quarta-feira, 5 de agosto de 2020

É PRECISO TER FÉ FIRME NO DEUS ÚNICO EM TODAS AS CIRCUNSTÂNCIAS PARA SUPERAR TUDO NA VIDA

Sábado Da XVIII Semana Comum

Primeira Leitura: Hab 1,12–2,4

1,12 Acaso não existes desde o princípio, Senhor, meu Deus, meu Santo, que não haverás de morrer? Senhor, puseste essa gente como instrumento de tua justiça; criaste-a, ó meu rochedo, para exercer punição. 13 Teus olhos são puros para não veres o mal; não podes aceitar a visão da iniquidade. Por que, então, olhando para os malvados, e vendo-os devorar o justo, ficas calado? 14 Tratas os homens como os peixes do mar, como os répteis, que não têm dono. 15 O pescador pega tudo com o anzol, puxa os peixes com a rede varredoura e recolhe-os na outra rede; com isso, alegra-se e faz a festa. 16 Faz imolação por causa da sua malha, oferece incenso por causa da sua rede, porque com elas cresceu a captura de peixes e sua comida aumentou. 17 Será por isso que ele sempre desembainhará a espada, para matar os povos, sem dó nem piedade? 2,1 Vou ocupar meu posto de guarda e estarei de atalaia, atento ao que me será dito e ao que será respondido à minha denúncia. 2 Respondeu-me o Senhor, dizendo: “Escreve esta visão, estende seus dizeres sobre tábuas, para que possa ser lida com facilidade. 3 A visão refere-se a um prazo definido, mas tende para um desfecho, e não falhará; se demorar, espera, pois ela virá com certeza, e não tardará. 4 Quem não é correto, vai morrer, mas o justo viverá por sua fé”.

 

Evangelho: Mt 17,14-20

Naquele tempo, 14 chegando Jesus e seus discípulos junto da multidão, um homem aproximou-se de Jesus, ajoelhou-se e disse: 15 “Senhor, tem piedade do meu filho. Ele é epiléptico, e sofre ataques tão fortes que muitas vezes cai no fogo ou na água. 16 Levei-o aos teus discípulos, mas eles não conseguiram curá-lo!” 17 Jesus respondeu: “Ó gente sem fé e perversa! Até quando deverei ficar convosco? Até quando vos suportarei? Trazei aqui o menino”. 18 Então Jesus o ameaçou e o demônio saiu dele. Na mesma hora, o menino ficou curado. 19 Então, os discípulos aproximaram-se de Jesus e lhe perguntaram em particular: “Por que nós não conseguimos expulsar o demônio?” 20 Jesus respondeu: “Porque a vossa fé é demasiado pequena. Em verdade vos digo, se vós tiverdes fé do tamanho de uma semente de mostarda, direis a esta montanha: ‘Vai daqui para lá’ e ela irá. E nada vos será impossível”.

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A Esperança Em Deus Jamais Falha Nem Decepciona

 

“Senhor, meu Deus, meu Santo: Por que, então, olhando para os malvados, e vendo-os devorar o justo, ficas calado? Teus olhos são puros para não veres o mal; não podes aceitar a visão da iniquidade....”., disse o profeta Naum que lemos na Primeira Leitura.

 

Habacuc é outro profeta pouco conhecido. Não sabemos quase nada dess profeta. Mas suas palavras estão cheias de consolo que nos provocam para uma reflexão sobre a história. O que se sabe, sem dúvida, é que Habacuc viveu e desenvolveu seu ministério nos primórdios do surgimento da Babilônia no poder central do Oriente Próximo, depois que Assíria foi derrotada. Pode colocar-se sua profecia no final do século VII a.C. É a época em que os neobabilônicos, depois que destruíram o império da Assíria, dominaram o Oriente Próximo.

 

“Habacuc” em hebraico significa “abraço”. “Habacuc” deriva de “habaq”. Assim o nome “Habacuc” significaria “aquele que abraça, aquele que luta”.  Pelo que escreveu, deu para saber que Habacuc não era somente profeta, mas também um poeta talentoso. Seu livro se compõe  de uma série de oráculos (Hab 1,2) e uma oração (Hab 3). Do seu livro nos faz recordar os Salmos 4,6 e 7 (Cf. Hab 3,19).

 

Hababcuc é um profeta que se atreve a interpelar a Deus e “pedir-Lhe contas” sobre a razão pela qual permite o mal no mundo. O profeta lança este tipo de perguntas: A História seria, por acaso, uma sucessão  de opressores? É essa a intervenção de Deus na História? DE que lado Deus está? Será que Deus está também do lado dos opressores? Será que Deus escolhe os opressores como instrumento? Mas o profeta Habacuc não se resigna e sim interpela, questiona, protesta, encara o seu Deus.

 

O profeta resume a resposta de deus, que convida à paciência e à confiança, porque a história seguirá seu curso: “A visão refere-se a um prazo definido, mas tende para um desfecho, e não falhará; se demorar, espera, pois ela virá com certeza, e não tardará. Quem não é correto, vai morrer, mas o justo viverá por sua fé”. Em outras palavras, em tudo isso, Habacuc encontra a palavra-chave: a fidelidade e confiança (Hab 2,4). A fidelidade do justo corresponde à fidelidade de Deus. Deus é fiel para os seus justos. Hababcuc mantém o seguinte pensamento: O Deus que deu provas de fidelidade no passado é o mesmo Deus em quem o profeta confia. O profeta Habacuc quer nos ensinar que é preciso manter a fidelidade em Deus apesar das dificuldades, pois toda a esperança está em Deus.Quem não é correto, vai morrer, mas o justo viverá por sua fé” (Hab 2,4).

 

Habacuc quer nos mostrar que em meio das fragilidades e das ruinas, das dificuldades e dos fracassos, o homem considerou sempre Deus como “o Eterno”, o Forte, o Santo, o Imortal: “Acaso não existes desde o princípio, Senhor, meu Deus, meu Santo, que não haverás de morrer?”. E por isso, o homem deve confiar em Deus cegamente. Deus é eternamente o Outro. Há que saber esperar. Com Deus, há que fazer o salto ao desconhecido com firmeza. Porque Deus realiza seu projeto, porém o projeto de Deus “se relizará a seu devido tempo”. Há que atravessar a noite com certeza de que o sol vai aparecer para iluminar vastamente nossa vida.

 

A mesma pergunta nos vem à mente com frequência, também na atualidade: Por que Deus permite o mal do coronavírus? Por que os malvados perseveram na sua maldade? Por que os inocentes e os justo se tornam vítimas fáceis dos maus e dos malvados? Deus está em que lado?

 

A linguagem dos Salmos nos ensina a mantermos nossa oração na luta entre o bem e o mal, entre os malvados e os humildes e débeis. Nesta luta, Deus está certamente do lado dos débeis: “Pois não esquece o clamor dos infelizes, deles se lembra e pede conta do seu sangue” (Salmo Responsorial). O Salmo Responsorial quer nos recordar que Deus se preocupa com os pobres e está próximo dos angustiados.

 

Não sabemos como, mas um dia o joio será separado do trigo, e o peixe ruim não terá a mesma sorte que os bons peixes. Deus ensina seu profeta  e a todos nós  a respeitar os tempos: continuar lutando contra o mal, mas sem desanimar ou querer queimar etapas.

 

Fé Firme Em Deus e Oração Perseverante Resulta Em Algo Extraordinário

 

’Por que nós não conseguimos expulsar o demônio?’. Jesus respondeu: ‘Porque a vossa fé é demasiado pequena. Em verdade vos digo, se vós tiverdes fé do tamanho de uma semente de mostarda, direis a esta montanha: ‘Vai daqui para lá’ e ela irá. E nada vos será impossível’”.

 

O episódio de um pai que se dirigiu a Jesus para pedir socorro, narrado no texto do evangelho de hoje, se encontra nos evangelhos sinóticos (Mt, Mc e Lc); um episódio que aconteceu logo depois da transfiguração. Ao descer da montanha da transfiguração, Jesus se encontra com um grupo de seus apóstolos que não foram capazes de curar um epiléptico. Jesus atribui o fracasso por causa de sua pouca fé. Não souberam confiar em Deus.

 

Quantas vezes fracassamos em nosso empenho por falta de fé. Tendemos a pôr a confiança em nossas forças, em nossos meios, em nossas técnicas,  nas instituições. E não contamos com Deus e com seu Santo Espírito. Mas ter fé não é ficar com braços cruzados e esperar que Deus trabalhe por nós. A colaboração humana na graça oferecida por Deus sempre resulta num milagre.

 

É curioso que o homem em questão, na cena do Evangelho de hoje, em vez de se dirigir diretamente a Jesus, dirigiu-se primeiro aos discípulos para pedir ajuda pela cura de seu filho. Não tendo conseguido nada deles, ele se dirigiu logo ao seu Mestre. O que se segue é o diálogo de Jesus com seus discípulos.

 

O sofrimento do filho desse pai é atribuído ao demônio: “Jesus o ameaçou e o demônio saiu dele”. A enfermidade se identifica com um demônio. Esse “demônio” em Mateus representa qualquer ideologia ou projeto contrário ao plano de Deus (cf. Mt 16,23) que cega o homem e o faz paralisado ou sem ação. “O filho doente” representa o povo oprimido por essa ideologia que procura periodicamente (epiléptico) todos os meios, até os meios violentos (fogo, água) para sair de sua situação. No entanto todos são ineficazes.

 

O pai se dirige a Jesus com fé. Sua fé se expressa através do gesto: de joelho (atitude diante da divindade), e através da profissão: ele chama Jesus de “Senhor”, um título pós-pascal. Ele quer sair de sua situação (cura de seu filho). E quem pode salvá-lo de sua situação é Jesus que é o Senhor: Um homem aproximou-se de Jesus, ajoelhou-se e disse: ‘Senhor, tem piedade do meu filho. Ele é epiléptico, e sofre ataques tão fortes que muitas vezes cai no fogo ou na água. Levei-o aos teus discípulos, mas eles não conseguiram curá-lo!’”.

 

Diante do relatório e do pedido do pai, a resposta de Jesus é bastante dura: Ó gente sem fé e perversa! Até quando deverei ficar convosco? Até quando vos suportarei?”.

 

A paixão do Messias já se inicia não tanto pelas dores corporais, mas pelas dores provocadas pelo profundo sofrimento espiritual. Trata-se do impacto da descrença e da falta de fé da parte dos discípulos apesar das lições dadas a eles e das obras operadas por Jesus em função da libertação das pessoas.  Os discípulos ainda fazem parte da “geração incrédula e perversa”, pois eles continuam com a idéia dos homens (Mt 16,23), ou seja, ainda professam o messianismo dos letrados, sem depositar sua fé em Jesus, o Deus-Conosco (Mt 1,23; 18,20; 28,20), e por isso são incapazes de libertar o povo. Diante deles, Jesus libertou o menino de seu mal: ’Trazei aqui o menino’. Então Jesus o ameaçou e o demônio saiu dele. Na mesma hora, o menino ficou curado”.

 

Diante da pergunta sobre o porquê da incapacidade dos discípulos em curar o menino, Jesus deu-lhes uma grande lição sobre a importância da fé: “Em verdade vos digo, se vós tiverdes fé do tamanho de uma semente de mostarda, direis a esta montanha: ‘Vai daqui para lá’ e ela irá. E nada vos será impossível”. Com suas palavras, Jesus sublinha, sobretudo, a necessidade da fé para poder vencer o mal.

 

A fé é onipotente porque nos une ao Onipotente. A fé é o ponto de apoio em Deus. A fé nos dá um poder incrível, mesmo nas circunstâncias mais difíceis, como podemos verificar na vida de tantos homens e mulheres ao longo da história da Igreja. A fé nos permite rezar de modo eficaz. Segundo Jesus, a verdadeira fé faz desaparecer qualquer impossibilidade, faz qualquer um caminhar na vida com serenidade e paz, com alegria profunda como uma criança nas mãos de sua mãe. A verdadeira fé liberta qualquer um do desapego de todas as coisas. Além disso, é importante para nossa vida comunitária ter em conta que a fé em Deus nos abre muitas possibilidades e qualidades que estão escondidas e adormecidas. Ao assumir pessoalmente a fé, começaremos a ser conscientes de nossas grandes reservas humanas, as quais devem ser postas para o serviço aos demais.

 

Em verdade vos digo, se vós tiverdes fé do tamanho de uma semente de mostarda, direis a esta montanha: ‘Vai daqui para lá’ e ela irá. E nada vos será impossível”. Há que tomar a sério essas palavras do Senhor. Efetivamente não se trata de remover as montanhas materiais. Mas pela fé podemos realizar outras tarefas que não são menos difíceis: remover montanhas de orgulho e de prepotência, de egoísmo, de covardia, de comentários maldosos, de comodismos, de falta de solidariedade e de partilha, etc., mudar de coração, de hábitos negativos instalados no nosso coração para podermos entrar em relação com Deus e com os irmãos, nossos próximos. A fé, tal como é considerada aqui por Jesus, é uma fonte de audácia, de iniciativa. A fé, tal como Jesus a vê, é uma força: triunfa sobre o impossível, duplica as forças do homem para superar o impossível do ponto de vista humano, é um “poder de Deus” para a salvação de qualquer pessoa que crê.

 

Jesus tirou o mal do menino no texto do evangelho de hoje. Nossa luta contra o mal, o mal que há dentro de nós e o mal dos demais, somente pode ser eficaz quando se baseia na força de Deus. Somente em união com Cristo é que se pode libertar o mundo de todo mal. Não se trata de fazer gestos mágicos ou de pronunciar palavras que tem eficácia por si só. Quem salva e quem liberta é Deus e nós, somente se permanecermos unidos e Deus pela oração. Esta é uma das lições que Jesus nos dá hoje.

 

O que acontece é que muitas vezes nossa fé é débil, como a fé dos discípulos. Os discípulos encontraram dificuldade em libertar os outros de seus males porque confiaram apenas em suas próprias forças. Muitas vezes nos fracassamos, como os discípulos de Jesus, porque confiamos somente nas nossas próprias forças e nos esquecemos de nos apoiar em Deus.

 

Para que nossa fé permaneça fé é preciso nutri-la com a oração. A oração, por sua vez, consiste em pensar em Deus amando-o, eleva-nos para o mesmo Deus, a partir de qualquer circunstância. É a oração que nos permite abrir o cofre dos favores divinos, pois nos põe em contacto com o Deus vivo a quem, segundo o ensinamento de Jesus, dizemos: «Faça-se a tua vontade». Este abandono a Deus é importante para nós, pois Ele sabe o que mais nos convém ou não convém. Rezamos não para mudar Deus e sim para mudar quem reza de acordo com a vontade ou o plano de Deus sobre o ser humano. Quem não reza erra muito o caminho.

P. Vitus Gustama,svd

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