segunda-feira, 4 de maio de 2015

07/05/2015
 
AMOR CRISTÃO É UM AMOR CIRCULANTE:
DE DEUS PARA JESUS E DE JESUS PARA NÓS E DE NÓS PARA OS OUTROS


Quinta-Feira da V Semana da Páscoa
 

Evangelho: Jo 15,9-11

Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: 9 “Como meu Pai me amou, assim também eu vos amei. Permanecei no meu amor. 10Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor, assim como eu guardei os mandamentos do meu Pai e permaneço no seu amor. 11Eu vos disse isto, para que a minha alegria esteja em vós e a vossa alegria seja plena”.
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O texto do evangelho se encontra no discurso da despedida de Jesus dos seus discípulos no evangelho de João (Jo 13-17). Jesus sabe de sua morte iminente e por isso, deu as ultimas recomendações para os seus discípulos.


Hoje Jesus nos disse: “Como meu Pai me amou, assim também eu vos amei”. Isto quer dizer que o amor cristão nasce e começa em Deus. Originalmente é coisa de Deus e não nossa. A iniciativa é de Deus: “Amamos porque Deus nos amou primeiro” (1Jo 4,19). Deus é amor (1Jo 4,8.16), origem e motor do amor. O Filho, Jesus, se origina do Pai num processo de amor que é o Espírito. Este amor em Deus é comunidade, Trindade. E este amor vai se manifestando na criação, na encarnação, na filiação, na amizade, na alegria definitiva do encontro derradeiro. Deus é sempre a origem e o término. “Como meu Pai me amou, assim também eu vos amei”. Que profundidade encontrada nesta afirmação. Eu sou amado de Deus e por Deus. Jesus me ama como o Pai ama Jesus. Eu sou privilegiado/privilegiada. Eu preciso viver esta verdade na minha vida cotidiana, em todas as circunstâncias. Deus me ama e eu creio no Seu amor. Com o amor divino por mim eu posso encarar tudo na minha vida como o amado/amada de Deus. Quanta serenidade terei eu se eu viver profundamente esta verdade! Não há nada que possa me separar do amor de Deus (cf. Rm 8,35-39).


E o sinal mais evidente, a encarnação desse amor divino é Jesus: “Deus amou tanto o mundo, que entregou o seu Filho único, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha vida eterna” (Jo 3,16). Jesus é a medida do amor de Deus e o exemplo a seguir. Todas as palavras de Jesus, todas as obras de Jesus são manifestação do seu amor por nós todos. Jesus é o amor de Deus feito rosto humano.


E este amor que nasce no Pai e passa por Jesus termina necessariamente nos irmãos. O amor cristão tem dois pólos: Deus e os irmãos (o homem). Quem não ama o irmão, não conhece Deus, não conhece Jesus, não entendeu o que é a fé cristã. Sem amor a Deus e ao irmão, não há fé cristã.


Amor cristão é, então, um amor circulante: o amor que vem do Pai para o Filho, Jesus e de Jesus  para nós e de nós para os irmãos.


Como meu Pai me amou, assim também eu vos amei”. É maravilhoso o que Jesus nos diz hoje. Há alguém que me ama com o amor divino: Jesus Cristo. O amor com que Jesus me ama é o mesmo amor com que Ele é amado pelo Pai. Diante de Deus sou amado e sou amado eternamente, porque Aquele que me ama é eterno: “Eu te amei com amor eterno, por isso, conservei para ti o amor”, diz Deus através do profeta Jeremias (Jr 31,3). Posso estar rodeado pelas dificuldades ou problemas, mas eu sei que há alguém que me ama. A certeza desse amor eterno por mim me dá força para lutar e para melhorar minha vida. A certeza desse amor eterno me dá serenidade em tudo. De fato, eu não estou sozinho na minha luta de cada dia, pois há alguém que me ama: “Como meu Pai me amou, assim também eu vos amei”. Na minha oração só posso dizer a Jesus: “Obrigado, Senhor Jesus, porque me ama eternamente”.


Mas a relação com Deus não é algo automático. Por isso, Jesus acrescenta: “Permanecei no meu amor”.  A palavra “permanecer” é uma forma de acreditar em Jesus, de deixar-se penetrar pelo amor de Jesus, de deixar-se envolver pela ternura. É uma entrega total em Jesus para que Ele possa operar totalmente em nós a fim de que possamos ser reflexos do mesmo amor para o mundo ao nosso redor.


“Se guardardes os meus mandamentos, vós permanecereis no meu amor, assim como eu guardei os mandamentos do meu Pai e permaneço no seu amor”. Este “Se” é inquietante para nós, porque é a responsabilidade de nossa liberdade. Eu sei que Deus me ama, mas será que eu permaneço no amor de Deus? Eu sei que sou filho (a) de Deus, mas será que eu vivo como tal? Eu sei que faço parte da família de Deus, mas será que estou dela? São Paulo nos esclarece sobre este tema ao nos dizer: “Não devais nada a ninguém, a não ser o amor mutuo, pois quem ama o outro cumpriu a Lei... A caridade não pratica o mal contra o próximo. Portanto, a caridade é a plenitude da Lei” (Rm 13,8.10). Tudo isto significa que o amor divino com que eu sou amado deve também transparecer e circular na minha relação com os outros. Nisto mostrarei que eu permaneço no amor divino.


O amor fraterno quando for vivido na sua profundidade leva a pessoa à alegria: “Eu vos disse isso para que a minha alegria esteja em vós e a vossa alegria seja plena” (Jo 15,11). A verdadeira alegria brota do amor e da fidelidade com que se guardam na vida concreta as leis do amor. Sentiremos essa alegria na medida em que permanecermos no amor a Jesus, guardando os mandamentos de amor, seguindo o estilo de sua vida.


 Se vivermos tristes, será que isso acontece por causa da falta de nossa permanência no amor divino? Será que abandonamos o amor na nossa vida, por isso é que ficamos tristes o tempo todo? Será que nosso amor está nem morno nem quente, como diz o livro de Apocalipse (Ap 3,16)?
 
P. Vitus Gustama,svd

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