, não recuses um favor a quem dele necessita, se tu podes fazê-lo. Não digas ao próximo: ‘Vai embora, volta amanhã, então te darei’, quando podes dar logo!”.


Durante duas semanas, a partir de hoje, leremos e meditaremos nas Primeira Leituras semanais uma pequena seleção tirada dos Livros Sapienciais: Livro dos Provérbios e Eclesiastes. 

Segundo muitos especialistas o livro dos Provérbios foi escrito em Jerusalém em torno dos anos 190/180 antes de Cristo. Este livro é feito de centenas de frases breves atribuídas a Salomão ou a outros sábios do Antigo Testamento e que, baseando-se na fé em Deus, mas também no bom sentido e na experiência da vida, nos querem orientar em nossa conduta de cada dia. Todos querem a verdadeira sabedoria para caminhar com segurança nesta vida sem equivocar a direção.


Os pensamentos sapienciais dessa leitura nos convidam para uma reflexão sobre a história e a vida. Neles falam daqueles “sábios” do Antigo Testamento que guiaram seu povo e preparam a vinda de Jesus, o autêntico Mestre e Sábio. Os Sábios viviam numa sociedade violenta e tratavam de entender seu significado, especialmente como armadilha que conduz à morte e nos priva da desejada plenitude de vida. Nisto é importante ter discernimento como elemento indispensável para construir uma sociedade mais justa. Aqueles que perseguem a justiça e a bondade encontrarão vida (Pr 21,21) e a vida dará a mente serena ao corpo (Pr 14,30).


A primeira palavra hebraica que serve como o título do livro é “Provérbios de Salomão” (mishlê shelomôh). A palavra “provérbios” aqui tem um sentido muito amplo. Ela se refere a diferentes tipos de comparações e analogias que inclui provérbios ou refrãos.


O livro tem muita a ver com a atualidade, pois seus principais temas são importantes para nós. O livro dos Provérbios em seu conjunto gira em torno da busca da vida, da qualidade da vida, da plenitude de vida, do discernimento na vida. O livro dos Provérbios fala da vida mais de trinta vezes. O desejo humano mais profundo é a plenitude de vida.


Além da vida, o livro dos Provérbios fala do discernimento. Uma pessoa sábia tem muito discernimento, isto é, fazer o que é justo no momento justo. É fazer as coisas pelo seu sentido e não somente pelo prazer de fazê-las. O discernimento é penetração, intuição, compreensão, sutileza, prudência (Pr 1,2-3). O discernimento é o centro da teologia moral. O discernimento pode ser descrito como um caminho. O bom caminho significa fazer o que é correto, justo e adequado (Pr 2,9). Discernimento é escutar os bons conselhos de outras pessoas. O discernimento conduz cada pessoa individualmente e a comunidade em geral para a vida.


Além da vida e do discernimento encontra-se neste livro outro tema: mulheres. Encontramos neste livro cinco mulheres distintas. Em Pr 1-9 encontramos a Dona Sabedoria e a Dona Necessidade. Em Pr 31 encontramos a mãe de Lemuel, e a Mulher forte e capaz. A quinta mulher que se encontra no livro (Pr 1-9) é definida como a “zarah” e, às vezes, como “nokriyah” (Pr 5,20) que pode significar estrangeira, estranha, forasteira ou simplesmente “outra”. A colocação dessas mulheres como símbolo deve ter certa relevância social depois do exílio de Babilônia.


Outro tema que se sublinha no livro é o tema da violência. Para o livro dos Provérbios, o caminho da vida é um caminho de amor. Do amor dependem as relações humanas mais saudáveis e a construção da comunidade mais fraterna. A violência é contrária do amor. A violência é uma armadilha que conduz à morte. O ódio faz parte da violência. O ódio provoca disputas, mas o amor cobre todas as ofensas. Este provérbio se repete sete vezes no Novo Testamento (1Cor 13,4-7; 1Pd 4,8; Tg 5,20). Os que odeiam a sabedoria amam a morte (Pr 8,36). O malvado comete violência (Pr 21,7). O discernimento nos liberta da violência recíproca. Os sábios não necessitam da violência porque são mais poderosos que os fortes. A violência é a arma dos mais fracos.


Por fim, encontra-se também neste livro o tema da justiça. A justiça (sedaqah) é uma categoria básica do livro dos Provérbis. A justiça está intimamente ligada à vida. A recompensa do justo conduz à vida (Pr 10,16). O malvado não reconhece os direitos do pobre (Pr 29,7), e não entende nada de justiça (Pr 28,5). Para aumentar sua riqueza, o malvado oprime o pobre (Pr 22,16). O malvado confia somente na sua riqueza e imagina que os bens o protegem de todo mal (Pr 18,11). O malvado usa a lei para devorar o pobre (Pr 13,23) e gosta de mentir. Mas aqueles que vão atrás da justiça e da bondade encontrarão honra e vida (Pr 21,21).


O texto da Primeira Leitura de hoje se refere a nossa relaçao com o próximo, com exortações que escutamos muitas vezes também no Novo Testamento: “não recuses um favor a quem dele necessita, se tu podes fazê-lo”. “Não digas ao próximo: ‘Vai embora, volta amanhã, então te darei’, quando podes dar logo!”, “Não invejes o homem violento, e não escolhas nenhum de seus caminhos”.


Uma ideia muito sublinhada é que Deus não é amigo dos malvados. É a ideia que recolhe o Salmo Responsorial de hoje (Sl 14): “O justo habitará no monte santo do Senhor. Aquele que caminha sem pecado e pratica a justiça fielmente; que pensa a verdade no seu íntimo e não solta em calúnias sua língua. Que em nada prejudica o seu irmão, nem cobre de insultos seu vizinho; que não dá valor algum ao homem ímpio, mas honra os que respeitam o Senhor”. O justo é quem acerta na vida apesar dos pesares causados pelos malvados.


O primeiro pensamento que se destaca na Primeira Leitura é a necessidade da generosidade. A generosidade é um sinal de gratidão pelos benefícios recebidos de Deus e, ao mesmo tempo, manifesta a liberdade interior. O generoso não só dá as coisas para os necessitados, mas dá-se a si próprio por amor de Deus e do próximo, graças à sua liberdade interior. Por isso, a generosidade que se concretiza na partilha e na solidariedade não empobrece, mas é geradora de vida e de vida em abundância. Ao lado da generosidade destacam-se também a convivência harmoniosa e a conduta justa. A generosidade, a convivência harminiosa e a conduta justa fazem parte da sensibilidade social da sabedoria cultivada no Oriente Próximo antigo.


A malícia premeditada constitui, ao contrário, um crime contra o próximo e uma traição às relações de confiança que devem reger a vida comunitária. Tem-se impressão de que o justo sofre, enquanto o mau parece prosperar impunemente (Cf. Sl 73,3-15; Jó 21,7-13). Mas não se engane! O próprio texto conclui que perverso, mau, arrogante e néscio têm suas correspondentes contrapartidas no plano ético: “Não invejes o homem violento, e não escolhas nenhum de seus caminhos, porque o Senhor detesta o perverso, mas reserva sua amizade aos íntegros. O Senhor amaldiçoa a casa do ímpio, mas abençoa a morada dos justos. Ele zomba dos zombadores, mas concede o seu favor aos humildes”.


As recomendações a uma caridade concreta, sem deixar a ajuda ao próximo para o dia seguinte enquanto hoje tem condições e urgência para fazer, e não invejar a sorte dos malvados são úteis para nós.


O Modo De Viver Do Cristão Deve Servir Como Luz Para Guiar Os Outros Para Deus


A escuridão não pode expulsar a escuridão, apenas a luz pode fazer isso. O ódio não pode expulsar o ódio, só o amor pode fazer isso”. (Martin Luther King). Há homens que são como as velas; sacrificam-se, queimando-se para dar luz aos outros”.(António Vieira)


Os breves ensinamentos de Jesus no texto do evangelho de hoje são continuação do ensinamento de Jesus no texto anterior (cf. Lc 8,4-15 sobre a parábola da semente).


Ninguém acende uma lâmpada para cobri-la com uma vasilha ou colocá-la debaixo da cama; ao contrário, coloca-a no candeeiro, a fim de que todos os que entram vejam a luz”, assim Jesus nos diz hoje.


Através deste ensinamento Jesus quer que sejamos luz que ilumine os demais. No Sermão da Montanha Jesus define nosso ser como sal e como luz: “Vós sois o sal da terra... Vós sois a luz do mundo” (Mt 5,13-14). Trata-se de uma presença indispensável para os demais. Um cozinheiro pode colocar todos os tipos de tempero na comida, mas basta o sal estar ausente, o resto fica sem sabor. Alguém pode querer andar para qualquer lugar, mas sem a luz nada poderá acontecer nem poderá chegar ao endereço desejado. Se cada cristão tiver consciência do seu ser e de sua importância neste mundo, ele usará seu tempo de vida para iluminar a vida dos outros e para dar sabor à vida dos demais. Sua vida é para os demais. O cristão existe para os outros como Cristo existiu para a humanidade. Um cristão egoísta deixa de ser um verdadeiro cristão, pois a alma de todo projeto de Cristo é a partilha. Cristo se dá para que os outros tenham vida em abundância (cf. Jo 10,10).


Mas para ser luz para o próximo o cristão precisa ser, primeiro, iluminado pela Luz divina que é o próprio Cristo (Jo 8,12) para que possa ser reflexo dessa Luz para os outros. Contemplar permanentemente Cristo, Luz do mundo por excelência, é uma forma de manter nossa vida luz para os demais.  a partir do memento em que deixarmos de contemplar Cristo, Luz do mundo, deixaremos de ser reflexos de Cristo para o mundo ao nosso redor. É ser refletido por Cristo para eu ser reflexo de Cristo para os demais. Aquele que contempla Cristo será reflexo do próprio Cristo.


O que o cristão recebe de Deus é para a edificação dos demais e não para o proveito próprio. O cristão não pode viver só para si: “Ninguém acende uma lâmpada para cobri-la com uma vasilha ou colocá-la debaixo da cama”. Ele precisa ter consciência de sua missão como luz para os demais: “... ao contrário, coloca-a (luz) no candeeiro, a fim de que todos os que entram vejam a luz”. O cristão deve fazer-se público, mostrando seu rosto como cristão para iluminar as pessoas ao seu redor. O modo cristão de viver a vida serve para iluminar os demais e para acordar quem viver adormecido. Se temos uma certa tendência de privatizar a fé, Jesus nos convida a darmos testemunho diante dos demais publicamente de acordo com a vocação de cada um de nós na sociedade: político, médico, artista, esportista, professor e assim por diante. Sua presença em qualquer lugar deve ser como a presença da luz: iluminar. Pode até criar a sombra com a presença da luz, mas até a sombra é iluminada também pelos raios da luz. “A principal missão do homem, na vida, é dar luz a si mesmo e tornar-se aquilo que ele é potencialmente” (Erich Fromm).


Se o cristão não viver de acordo com sua essência como sal da terra e luz do mundo, ele vai se cumprir nele o que Jesus diz hoje: “A quem tem alguma coisa, será dado ainda mais; e àquele que não tem, será tirado até mesmo o que ele pensa ter”. Os dons que não se fazem frutificar se perdem. Os músculos que não se fazem atuar se atrofiam. E a fé se apaga aos poucos quando não se coloca em prática. A vida sem amor se apaga. A vida sem abertura para o crescimento se esteriliza. Quem não avança no desenvolvimento se infantiliza.


No dia de nosso Batismo cada um acendeu a vela no círio pascal, tomando a luz do Círio pascal, símbolo de Cristo. É um gesto que nos recorda nosso compromisso, como batizados, de dar testemunho dessa Luz diante das pessoas ao nosso redor. O Concílio Vaticano II chamou a Igreja de Lumen Gentium, luz das nações. Isto quer nos dizer que o que devemos ser, na realidade, conforme nossa essência é comunicar a luz, a alegria e a força que recebemos de Deus para os outros. Sendo luz do mundo e sal da terra, o cristão se tornará um amigo que sabe animar e dizer uma palavra orientadora para as pessoas ao seu redor. o cristão jamais obscurece o caminho dos outros, pois ele é enviado para ser luz do mundo (Mt 5,13-14).


Cada momento e cada circunstância devem ser, para o cristão, ocasião para renovar a opção do primeiro momento (Batismo) para não encontrar-se ao final da existência com as mãos vazias merecedoras das duras palavras de Jesus: “Àquele que não tem, será tirado até mesmo o que ele pensa ter”. A existência vivida na fidelidade, pelo contrário, faz realidade na vida de cada cristão a verdade da afirmação confortante e asseguradora do Senhor: “A quem tem alguma coisa, será dado ainda mais”.
P. Vitus Gustama,svd


O amor é uma luz que não deixa escurecer a vida(Camilo Castelo Branco). “Sem pureza de alma, como você poderá dizer que há de glorificar a Deus? Aquela luz que, como uma estrela da manhã, vive no coração de cada um, esta é a luz da salvação”. (Provérbio Indiano) “Quem tem luz exterior caminha sem tropeçar, quem tem luz interior caminha sem medo de viver”(Augusto Cury) Há homens que são como as velas; sacrificam-se, queimando-se para dar luz aos outros”. (António Vieira). “Certa vez, perguntado qual a definição de luz. A luz... é a sombra de Deus...” (Albert Einstein). “A luz é especialmente apreciada após a escuridão. Nada é mais precioso do que a luz; mas o excesso ofusca (texto judaico).

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