11/05/2015
JESUS PERMANECE CONOSCO
NAS NOSSAS PROVAÇÕES
Segunda-Feira da VI
Semana da Páscoa
Evangelho: Jo
15,26-16,4
Naquele tempo, disse Jesus aos seus
discípulos: 15,26“Quando vier o Defensor que eu vos
mandarei da parte do Pai, o Espírito da Verdade, que procede do Pai, ele dará
testemunho de mim. 27 E vós também dareis testemunho,
porque estais comigo desde o começo. 16,1 Eu vos disse estas
coisas para que a vossa fé não seja abalada. 2 Expulsar-vos-ão das
sinagogas, e virá a hora em que aquele que vos matar julgará estar prestando
culto a Deus. 3 Agirão assim, porque
não conheceram o Pai, nem a mim. 4ª Eu vos digo isto, para
que vos lembreis de que eu o disse, quando chegar a hora”.
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O evangelho de hoje pertence ao
conjunto do discurso da despedida de Jesus dos seus discípulos (Jo 13-17). Nesse
discurso Jesus dá as ultimas lições para seus discípulos.
No texto do evangelho de hoje Jesus
alerta aos discípulos e a todos os cristãos que a perseguição faz parte do ser
do cristão: “Todos os que quiserem viver com piedade em Cristo Jesus serão
perseguidos” (2Tm 3,12). Se o mundo opôs-se a Jesus Cristo, logo os
cristãos experimentarão a mesma oposição. O mundo perseguirá os cristãos quando
seus interesses forem afetados ou denunciados pelos cristãos. Até para fazer o
bem o cristão é perseguido. Mas, do ponto de vista cristão, o tempo da
perseguição é o tempo oportuno de testemunho. Tempo de provação e de
perseguição é o tempo de expansão. O cristão é chamado a ser mártir no sentido
pleno da palavra e para espalhar o amor. Viver no amor é viver em Deus, pois
“Deus é amor” (1Jo 4,8.16). Mas sem dúvida, os que fazem parte de pessoas de
boa vontade aceitarão o anúncio cristão cuja essência é o amor fraterno e cujas
expressões são a justiça, a honestidade, a fraternidade, a solidariedade, a
compaixão, a igualdade e assim por diante. Morrer por causa da honestidade, da
justiça, da solidariedade etc. é o maior testemunho para o cristão. Este tipo
de morte será uma morte feliz e por isso, uma vida ressuscitada.
“Expulsar-vos-ão das sinagogas, e
virá a hora em que aquele que vos matar julgará estar prestando culto a Deus.
Agirão assim, porque não conheceram o Pai, nem a mim. Eu vos digo isto, para
que vos lembreis de que eu o disse, quando chegar a hora”.
Este texto nos quer informar a
verdade de que
a perseguição foi a primeira experiência da Igreja nascente. Os discípulos de
Jesus foram expulsos da sinagoga e perseguidos, primeiro pelos judeus e,
depois, também pelos pagãos. A segunda obra de São Lucas que é o Atos dos
Apóstolos descreve muito bem esta situação. A Igreja se espalhava sendo
perseguida. É o ponto positivo da perseguição.
Para que os discípulos não fiquem
abalados nem desorientados na sua ausência física, Jesus promete-lhes uma
presença nova no meio deles. Com essa nova presença, Jesus quer dizer aos
discípulos que eles não serão abandonados como órfãos, pois o amor do Senhor
por eles e por qualquer cristão jamais morrerá. Jesus nos ama até o fim (cf. Jo
13,1). O amor de Cristo vai até além da morte. Em Jo 14,16-17 Jesus prometeu o
envio do Paráclito, do Defensor, do Espírito da Verdade. Em Jo 15,
especialmente no evangelho de hoje, aparece novamente esse Paráclito, o
Defensor, o Espírito da Verdade.
Quem é o Espírito Paráclito, ou o
Defensor, o Espírito da Verdade? A palavra “paráclito” em grego que é
traduzida por “Defensor” em português. Ele é aquele que é chamado ao
lado de quem se encontra em dificuldades com o fim de acompanhar, consolar,
proteger e defendê-lo; em outras palavras: um ajudante, assistente,
sustentador, protetor, procurador e, sobretudo, animador e iluminador no
processo interno na fé. Mas o Espírito Paráclito é um dom de Deus oferecido
para quem se abre a ele. A ajuda de Deus jamais faltará para nós, mas é preciso
que tenhamos abertura diante dessa ajuda.
Esse Espírito Paráclito também
recebe outro nome: “o Espírito da Verdade”. Mas dentro de sua função de ajudar, de
orientar, de animar, de proteger nas dificuldades, o Espírito da Verdade é
entendido, sobretudo, como aquele que faz viver muito mais do que aquele que
faz pensar. Pensar é uma coisa, viver é outra coisa. Fazer um bom raciocínio é uma coisa; viver o
que se raciocina é outra coisa. Orientar alguém para viver bem é uma coisa;
perder a própria vida para que os outros possam viver é outra coisa. O mais
importante não é o saber da vida e sim saborear a vida; não é sentir e sim o
comprometer-se; não é o perceber e sim o decidir-se; não é o desejar e sim o
querer. O Espírito da Verdade nos ensina a vivermos a vida na sua profundidade
em cada momento. Ele não nos deixa presos no passado nem fugitivos do futuro;
simplesmente vivemos na graça de Deus em cada momento de nossa vida. Por isso,
o mais importante é fazer dos problemas, oportunidades; do passado,
aprendizado; do amor, a experiência fundante e da vida, a arte de ser de cada
dia.
É missão do Espírito Santo, então,
revelar aos Apóstolos toda a verdade sobre Cristo, sobre suas obras, sua vida e
sua morte, e fortalecê-los para que sejam capazes de dar testemunho. Ser testemunha
é confessar com as conseqüências, expor-se, arriscar-se, encarar. É provar
aquilo que se acredita até com o próprio sangue. É ser mártir. “Testemunho” aparece no Novo Testamento com o
sentido de “mártir”. Dar a vida é o grande testemunho; é confessar com sangue a
Verdade. Não somente a morte por Cristo, mas também a vida cristã vivida com
todas as suas conseqüências tem um valor de “martírio” e por isso, de
testemunho.
Quem pode nos possibilitar para
viver assim é o Espírito da Verdade. Por isso, precisamos pedir ao Senhor sua
presença na nossa vida de cada dia e que estejamos abertos para a renovação no
Espírito do Senhor que é o Espírito da Verdade, o Defensor de nossa vida toda
vez que nos encontrarmos em qualquer dificuldade.
Mas quando a Igreja, em geral, e
cada cristão, em particular, anda lado a lado, de mãos dadas com o mundo é
sinal muito evidente de que a Igreja e cada cristão, particularmente, deixam de
ser o sal da terra e a luz do mundo (Mt 5,13-14). Desta maneira, a Igreja se
torna surda diante da voz do Senhor e cega diante da Luz divina (Jo 8,12). É o
momento de conversão e de renovar os compromissos batismais!
P. Vitus Gustama,svd
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