terça-feira, 18 de agosto de 2020


21/08/2020


O AMOR TRANSFORMA TUDO EM OBRA PRIMA, POIS DEUS É AMOR
Sexta-Feira Da XX Semana Comum

                                                                                                        Ano A – XXX Domingo do Tempo Comum | Passionistas de Portugal

Primeira Leitura: Ez 37,1-14

Naqueles dias, 1 a mão do Senhor estava sobre mim e por seu espírito ele me levou para fora e me deixou no meio de uma planície cheia de ossos 2 e me fez andar no meio deles em todas as direções. Havia muitíssimos ossos na planície e estavam ressequidos. 3 Ele me perguntou: “Filho do homem, será que estes ossos podem voltar à vida?” E eu respondi: “Senhor Deus, só tu o sabes”. 4 E ele me disse: “Profetiza sobre estes ossos e dize: Ossos ressequidos, escutai a palavra do Senhor! 5 Assim diz o Senhor Deus a estes ossos: Eu mesmo vou fazer entrar um espírito em vós e voltareis à vida. 6 Porei nervos em vós, farei crescer carne e estenderei a pele por cima. Porei em vós um espírito, para que possais voltar à vida. Assim sabereis que eu sou o Senhor”. 7 Profetizei como me foi ordenado. Enquanto eu profetizava, ouviu-se primeiro um rumor, e logo um estrondo, quando os ossos se aproximaram uns dos outros. 8 Olhei e vi nervos e carne crescendo sobre os ossos e, por cima, a pele que se estendia. Mas não tinham nenhum sopro de vida. 9 Ele me disse: “Profetiza para o espírito, profetiza, filho do homem! Dirás ao espírito: Assim diz o Senhor Deus: Vem dos quatro ventos, ó espírito, vem soprar sobre estes mortos, para que eles possam voltar à vida”. 10 Profetizei como me foi ordenado, e o espírito entrou neles. Eles voltaram à vida e puseram-se de pé: era uma imensa multidão! 11 Então ele me disse: “Filho do homem, estes ossos são toda a casa de Israel. É isto que eles dizem: ‘Nossos ossos estão secos, nossa esperança acabou, estamos perdidos!’ 12 Por isso, profetiza e dize-lhes: Assim fala o Senhor Deus: Ó meu povo, vou abrir as vossas sepulturas e conduzir-vos para a terra de Israel; 13 e quando eu abrir as vossas sepulturas e vos fizer sair delas, sabereis que eu sou o Senhor. 14 Porei em vós o meu espírito, para que vivais e vos colocarei em vossa terra. Então sabereis que eu, o Senhor, digo e faço – oráculo do Senhor”.


Evangelho: Mt 22, 34-40

Naquele tempo, 34 os fariseus ouviram dizer que Jesus tinha feito calar os saduceus. Então eles se reuniram em grupo, 35e um deles perguntou a Jesus, para experimentá-lo: 36 ”Mestre, qual é o maior mandamento da Lei?” 37 Jesus respondeu: “Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento!’ 38 Esse é o maior e o primeiro mandamento. 39 O segundo é semelhante a esse: ‘Amarás ao teu próximo como a ti mesmo’. 40 Toda a Lei e os profetas dependem desses dois mandamentos”.

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Deus Tem o Poder De Colocar Vida Onde Há Morte

Filho do homem, será que estes ossos podem voltar à vida?”Senhor Deus, só tu o sabes”. “Profetiza sobre estes ossos e dize: Ossos ressequidos, escutai a Palavra do Senhor!”.


O texto da Primeira Leitura se encontra no conjunto de Ez 33-37. Neste conjunto se encontram oráculos de Deus cheios de esperança e de consoloção. Não esqueçamos o contexto do desterro (na Babilônia) destes textos.


O vale cheio de ossos completamente secos, que a Primeira Leitura nos apresenta, é símbolo do povo de Israel no desterro, com o Templo de Jerusalém também destruído depois da segunda deportação. Mas o profeta Ezequiel recebe a ordem de Deus para pronunciar sobre os ossos a Palavra de Deus. o resultado disso é que os ossos se recobrem de tendões e de carne e, logo, recebem o espirito e voltam à vida. Lembremo-nos que ontem Deus prometia: “Infundirei um espirito novo”. E agora se realiza a promessa sobre Israel, mesmo parecendo totalmente morto. E a Palavra de Deus é eficaz, como no princípio do Gênesis: Deus disse e se fez.


Profetiza sobre estes ossos e dize: Ossos ressequidos, escutai a Palavra do Senhor!”. Esta frase expressa claramente que o povo israelita não se encontra atualmente em situação de escutar as promessas de libertação da parte de Deus (Cf. Ez 36). Consequentemente, o povo israelita vive como se fosse ossos secos, sem vida. No entanto, apesar de considerar-se morto e por isso, sem futuro aparente, o Deus da Vida devolve a esperança para o povo que Ele ama eternamente: “Vou infundir-vos espírito para que vivais” (Ez 37,5).


Escutar atentamente a Palavra de Deus e acreditar nela e por isso, deve vive-la, faz com que o homem volte a viver com uma visão maior sobre a vida cheia de esperança. E a esperança em Deus e nas suas promessas faz o homem caminhar para o futuro que Deus lhe prepara.


O texto quer nos transmitir a certeza de que o Deus em quem acreditamos é o Deus da vida, também agora. Por isso, pode nos parecer que este mundo não tem futuro pela situação atual em que o homem vive ou que a comunidade esclesial pode parecer estéril, mas o Deus da Vida nunca desiste de seu amor por nós nem de seu projeto de vida. O próprio Jesus, o Deus conosco, nos diz: “Eu vim para que todos tenham vida e a tenham em abundância” (Jo 10,10)


Há momentos em que pode nos dominar a desesperança ou desespero, momentos de “ossos secos”, sem vida e por isso, sem esperança e nos vem à mente, como o profeta Ezequiel, uma pergunta cheia de ceticismo: “Poderão reviver estes ossos?”. Mas logo poderemos experimentar que a Palavra de Deus é eficaz e que seu Espírito sopra sobre aquilo ou aquele que parecia morto: “Eles voltaram à vida e puseram-se de pé: era uma imensa multidão!”. Não é estranho que o texto da Primeira Leitura é lido na Vigília de Pentecostes.


Não são poucos que vivem como “ossos secos” neste mundo, nas famílias, nas nossas comunidades, nas nossas cidades e assim por diante. É preciso ter coragem de transmitir e retransmitir a Palavra de Deus, Palavra de vida para todos eles. Mas nós mesmos temos que ter ouvidos atentos para ouvir Deus que fala em silêncio, pois a Palavra de Deus continua sendo eficaz para qualquer situação da vida humana. Somente aquele que sabe calar e escutar tem condição de pronunciar palavras plenas de sentido e de autoridade. Toda palavra deve ser precedida, acompanhada e seguida da escuta e do silêncio. O silêncio é o ambiente normal no que se vive e se desenvolve a comunhão com o Deus da vida.


O Amor Humaniza e Diviniza


Quando um de vós ama, não diga: ‘Deus está no meu coração’, mas que diga antes: ‘Eu estou no coração de Deus’” (Khalil Gibran. O Profeta).


Mestre, qual é o maior mandamento?”. É uma pergunta tipicamente farisaica. A fidelidade à Lei era o grande problema debatido em seus grupos. Tinham muitas obrigações, numerosas práticas a observar e quantidades de interditos (365 leis negativas e 248 positivas). Mas sabiam que era preciso fazer distinções e não colocar tudo no mesmo plano: há mandamentos mais graves e outros menos graves. Por isso, a pergunta é dirigida a Jesus sobre o maior mandamento.


Até aqui cada um de nós precisa se perguntar: “Será que eu também procuro o que é essencial na minha vida que é capaz de dar sentido para todos os meus atos diariamente? O que dá sentido para minha vida? O que é que é essencial para minha vida e minha salvação? Vivo de acordo com aquilo que é essencial na minha vida?”.


“Amarás…”, respondeu Jesus. Tudo se resume nesta palavra: amor! É tão breve a palavra que temos o risco de passá-la por alto. Devo orar a partir desta palavra. Devo olhar para a minha vida e para a minha convivência a partir desta palavra. Devo liderar, orientar e governar a partir desta palavra. Devo corrigir os outros a partir desta palavra. Devo olhar para tudo que faço a partir desta palavra, “pois não importa se você faz muito ou pouco, mas que você coloque o amor naquilo que você faz. Não importa se você dá muito ou pouco, mas que você coloque o amor naquilo que você dá” (Madre Teresa de Calcutá). O amor transforma tudo em obra prima, pois “nada é pequeno quando o amor é grande” (Santa Teresinha do Menino Jesus). “O amor nada dá de si próprio e nada recebe senão de si próprio. O amor não possui, nem se deixa possuir, pois o amor basta-se a si mesmo” (Khalil Gibran). Devo pensar na minha salvação a partir desta palavra, pois “Deus é Amor” (1Jo 4,8.16). Deus está no ato de amar. “Quanto mais amas, mais alto tu sobes” (Santo Agostinho. In ps. 83,10).


Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento!”. Através destas palavras Jesus cita a oração cotidiana dos judeus (Dt 6,4-7). Em outras palavras, Deus deve ser amado de maneira total de nosso ser, segundo Jesus, e não somente com uma parte de nossa vida ou de nosso tempo.


Até aqui cada um de nós precisa se perguntar: “Será que eu amo a Deus de todo o meu ser?” Ou eu O amo apenas na hora apertada da minha vida?


E amarás o teu próximo como a ti mesmo”. São Paulo expressa esse mandamento de outra maneira: “Não devais nada a ninguém, a não ser o amor mútuo, pois quem ama o outro cumpriu a Lei” (Rm 13,8). Quem é o próximo? Para Jesus “próximo” é qualquer pessoa que é objeto do amor de Deus. Isto quer dizer todos. “Amando o próximo tu limpas os olhos para ver Deus” (Santo Agostinho. In Joan. 17,8).


O amor é que dá sentido para o resto de nossa vida. Com efeito, sem ele nada tem sentido. O homem morre não quando deixa de viver, mas quando deixa de amar. E Jesus nos alerta que no fim de nossa vida seremos examinados precisamente a partir do amor vivido ou praticado (cf. Mt 25,31-46). “No entardecer de nossa vida seremos julgados sobre o amor”, dizia São João da Cruz.


Nós vivemos hoje em sociedades que tem muitas leis e normas, inclusive nossas Igrejas têm extensas legislações. No entanto, todas elas não resolvem positivamente a vida do ser humano. A lei (as leis), ainda que oriente alguns comportamentos ou alguns ritos litúrgicos, não pode ser o guia na vida das pessoas. O único guia é o Espírito de amor que nos permite vivermos em paz com Deus e em justiça com nossos irmãos. A maior injustiça que podemos cometer é a falta de amor, pois as outras injustiças são conseqüência da falta de amor.


Ama e faze o que quiseres” foi o lema de Santo Agostinho. No amor a Deus e aos outros se resumem  toda a lei. Quem for capaz de cumprir este preceito pode fazer o que quiser que tudo será uma vantagem. Pelo caminho de amor não existe outro caminho para chegar até Deus.


Cristo é o modelo do verdadeiro amor. Ele amou seu Pai e seus irmãos até entregar-se por eles na cruz. Este último gesto de amor foi a síntese ou resumo de toda a sua vida. Por amor Deus nos chama à vida, por amor Deus nos enviou seu Filho e por amor Deus continua nos oferecendo sua amizade que é para nós fonte de vida e de todo bem apesar de nossas contínuas traições.  Convêm que estejamos conscientes de que Deus não tem nenhuma obrigação e nós não podemos lhe exigir nada. Deus simplesmente nos ama porque Ele quer nosso bem e quer nos salvar. Se ele ama é amar para salvar.


O amor de Deus por nós é um projeto de salvação e não de condenação, pois o amor não condena. Trata-se de um projeto de vida eterna de vida que dura para sempre. Com efeito, a fé é a manifestação do desejo desta vida eterna, a manifestação do desejo da plenitude para o homem. A condição é esta: amar como Jesus nos amou.


Todas as celebrações e todas as atividades na Igreja de Cristo têm só uma função: para que todos cresçam cada vez mais no amor fraterno. Sem o amor fraterno tudo careceria de sentido. O amor faz qualquer um feliz e leva alguém à alegria completa. O cristão não é aquele que é mais sábio, mais “piedoso”, mais mortificado ou mais influente e sim aquele que ama mais. O amor é nossa marca viva.

Pe. Vitus Gustama





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