NATAL
NATAL: DEUS SE
FEZ HOMEM PARA HUMANIZAR O HOMEM
Lc 2,1-14; Jo 1,1-18
ATRAVÉS DO NATAL DEUS SE HUMANIZA PARA DIVINIZAR O HOMEM
“Hoje nasceu para vós o Salvador”. O “hoje” de Deus
se converte no “hoje” humano. O céu desce até a terra e a terra se eleva até o
céu, pois nasceu para nós o Salvador. Este é o mistério que celebramos no
Natal: o encontro definitivo de Deus Salvador com o homem no amor (Jo 3,16). O Natal
é a grande proclamação do amor de Deus e da dignidade, dos direitos dos homens.
O Natal é um motivo profundo para nos valorizar, pois Deus nos valoriza fazendo-se
homem como nós, menos no pecado. Deus feito homem desceu até o mais profundo de
nossa humanidade, até a própria morte. Deus se fez homem para nos tornar
divinos. A divinização passa pelo caminho da humanização. O caminho subido para
o céu passa pelo caminho descido para nossa humanidade. Aquele que é muito
humano torna-se muito divino.
JESUS É O ALIMENTO PARA O SEU REBANHO
Jesus é deitado numa manjedoura, isto é, num
lugar onde os animais se alimentam. Jesus nasceu como alimento salvador para o
rebanho de Seu povo. Isso pode ser amor. Deus é amor. Pobre em tudo, salvo em
amor. É todo-poderoso somente no amor. É grande mas acima de tudo no amor. Não pode
nos dar nada senão o amor. Pedimos incessantemente a Deus. Deus não pode nos
dar coisa alguma. Ele nos dá alguém. Ele se dá a si próprio. Por isso, ele nos acumula
muito além de nosso pobres desejos, porque Ele é o único que pode acumular os desejos
e os anseios do coração do homem a quem feito à sua imagem.
O que celebramos hoje não é um fato passado
que fica na história. O mistério de Deus feito homem e o mistério de nossa
divinização tem lugar hoje, no agora da festa. Deus continua se manifestando a
nós hoje, libertando-nos da escravidão e do egoísmo, iluminando-nos o caminho,
solidarizando-se com nós, com nossas lutas e nossos sofrimentos.
Na Eucaristia Ele se faz presente de um modo
sacramental e Jesus que nasceu em Belém mais de vinte séculos atrás e o mesmo
Jesus que virá no final dos tempos como Senhor glorioso e Juiz da história se
dá como alimento para nós hoje na Eucaristia.
O MENINO-DEUS NÃO ENCONTRA LUGAR NO CORAÇÃO
DE SEUS COMPATRIOTAS
“Maria deu à luz o seu filho primogênito. Ela
o enfaixou e o colocou na manjedoura, pois não havia lugar para eles na hospedaria”
Maria e José, esse casal jovem, saíram da
relativa comodidade e segurança de sua vida em Nazaré onde tinha domicilio e
amigos, para colocar o Menino-Deus numa manjedoura, “pois não havia lugar para eles na
hospedaria”.
O Natal se converte, assim, numa história de
portas que permanecem obstinadamente fechadas ou trancadas: “... não
havia lugar para eles na hospedaria” (Lc 2,7)
Quando o Filho de Deus decide vir ao mundo,
para sua própria casa, “pois tudo foi feito por ele”, não se apresenta como um
patrão, mas como um “mendigo”. Não força as portas, mas espera. Porque a porta
se abre por dentro. O amor não pode ser coação.
O amor deve aceitar o risco de ser recusado. Isto
quer nos dizer que com o Natal se inaugura o tempo da paciência de Deus, das
esperas indetermináveis do “mendigo” divino diante das portas dos homens ainda
trancadas.
Depois da primeira porta aberta de par em
par, a porta de Maria, a Mãe do Senhor, (“Eis aqui a serva do Senhor, faça-se
em mim segundo a Vossa Palavra”), há ainda uma serie de portas trancadas e os
homens, presos dentro de casa, decidem não ceder um centímetro de seu espaço
sufocante, e decidem defender seu espaço com unhas suas obstruções. Entenderam mal.
Tem medo daquele menino mendigo, o Menino-Deus. Medo que algo deles seja tirado
ou levado, medo de comprometer-se, medo de arriscar-se. Não entendem que o
Menino-Deus vem trazer a vida e a liberdade e a libertação. Mais tarde esse
Jesus, Menino-Deus vai dizer a todos os homens: “Batei (a porta) e vos será aberto”
(Lc 11,9).
Mas para Sua mãe, que o levou no seu ventre,
bater à porta dos homens foi inútil, pois todos trancados por medo ou por
comodismo. Maria, a mãe cansada e José desalentado foram para o lugar cercado
de animais. “Maria deu à luz o seu filho primogênito e o colocou na manjedoura, pois
não havia lugar para eles na hospedaria”. Jesus foi enviado para nascer
fora da cidade e será mandado morrer também fora da cidade, na Gólgota, como se
fosse um criminoso. Será que cada família tem portas abertas para acolher Deus
que se faz homem, que se faz necessitado, que se faz pobre, que se faz doente,
que se faz faminto e sedento de amor, que se faz mendigo? (Cf. Mt 25,31-46).
O Papa Francisco nos recordou na Bula: O
Rosto da Misericórdia (Vultus
Misericordiae): “Redescubramos as
obras de misericórdia corporal: dar de comer aos famintos, dar de beber aos
sedentos, vestir os nus, acolher os peregrinos, dar assistência aos enfermos,
visitar os presos, enterrar os mortos.
E não esqueçamos as obras de misericórdia espiritual: aconselhar os indecisos,
ensinar os ignorantes, admoestar os pecadores, consolar os aflitos, perdoar as
ofensas, suportar com paciência as pessoas molestas, rezar a Deus pelos vivos e
defuntos. Não podemos escapar às palavras do Senhor, com base nas quais seremos
julgados: se demos de comer a quem tem fome e de beber a quem tem sede; se
acolhemos o estrangeiro e vestimos quem está nu; se reservamos tempo para visitar
quem está doente e preso (cf. Mt 25, 31-45). De igual modo ser-nos-á perguntado
se ajudamos a tirar da dúvida, que faz cair no medo e muitas vezes é fonte de
solidão; se fomos capazes de vencer a ignorância em que vivem milhões de
pessoas, sobretudo as crianças desprovidas da ajuda necessária para se
resgatarem da pobreza; se nos detivemos junto de quem está sozinho e aflito; se
perdoamos a quem nos ofende e rejeitamos todas as formas de ressentimento e
ódio que levam à violência; se tivemos paciência, a exemplo de Deus que é tão
paciente conosco; enfim se, na oração, confiamos ao Senhor os nossos irmãos e
irmãs. Em cada um destes « mais pequeninos », está presente o próprio Cristo. A
sua carne torna-se de novo visível como corpo martirizado, chagado, flagelado,
desnutrido, em fuga ... a fim de ser reconhecido, tocado e assistido
cuidadosamente por nós. Não esqueçamos as palavras de São João da Cruz: ‘Ao
entardecer desta vida, examinar-nos-ão no amor’” (n.15)
NASCER É UM INÍCIO DE UM PROJETO DE HUMANIZAÇÃO
“Hoje nasceu para vós o Salvador”. O mistério do
nascimento é mais profundo e mais rico do que o mistério da morte. Morrer é um
destino. Nascer é uma sorte, uma missão. Através do nascimento Deus escolhe
cada um de nós para realizar uma missão especifica neste mundo, assim como um
compositor dispõe cada nota musical em sua pauta. Basta tirar uma nota, a
composição inteira será afetada.
O nascimento é uma dádiva de Deus. O nascimento
é uma maneira de Deus dizer que Ele investiu Sua vontade em cada ser que nasce.
O momento de nascimento marca o começo da nossa missão na terra para transformar
o nosso mundo material em veículo de expressão de divindade através de nossa
humanização no agir e no tratar aos demais. O nascimento de cada um de nós é o
seu começo; é uma abertura para a chance de uma vida, a chance de cumprir sua
missão única.
Hoje é Natal, a festa do nascimento de Jesus.
E hoje também é a festa de nosso nascimento para uma vida nova em Deus. Recordar
o nosso nascimento é recordar um começo. Não importa como foram as coisas
ontem, ou no ano passado, sempre temos a capacidade de começar novamente. No
Natal celebramos a origem de nossa história cristã e a origem a partir da qual
nós cristãos interpretamos nossa existência de cada dia em Deus que nos faz
nascer para este mundo e destinados para o mundo celestial.
Nascer é formoso, mas comprometido. Nascer é
iniciar nosso projeto de homens e de mulheres que só terminará quando partirmos
deste mundo. Nascer é iniciar o projeto de humanização. Nascemos para nos
humanizar e para humanizar a convivência e para humanizar a humanidade, pois
tudo que é o verdadeiro humano é divino. Se não o fizermos cada dia, não
podemos ver a luz e o Natal perde seu sentido.
Ao estarmos conscientes da nossa divinização,
graças ao mistério do Filho de Deus feito homem, nós, cristãos, nos comprometemos
a humanizar nossa família, este mundo, nossa sociedade, nossa comunidade para
que vá se ajustando ao ideal de Deus, ao plano divino para a salvação dos
homens.
P. Vitus
Gustama,SVD
FELIZ NATAL
Feliz Natal!! É o desejo do fundo do meu coração. Como é bom
ter um Natal feliz. O Natal é feliz não por causa dos presentes dados ou
recebidos. Os presentes, se forem dados por nós doando-nos, eles se tornarão
uma pequena participação nossa no grande ato de doar-se de Deus que é conhecido
como a encarnação. Por isso, o Natal se torna feliz para todos porque Deus veio
para ficar conosco. Deus veio para sentir conosco o que é sofrer, o que é lutar
para sobreviver, o que é fazer alguém sorrir, o que é a vitória, o que é a
superação, o que é o Natal, um novo nascimento, um novo começo. Ele veio para
nos dizer: “Não desista de suas lutas, se elas forem dignas para a construção
de um ser humano”.
Toda vez que cada pessoa se corrigir de seus defeitos, que tanto incomodam sua família ou outros, Deus nasce no mundo; Deus celebra seu Natal, e seu Natal se torna feliz. Toda vez que uma pessoa nascer para os outros, dando parte de sua vida, de seu tempo e de seu amor para os outros, o Natal se torna feliz. O Natal feliz significa consumar-se, como fazem as velas, iluminando sempre os rostos e os caminhos dos outros. Somente o amor é capaz de fazer com que o Natal de Cristo seja um Natal feliz. Por amor....e somente por amor....
Por isso, Natal é tempo de recuperar-se, de renovar-se, abastecendo-se de Deus e de seu amor. Natal é acolhimento, encontro, reconciliação, aproximação dos homens entre si e com Deus. Natal é a vida voltada para Deus e para os irmãos. Seja você um cartão vivo de boas- festas, de felicidade e de paz. Traga em seu rosto a alegria da presença de Deus. Do Deus que nasce pelo amor. Faça de sua vida o Natal da justiça, da honestidade, da alegria e do perdão. Faça de sua vida familiar e profissional um eterno Natal pelo seu amor e fé. Faça de sua vida o presépio de Cristo. Que Cristo nasça em seu coração, em suas mãos, em seus olhos alegres.
Que
cada um possa dizer: “Quero neste Natal ser rico por dentro. Não quero ter
apenas embalagem, quero ter um coração como o de Cristo, cheio de amor e de
ternura”. FELIZ
NATAL. Assim seja!!!!
Pe. Vitus
Gustama,SVD
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