sábado, 23 de maio de 2015

26/05/2015
SERVIR E TRABALHAR PARA FORMAR UMA COMUNIDADE DE IRMÃOS

Terça-Feira Da VIII Semana Comum

 

Evangelho: Mc 10,28-31

Naquele tempo, 28começou Pedro a dizer a Jesus: “Eis que nós deixamos tudo e te seguimos”. 29Respondeu Jesus: “Em verdade vos digo, quem tiver deixado casa, irmãos, irmãs, mãe, pai, filhos, campos, por causa de mim e do Evangelho, 30receberá cem vezes mais agora, durante esta vidacasa, irmãos, irmãs, mães, filhos e campos, com perseguições — e, no mundo futuro, a vida eterna. 31Muitos que agora são os primeiros serão os últimos. E muitos que agora são os últimos serão os primeiros”.
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O texto do evangelho de hoje, como também o do dia anterior, se encontra na parte central do evangelho de Marcos (Mc 8,22-10,52). Este conjunto começa com a cura do cego (8,22-26) e termina com a mesma (10,46-52). Com isso Marcos quer nos mostrar que os discípulos continuam com sua incompreensão diante da missão de Jesus. Este estado é comparado ao do cego.


No início e no fim desta seção, Marcos coloca o tema de como dom de Deus. A faz ver quem é Jesus. A faz perceber a presença de Deus no mundo, nas criaturas, nas pessoas de bondade e assim por diante. A profunda faz acreditar em Deus apesar das dificuldades (cf. Hb 11,1). Desde o começo da atividade pública de Jesus, Marcos mostrou-nos a cegueira dos discípulos. Mas Jesus fará tudo para, pouco a pouco, tirar a cegueira dos discípulos. A visão clara que se tem de Jesus não vem de uma vez. Mas com a ajuda de Jesus, veremos mais claro e com maior nitidez. A também faz ver o caminho que Jesus trilhou e que devemos trilhar. Assim a seção começa e termina com a cura de um cego (8,22-26; 10,46-52). E essas duas curas têm uma função simbólica: para mostrar a cegueira dos discípulos. Elas também lembram o leitor que é Jesus quem faz possível a daqueles que acreditam nele e O seguem no caminho. Acreditar em Jesus nos capacita a vermos com nitidez a vontade de Deus em tudo na nossa vida.


No evangelho do dia anterior (Mc 10,17-27) o jovem rico recusou o convite de Jesus para que ele vendesse tudo que tinha para depois dar tudo aos pobres e seguir a Jesus. Em vez de seguir a Jesus, Àquele que tem “as palavras de vida eterna” (Jo 6,68b), o jovem rico foi embora triste porque tinha muitos bens e não quis partilhá-los nem com os necessitados (pobres). Depois que ele foi embora, Jesus pronunciou esta frase para os discípulos: “Meus filhos, como é difícil entrar no Reino de Deus! É mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha do que um rico entrar no Reino de Deus!”.


Ao ouvir essa frase, Pedro perguntou, então, a Jesus: Eis que nós deixamos tudo e te seguimos”. E o evangelista Mateus explicita ou acrescenta a seguinte frase: “O que é que vamos receber?” (Mt 19,27). O que tem no fundo da frase de Pedro? Está seu conceito político e interesseiro do Messianismo. Os discípulos buscam postos de honra, recompensas humanas, soluções econômicas de maneira mágica e soluções políticas (Messias político). Eles querem transformar Jesus em empresário para resolver sua carência econômica. Eles se esquecem de que os bens materiais sempre são alheios a nós. Eles nunca serão nossos amigos, pois são coisas. A vida feliz está na partilha. A partilha é a alma do projeto de Jesus Cristo. Ele nos chama para segui-lo nessa direção. No evangelho de Marcos Jesus e seu Espírito vão ajudando os discípulos para que cheguem à maturidade de sua . Somente depois da ressurreição (Páscoa) eles vão se entregar também gratuito e generosamente ao serviço de Jesus Cristo e da comunidade até sua morte, pois eles captaram o sentido da mensagem de Jesus.


A resposta de Jesus diante da pergunta de Pedro é esperançosa e misteriosa, ao mesmo tempo: “Em verdade vos digo, quem tiver deixado casa, irmãos, irmãs, mãe, pai, filhos, campos, por causa de mim e do Evangelho, receberá cem vezes mais agora, durante esta vida e, no mundo futuro, a vida eterna”. Não se trata de quantidades aritméticas (cem vezes). A resposta se refere à nova família que se cria em torno de Jesus: deixamos um irmão e encontramos cem irmãos (irmãs). O laço desta nova família está na prática da vontade de Deus que consiste na prática do bem e na vivência do amor fraterno: “Quem fizer a vontade de Deus, esse é meu irmão, irmã e mãe” (Mc 3,35).


Quantos irmãos e irmãs leigos, quantos pastores, quantos médicos e enfermeiros sem fronteiras e as demais pessoas de boa vontade que entregam sua melhor força e tempo para trabalhar pelo bem dos irmãos da comunidade e fora da comunidade e para ajudar os sofredores em todos os sentidos! Quantos sacerdotes, quantos religiosos e religiosas, quantas pessoas consagradas que não formaram a própria família, mas não por isso que deixaram de amar. Ao contrário, eles estão plenamente disponíveis para todos, movidos de um amor universal. Todos esses irmãos e irmãs são reflexos da generosidade de Jesus Cristo neste mundo. Jesus está presente nesses irmãos e irmãs, se quisermos perguntar onde está Jesus Cristo (cf. Mt 25,31-46). Jesus promete desde agora uma grande satisfação e promete a vida eterna: “receberá cem vezes mais agora, durante esta vida e, no mundo futuro, a vida eterna”. Mas o verdadeiro amor supõe sacrifício, cruz e perseguição, porém, vale a pena! A Páscoa salvadora passa pelo caminho da Cruz da Sexta-feira Santa. É a cruz com Cristo que termina na ressurreição!
 
P. Vitus Gustama,svd

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