terça-feira, 24 de setembro de 2024

28/09/2024-Sábado Da XXV Semana Comum

VIVER COM SENTIDO É VIVER FAZENDO O BEM E SACRIFICANDO-SE PARA O BEM DE TODOS A EXEMPLO DE CRISTO JESUS

Sábado da XXV Semana Comum

Primeira Leitura: Ecl 11,9-12,8

Alegra-te, jovem, na tua adolescência, e que o teu coração repouse no bem nos dias da tua juventude; segue as aspirações do teu coração e os desejos dos teus olhos; fica sabendo, porém, que de tudo isso Deus te pedirá contas. 10 Tira a tristeza do teu coração, e afasta a malícia do teu corpo, pois a adolescência e a juventude são vaidade. 12,1 Lembra-te do teu Criador nos dias da juventude, antes que venham os dias da desgraça e cheguem os anos dos quais dirás: "Não sinto prazer neles"; 2 - antes que se obscureçam o sol, a luz, a lua e as estrelas, e voltem as nuvens depois da chuva; 3 quando os guardas da casa começarem a tremer, e se curvarem os homens robustos; quando as poucas mulheres cessarem de moer, e ficarem turvas as vistas das que olham pelas janelas 4 e se fecharem as portas que dão para a rua; quando enfraquecer o ruído do moinho, e os homens se levantarem ao canto dos pássaros, e silenciarem as vozes das canções, 5 e houver medo das alturas e sobressaltos no caminho, enquanto a amendoeira floresce, o gafanhoto se arrasta e a alcaparra perde o seu gosto, porque o homem se encaminha para a morada eterna, e os que choram já rondam pelas ruas; 6 - antes que se rompa o cordão de prata e se despedace a taça de ouro, a jarra se parta na fonte, a roldana se arrebente no poço, 7 - antes que volte o pó à terra, de onde veio, e o sopro de vida volte a Deus que o concedeu. 8 Vaidade das vaidades, diz o Eclesiastes, tudo é vaidade.

Evangelho: Lc 9, 43b-45

Naquele tempo, 43bTodos estavam admirados com todas as coisas que Jesus fazia. Então Jesus disse a seus discípulos: 44“Prestai bem atenção às palavras que vou dizer: O Filho do Homem vai ser entregue nas mãos dos homens”. 45Mas os discípulos não compreendiam o que Jesus dizia. O sentido lhes ficava escondido, de modo que não podiam entender; e eles tinham medo de fazer perguntas sobre o assunto.

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O final do livro Eclesiastes coincide com a reflexão sobre o final da vida humana: da juventude passa para a velhice e da velhice termina com a morte.

Ecl 11,9-10 fala da alegria do tempo da juventude. O autor se dirige aos jovens, de forma imperativa e insistentemente para que os jovem saiba desfrutar os aspectos positivos da vida e fugir de seu lado triste e doloroso. O convite do autor aos jovens para desfrutarem a vida positivamente inclui também uma dupla limitação: o caráter passageiro dos jovens e o juizo de Deus.

Ecl 12,1-8 fala dos dias maus ou dos dias de escuridão da velhice. Tratam-se dos dias de enfraquecimento e de deterioração progressivos, de medo, abandono e de prelúdio de morte; anos em que a vida entra no período de falência definitiva. É o curso normal da vida humana.

A Juventude Vivida No Espírito De Deus

Segue as aspirações do teu coração e os desejos dos teus olhos; fica sabendo, porém, que de tudo isso Deus te pedirá contas. Lembra-te do teu Criador nos dias da juventude...”

Um livro tão humano como Eclesiastes termina com uma bela evocação da “juventude”, o tempo de vitalidade que deve ser vivido com alegria, sabendo, por outro lado, que é passageiro – e vaidade, diz o autor, como todo o resto. Contrastando com essa visão, o autor também descreve a “velhice” em termos repletos de poesia.

Segue as aspirações do teu coração e os desejos dos teus olhos; fica sabendo, porém, que de tudo isso Deus te pedirá contas.”

Esta exortação aos “jovens” parece muito optimista: há que aproveitar os bons anos da juventude, porque a velhice nos persegue. Se tomássemos isso como um convite ao prazer desenfreado, não teríamos compreendido nada do pensamento profundo do autor.

O autor incentiva clara e simplesmente os jovens a desenvolverem a sua vitalidade. A juventude é um dom de Deus que deve ser vivido com expansão e alegria, mas deve-se levar em conta que haverá o encontro derradeiro com Deus diante de quem cada um deverá prestar contas de sua vida neste mundo. Por isso, o autor do Eclesiastes coloca em primeiro lugar as aspirações do coração antes dos desejos dos olhos. Os desejos dos ohos devem estar dentro das apirações do coração: “Segue as aspirações do teu coração e os desejos dos teus olhos; fica sabendo, porém, que de tudo isso Deus te pedirá contas.”

Quando se fala do “coração”, deve ser entendido no sentido de toda a interioridade da pessoa, o centro da vida, das decisões e do encontro pessoal com Deus. Se o coração for bom, os gestos de relacionamento humano obedecem aos imperativos de humanizar, de fraternizar e de santificar a convivência. A pureza do agir depende da pureza do coração. Mas se o coração for mau, a vida é envenenada pela insatisfação, pela inveja, pelo ciúme, pela disputa negativa, pela discriminação, pelo sensualismo, pelas más intenções e assim por adiante. O coração é o lugar onde o homem se revela e onde Deus se revela.

Os jovens podem agora começar a ser sábios se souberem aproveitar a vida e vivê-la ao máximo, mas com responsabilidade. Eles prestarão contas de suas vidas diante de si mesmos, e diante de sua família, e diante da comunidade, e diante de seu próprio futuro e, em última análise, diante de Deus. Alegria, sim, mas fazer o bem, que é a melhor forma de construir um futuro válido.

A Velhice Revela a Fragilidade Humana

O autor reconhece que a velhice é inevitável. A velhice é comparada a uma casa que ainda está habitada, mas que se deteriora lentamente. O vigor dos homens está diminuindo e a beleza das mulheres murcha, as portas da casa permanecem fechadas, porque não há guardiões suficientemente fortes.

“... quando os guardas da casa começarem a tremer, e se curvarem os homens robustos; quando as poucas mulheres cessarem de moer, e ficarem turvas as vistas das que olham pelas janelas e se fecharem as portas que dão para a rua; quando enfraquecer o ruído do moinho, e os homens se levantarem ao canto dos pássaros, e silenciarem as vozes das canções e houver medo das alturas e sobressaltos no caminho, enquanto a amendoeira floresce”.

Os rabinos fazem uma leitura alegórica este texto sobre uma parte do corpo humano. Os guardas que tremem são os braços, e os homens robustos que se curvam são as pernas; as mulheres que param de moer são os dentes, e as janelas que dão para a rua e que precisam ser fechadas são os olhos. O ruído do moinho é a voz humana, e as flores da amendoeira são os cabelos brancos.

Mas não vale a pena desesperar-se, nem ter ilusões exageradas. Como disse ontem o sábio (autor do Eclesiastes), tudo tem seu tempo. Mas os sintomas da velhice não têm necessariamente de ser dramáticos. Antes que “o espírito volte ao Deus que o deu”, tanto os jovens como os idosos devem saber como oferecer a Deus o melhor das suas vidas: seja energia e força, ou fraqueza e quietude.

O Salmo responsorial, o Sl 89 (90) prolonga a meditação do Eclesiastes sobre a fragilidade humana.

Sacrificar-se Para o Bem De Todos Como Jesus Que Passou a Vida Fazendo o Bem

Todos estavam admirados com todas as coisas que Jesus fazia”.

Nós nos encontramos no quadro de instruções finais de Jesus na Galiléia. Jesus mostra claramente aqui o sentido da própria missão e a missão daqueles que querem segui-Lo. Segundo o plano do seu evangelho, o evangelista Lucas termina assim as atividades de Jesus na Galiléia (Lc 4,14-9,50). Daqui em diante Jesus vai começar seu caminho ou seu êxodo para Jerusalém onde ele será crucificado, morto e glorificado.

O Filho do Homem vai ser entregue nas mãos dos homens”. O título “Filho do Homem” se encontra seu sentido em Dn 7,13-14 e “vai ser entregue” em Is 53,2-12. O sofrimento de Jesus é causado pelos homens do templo e do poder.

Para o evangelista Lucas, este é o segundo anúncio da Paixão de Jesus e o situa no momento em que “Todos estavam admirados com todas as coisas que Jesus fazia”. Esta admiração surge no momento em que Jesus curou um menino da epilepsia (Lc 9,37-43) e fez outros sinais. E Lucas registrou que esse menino era filho único. Esse filho único se refere a Jesus, Filho único do Pai (cf. Mt 21,33-46). Através desse menino Jesus está falando de Si próprio. A cura do menino antecede o segundo anúncio da Paixão do Filho único do Pai.

Neste anúncio Jesus quer revelar que sua vida é um sacrifício para o bem de todos. Jesus pensa somente na salvação sem fugir das conseqüências trágicas. Ele se sacrifica como uma vela que se consome aos poucos iluminando seu redor.

Lucas nos relatou que os discípulos não entenderam o sentido desse anúncio. Em outras ocasiões os evangelistas descrevem os motivos dessa incompreensão: os seguidores de Jesus tinham em sua cabeça um messianismo político, com vantagens materiais para eles mesmos, e discutiam sobre quem ia ocupar os postos de honra e quem ficaria do lado direito ou do lado esquerdo de Jesus. A cruz não entrava em seus planos. Eles queriam seguir a Jesus pelas próprias vantagens e não pela vida dedicada em prol da salvação de todos.

Os discípulos não entendem que este é o maior ato de amor e o maior sentido da vida. O resultado dessa incompreensão será contado no seguinte episódio em que haverá a disputa sobre a primazia no grupo (Lc 9,46-48).

Todos estavam admirados com todas as coisas que Jesus fazia”. Jesus desperta realmente admiração por seus gestos milagreiros e pela profundidade de suas palavras. Deste tipo de Jesus gostamos também e não somente os primeiros discípulos de Jesus. Mas não entendemos, como os primeiros discípulos, o Jesus Servidor, o Jesus que lava os pés dos discípulos, o Jesus que se entregou à morte para salvar a humanidade, o Jesus que se aproxima do pecador para dialogar, o Jesus que faz refeição com os pobres e pecadores. Queremos apenas o consolo e o prêmio e não o sacrifício e a renúncia. Preferiríamos que Jesus não nos dissesse: “Quem quer me seguir renuncie a si mesmo, tome sua cruz de cada dia e me siga”.

Mas ser seguidor de Jesus pede radicalidade e não podemos crer num Jesus que O fazemos a nossa medida. Ser colaborador de Jesus na salvação do mundo exige seguir Seu mesmo caminho que passa através da cruz e da entrega ou doação da própria vida pela salvação de todos. É sofrer com Jesus para salvar o mundo.

Vale a pena cada um fazer um exame sério de consciência sobre o texto do evangelho de hoje a partir da vocação e da função que cada um tem na Igreja ou em uma comunidade. Como sacerdote ou religioso/ religiosa, qual meu motivo para ser sacerdote ou para ser religioso/religiosa? Será que eu procuro a vocação religiosa e sacerdotal em função da segurança institucional e não como paixão pela vida de Cristo dedicada pela salvação de todos? Será que o pensamento de querer ser sacerdote ou religioso (a) carreirista tem como motor da minha ambição? Como leigo ou leiga, qual meu motivo verdadeiro para trabalhar na minha comunidade? Há alguma vantagem pessoal escondida atrás dessa atividade, ou por que eu quero ser outro Cristo na minha comunidade? Mas será que eu levo a sério o motivo de ser outro Cristo com todas as suas conseqüências na minha comunidade?

É preciso que não tenhamos medo de nos gastar pelas causas e pelos grandes ideais de Jesus, pois por este caminho é que haverá a vida glorificada, a vida ressuscitada. Como cristãos, não podemos viver e conviver inutilmente nem podemos, conseqüentemente, morrer inutilmente. A vida dedicada pelo bem de todos jamais morre. É estar com Cristo. E estar com Cristo significa não parar de existir. Este é o ideal do ser do cristão.

Creio que uma vida só pode chegar à sua plenitude, se a enchermos de uma série de certezas ou convicções profundas. No fundo tudo se reduz a uma questão de amor: amar e ser amado. Do contrário, somente há sempre o mesmo resultado: destruição, sofrimento, opressão, injustiça, deslealdade, traição, exploração e assim por diante. Uma vida significativa é feita de uma série de pequenos atos diários de decência e bondade, que quando somados no final, resultam, paradoxalmente, em algo grandioso. Pela prática de atos justos, aprendemos a ser justos; pela prática de atos de autocontrole, aprendemos a ter autocontrole; e pela prática de atos de coragem, chegaremos a ser corajosos. A nossa vida relativamente curta, neste mundo, é apenas faísca na tela da eternidade. Jesus viveu mais ou menos apenas 33 anos de vida. No entanto ele conseguiu influenciar o mundo inteiro. A vida passa, pois há um tempo para cada coisa. Você já imaginou que quanta coisa boa que você poderia fazer agora mesmo em favor da humanidade? Isto é seu tempo de milagres. E você pode, independentemente de sua idade, etnia, profissão e religião.

Não se arrependa por você ter dado o melhor de si, mesmo que você sofra algum desentendimento ou alguma ofensa por ter feito uma coisa boa na sua vida. Agindo assim, sua vida se transformará. Se você não se impuser à vida, ela se imporá a você. Lembre-se de que os dias transformam-se em semanas, as semanas em meses e os meses em anos. Quando menos se espera, tudo chega ao fim, e você se vê sem nada além de um coração ressentido por uma vida vivida pela metade. Comece a ser a pessoa que você realmente é, fazendo o possível para enriquecer o mundo à sua volta. A bondade é simplesmente o aluguel que devemos pagar pelo espaço que ocupamos neste planeta.

P. Vitus Gustama,svd

Para Refletir

Há ideais que nos ajudam a viver e a crescer,

Porque nos aproximam do melhor de nós mesmos,

E há ideais que nos paralisam

Porque nos fazem correr atrás de miragens inalcançáveis.

 

Um verdadeiro ideal nunca é plenamente alcançado,

Mas ajuda a caminhar toda a vida.

 

Viver sem um ideal é como viver sem sentido

E caminhar sem objetivos.

 

Muito homens correm toda a vida para ter coisas,

Porque não sabem o que querem ser.

E você, sabe?”

(Autor: René Juan Trossero)

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