sábado, 17 de julho de 2021

São Joaquim e Sant´Ana, 26/07/2021

SÃO JOAQUIM E SANTA ANA

Pais de Nossa Senhora

SER JUSTO PERSEVERANTE

Primeira Leitura: Eclo 44,1.10-15

1 Vamos fazer o elogio dos homens famosos, nossos antepassados através das gerações. 10 Estes são homens de misericórdia; seus gestos de bondade não serão esquecidos. 11 Eles permanecem com seus descendentes; seus próprios netos são sua melhor herança. 12 A descendência deles mantém-se fiel às alianças, 13 e, graças a eles, também os seus filhos. Sua descendência permanece para sempre, e sua glória jamais se apagará. 14 Seus corpos serão sepultados na paz e seu nome dura através das gerações. 15 Os povos proclamarão a sua sabedoria, e a assembleia vai celebrar o seu louvor.

Evangelho: Mt 13,16-17

Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: 16 “Felizes sois vós, porque vossos olhos veem e vossos ouvidos ouvem. 17 Em verdade vos digo, muitos profetas e justos desejavam ver o que vedes, e não viram, desejavam ouvir o que ouvis, e não ouviram”.

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A devoção à Santa Ana é mais popular e mais antiga que a de São Joaquim. No dia 25 de Julho de 550 em Constantinopla (a atual cidade turca de Istambul) se dedicou uma basílica à Santa Ana, desde então, as Igrejas orientais celebraram sua festa nesta data. Séculos mais tarde a devoção se difundiu no Ocidente, mas a celebração se colocou no dia seguinte, isto é, no dia 26 de Julho. Em 1584 a festa foi fixada para toda a Igreja, tanto nos países orientais como nos ocidentais. 

O culto de São Joaquim se introduziu mais tarde no século XIV, na época em que se popularizou o culto de São José e se consolidou dois séculos mais tarde. A festa de São Joaquim era celebrada no dia 20 de Março. Mais tarde, em 1738 foi trasladada a 15 de Agosto (Assunção de Nossa Senhora). Mas a reforma litúrgica do do Concílio Vaticano II, em 1969, uniu a comemoração dos pais de Nossa Senhora numa data só: 26 de Julho.

É inútil procurar na Bíblia os pais de Nossa Senhora. Os quatro evangelhos canônicos guardam absoluto silêncio sobre os pais de Maria. Nem sequer seus nomes foram transmitidos. Mt e Lc escreveram sobre a genealogia de Jesus, Maria é citada, mas seus pais não são citados. 

Para saber sobre os pais de Maria temos que recorrer aos evangelhos apócrifos, ingênuos relatos pela imaginação fervorosa dos primeiros cristãos para completar com isso os silêncios dos evangelhos canônicos. Dificilmente saber até que ponto esses relatos são verdadeiros. Por isso são chamados de apócrifos, isto é, não é de uso publico. 

Mas em cada história ou historinha sempre tem alguma lição. Segundo o Evangelho apócrifo de São Tiago (século II) os dois, Joaquim e Ana, eram da mesma tribo: Tribo de Judá. Quando tinha 20 anos, Joaquim casou-se com Ana. Durante os 20 anos de matrimônio os dois não geraram nenhum descendente. Não ter descendência, para o conceito na época, era sinal da maldição de Deus e por isso, era uma vergonha pública. 

Mas paradoxalmente, Joaquim e Ana eram justos e limpos de toda mancha de pecado. Os dois eram pessoas honradas, temerosas de Deus, generosas em suas ofertas para o Templo. Joaquim era rico e fazia todas as suas ofertas em quantidade dobrada por todo o povo. Costumava oferecer suas oferendas no Templo nas grandes festas do Senhor. Levavam uma vida piedosa diante de Deus e diante dos homens. Tinham uma conduta inocente, isto é, livre de qualquer maldade. Imunes de calúnia e cheios de piedade. Zelosos em oração, em jejum e abstinência, cheios de caridade. Formavam uma família assídua ao Templo. No entanto, não tinham filho até então que tanto desejavam. Mesmo assim continuavam apostar na misericórdia de Deus.

Um dia, quando Joaquim estava para fazer sua oferta no Templo, um escriba chamado Ruben parou os passos de Joaquim e lhe disse: “Não és digno de apresentar tuas oferendas enquanto não tiver tua descendência”. Aflito e humilhado, Joaquim se retirou ao deserto para orar a fim de que Deus pudesse dar de presente um descendente.

Ana, a esposa, também começou a se vestir de saco e cilício para pedir a mesma graça. Sant´Ana rezava assim (segundo o evangelho apócrifo de Tiago): “Ó Deus de nossos pais! Ouve-me e abençoe-me como abençoastes o ventre de Sara, dando-lhe um filho Isaac”. Segundo um texto antigo da Igreja siro-oriental, Joaquim orava diante de Deus, pedindo a Ele uma prole que consolasse sua velhice: “Senhor que disseste a Abraão e depois de cem anos lhe concedeste um herdeiro da promessa, não prives minha velhice de um fruto e sim bendize-me com a bênção de Abraão; tudo é fácil com a tua vontade”. 

O que aconteceu depois? Segundo o evangelho apócrifo de Tiago, um anjo do Senhor apareceu a Ana e lhe disse: “Ana, Ana, o Senhor escutou tuas preces. Conceberás e darás à luz e de tua prole se falará em todo mundo”. E Ana respondeu: “Juro por Deus, meu Senhor, que se eu gerar um filho, seja menino ou menina, quero oferecê-lo ao Senhor e estará a seu serviço todos os dias de sua vida”. O mesmo anjo do Senhor apareceu também para Joaquim dizendo: “Joaquim, o Senhor ouviu tua insistente prece. Volta, pois Ana, tua mulher, conceberá em seu ventre”. 

Felizes sois vós, porque vossos olhos veem e vossos ouvidos ouvem. Em verdade vos digo, muitos profetas e justos desejavam ver o que vedes, e não viram, desejavam ouvir o que ouvis, e não ouviram”, assim lemos no Evangelho.

O cumprimento das promessas da salvação é a visão. A visão de Deus é o desejo dos profetas e dos justos no AT. Mas não tiveram privilégios de ver Deus. Mesmo assim, eles creram e apostaram sua vida pela Palavra da Aliança. O hoje dos discípulos tem a unicidade da bem-aventurança privilegiada de ver e escutar a própria Vida por excelência, a Salvação em ato, a Palavra encanada: Jesus, Deus-conosco, o Emanuel, Aquele que nasceu da Virgem Maria. 

De certa forma, podemos dizer que Joaquim e Ana têm privilégio de ver o fruto da salvação: o nascimento da filha deles, Maria, que se esperava por tanto tempo. A graça de Deus pode tardar, mas nunca falha, porque Deus é cheio de misericórdia.

Não importa se você está num lugar bem deserto ou simplesmente em sua casa, se você fizer uma humilde súplica ao Senhor por uma causa nobre, cedo ou tarde, o Senhor vai atender. Tenha paciência porque “o relógio” de Deus é diferente de nosso relógio. É preciso respeitar o tempo de Deus apesar de nossa pressa. Simplesmente vamos nos abandonar nas mãos de Deus mesmo que tenhamos que enfrentar todo tipo de humilhação e dificuldade. Se lutarmos por uma causa nobre, cedo ou tarde o tempo vai nos revelar quem está com razão. No casal Joaquim e Santana, encontramos um grande paradoxo: um casal justo, mas estéril. A esterilidade, de acordo com o costume na época, é uma negação para a condição de ser justo. “Se os dois fossem justos, teriam que ter filhos. Não tendo filhos é porque não são justos”. Essa era a lógica da época. Mas, no fim da história, Deus sempre tem a ultima palavra. Mesmo que tenha sido tarde, o justo casal, Joaquim e Ana, foi premiado por Deus uma filha chamada Maria, Mãe de nosso Salvador, Jesus Cristo. 

Segundo o evangelho apócrifo, depois que entregou Maria para Deus no Templo, Ana se afastou silenciosamente e sumiu para sempre. Sua missão terminou. Com esta marca heroica de desprendimento os apócrifos encerraram o capitulo dedicado aos pais da Virgem Maria. 

Ana é uma mulher paciente e humilde. Durante 20 anos ela sofreu sem queixa a tremenda humilhação da esterilidade. Mas suas orações são tão suaves e humildes que fazem o Senhor inclinar para ouvi-las. Sua longa provação não endureceu seu coração, pois ela acredita fielmente no poder de Deus.

Ana é uma mulher generosa, pois ela pede para ter descendente e o gozo de dar com alegria sua filha para o Senhor. E sua filha Maria será capaz de entregar-se à vontade de Deus totalmente: “Eis aqui a serva do Senhor. Faça-se em mim segundo a Tua Palavra” (Lc 1,38). Ana é uma mulher abnegada, disposta a desprender-se de sua filha para dá-la aos outros. 

Durante a visita à paróquia de Santa Ana no Vaticano (Domingo, 10 de Dezembro de 1978), o santo Papa João Paulo II dizia: “A figura de Santa Ana recorda-nos de fato, a casa paterna de Maria; Mãe de Cristo. Lá veio Maria ao mundo, trazendo em si aquele extraordinário mistério da imaculada conceição. Lá era rodeada pelo amor e solicitude dos seus pais: Joaquim e Ana. Lá "aprendia" de sua mãe, de Santa Ana, como se é mãe. E, embora do ponto de vista humano, Ela tivesse renunciado a maternidade, o Pai do céu, aceitando a sua doação total, deu-Lhe a graça da mais perfeita e mais santa maternidade. Cristo, do alto da Cruz, transferiu em certo sentido a maternidade d'Aquela que O gerara, dando a esta por objeto, em vez de Si, o discípulo predileto, e ao mesmo tempo fez que ela abrangesse toda a Igreja, todos os homens. Quando, portanto, como herdeiros da promessa (Cfr. Gal. 4. 28. 31) divina, nos encontramos abrangidos por esta maternidade, e quando experimentamos a sua santa profundidade e plenitude, pensamos então que foi precisamente Santa Ana a primeira a ensinar a Maria, sua Filha, como devia ser Mãe. "Ana" em hebraico significa: "Deus (sujeito subentendido) fez graça". Refletindo sobre este significado do nome de Santa Ana, assim exclamava São João Damasceno: "Como havia de acontecer que a Virgem Mãe de Deus nascesse de Ana, a natureza não se atreveu a preceder o germe da graça; manteve-se, porém, aquela sem o próprio fruto para a graça produzir o seu. Devia nascer, de fato, a primogénita, da qual viria a nascer o primogénito de toda a criatura" (Serm. VI, De nativ. B.V.M., PG 96, 663)”.

Podemos confiar à intercessão dos pais de Nossa Senhora as nossas necessidades, especialmente as que se referem à santidade dos nossos lares. Não só pedimos a intercessão deles, mas principalmente imitar a vida piedosa deles. Os pais que sabem rezar com os seus filhos encontram mais facilmente o caminho que os leva ao coração desses filhos. E os pais que fortalecem o seu amor na oração saberão respeitar a vontade de Deus a respeito dos seus filhos, sobretudo quando eles recebem uma vocação de entrega plena a Deus. Os pais não devem esquecer nunca que são administradores de um imenso tesouro de Deus. E pedimos também aos pais de Nossa Senhora que todos nós tenhamos o espírito de perseverança no bem que devemos fazer, na oração que devemos fazer, na pratica de caridade, em ser justo em tudo apesar dos obstáculos encontrados no caminho. Mas a graça de Deus nos potencia para ultrapassar os obstáculos a exemplo do justo casal, Joaquim e Ana.

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         SÃO JOAQUIM E SANTA ANA

Dos Sermões de São João Damasceno, bispo

(Orat. 6, in Nativitatem B. Mariae V., 2.4.5.6:PG 96, 663.667.670)
             (Séc.VIII)

Vós os conhecereis pelos seus frutos

Estava determinado que a Virgem Mãe de Deus iria nascer de Ana. Por isso, a natureza não ousou antecipar o germe da graça, mas permaneceu sem dar o próprio fruto até que a graça produzisse o seu. De fato, convinha que fosse primogênita aquela de quem nasceria o primogênito de toda a criação, no qual todas as coisas têm a sua consistência (cf. Cl 1,17).

Ó casal feliz, Joaquim e Ana! A vós toda a criação se sente devedora. Pois foi por vosso intermédio que a criatura ofereceu ao Criador o mais valioso de todos os dons, isto é, a mãe pura, a única que era digna do Criador.

Alegra-te, Ana estéril, que nunca foste mãe, exulta e regozija-te, tu que nunca deste à luz (Is 54,1). Rejubila-te, Joaquim, porque de tua filha nasceu para nós um menino, foi-nos dado um filho; o nome que lhe foi dado é: Anjo do grande conselho, salvação do mundo inteiro, Deus forte (Cf. Is 9,5). Este menino é Deus.

Ó casal feliz, Joaquim e Ana, sem qualquer mancha! Sereis conhecidos pelo fruto de vossas entranhas, como disse o Senhor certa vez: Vós os conhecereis pelos seus frutos (Mt 7,16). Estabelecestes o vosso modo de viver da maneira mais agradável a Deus e digno daquela que de vós nasceu. Na vossa casta e santa convivência educastes a pérola da virgindade, aquela que havia de ser virgem antes do parto, virgem no parto e continuaria virgem depois do parto; aquela que, de maneira única, conservaria sempre a virgindade, tanto em seu corpo como em seu coração.

Ó castíssimo casal, Joaquim e Ana! Conservando a castidade prescrita pela lei natural, alcançastes de Deus aquilo que supera a natureza: gerastes para o mundo a mãe de Deus, que foi mãe sem a participação de homem algum. Levando, ao longo de vossa existência, uma vida santa e piedosa, gerastes uma filha que é superior aos anjos e agora é rainha dos anjos.

Ó formosíssima e dulcíssima jovem! Ó filha de Adão e Mãe de Deus! Felizes o pai e a mãe que te geraram! Felizes os braços que te carregaram e os lábios que te beijaram castamente, ou seja, unicamente os lábios de teus pais, para que sempre e em tudo conservasses a perfeita virgindade! Aclamai o Senhor Deus, ó terra inteira, alegrai-vos, exultai e cantai salmos (cf. Sl 97,4-5). Levantai vossa voz; clamai e não tenhais medo.

Oração

 Senhor Deus de nossos pais, que concedestes a São Joaquim e Sant’Ana a graça de darem a vida à Mãe de vosso Filho Jesus, fazei que, pela intercessão de ambos, alcancemos a salvação prometida a vosso povo. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

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Dia Dos Avôs

Neste dia também celebramos o Dia dos Avôs. Acreditamos que assim como existe o “Dia dos Pais” ou “Dia das Mães”, seria muito importante estabelecer o “Dia dos Avós”, sem interesses comerciais. É um dia nascido do amor cristão e da gratidão humana. 

A figura do avô é realmente uma figura emblemática da ternura humana: quando está no auge da serenidade, ele contempla extensões vivas de sua própria existência na descendência de seus netos. Os batimentos cardíacos dos avós tentam prolongar-se, na vida e na história, durante séculos, no mesmo batimento dos próprios netos. A vida de um neto está conectada com o passado (avós, bisavôs etc.) e com o futuro: sonhos a ser realizados. Neto de hoje futuramente será avô para seus netos.

Os avôs, pela experiência de seus corações, intuem que o amor exige perenidade e imortalidade. Tudo isso no âmbito entranhável da vida.  E os netos, ao beijar e abraçar os avôs com imenso carinho, estão lhes dizendo com estes sinais de amor mais humanos: “Vovô, quero que viva sempre, que não morra. Que você e eu vivamos para sempre”. Esta é a mensagem do amor verdadeiro. 

Os pais idosos, elevados à categoria de avós, merecem a expressão mais fina, gentil e carinhosa dos netos. Essa delicadeza embeleza a vida humana, enriquece o mundo e constitui um prestígio para os corações agradecidos. Os netos e os avós unidos nesse amor recíproco são verdadeiros mensageiros da paz.

Os avós são um elemento ou fator integrador da vida familiar, que procuram apoiar ou sustentar e fortalecer, sendo elementos criativos de afetividade, carinho e compreensão. O seu equilíbrio emocional e a convivência permitem manter um clima de tranquilidade e de paz no lar, o que ajuda, em colaboração com os pais, a obter maturidade na formação dos netos. 

Papa Francisco, durante Angelus, 26 de julho de 2020, na Praça de São Pedro, disse aos jovens: “Na memória dos Santos Joaquim e Ana, os “avós” de Jesus, gostaria de convidar os jovens a fazer um gesto de ternura para com os idosos, especialmente os que vivem sozinhos, nos lares e residências, aqueles que não veem os seus entes queridos há muitos meses. Queridos jovens, cada uma destas pessoas idosas é o vosso avô! Não as deixeis sozinhas! Recorrei à fantasia do amor, fazei-lhes telefonemas, chamadas em vídeo, enviai mensagens, ouvi-as e, se possível em conformidade com as normas médicas, ide também visitá-las. Enviai-lhes um abraço. Elas são as vossas raízes. Uma árvore separada das raízes não cresce, não dá flores nem frutos. Por isso são importantes a união e a ligação com as vossas raízes. “O que a árvore tem de florescido vem das suas raízes”, diz um poeta da minha pátria. É por isso que vos convido a dar uma grande salva de palmas aos nossos avós, todos!”. 

Os pais idosos, elevados à categoria de avós, merecem a expressão mais fina, gentil e carinhosa dos netos. Essa delicadeza embeleza a vida humana, enriquece o mundo e constitui um prestígio para os corações agradecidos. Os netos e os avós unidos nesse amor recíproco são verdadeiros mensageiros da paz. “O idoso não há-de ser considerado apenas objeto de atenção, solidariedade e serviço. Também ele tem um valioso contributo a prestar ao Evangelho da vida. Graças ao rico património de experiência adquirido ao longo dos anos, o idoso pode e deve ser transmissor de sabedoria, testemunha de esperança e de caridade”, escreveu Santo Papa João Paulo II (Carta Encíclica Evangelium Vitae n. 94b). 

O mesmo santo João Paulo II escreveu na Carta Aos Anciãos, 01 de outubro de 1999: “’Levanta-te perante uma cabeça branca e honra a pessoa do ancião’ (Lv 19, 32). Honrar os anciãos exige a seu respeito um triplo dever: o acolhimento, a assistência, a valorização das suas qualidades. Em muitos ambientes isto acontece quase espontaneamente, como por antigo costume. Em outros, porém, especialmente nas nações mais desenvolvidas economicamente, impõe-se uma necessária inversão de tendência, para que os que avançam pelos anos possam envelhecer com dignidade, sem temor de ficarem reduzidos a não contar para mais nada. É preciso convencer-se de que é próprio de uma civilização plenamente humana respeitar e amar os anciãos, para que estes se sintam, apesar da diminuição das forças, parte viva da sociedade. Já dizia Cícero que o peso da idade é mais leve para quem se sente respeitado e amado pelos jovens” (n.12).

Celebrar a festa dos avós é como um dever de agradecimento, um ato de amor, uma devolução de ternura, e sobretudo, uma ação de graças respeitosa e alegre para fazer todos eles arrancarem seu melhor sorriso nesta celebração íntima e familiar onde eles voltam a ser protagonistas neste dia dos avós. 

A sensibilidade da sociedade atual nos pede que se estabeleça um reconhecimento público, universal e particular de cada neto por seus avós, os pais de nossos pais. Elogiar a figura dos avós é tributar um carinho particular pela pessoa importante de nossas recordações de infância, personagens simpáticos. 

Termino esta reflexão com as seguintes palavras do Papa Francisco: “Os anciãos são homens e mulheres, pais e mães que antes de nós percorreram o nosso próprio caminho, estiveram na nossa mesma casa, combateram a nossa mesma batalha diária por uma vida digna. São homens e mulheres dos quais recebemos muito. O idoso não é um alieno. O idoso somos nós: daqui a pouco, daqui a muito tempo, contudo inevitavelmente, embora não pensemos nisto. E se não aprendermos a tratar bem os anciãos, também nós seremos tratados assim. Nós, idosos, somos todos um pouco frágeis. No entanto, alguns são particularmente débeis, muitos vivem sozinhos, marcados por uma enfermidade. Outros dependem de curas indispensáveis e da atenção dos outros. Daremos por isso um passo atrás, abandonando-os ao seu destino? Uma sociedade sem proximidade, onde a gratuidade e o afago sem retribuição — inclusive entre estranhos — começam a desaparecer, é uma sociedade perversa. Fiel à Palavra de Deus, a Igreja não pode tolerar estas degenerações. Uma comunidade cristã em que a proximidade e a gratuidade deixassem de ser consideradas indispensáveis perderia juntamente com elas também a sua alma. Onde não há honra pelos idosos não há porvir para os jovens” (Audiência Geral, Quarta-feira, 4 de Março de 2015).

P. Vitus Gustama,svd

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