sábado, 28 de setembro de 2024

01/10/2024-Terçaf Da XXVI Semana Comum

É PRECISO CAMINHAR COM JESUS PARA A GLÓRIA

Terça-Feira da XXVI Semana Comum

Primeira Leitura: Jó 3,1-3.11-17.20-23

1Jó abriu a boca e amaldiçoou o dia do seu nascimento, 2 dizendo: 3 “Maldito o dia em que nasci a noite em que foi concebido!”. 11 Por que não morri desde o ventre materno, ou não expirei ao sair das entranhas? 12 Porque me acolheu um regaço e uns seios me amamentaram? 13 Estaria agora deitado e poderia descansar, dormiria e teria repouso, 14 com os reis e ministros do país, que construíram para si sepulcros grandiosos; 15  ou com os nobres, que amontoaram ouro e prata em seus palácios. 16 Ou, então, enterrado como  aborto, eu agora não existiria, como crianças que nem chegaram a ver a luz. 17 Ali acaba o túmulo dos ímpios, ali repousam os que esgotaram as forças. 20 Por que foi dado à luz um infeliz e vida àqueles que têm a alma amargurada? 21 Eles desejam a morte que não vem e buscam mais que um tesouro; 22 eles se alegrariam por um túmulo e gozariam ao receberem sepultura. 23 Por que, então, foi dado à luz o homem a quem seu próprio caminho está oculto, a quem Deus cercou de todos os lados?

Evangelho: Lc 9, 51-56

51 Estava chegando o tempo de Jesus ser levado para o céu. Então ele tomou a firme decisão de partir para Jerusalém 52 e enviou mensageiros à sua frente. Estes puseram-se a caminho e entraram num povoado de samaritanos, a fim de preparar hospedagem para Jesus. 53 Mas os samaritanos não o receberam, pois Jesus dava a impressão de que ia a Jerusalém. 54 Vendo isso, os discípulos Tiago e João disseram: “Senhor, queres que mandemos descer fogo do céu para destruí-los?” 55 Jesus, porém, voltou-se e repreendeu-os. 56E partiram para outro povoado.

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Em Cada  Dor Ou Sofrimento Deus Tem Propósito Que Devemos Decifrar Seu Sentido

Maldito o dia em que nasci  e a noite em que foi concebido!. Por que não morri desde o ventre materno, ou não expirei ao sair das entranhas? 12 Porque me acolheu um regaço e uns seios me amamentaram?”, lamentou Jó por causa do seu sofrimento aparentemente indeterminável

Assim começa o drama na vida de Jó. Ontem (no dia anterior), Jó era apresentado como modelo admirável de paciência e de perseverança. Mas hoje, diante de umas calamidades ainda maiores: a enfermidade da lepra, a hostilidade de seus familiares e amigos, Jó sofre uma crise profunda em sua fé em Deus. É comum nós questionarmos a existência de Deus quando um sofrimento injusto é aparentemente insuportável. Pergunta-se, geralmente: Por que Deus não quer intervir nessa situação? Por que Deus aparentemente fica calado diante dos que praticam maldade contra os justos e inocentes? A dor insuportável pode aumentar nossa fé, quando olharmos o sofrimento de Jesus na Cruz como inocente, ou pode diminuir nossa fé porque culpamos Deus que aparentemente não quer nos livrar desse sofrimento.

Também há influência dos três amigos que vêm consolar Jó, mas que na verdade vão agir como “advogados do diabo”, suscitando dúvidas e atacando-o. A lógica deles é mantida: “Você sofre muito, porque você pecou muito”. Jó ficou em silêncio durante sete dias, acompanhado por estes amigos, até que finalmente irrompeu no tremendo grito de rebelião que lemos no texto da Primeira Leitura.

Tudo ruiu: o apoio do seu povo, a sua fé, o seu conceito da bondade de Deus. E a grande questão ou interrogação é feita repetidamente: “Por que...?”. O clamor de Jó é de partir o coração. Ele amaldiçoa o dia em que nasceu, e prefere morrer: "Maldito o dia em que nasci, a noite em que foi concebido!. Por que não morri desde o ventre materno, ou não expirei ao sair das entranhas? Por que me acolheu um regaço e uns seios me amamentaram? Estaria agora deitado e poderia descansar, dormiria e teria repouso... Por que foi dado à luz um infeliz e vida àqueles que têm a alma amargurada?....”.

Já não há em Jó a paciência de ontem. Agora a crise o invade. É uma crise  muito humana: a cadeia dos “porquês” que continuam estando em nossos lábios tantas vezes quando um sofrimento atrás de outro sofrimento invade nossa vida ou nossa família. Para Jó é uma crise que o leva a amaldiçoar sua própria vida e a rebelar-se contra Deus que lhe parece injusto ao castigar um inocente.

Trata-se de um grito que não é somente de Jó. É o grito do profeta Jeremias em uma crise semelhante: “Maldito o dia em que nasci! ...Por que não me matei desde o seio materno? ... Por que saí do seio materno para ver trabalhos e penas?” (Jr 20,14-18). Na origem da crise de Jeremias está a mesma pergunta: “Tu és justo demais, Iahweh, para que eu entre em processo contigo(Jr 12,1).

É o grito de Jesus na Cruz, no cume da dor e da solidão: “Meu Deue, meu Deus, por que me abandonaste?” (Mc 15,34). É o grito dos que sofreram e continuam sofrendo injustamente.

Por que? É a pergunta que continuamos fazendo quando vemos a desgraça das crianças ou dos inocentes, enquanto que, aparentemente, os malvados continuam a ser fortes e Deus parece “abençoar” esses malvados. Por quê?

Nós cristãos temos um dado novo: a morte e a ressurreição de Jesus. Porém continua nos custando dar com a chave para a resposta a essa pergunta.

Quando nos invadem os dias tão escuros com os dias de Jó, façamos nosso o Salmo Responsorial de hoje (Sl 87/88): “A vós clamo, Senhor, sem cessar, todo o dia, e de noite se eleva até Vós meu gemido. Chegue a minha oração até a vossa presença, inclinai vosso ouvido a meu triste clamor”. Para Jesus o Sábado Santo foi toda escuridão. Mas amanheceu a manhã da ressurreição.

Será que sabemos converter nossa dúvida em oração? Será que sabemos confiar em Deus como fará definitivamente Jó, e, sobretudo, Jesus, apesar de que não entendamos o porquê de tantas coisas na nossa vida e na vida das pessoas ao nosso redor?

Há momentos que nunca gostaríamos de alcançar; mas eles acontecem. Dias de dor, sofrimento, angústia, doença, infortúnio. Então gostaríamos de nos refugiar no ventre da mãe e voltar à terra onde fomos formados. Mas mesmo nos momentos mais árduos das nossas vidas, não podemos desistir covardemente, pois nossa vida pertence a Deus. Devemos continuar trabalhando, arduamente, por uma nova ordem de coisas e por uma humanidade que se reveste de Cristo em que todos nós somos irmãos e por isso, ninguém pode fazer o outro sofrer. O momento em que nosso corpo retorna à terra onde foi formado e nosso espírito retorna a Deus, que o deu, só Ele sabe. Cabe apenas a nós aproveitarmos este tempo de graça que Ele nos concede para criar e manter a fraternidade universal.

Quem Quer Chegar à Glória De Deus Deve Superar Todos Os Sentimentos Destrutivos

O texto do evangelho começa com a seguinte frase: “Jesus tomou a firme decisão de partir para Jerusalém...”. Em Jerusalém Jesus será morto e de Jerusalém sairá o novo movimento de evangelização para o mundo inteiro (cf. Lc 24,47-48; At 1,8) que chegou até nós hoje. O caminho de Jesus para Jerusalém é um Êxodo: Ele vai sofrer e será morto, mas ressuscitará no terceiro dia.

Todos os três evangelhos (Mt, Mc e Lucas) falam desta viagem. Mas somente Lucas usa esta viagem de Jesus com o motivo catequético básico, de que a vida de Jesus foi também um longo caminhar para uma meta: “As raposas têm tocas e os pássaros têm ninhos; mas o Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça”. O “caminhar” de Jesus é um êxodo permanente até chegar à glória. Ele luta até chegar à meta: até à glória.

Durante esse caminho Jesus vai instruindo a comunidade de discípulos de acordo com o próprio caminhar de Jesus. Os discípulos de todos os tempos encontram, então aqui, a regra perene de sua atuação cristã. Neste texto encontramos maneira sobre como os cristãos devem se comportar e viver como seguidores de Cristo. Trata-se de uma “caminhada” interior, isto é, a caminhada que parte do que somos até o esvaziamento completo de nós e até a vivência na plenitude da vontade de Deus que é a salvação ou glorificação de nossa vida em Deus.

O fundo do relato do texto do Evangelho lido neste dia é a inimizade e o ódio entre samaritanos e judeus que originalmente é de tipo racial, e depois de tipo político e religioso. O caminho habitual da Galiléia para Jerusalém passa por Samaria. Um grupo galileu de discípulos vai adiante para preparar a hospedagem para Jesus em Samaria. Mas os samaritanos não aceitam a presença de Jesus em Samaria, pois ele está a caminho para Jerusalém. Os samaritanos interpretam o caminho para o Templo de Jerusalém como infra-valorização do templo Garizim construído sobre um monte onde os samaritanos fazem suas atividades religiosas e não em Jerusalém (em 129 a. C João Hircano o destruiu).

Por essa recusa os discípulos disseram a Jesus: “Senhor, queres que mandemos descer fogo do céu para destruí-los?”. Esta frase nos lembra do episódio entre o profeta Elias, defensor do monoteísmo, contra os mensageiros do rei Ocozias que consultava outros deuses sobre como curar suas feridas. Por isso o profeta Elias pediu o fogo do céu e o fogo caiu sobre esses mensageiros e morreram todos (cf. 2Rs 1,1-18). A atitude de Tiago e de João põe em evidência de que os Apóstolos não entenderam plenamente Jesus. Eles, por sua intolerância, não encontraram outro caminho para tratar aos outros, especialmente aos samaritanos sem o caminho da violência. Jesus repreende energicamente os dois apóstolos.

Diante da proposta dos discípulos Jesus enfatiza que qualquer discípulo, qualquer cristão não pode se mover por sentimentos de vingança, de violência, de ódio, de desafronta, de intolerância ou de intransigência. Quem é tolerante não vê a diferença e a alteridade como ameaça, e sim como estímulo para se aproximar e aprender do outro numa atitude de diálogo.

A atitude de Tiago e João continua presente em muitas religiões ou crenças do mundo. Por todos os meios os seres humanos, ao longo da história, buscaram a forma de acabar com os que pensam, atuam ou vivem de forma diferente. Como cristãos temos que respeitar os demais e fazer possível a paz entre as religiões e crenças. Para isso, primeiramente, deve haver diálogo entre as religiões. Mas antes disso, deve haver um intra-diálogo em cada religião, em vez de radicalismo.

O radicalismo de nossas atitudes, muitas vezes, é uma expressão de nossa pouca bondade. Com esta pouca bondade tomamos atitudes que violentam a história de Deus com os homens. A violência sempre gera um processo desumanizador que perverte radicalmente as relações entre os homens, introduz na história novas injustiças e impede o caminho para a reconciliação.

O fogo que Cristo traz do céu não é aquele que queima e elimina as pessoas, e sim aquele que ilumina e purifica o mundo de suas impurezas. É o fogo do Espírito Santo. É o fogo de amor. O único fogo que nós cristão podemos usar é o fogo de amar aos demais até o fim como fez Jesus. Jesus nos libertou para sermos livres, como diz São Paulo (Gl 5,1). Liberdade em Cristo é para amar mais e melhor. Amar a Deus e ao irmão é condição para ser livre. A liberdade daquele que ama a Deus e ao irmão é a identificação total com a vontade de Deus, com o bem e com a verdade.

Por isso, o caminho que Jesus propõe para quem quiser segui-lo não é um caminho de “massas”, mas um caminho de “discípulos”: implica uma adesão incondicional ao “Reino”, à sua dinâmica, à sua lógica. Implica uma adoção do espírito de Jesus que é o espírito de amor. Seguir Jesus não é uma viagem fácil; pode se converter em uma viagem sem retorno.

Para Refletir

No dia 30 celebramos a memória de São Jerônimo. Reflitamos sobre alguns frases deste santo:

  • Cristo é o poder de Deus e a sabedoria de Deus, e quem ignora as Escrituras ignora o poder e a sabedoria de Deus. Portanto ignorar as Escrituras Sagradas é ignorar a Cristo.
  • Quando rezamos, falamos com Deus,
    quando lemos a Bíblia é Deus que nos fala.
  • Jesus é ciumento: ele não quer nossas afeições colocadas em outras coisas, mas nele só.
  • Nós honramos os santos para adorar aquele de quem somos testemunhas; honramos os servos porque a honra deles recai sobre o Senhor.
  • Quanto mais forem importunas e perseverantes nossas orações, tanto mais serão agradáveis a Deus.
  • Trabalha em algo, para que o diabo te encontre sempre ocupado.

P. Vitus Gustama,svd

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