26/05/2015
Naquele tempo ,
28começou Pedro a dizer a Jesus: “Eis que nós deixamos tudo
e te seguimos”. 29Respondeu
Jesus: “Em verdade
vos digo, quem
tiver deixado casa , irmãos ,
irmãs, mãe , pai ,
filhos , campos ,
por causa de mim e do Evangelho ,
30receberá cem vezes mais agora , durante
esta vida — casa ,
irmãos , irmãs, mães ,
filhos e campos ,
com perseguições — e, no mundo futuro , a
vida eterna . 31Muitos que
agora são
os primeiros serão
os últimos . E muitos
que agora
são os últimos
serão os primeiros ”.
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O texto
do evangelho de hoje ,
como também
o do dia anterior ,
se encontra na parte
central do evangelho
de Marcos (Mc 8,22-10,52). Este conjunto começa com a cura do cego
(8,22-26) e termina com a mesma (10,46-52). Com
isso Marcos
quer nos
mostrar que
os discípulos continuam com sua incompreensão diante
da missão de Jesus. Este
estado é comparado ao do cego .
No início
e no fim desta seção ,
Marcos coloca o tema
de fé como
dom de Deus .
A fé faz ver quem é Jesus. A fé
faz perceber a presença
de Deus no mundo ,
nas criaturas , nas pessoas
de bondade e assim
por diante .
A fé profunda
faz acreditar em
Deus apesar
das dificuldades (cf. Hb 11,1). Desde o começo
da atividade pública
de Jesus, Marcos mostrou-nos a cegueira dos discípulos .
Mas Jesus fará tudo
para , pouco a
pouco , tirar
a cegueira dos discípulos .
A visão clara
que se tem de Jesus não
vem de uma só vez .
Mas com
a ajuda de Jesus, veremos mais claro e com maior nitidez . A fé também faz ver o caminho que
Jesus trilhou e que devemos trilhar . Assim a seção começa e
termina com a cura
de um cego
(8,22-26; 10,46-52). E essas duas curas
têm uma função simbólica: para
mostrar a cegueira dos discípulos . Elas
também lembram o leitor
que é Jesus quem
faz possível a fé
daqueles que acreditam nele e O seguem
no caminho . Acreditar
em Jesus nos
capacita a vermos com nitidez a vontade
de Deus em
tudo na nossa
vida .
No evangelho
do dia anterior
(Mc 10,17-27) o jovem rico
recusou o convite de Jesus para
que ele
vendesse tudo que
tinha para depois dar tudo aos pobres
e seguir a Jesus. Em
vez de seguir
a Jesus, Àquele que
tem “as palavras de vida
eterna ” (Jo 6,68b), o jovem rico foi embora triste porque tinha muitos bens e não quis partilhá-los nem
com os necessitados (pobres ). Depois
que ele
foi embora , Jesus pronunciou esta frase para os discípulos : “Meus
filhos , como
é difícil entrar
no Reino de Deus !
É mais fácil
um camelo
passar pelo buraco de uma agulha
do que um
rico entrar no Reino de Deus !”.
Ao ouvir
essa frase , Pedro perguntou, então , a Jesus: “Eis
que nós
deixamos tudo e te
seguimos”. E o evangelista Mateus explicita ou
acrescenta a seguinte frase : “O que é
que vamos receber ?”
(Mt 19,27). O que tem no fundo da frase
de Pedro? Está seu conceito
político e interesseiro
do Messianismo. Os discípulos buscam postos de honra ,
recompensas humanas, soluções econômicas de maneira
mágica e soluções
políticas (Messias
político ). Eles
querem transformar Jesus em
empresário para
resolver sua carência econômica . Eles se esquecem de que
os bens materiais
sempre são
alheios a nós .
Eles nunca
serão nossos
amigos , pois são coisas . A vida feliz está na
partilha. A partilha é a alma do projeto de Jesus Cristo .
Ele nos
chama para
segui-lo nessa direção . No evangelho
de Marcos Jesus e seu
Espírito vão
ajudando os discípulos para
que cheguem à maturidade
de sua fé .
Somente depois
da ressurreição (Páscoa )
eles vão
se entregar também
gratuito e generosamente
ao serviço de Jesus Cristo
e da comunidade até
sua morte , pois eles captaram o sentido da mensagem
de Jesus.
A resposta
de Jesus diante da pergunta
de Pedro é esperançosa e misteriosa, ao mesmo tempo : “Em verdade vos digo, quem
tiver deixado casa , irmãos ,
irmãs, mãe , pai ,
filhos , campos ,
por causa de mim e do Evangelho ,
receberá cem vezes
mais agora ,
durante esta vida e, no mundo futuro ,
a vida eterna ”. Não
se trata de quantidades
aritméticas (cem
vezes ). A resposta
se refere à nova família
que se cria
em torno
de Jesus: deixamos um irmão e encontramos cem
irmãos (irmãs). O laço
desta nova família
está na prática da vontade
de Deus que
consiste na prática do bem
e na vivência do amor
fraterno : “Quem
fizer a vontade de Deus ,
esse é meu
irmão , irmã e mãe ”
(Mc 3,35).
P. Vitus Gustama,svd
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