quinta-feira, 13 de julho de 2023

XV Domingo Comum "A",16/07/2023

O CRISTÃO É CHAMADO A SEMEAR O BEM NA PASSAGEM NESTE MUNDO

Primeira Leitura: Is 55,10-11

Isto diz o Senhor: 10 “Assim como a chuva e a neve descem do céu e para lá não voltam mais, mas vêm irrigar e fecundar a terra, e fazê-la germinar e dar semente, para o plantio e para a alimentação, 11 assim a palavra que sair de minha boca: não voltará para mim vazia; antes, realizará tudo que for de minha vontade e produzirá os efeitos que pretendi, ao enviá-la”.

Segunda Leitura: Rm 8,18-23

Irmãos: 18 Eu entendo que os sofrimentos do tempo presente nem merecem ser comparados com a glória que deve ser revelada em nós.  19 De fato, toda a criação está esperando ansiosamente o momento de se revelarem os filhos de Deus. 20 Pois a criação ficou sujeita à vaidade, não por sua livre vontade, mas por sua dependência daquele que a sujeitou; 21 também ela espera ser libertada da escravidão da corrupção e, assim, participar da liberdade e da glória dos filhos de Deus. 22 Com efeito, sabemos que toda a criação, até o tempo presente, está gemendo como que em dores de parto. 23 E não somente ela, mas nós também, que temos os primeiros frutos do Espírito, estamos interiormente gemendo, aguardando a adoção filial e a libertação para o nosso corpo.

Evangelho: Mt 13,1-23

1 Naquele dia, Jesus saiu de casa e foi sentar-se às margens do mar da Galileia. 2 Uma grande multidão reuniu-se em volta dele. Por isso, Jesus entrou numa barca e sentou-se, enquanto a multidão ficava de pé, na praia. 3 E disse-lhes muitas coisas em parábolas: “O semeador saiu para semear. 4 Enquanto semeava, algumas sementes caíram à beira do caminho, e os pássaros vieram e as comeram. 5 Outras sementes caíram em terreno pedregoso, onde não havia muita terra. As sementes logo brotaram, porque a terra não era profunda. 6 Mas, quando o sol apareceu, as plantas ficaram queimadas e secaram, porque não tinham raiz. 7 Outras sementes caíram no meio dos espinhos. Os espinhos cresceram e sufocaram as plantas. 8 Outras sementes, porém, caíram em terra boa, e produziram à base de cem, de sessenta e de trinta frutos por semente. 9 Quem tem ouvidos, ouça!” 10 Os discípulos aproximaram-se e disseram a Jesus: “Por que falas ao povo em parábolas?” 11 Jesus respondeu: “Porque a vós foi dado o conhecimento dos mistérios do Reino dos Céus, mas a eles não é dado. 12 Pois à pessoa que tem será dado ainda mais, e terá em abundância; mas à pessoa que não tem será tirado até o pouco que tem. 13 É por isso que eu lhes falo em parábolas: porque olhando, eles não veem, e ouvindo, eles não escutam nem compreendem. 14 Desse modo se cumpre neles a profecia de Isaías: ‘Havereis de ouvir, sem nada entender. Havereis de olhar, sem nada ver. 15 Porque o coração deste povo se tornou insensível. Eles ouviram com má vontade e fecharam seus olhos, para não ver com os olhos, nem ouvir com os ouvidos, nem compreender com o coração, de modo que se convertam e eu os cure’. 16 Felizes sois vós, porque vossos olhos veem e vossos ouvidos ouvem. 17 Em verdade vos digo, muitos profetas e justos desejaram ver o que vedes, e não viram, desejaram ouvir o que ouvis, e não ouviram. 18 Ouvi, portanto, a parábola do semeador: 19 Todo aquele que ouve a palavra do Reino e não a compreende, vem o Maligno e rouba o que foi semeado em seu coração. Este é o que foi semeado à beira do caminho. 20 A semente que caiu em terreno pedregoso é aquele que ouve a palavra e logo a recebe com alegria; 21 mas ele não tem raiz em si mesmo, é de momento; quando chega o sofrimento ou a perseguição, por causa da palavra, ele desiste logo. 22 A semente que caiu no meio dos espinhos é aquele que ouve a palavra, mas as preocupações do mundo e a ilusão da riqueza sufocam a palavra, e ele não dá fruto. 23 A semente que caiu em terra boa é aquele que ouve a palavra e a compreende. Esse produz fruto. Um dá cem, outro sessenta e outro trinta”.

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Mt 13 é o terceiro dos cinco grandes discursos de Jesus no Evangelho de Mateus (vamos ler este capitulo também nos próximos domingos, isto é, durante tres domingos vamos ler Mt 13).  Mt 13 é o discurso sobre o mistério ou a natureza do Reino dos Céus em parábolas.

Qualquer página do Evangelho temos que ler em uma dupla dimensão: a situação originária do tempo de Cristo e sua atualização no tempo da Igreja, sobretudo quando se fala das parábolas. Essa dupla dimensão se aplica na parábola que lemos no texto do Evangelho de hoje. 

O ensinamento da parábola do semeador não se refere, antes de tudo, aos ouvintes da parábola, e sim, principalmente,  aos semeadores, ou seja, aos pregadores: o primeiro dos quais é Cristo Jesus, e, depois, todos os demais pregadores, os quais não podem pretender ser mais do que o Mestre, pois qualquer pregaodor tem tentanção de se mostrar mais a si mesmo do que mostrar Jesus para os ouvintes. A primeira palavra-chave é, então, semear que supõe a existência do semeador. 

A parábola, lida em si mesma, sem ter em conta as explicações que o evangelista oferece mais adiante, chama a atenção sobre o trabalho do semeador: trabalho abundante, sem medida, sem distinções, que parece inútil pelo momento, infrutífero e desperdiçado, pois o semeador joga as sementes para todos os lados do campo. No entanto, Jesus diz que chegarão os frutos em abundância. Porque o fracasso não é mais que aparente. No Reino de Deus não existe trabalho inútil e nada se malgasta, pois quem está por trás de tudo isso é o próprio Deus, que é o “Senhor do céu e da terra” (Mt 11,25). Ainda aos olhos dos homens pareça um trabalho inútil e vão, ainda que os fracassos venham sobre fracassos, Jesus, o Deus-conosco vem nos dizer que a hora de Deus chegará e com ela uma colheita abundante superior a qualquer súplica e imaginação. 

Em todo caso, ainda que aos olhos dos homens grande parte do trabalho do evangelizador pareça inútil e vão, ainda que os fracassos pareçam ser somados aos fracassos, Jesus se transborda de alegria e de certeza, pois a hora de Deus vai chegar e com ela terá uma coleta abundante superior a toda súplica e imaginação. De todas as formas, êxito ou fracasso, desperdício ou não desperdício, o trabalho da semeadura/semeação não tem que ser calculado, acautelado/cauto, precavido. Sobretudo não há que escolher o terreno ou lançar as sementes em uns terrenos e em outros não. O semeador lança a semente para todos os terrenos sem distinção. Ninguém deve nem pode antecipar o juízo de Deus nem sequer o semeador tem direito a fazer isso. 

A segunda palavra-chave é colheita. Quem semea espera colheita. O tema da colheita, imagem do fim dos tempos, é tradicional em Israel (Joel 4,13); o que é novo é a insistência no laborioso plantio que o prepara. Jesus, então, suaviza ligeiramente a nuance escatológica da vinda do Reino (colheita) enfatizando antes as difíceis condições de sua realização (vários tipos de terrenos). Anuncia a vinda do Reino, mas insiste na lentidão do seu estabelecimento e na dificuldade do seu amadurecimento. 

Inserindo esta parábola neste lugar de seu Evangelho, Mateus dá uma interpretação cristológica da parábola. Jesus levanta o problema dos fracassos e das resistências que se opõem à sua mensagem: cegueira dos escribas, entusiasmo superficial das massas, desconfiança dos seus familiares, e assim por diante.

As parábolas têm uma função didática. Elas são comparações que ensinam ou transmitem uma verdade sobre o Reino de Deus. As parábolas contêm “os segredos do Reino de Deus”. Para captar seu sentido, é preciso estar em sintonia com Jesus, pois o Reino se faz presente nele (Mt 13,10).

Outras mensagens: 

1. A Parábola Do Semeador É Uma Mensagem De Esperança                    

Esta parábola é uma resposta de Jesus ao pessimismo dos fariseus a respeito do insucesso de sua missão até então (a sua pregação encontra a resistência e a oposição da parte dos fariseus). Nesse contexto evidentemente havia crise da credibilidade que envolvia a pessoa de Jesus e sua pregação messiânica. Duvidava-se de que Jesus fosse o Messias e que se pudesse confiar no Reino pregado por ele. Jesus quer recuperar a confiança das pessoas, especialmente dos discípulos através da parábola do Semeador. 

A parábola do Semeador, por isso, é uma parábola de confiança. Jesus acredita firmemente que sua força salvífica terá fruto no futuro apesar dos obstáculos e dificuldades como a fraqueza, a aparente derrota e o insucesso. Esta parábola é um apelo a confiar no Reino de Deus manifestado na palavra e ação de Jesus. A confiante ação do semeador (Jesus) que espalha com mãos cheias a semente interpela o ouvinte a sair dos seus medos para abrir-se à novidade de Jesus. Com a força salvífica de Jesus os obstáculos e dificuldades serão superados, pois a Palavra de Deus será a última palavra para a vida e a salvação do homem.

As palavras humanas (nossas palavras) são apenas palavras e que muitas vezes estão longe de nossos atos ou de nossa vida (separação entre o que se fala e se faz). Não é assim com Deus. O termo “dabar” em hebraico significa simultaneamente palavra e ato (veja Gn 24,66; Jz 6,29;Am 3,7). E através do relato da criação em Gênesis sabemos como é poderosa a Palavra de Deus. Para ela, não há obstáculo que não possa ser atravessado. O que Deus diz, acontece instantaneamente (Gn 1,6.9.11.14). Nada pode resistir a Palavra poderosa de Deus (Is 55,10s). A Palavra de Deus, o poder de Deus superará frustrações na nossa vida.

Jesus está querendo dizer aos discípulos: ânimo! Não tenham medo! Apesar do fracasso aparente e de sua presença oculta, o resultado final será maravilhoso e incalculável, pois a Palavra de Deus supera a palavra humana.          

Em outras palavras, a parábola do Semeador é uma mensagem de otimismo e de esperança, como o cristianismo é uma religião de otimismo. As palavras humanas são apenas palavras e que muitas vezes estão longe de nossos atos (separação entre o que se fala e se faz). Não é assim com a Palavra de Deus. O termo “dabar” em hebraico significa simultaneamente palavra e ato (veja Gn 24,66; Jz 6,29;Am 3,7). Através do relato da criação em Gênesis sabemos como é poderosa a Palavra de Deus. Para ela, não há obstáculo que não possa ser atravessado. O que Deus diz, acontece instantaneamente (Gn 1,6.9.11.14). Nada pode resistir a Palavra poderosa de Deus (Is 55,10s). A Palavra de Deus, o poder de Deus superará frustrações na nossa vida quando depositamos nossa confiança nela em qualquer situação de nossa vida. 

2. A Palavra De Deus É Nossa Força

“Assim como a chuva e a neve descem do céu e para lá não voltam mais, mas vêm irrigar e fecundar a terra, e fazê-la germinar e dar semente, para o plantio e para a alimentação, assim a palavra que sair de minha boca: não voltará para mim vazia; antes, realizará tudo que for de minha vontade e produzirá os efeitos que pretendi, ao enviá-la” (Is 55,10-11). 

A palavra é um dom. Ela é o principal meio de comunicação. A palavra é uma negação do isolamento. Ela é o meio para nos aproximarmos uns dos outros. De certa forma, podemos dizer que a palavra é a expressão de nós mesmos. 

Deus se manifestou e expressou seu amor através da Palavra: “No princípio era a Palavra. A Palavra estava com Deus. A Palavra era Deus” (Jo 1,1-2). A Palavra de Deus é viva, dotada de poder, fecunda: “A palavra que sair de minha boca: não voltará para mim vazia; antes, realizará tudo que for de minha vontade e produzirá os efeitos que pretendi, ao enviá-la”, disse o Senhor (Is 55,11). A Palavra de Deus é vida, pois por ela tudo foi criado: “Tudo foi feito por meio dela e sem ela nada foi feito” (Jo 1,3). Por ela recebemos a salvação (nova criação) e por ela, presente nos sacramentos da Igreja, somos salvos constantemente.

A Palavra de Deus tem força: possui uma potência total para transformar os corações. Porém, mesmo tendo muita potência, a Palavra de Deus nunca se impõe e sim se propõe. Quem aceitar a viver segundo a Palavra de Deus produzirá muitos bons frutos para a salvação do mundo. A Palavra de Deus cresce e frutifica no coração aberto e fecunda no coração amoroso. Viver a Palavra de Deus é viver com o próprio Deus. E viver com o próprio Deus é viver na luz: tudo será iluminado na nossa vida. 

A Igreja vive tanto do Pão da Palavra (Mesa da Palavra) como do Pão da vida (Mesa da Eucaristia). Por isso, as duas mesas (Mesa da Palavra e a da Eucaristia) recebem a mesma reverência.

A palavra que sair de minha boca: não voltará para mim vazia; antes, realizará tudo que for de minha vontade e produzirá os efeitos que pretendi, ao enviá-la”, disse o Senhor. Há palavras que transformaram uma vida inteira com sua mensagem. Um bom livro é capaz de abrir horizontes e possibilitar novos caminhos. Uma boa palestra pode reestruturar uma vida. Para os antigos, o discípulo era como um recipiente que recolhia e retinha avidamente todas as palavras do mestre sem que deixasse escapar nenhuma. Isto significa que as palavras do mestre estavam cheias de sentido. As palavras de muito conteúdo são frutos do silêncio, da meditação e as observação atenta da vida de cada dia.

Se a palavra tem uma potência para transformar a vida das pessoas, então precisamos recuperar o valor da palavra, pois a palavra é como a semente, ao ser espalhada, resulta em uma plantinha. A palavra é como a chuva que cai na terra e a fecunda

3. É Preciso Que Sejamos Bom Terreno Para Produzirmos Bons Frutos          

Na parábola, as sementes caídas em terra boa produzem frutos de forma diferenciada: 100 por 1; 60 por 1; 30 por 1. O que isso quer nos dizer? Isso quer nos dizer que não há um padrão numérico para medir frutos de um trabalho evangelizador. Por isso, não cabe a nós ficar frustrados quando esperávamos 100, mas produzimos apenas 10. O importante é que saibamos dar o melhor de nós. Que produzamos frutos bons. Não tem muita importância se produzimos muito ou pouco. Não sejamos terrenos estéreis. 

Nesta parábola a acentuação não está na semente, mas no solo. Embora a semente, a Palavra de Deus, é eficaz em si (a iniciativa de Deus que oferece ao homem), mas para produzir fruto depende também do tipo de solo, ou da capacidade de aceitar e colaborar com essa semente. A eficácia da palavra é condicionada pelo tipo de acolhimento que os ouvintes lhe reservam. Somente no coração dócil e perseverante é que a Palavra de Deus pode produzir muitos frutos bons. 

A parábola fala de algumas sementes que caíram à beira do caminho comidas pelos pássaros. Outras sementes caíram em terreno pedregoso, onde não havia muita terra que morrem em seguida. Outras sementes ainda caíram no meio dos espinhos que impossibilita seu crescimento e sua sobrevivência. 

As sementes comidas pelos pássaros nos lembram das pessoas que pensam que viver de acordo com a Palavra de Deus, que viver ajudar a Igreja do Senhor é somente para os fracos, vencidos e velhos. Elas tiram do seu caminho aquilo que, na verdade, pode edificar sua vida. Elas preferem o consumismo desenfreado. Elas preferem o caminho da autossuficiência e o resto elas tiram de seu caminho sem nenhuma verificação sobre seu valor para sua vida. Mas esta autossuficiência termina sua força no leito da morte. Feliz seja aquele que vive de acordo com a Palavra de Deus, pois até na dor ele sente a presença de Deus que o ama incondicionalmente.  

As sementes caídas no terreno pedregoso e por isso, sem raiz profunda que as faz morrerem nos lembram das pessoas que no início do caminho cristão estão cheias de entusiasmo, mas com um coração inconstante. Como resultado, eles ficam desanimados diante de qualquer contrariedade, dificuldade ou perseguição. São pessoas que não nutrem seu coração com a Palavra de Deus, e por isso, perdem coragem para encarar as dificuldades. Uma fé verdadeira vive em todos os tipos de situação e no fim ela vence tudo (cf. 1Jo 5,4; Hb 11,1).    

As sementes caídas e crescidas entre os espinhos e que morrem por sufoco nos faz lembrar naquelas pessoas que ferem (como espinho) os que convivem com elas por causa do materialismo desenfreado, do comodismo. Quantas pessoas, que se dizem “religiosas”, fazem do dinheiro, do poder, da fama, do êxito profissional ou social o verdadeiro “Deus” que sacrifica os outros em nome do “deus dinheiro”. Os valores do Reino, como a solidariedade, a caridade, a compaixão, a justiça, a honestidade, a igualdade, a partilha etc. não valem para elas. Mas não se pode esquecer de que os bens materiais continuam sendo alheios a nós mesmo sendo necessários. O ser humano para se tornar mais humano precisa de outro ser humano. Sufocar o outro, como espinhos sufocam outras plantas, significa sufocar a própria vida. Ninguém é uma ilha. 

4. É Preciso Semear Sempre 

A parábola do semeador nos convida a semearmos sempre sem nos preocuparmos com colheita. Jesus semeava sua Palavra de esperança em qualquer parte; semeava Sua Palavra de força para as pessoas com dificuldades em seguir adiante ou para mudar de vida. Jesus semeava gestos de bondade e misericórdia até nos ambientes mais suspeitos: entre as pessoas que moralmente estão em decadência. 

O semeador do bem é aquele crê na vida, que tem confiança no porvir. O semeador do bem é aquele que semeia a mãos cheias para que a vida se multiplique. O semeador do bem é aquele que investe no porvir. Jesus está consciente de estar fazendo isto: semear.  Ele empreende uma obra que tem porvir.

Jesus nos deixou em herança a Parábola do Semeador e não a do colhedor. Isto quer nos dizer que na Igreja de Jesus, nas comunidades que usam o nome de Jesus não são necessitados os colhedores e sim os semeadores. Não se trata de colher êxitos, conquistar ruas, dominar cidade, encher as igrejas, impor nossa . O que faz falta na Igreja de Jesus são semeadores, isto é, seguidores e seguidoras que semeiam palavras de esperança, gestos de compaixão e de misericórdia, e atos de partilha e de generosidade por onde passam. O verdadeiro seguidor do Senhor jamais pode ser semeador do mal e da maldade, do pessimismo e do negativismo, do egoísmo e do ódio, pois o Deus em quem acredita é amor (1Jo 4,8.16). 

O evangelho de hoje nos ajuda a entendermos como conduz Deus nossa história. Se esquecermos seu protagonismo e a força intrínseca que tem seu Evangelho, seus sacramentos e sua Graça poderão acontecer duas coisas: se tudo for bem, pensamos que mérito seja nosso. Se tudo for mal, nos afundamos. Não teríamos que nos orgulhar nunca, como se o mundo se salvasse por nossas técnicas e esforços. Não podemos esquecer aquilo que São Paulo nos aconselhou: “Eu plantei, Apolo regou, mas Deus é quem fez crescer. Assim, nem o que planta é alguma coisa nem o que rega, mas só Deus, que faz crescer. O que planta ou o que rega são iguais; cada um receberá a sua recompensa, segundo o seu trabalho.  Nós somos operários com Deus. Vós, o campo de Deus, o edifício de Deus. Segundo a graça que Deus me deu, como sábio arquiteto lancei o fundamento, mas outro edifica sobre ele. Quanto ao fundamento, ninguém pode pôr outro diverso daquele que já foi posto: Jesus Cristo” (1Cor 3,6-11).  A força da Palavra de Deus vem do próprio Deus e não de nossas técnicas. Quando em nossa vida há uma força interior, a eficácia do trabalho cresce notavelmente. Basta ter um pouco de amor no coração, a paciência será nossa parceira inseparável para esperar os frutos abundantes que virão da própria mão de nosso Pai celeste que faz tudo crescer no Seu amor.

Por isso, com sinceridade, vamos nos perguntar: que tipo de terreno somos nós? Terreno pedregoso, cheio de espinhos ou terreno bom? Qual fruto que temos produzido até agora para o bem do Reino de Deus ou para o bem comum? Sabemos muito bem que a eficácia da Palavra é condicionada pelo tipo de acolhimento que os ouvintes lhe reservam. A audição superficial que é acompanhada pela inconstância nas dificuldades e pelo fato de ceder às tentações, a palavra permanece estéril e pode ser morta no coração ou na vida de qualquer cristão.

P. Vitus Gustama,svd

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