quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

Domingo, 07/02/2016



COM O SENHOR QUE NOS SUSTENTA TEREMOS UM TRABALHO FRUTÍFERO


V DOMINGO DO TEMPO COMUM ANO “C”


I Leitura: Is 6, 1-8


1 No ano da morte do rei Ozias, vi o Senhor sentado num trono de grande altura; o seu manto estendia-se pelo templo. 2ª Havia serafins de pé a seu lado; cada um tinha seis asas. 3 Eles exclamavam uns para os outros: “Santo, santo, santo é o Senhor dos exércitos; toda a terra está repleta de sua glória”. 4 Ao clamor dessas vozes, começaram a tremer as portas em seus gonzos e o templo encheu-se de fumaça. 5 Disse eu então: “Ai de mim, estou perdido! Sou apenas um homem de lábios impuros, mas eu vi com meus olhos o rei, o Senhor dos exércitos”. 6 Nisto, um dos serafins voou para mim, tendo na mão uma brasa, que retirara do altar com uma tenaz, 7 e tocou a minha boca, dizendo: “Assim que isto tocou teus lábios, desapareceu tua culpa, e teu pecado está perdoado”. 8 Ouvi a voz do Senhor, que dizia: “Quem enviarei? Quem irá por nós?” Eu respondi: “Aqui estou! Envia-me”.


II Leitura: 1Cor 15,3-8.11


Irmãos: 3 O que vos transmiti, em primeiro lugar, foi aquilo que eu mesmo tinha recebido, a saber: que Cristo morreu por nossos pecados, segundo as Escrituras; 4 que foi sepultado; que, ao terceiro dia, ressuscitou, segundo as Escrituras; 5 e que apareceu a Cefas e, depois, aos Doze. 6 Mais tarde, apareceu a mais de quinhentos irmãos, de uma vez. Destes, a maioria ainda vive e alguns já morreram. 7 Depois, apareceu a Tiago e, depois, apareceu aos apóstolos todos juntos. 8 Por último, apareceu também a mim, como a um abortivo. 11 É isso, em resumo, o que eu e eles temos pregado e é isso o que crestes.


Evangelho : Lc 5,1-11


Naquele tempo, 1 Jesus estava na margem do lago de Genesaré, e a multidão apertava-se ao seu redor para ouvir a palavra de Deus. 2 Jesus viu duas barcas paradas na margem do lago. Os pescadores haviam desembarcado e lavavam as redes. 3 Subindo numa das barcas, que era de Simão, pediu que se afastasse um pouco da margem. Depois sentou-se e, da barca, ensinava as multidões. 4 Quando acabou de falar, disse a Simão: “Avança para águas mais profundas, e lançai vossas redes para a pesca”. 5 Simão respondeu: “Mestre, nós trabalhamos a noite inteira e nada pescamos. Mas, em atenção à tua palavra, vou lançar as redes”. 6 Assim fizeram, e apanharam tamanha quantidade de peixes que as redes se rompiam. 7 Então fizeram sinal aos companheiros da outra barca, para que viessem ajudá-los. Eles vieram, e encheram as duas barcas, a ponto de quase afundarem. 8 Ao ver aquilo, Simão Pedro atirou-se aos pés de Jesus, dizendo: “Senhor, afasta-te de mim, porque sou um pecador!” 9 É que o espanto se apoderara de Simão e de todos os seus companheiros, por causa da pesca que acabavam de fazer. 10 Tiago e João, filhos de Zebedeu, que eram sócios de Simão, também ficaram espantados. Jesus, porém, disse a Simão: “Não tenhas medo! De hoje em diante tu serás pescador de homens”. 11 Então levaram as barcas para a margem, deixaram tudo e seguiram a Jesus.
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A primeira leitura (Is 6,1-8) e o Evangelho (Lc 5,1-11) narram duas vocações: a de Isaías, escolhido para ser profeta e a dos Apóstolos, transformados por Cristo em pescadores de homens. Isaías, quando ouviu a voz do Senhor, teve a nítida e profunda percepção da própria fraqueza. Como poderiam os seus lábios impuros falar em nome de Deus? Pedro, chamado por Jesus para ser “pescador de homens”, sentiu-se, como Isaías, indigno e pecador: “Afaste-te de mim, Senhor, porque sou um pecador”. Contudo, Deus quis servir-se deles para cumprir a sua missão nesta terra. Os textos nos mostram que quem chama (Deus) mostra seu poder. E quem é chamado (Isaías e Pedro) experimenta sua incapacidade. E quem chama capacita e envia o chamado.


Na Bíblia encontramos várias histórias sobre Deus que chama as pessoas para determinada tarefa. Geralmente incluem cinco etapas, explicitamente ou implicitamente:
  1. Deus aparece ao chamado.
  2. A pessoa chamada expressa medo ou dúvida sobre aquilo para o qual é chamada.
  3. Uma mensagem divina é dada para a pessoa chamada para superar o medo e dúvida.
  4. A Pessoa chamada resiste diante da chamada de Deus.
  5. Um sinal é dado para pessoa chamada para confirmar a chamada.
    Esses cinco elementos se encontram no episódio da pesca milagrosa no Evangelho de hoje.
            
    E na Segunda Leitura, como Isaías e Pedro, também Paulo se sente indigno da vocação recebida. Confessa considerar-se um “aborto”, isto é, um ser imperfeito, nascido de forma anormal; reconhece não merecer sequer o nome do Apóstolo. O nascimento de Paulo para Cristo não foi normal. Deus o fez nascer de maneira forçada (aborto). Paulo foi arrancado de dentro de seu mundo, como se arranca uma criança do seio da mãe por meio de uma operação. A partir dessa experiência, Paulo não consegue confiar naquilo que ele faz por Deus mas só naquilo que Deus fez por ele. Já não coloca sua segurança na observância da Lei, mas sim no amor de Deus por ele (Gl 2,20s; Rm 3,21-26). Essa experiência chama-se Gratuidade. Essa experiência da gratuidade do amor de Deus vai dar rumo à vida de Paulo e vai sustentá-lo nas coisas que virão. Essa experiência é a nova fonte da sua espiritualidade que faz brotar nele uma “poderosa energia” (Cl 1,29), energia muito mais forte e muito mais exigente do que a sua vontade anterior de praticar a Lei e de conquistar a justificação. Essa experiência levou Paulo a desocupar o barraco da sua vida para deixar Jesus entrar nela.  Ele cresce tanto no amor de Cristo, a ponto de dizer: “Já não sou eu que vivo, mas é Cristo que vive em mim” (Gl 2,20). Essa “desapropriação” de si mesmo, porém, não lhe tira a liberdade. Pelo contrário, ele diz: “É para a liberdade que Cristo nos libertou” (Gl 5,1;2,4). A experiência da gratuidade do amor de Deus faz Paulo suportar lutas e perseguições, viagens e canseira, o peso do dia-a-dia (2Cor 11,23-27); sofrer com aqueles que sofrem (2Cor 11,29). Essa experiência mudou os olhos de Paulo e o ajudou a descobrir novos valores que antes não via.
              
    Mas, como nas reflexões anteriores, quero concentrar-me no texto do Evangelho e refletir sobre os pormenores do episódio da pesca milagrosa para podermos tirar mensagens para nós hoje.
              
    Jesus não ensina mais na sinagoga, como fez até agora, mas proclama a Palavra de Deus no ar livre. Se na sinagoga os leprosos e outros doentes graves não podem entrar, aqui, no ar livre, eles podem escutar a Palavra de Deus. Neste lugar eles podem encontrar-se com Deus. E certamente Deus quer encontrar as pessoas no seu próprio lugar, ali onde se encontram, numa situação comum, honesta  ou honraria ou numa situação desonrada e moralmente difícil. Jesus vai de um ao outro e os chama, porque ele quer libertá-los pois ele os ama.
              
    Além disso, o anúncio da Palavra de Deus, conforme o Evangelho deste domingo, não acontece no contexto da liturgia do Sábado, mas no decurso de um dia da semana, quando os homens dedicam ao próprio trabalho, quando estão suando para ganhar o próprio sustento. Isto significa que a Palavra de Deus não pode ser circunscrita aos ambientes e lugares sagrados. Ela deve ser proclamada em todos os lugares, mesmo os que consideramos profanos, pois a Palavra de Deus ilumina, inspira, transforma e orienta todas as atividades humanas.
        
    A Palavra de Deus Precisa Ser Escutada
         
    Na primeira parte/cena do Evangelho de hoje (vv.1-3), o Cristo, como Mestre, ensina às multidões, ao Povo de Deus reunido ao seu redor. O povo está sedento da Palavra de Deus; está sedento do significado da vida; está precisando da orientação para saber o que deve fazer e como deve viver e conviver. Esta sede faz com que o povo se aperta ao redor de Jesus para ouvir a palavra que traz nova compreensão e gera uma nova ação.
     
    Jesus se dirige aos homens não na sinagoga, como anteriormente, mas à multidão ao ar livre. Espremido pela multidão, pede a Simão que lhe permita subir no seu barco para dali falar ao povo reunido na beira do lago. Jesus quis servir-se do barco de Pedro como cátedra. Trata-se do barco daquele que está experimentando a frustração pelo trabalho sem fruto na pesca. No momento, para Pedro o importante é escutar o Mestre com os outros. Certamente, o fundamento de todo apostolado é “a fé que nasce daquilo que se ouve” (Rm 10,17). Escutar é abrir-se a alguma coisa que vem de fora, algo que pode, inicialmente, parecer estranho ou perturbar nossa maneira de pensar, mas, ao longo prazo, provocar mudanças radicais. Por isso, uma verdadeira escuta exige humilde coragem. Precisamos escutar a Palavra de Deus, pois ela é mais do que a expressão de um pensamento ou de um sentimento; ela é Vida. A Palavra de Deus é sopro de vida (cf. Sl 32,6). Ela tem o poder de tocar os corações e de curá-los (cf. Lc 4,32;6,19).
     
    É Preciso Colocar Em Prática a Palavra de Deus
              
    Na segunda cena (vv. 4-10a), é narrada a história da pesca milagrosa, ressaltando o papel de Jesus e o dos pescadores.
     
    Pedro que é especialista na pescaria se torna um pescador frustrado pelo insucesso da noite inteira. Por isso, quando Jesus, amador da pesca, lhe disse: “Avança para águas mais profundas e lança redes para a pesca” (v.4) veio aquela resposta de desconfiança da parte de Pedro: “Mestre, nós trabalhamos a noite inteira e nada pescamos” (v.5). se à noite, o tempo próprio para a pesca, nada foi apanhado, muito menos durante o dia.
     
    Aqui podemos também citar muitas das nossas situações de cada dia: cansei-me muito, gastei muita energia e tempo, empenhei-me a fundo, rezei muito e não aconteceu nada. É aquela sensação de derrotismo, de desânimo, de desespero, frustação, tensão, desorientação, confusão e assim por diante.
              
    Eis o momento delicado no qual Pedro põe em jogo a própria pessoa, a própria vida e o próprio futuro. Ele e seus companheiros haviam trabalhado a noite inteira sem conseguir apanhar um só peixe e agora, em pleno dia, Jesus manda-lhes que lancem as redes para a pesca. Eles conhecem Jesus, mas como Mestre. Por isso, apesar de todas as objeções que um profissional poderia levantar contra ela, a palavra de Jesus tem mais força para Simão do que sua longa experiência de pescador. Pedro tenta superar a própria desconfiança. A palavra de Deus é poderosa, mas é preciso que seja posta em prática para que desenvolva sua força.
     
    Pedro cumpre a palavra de Jesus imediatamente: “Na tua palavra lançarei a rede” (v.5). Notemos  quanto há de profundo neste “na tua palavra” porque é a expressão que, na Bíblia, especialmente nos Salmos, designa a atitude do homem diante de Deus. “Confio na Tua Palavra, é Tua Palavra que me dá vida, Senhor; Tu me afligiste. Tu permitiste tantos sofrimentos na minha vida, mas na Tua Palavra confio”.
              
    Aqui Pedro sai dos cálculos e se atira, confiando na Palavra do Senhor: “Na tua palavra lançarei a rede”. Pedro reconhece que a Palavra de Jesus tem o pleno poder e é capaz de operar o que a força humana não poderia ser feito. De fato, à fé, à obediência incondicional de Simão segue-se o milagre, a manifestação do poder da Palavra criadora de Deus. O poder da Palavra de Deus manifestada em Jesus domina toda esta cena. Toda força, todo poder vem de Deus. Na força da Palavra de Deus, os apóstolos encontram a vida ali onde tudo parecia morto; messe abundante onde tudo parecia vazio; abertura onde tudo parecia fechado.
              
    Jesus nunca permite o aborrecimento pelo insucesso no nosso trabalho. Não cabe a cada um de nós calcular o último resultado. Cada um deve trabalhar, empenhar-se todo, confiando unicamente na Palavra do Senhor. Empenhar-se significa dar tudo, experimentar tudo, estudar, corrigir, mudar e recomeçar. A Palavra de Deus é poderosa para quem tem coragem de colocá-la em prática, para quem quer viver de acordo com ela. A eficácia de nossa ação está na obediência à Palavra de Deus. Se agirmos em nome próprio, nossos esforços serão estéreis e limitados. A Palavra de Deus é a semente que tem em si uma força criadora, uma potência enorme. Então, por que ainda duvidamos dela ? Por que não levamos a sério a Palavra de Deus? Por que não a lemos? Por que não a meditamos? Com Deus podemos pescar onde parece que não há peixe, podemos plantar  justiça ou amor onde outros dizem que não adianta tentar, podemos levar fraternidade onde parece que a competição é a única lei que funciona.
     
    Quando Nos Aproximarmos De Deus, de Verdade,  Acabaremos Percebendo Nossa Pecaminosidade
              
    Na terceira cena (vv.10b-11), o momento culminante do relato, é descrita a reação de Simão Pedro e dos seus companheiros diante do poder de Deus que se manifesta em Jesus, assim como a promessa- vocação- missão que Jesus dá a Simão Pedro e a seus companheiros. Nesta cena, a figura de Pedro é ainda mais destacada.
              
    Vendo a pesca milagrosa, Pedro descobre a manifestação do poder de Deus em Jesus e se lança aos pés dele, dizendo: “Afasta-te de mim, Senhor, pois sou um pecador” (v.8). Ele não chama mais Jesus de “Mestre”, mas de “Senhor”. Em Jesus Pedro vê uma manifestação divina (epifania). Pedro presenciou o milagre e o viveu e viu de perto a força divina atuante em Jesus. A manifestação de Deus em Jesus desperta em Pedro a consciência de seu estado de pecador, de sua indignidade e o temor daquele que todo Outro, o Deus Santo. A mesma experiência aconteceu também com o profeta Isaías. A aparição do Deus Santo a Isaías termina com a confissão de seus pecados: “Ai de mim, estou perdido! Sou apenas um homem de lábios impuros, mas eu vi com meus olhos o rei, o Senhor dos exércitos” (Is 6,5). A experiência do poder do Senhor e de Sua Palavra e a experiência da própria pobreza são o contexto adequado para a vocação. A glória de Deus se revela pela aceitação dos que se sentem pecadores ou dos que experimentam sua própria pecaminosidade.
     
    O poder de Jesus faz sobressair a pecaminosidade de Pedro: Pedro não estava entre os maiores pecadores, mas também ele era um homem que, colocado diante do poder, da santidade de Deus, sentia que muitas coisas de sua vida não funcionavam. Com clarividência instantânea, Pedro percebe a distância, a seus olhos intransponível, entre seu pecado e a santidade de Deus, entre seu pequenez e  fragilidade e a grandeza e poder de Deus. Pedro sente com uma clareza insuportável que não há lugar para ele, pecador, na presença do Deus santo. Esta experiência da sua indignidade diante da manifestação de Deus é o que causa em Pedro e em seus companheiros o “tremendo espanto” de que nos fala o texto do Evangelho.
              
    O tremendo espanto que toma conta deles não os cega, porém, os ilumina para ver, para compreender e para reconhecer que a ação de Deus pode irromper em qualquer momento e no meio de qualquer atividade da vida dos homens.
              
    Até aqui podemos também tirar alguma lição. Enquanto vivemos no meio dos outros homens, fracos e frágeis como nós, não nos damos conta do nosso pecado; aliás, comparando-nos com os que estão ao nosso lado, podemos até pensar que somos justos, honestos, sinceros, caridosos, misericordiosos e irrepreensíveis. Mas ao entrarmos em contato com Deus, as coisas mudam: constatamos de forma dramática a nossa pobreza, a nossa indignidade, a nossa miséria. Só quem fica perto de uma luz percebe a sujeira da própria roupa. Se ficar longe dela, quase não percebe nada, imagine sem luz. Esta experiência é vivida por todos aqueles que entram em contato com a Palavra de Deus, aquela palavra que é “viva e eficaz, mais penetrante do que uma espada de dois gumes” (Hb 4,12). É a experiência vivida por Paulo, quando toma consciência da própria indignidade de pregador do Evangelho: “Nós carregamos este tesouro em vasos de barro” (2Cor 4,7).
     
    Pedro e Companheiros São Chamados a Ser Pescadores de Homens
             
    Na resposta de Jesus manifesta-se toda a novidade do NT. A graça, o amor, a benevolência, a predileção e a eleição de Deus não vão, em primeiro lugar, ao encontro do justo, do rico, do sadio e do forte, mas vão ao encontro do pecador, do pobre, do enfermo e do fraco. A vocação de Pedro repousam não nas suas qualidades e méritos, mas na gratuidade do amor, da eleição e da promessa de Jesus para com ele.
              
    A palavra de Deus manifesta-se em Jesus Cristo como uma palavra que pacifica, que infunde ânimo, que dá segurança; como uma palavra que escolhe, que chama, que fortalece e que transforma a existência daquele que é chamado. A palavra de Jesus vai superar a distância: “Não temas!” São mesmas palavras que ecoam nas manifestações de Deus no AT (cf. Gn 15,1;21,17;26,24;28,13;Jz 6,23;1Sm 4,20).
              
    Às palavras de pacificação, de segurança e de coragem, seguem-se as da promessa- missão: “Doravante serás pescador de homens”. A tarefa de Pedro (e companheiros)  será recolher homens vivos na rede do Reino para dar-lhes a plenitude da vida. A palavra de Jesus tem esse poder de fazer começar uma história nova na vida de um homem. As palavras são dirigidas a Pedro, porém se estendem para todo o grupo.
              
    A nova missão de Pedro e de seus companheiros será a de “salvar vidas”: entrar mar adentro para tirar os homens das águas profundas, do abismo da morte; “pegar vivos ou pegar para a vida” os homens, assim como eles mesmos foram colhidos- escolhidos.
              
    A resposta de Pedro e de seus companheiros às palavras de Jesus foi a disponibilidade absoluta, a da obediência incondicional: “...e deixando tudo, eles o seguiram” (v.11). A renúncia, o “deixar tudo”, é uma consequência, e não uma condição prévia, do chamamento de Jesus. A vocação é a vocação para uma missão.
     
    O chamamento de Jesus sempre atua com poder, mas poder não para destruir e sim para salvar. Ele chama aqueles que Ele quer (cf. Mc 3,13). E deles Jesus pede que faça tudo que Ele quer. Jesus nos chama a segui-Lo e a fazer tudo que ensinou. Muitos de nós temos momentos de dúvidas sobre o que somos chamados a fazer na Igreja, em geral, na paróquia, na comunidade, no grupo pastoral e assim por diante. Como os anteriores de nós, devemos também procurar e reconhecer os sinais da chamada do Senhor.
     
    Além disso, na nossa missão como cristãos ou como encarregados de alguma tarefa na Igreja do Senhor devemos estar conscientes de que há dias bons e dias ruins como aconteceu com Pedro e companheiros na pesca. Porém, precisamos manter nossa consciência de que o nosso chamado está baseado no divino propósito de Deus.
              
    Devemos, por acaso, desistir? Devemos recusar o convite do Senhor para ser pescadores de homens, para espalhar a Palavra do Senhor ? Temos convicção de que a única força que possuímos é a da Palavra de Deus que nos foi confiada? Não nos sentimos, por vezes, inclinados a confiar em outras forças?
     
    P. Vitus Gustama,svd

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