quarta-feira, 23 de dezembro de 2015


SANTOS INOCENTES, 28/12/2015


SANTOS INOCENTES-MARTÍRES

28 de Dezembro


I Leitura: 1Jo 1,5-10;2,2

5Caríssimos, a mensagem que ouvimos de Jesus Cristo e vos anunciamos é esta: Deus é luz e nele não há trevas. 6Se dissermos que estamos em comunhão com ele, mas andamos nas trevas, estamos mentindo e não nos guiamos pela verdade. 7Mas, se andamos na luz, como ele está na luz, então estamos em comunhão uns com os outros, e o sangue de seu Filho Jesus nos purifica de todo pecado. 8Se dissermos que não temos pecado estamo-nos enganando a nós mesmos, e a verdade não está dentro de nós. 9Se reconhecermos nossos pecados, então Deus se mostra fiel e justo, para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda culpa. 10Se dissermos que nunca pecamos, fazemos dele um mentiroso e sua palavra não está dentro de nós. 2,1Meus filhinhos, escrevo isto para que não pequeis. No entanto, se alguém pecar, temos junto do Pai um Defensor: Jesus Cristo, o Justo. 2Ele é a vítima de expiação pelos nossos pecados, e não só pelos nossos, mas também pelos pecados do mundo inteiro.

Evangelho: Mt 2,13-18

13Depois que os magos partiram, o Anjo do Senhor apareceu em sonho a José e lhe disse: “Levanta-te, pega o menino e sua mãe e foge para o Egito! Fica lá até que eu te avise! Porque Herodes vai procurar o menino para matá-lo”. 14José levantou-se de noite, pegou o menino e sua mãe, e partiu para o Egito. 15Ali ficou até a morte de Herodes, para se cumprir o que o Senhor havia dito pelo profeta: “Do Egito chamei o meu Filho”. 16Quando Herodes percebeu que os magos o haviam enganado, ficou muito furioso. Mandou matar todos os meninos de Belém e de todo o território vizinho, de dois anos para baixo, exatamente conforme o tempo indicado pelos magos. 17Então se cumpriu o que foi dito pelo profeta Jeremias: 18“Ouviu-se um grito em Ramá, choro e grande lamento: é Raquel que chora seus filhos, e não quer ser consolada, porque eles não existem mais”.
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Celebramos hoje a festa dos Santos Mártires Inocentes. Como no dia de São Estevão, novamente hoje contemplamos a dureza do caminho de Jesus. A força do mal que há no mundo envolve Jesus desde o começo de sua vida e acabará cravando na cruz. A atuação de Herodes mostra o dano ou a destruição que pode fazer a defesa do próprio poder sem pensar mais em nada e em ninguém a não ser o próprio interesse.

O evangelho nos relatou que Herodes, que governava com crueldade (no fim de sua vida mandou matar três de seus filhos), ao saber do nascimento do futuro Rei de Israel, ficou perturbado. Mandou, então, matar todas as crianças menos de dois anos de idade, pois ele tinha medo da rivalidade. O banho de sangue dessas crianças, para Herodes, é um simples assunto administrativo. Para Herodes a eliminação dessas crianças era o preço de sua tranqüilidade. Para ficartranqüilo” é preciso eliminar quem incomoda. É a lógica de Herodes. É a lógica do poder. O ambicioso, dominado pelo vício de poder, como Herodes, não suporta competidores nem admite rivais. Para alcançar suas necessidades de poder ele é capaz de humilhar e eliminar seus rivais. Para ele o recurso à violência parece “justo” e “honesto”. O ambicioso viciado de poder obedece ao seu instinto de mandar e receber honrarias. E seu instinto é sempre violento. Quem é ambicioso sem ética é dificilmente se preocupará com ser justo. Perante a necessidade de alcançar o que deseja, ele só enxerga uma alternativa: humilhar os outros e eliminá-los. Os outros já não são pessoas que merecem respeito, mas são degraus que só servem para ser galgados no intuito de ele atingir o vértice do poder. O ambicioso, quando estiver no vértice do poder, transmitirá aos súditos os seus sentimentos, arruinando a nação/grupo/comunidade etc. com assim chamada de política do prestígio, dos que só visam a conseguir a sua própria grandeza. Ele só obedece ao seu instinto de mandar e receber honrarias.

Herodes é a encarnação de um homem viciado em ambição, pois ele exagera na afirmação de si mesmo e os meios que se usam são desonestos. Para o rei viciado em ambição as honras valem tudo e os outros são vitimas de sua tirania. Ele é impelido a agir não pela consciência do bem e sim pelo desejo da glória. Ele pretende ser a todo o custo o primeiro de todos. Vive uma vida ansiosa, dominado por uma contínua tensão. O respeito aos outros está expulso da maneira de viver do ambicioso. Para ele o recurso à violência é justo e honesto para atingir sua glória. Mas uma pessoa de alma nobre não sai à procura das honras e sim do bem. Somente o homem será um verdadeiro ser humano, quando ele agir dentro dos limites do lícito.

Em Herodes se encarna um homem arrogante. Um arrogante não se preocupa em conhecer a verdade, mas apenas em ocupar uma posição em que ele possa ser o centro e a norma. Logo, ele não aceita qualquer subordinação. Ele pretende que tudo esteja sujeito a si próprio. Ele coloca sua pessoa no centro de tudo para justificar seu egoísmo. Ele não quer reconhecer o direito dos outros; o que vale é o seu próprio direito. Para os outros um arrogante impõe normas morais, mas para seus próprios atos não precisa respeitar moral algum. A arrogância não encontra abrigo em uma pessoa de inteligência equilibrada conhecida como uma pessoa sábia. A virtude da verdadeira inteligência é a humildade. Humildade é ter atitude de aprendizagem. E a aprendizagem é o caminho do sucesso. A pessoa soberba é aquela que acredita saber tudo. “Quando não se aprende, a humanidade vira estupidez” (Confúcio).

As crianças menos de dois anos de idade, sacrificadas, são vitimas da ambição sem medida de Herodes. São os Santos Inocentes. Estão crescendo para Deus em sua maturidade eterna. Nem sequer tiveram tempo para mostrar seus méritos e talentos. Entraram no âmbito de Cristo, inconscientes, sem sabê-lo nem pretendê-lo. Toda vez que ódio reina, semprerevoltas, matanças e guerras. Nessas circunstâncias surgem mártires involuntários. Sem sabê-lo, morrem revestidos e purificados pelo sangue de Cristo fazendo-se companheiros seus no martírio. 

Seja qual for a exata historicidade da fuga da Sagrada Família para o Egito e a matança das crianças em Belém, a passagem do evangelho de Mateus lida neste dia nos ajuda a entendermos toda a profundidade do nascimento do Messias. É a oposição das trevas contra a luz, da maldade contra o bem, do amor contra o ódio. Cumpre-se assim o que São João diz no Prólogo do seu evangelho: “Veio para o que era seu, mas os seus não O receberam” (Jo 1,11).

O sacrifício dos inocentes de Belém e as lágrimas de suas mães se convertem em símbolo de tantas pessoas que foram injustamente tratadas pela maldade humana e sofreram e continuam sofrendo sem nenhuma culpa. São inocentes sacrificados injustamente pelo abuso da liberdade humana e do poder sem limite. Morrem milhares de inocentes abandonados por suas mães assim que nasceram. São sacrificados muitos inocentes através da crueldade do aborto. Morrem milhares de inocentes vitimas da violência familiar, da prostituição infantil e da delinqüência juvenil, de tantos inocentes que morrem de frio, dos que não podem nascer, dos menores abusados freqüentemente e milhares de crianças menos de cinco anos morrem, no mundo inteiro, por dia por causa da fome. Morrem milhares de inocentes por causa da guerra dos ambiciosos pelos poder sem princípios éticos.

A festa dos santos inocentes colocada tão próxima do mistério do Natal põe em destaque não somente o dom do martírio, mas também a grande verdade que a morte do inocente quer nos revelar: a maldade do pecador, como Herodes, semeia ódio e morte, enquanto que o amor do justo inocente, como Jesus, produz frutos de vida e salvação.

A carta de São João lida neste dia nos ajuda a sairmos da maldade ao nos apresentar um grande tema: Deus é luz, Jesus Cristo está na luz e nós cristãos devemos também caminhar na luz. Caminhar na luz, para esta Carta, significa viver em comunhão com Deus, e, portanto, não pecar. Pecar significa viver na escuridão. A luz, na linguagem bíblica, é sinônimo de alegria, de vida, de verdade, de bondade e de pureza. O contrário de tudo isto são as trevas, obscuridade.

Caminhar na luz de Deus e viver em comunhão com ele não constitui tão somente um estado adquirido de uma vez para sempre. Trata-se, pelo contrário, de um caminhar na luz permanentemente e de um incessante passo das trevas para a luz pela conversão e a confissão dos pecados. É certo que o cristão não deve pecar, mas no caso de ter a experiência do pecado, o mais importante é reconhecer-se pecador, e confiando na misericórdia d’Aquele que pode libertá-lo de sua pobreza moral, restabelecer imediatamente a comunhão com Deus e com os irmãos.

Quem caminha nas trevas e não pratica a verdade se engana a si mesmo, não vive em comunhão com Cristo nem com os irmãos e esta longe da salvação. Quem caminha na luz e pratica a verdade vive em comunhão com Deus e com os irmãos e é purificado de todo pecado pelo sangue de Jesus derramado na cruz. Os verdadeiros crentes, os que acreditam em Deus reconhecem diante de Deus e diante de si mesmos seu pecado, o confessam e confiam no Senhor justo e fiel e por isso, são salvos. Os que andam nas trevas, ao contrário, não reconhecem seus pecados. Segunda a Carta de São João o verdadeiro pecado é a arrogância de se considerar sem pecado. Esta atitude bloqueia toda a iniciativa de Deus e afasta o homem de toda comunhão com Deus e com os irmãos.

P. Vitus Gustama,svd


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