quarta-feira, 23 de março de 2016

28/03/2016





SER ANUNCIADOR DA VIDA, DA ALEGRIA E DA ESPERANÇA


Segunda-Feira da I Semana da Páscoa


Primeira Leitura: At 2,14.22-32


No dia de Pentecostes, 14Pedro de pé, junto com os onze apóstolos, levantou a voz e falou à multidão: 22”Homens de Israel, escutai estas palavras: Jesus de Nazaré foi um homem aprovado por Deus, junto de vós, pelos milagres, prodígios e sinais que Deus realizou, por meio dele, entre vós. Tudo isto vós bem o sabeis. 23Deus, em seu desígnio e previsão, determinou que Jesus fosse entregue pelas mãos dos ímpios, e vós o matastes, pregando-o numa cruz. 24Mas Deus ressuscitou a Jesus, libertando-o das angústias da morte, porque não era possível que ela o dominasse. 25Pois Davi dele diz: ‘Eu via sempre o Senhor diante de mim, pois está à minha direita para eu não vacilar. 26Alegrou-se por isso meu coração e exultou minha língua e até minha carne repousará na esperança. 27Porque não deixarás minha alma na região dos mortos nem permitirás que teu Santo experimente corrupção. 28Deste-me a conhecer os caminhos da vida e a tua presença me encherá de alegria’. 29Irmãos, seja-me permitido dizer com franqueza que o patriarca Davi morreu e foi sepultado e seu sepulcro está entre nós até hoje. 30Mas, sendo profeta, sabia que Deus lhe jurara solenemente que um de seus descendentes ocuparia o trono. 31É, portanto, a ressurreição de Cristo que previu e anunciou com as palavras: ‘Ele não foi abandonado na região dos mortos e sua carne não conheceu a corrupção’. 32Com efeito, Deus ressuscitou este mesmo Jesus e disto todos nós somos testemunhas”.


Evangelho: Mt 28,8-15


Naquele tempo, 8as mulheres partiram depressa do sepulcro. Estavam com medo, mas correram com grande alegria, para dar a notícia aos discípulos. 9De repente, Jesus foi ao encontro delas, e disse: “Alegrai-vos!” As mulheres aproximaram-se, e prostraram-se diante de Jesus, abraçando seus pés. 10Então Jesus disse a elas: “Não tenhais medo. Ide anunciar a meus irmãos que se dirijam para a Galileia. Lá eles me verão”. 11Quando as mulheres partiram, alguns guardas do túmulo foram à cidade, e comunicaram aos sumos sacerdotes tudo o que havia acontecido. 12Os sumos sacerdotes reuniram-se com os anciãos, e deram uma grande soma de dinheiro aos soldados, 13dizendo-lhes: “Dizei que os discípulos dele foram durante a noite e roubaram o corpo, enquanto vós dormíeis. 14Se o governador ficar sabendo disso, nós o convenceremos. Não vos preocupeis”. 15Os soldados pegaram o dinheiro, e agiram de acordo com as instruções recebidas. E assim, o boato espalhou-se entre os judeus, até o dia de hoje.
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Ressurreição Do Senhor É a Força Para Os Apóstolos


Observamos, através da Primeira Leitura, como os Apóstolos aparecem formando um colégio presidido por Pedro.


Pedro fala com a força do “Espirito da verdade”.  Seu discurso se centra na proclamação da Ressurreição que eles, os Apóstolos, viveram como um fato de sua própria experiência, mas que interpretaram como o cumprimento das profecias do Antigo Testamento (AT). Que a ressurreição foi “segundo as Escrituras”, como diz o símbolo niceno-constantinopolitano (o Credo mais longo) e que a ressurreição desde o princípio uma das convicções mais arraigadas na Igreja (At 13,32-37; 1Cor 15,3).


Deus ressuscitou Jesus e a Vida triunfou sobre a morte, o limite de toda repressão. Jesus é agora o Senhor, princípio do verdadeiro povo de Deus e fundamento de todas as esperanças dos pobres. Disso os Apóstolos dão testemunho.


O dinamismo extraordinário da Igreja dos primeiros tempos provem, por inteiro, da convicção, da fé, que animava os primeiros cristãos: Jesus ressuscitou... Jesus está vivo... Jesus está presente entre nós. A ressurreição é um mistério atual que perdura sempre, um dinamismo vital que atua continuamente na vida de quem crê em Jesus ressuscitado.


A proclamação da ressurreição de Jesus, junto com o gozo da fé, são os núcleos da pregação cristã. Mais do que uma pregação moralizante, o que propõe o homem de fé é uma vida com gozo baseada no triunfo de Jesus. O marco da fé é a vida e a alegria no Senhor ressuscitado que nos dá o sentido para nossa vida no presente e no futuro.


A ressurreição do Senhor nos dá certeza de que quem ama, acaba sempre vencendo; que não somos feitos para as lágrimas; que a morte não destrói nossa vocação para uma vida plena; que a fé em Jesus não é absurdo; que o testemunho dos Apóstolos é verdadeiro; que a partir do Senhor Ressuscitado há sempre e sempre o futuro para nossa vida em Deus.


Com Jesus Venceremos Medo e Ganharemos Alegria


Estamos na festa da ressurreição. Através da ressurreição de Jesus, Deus quer nos dizer que quem ama, acaba sempre vencendo, como Jesus; que não fomos feitos para as lágrimas com tristeza sem fim, pois somos chamados à vida ressuscitada. Que a morte não destrói nossa vocação de vida plena, pois Jesus venceu a morte. A ressurreição é a morte da própria morte (cf. 1Cor 15,55). Que a em Jesus Cristo não é absurda. Que o testemunho da comunidade primitiva é verdadeiro. Que nós temos um futuro com Deus desde que vivamos de acordo com os ensinamentos de Jesus. Que a palavra chave para nossa vida não é a morte e sim a ressurreição; não é a violência ou ódio e sim o amor que nunca morre, poisDeus é amor” (1Jo 4,8.16). Que andar atrás de Jesus significa ter um futuro garantido. Deus sempre prepara o melhor no fim para quem caminhar atrás de Jesus apesar das cruzes encontradas no caminho. 


Hoje através do evangelho lido neste dia escutamos a voz do ressuscitado. São três palavras de futuro que vão ser repetidas com acentos diversos durante os próximos dias:


1. “Alegrai-vos”.


A alegria é um sinal de harmonia interior, de equilíbrio e saúde psicológica. “A alegria é sinal inequívoco de que a vida triunfa” (Henri Bérgson). Isto nos indica também que a falta de alegria é sinal de que a vida está bloqueada.  A alegria é um “sim” espontâneo para a vida que brota de dentro de nós; é um sim para aquilo que somos.


“Alegrai-vos!”. O convite de Jesus à alegria não é um conselho e sim uma ordem para ser cumprida. Na verdade, toda a mensagem de Jesus é uma mensagem de alegria. A alegria do Evangelho é o próprio Jesus crucificado-ressuscitado em que Deus se mostra como Aquele que nos ama apesar de tudo. A alegria do homem é a alegria de Deus.


No meio de nossas tristezas, o Ressuscitado nos chama à alegria. A nossa alegria consiste em ter certeza de que com Jesus tudo termina na vitória, na ressurreição apesar de tudo. Temos muita necessidade de estar conscientes desta certeza. A alegria tem uma relação com o amor. Nossa alegria correra como um riacho enquanto não deixarmos secar sua fonte, que é o amor.


Alegria! Este é o grito que atravessa os séculos e cruza continentes e fronteiras. Alegria, porque Jesus crucificado ressuscitou e o homem começa a ter um futuro seguro em e com Deus. Alegria para as crianças que acabam de nascer para começar sua jornada de vida, e para os anciãos que se perguntam para onde vão seus anos; alegria para os que rezam na paz das igrejas e para os que cantam nas discotecas; alegria para os solitários que consomem sua vida no silêncio e para os que gritam seu gozo na cidade.


2. “Não tenhais medo”.


Sentir medo não é errado porque somos criaturas expostas a perigos e ameaças. Os nossos medos são um sinal de alarme que podem nos ajudar a evitarmos o perigo. O imprudente suprime o medo e se atira inutilmente ao perigo. O covarde teme tudo, se paralisa e não se atreve a correr nenhum risco. O homem sadio sabe usar seus medos para agir prudentemente. Aqueles que, para educar e governar, despertam o medo, não educam nem governam; submetem.


Não há nada que nos paralise mais do que o medo. Muitas vezes somos dominados pelo medo. Quem pode nos transmitir a confiança da qual necessitamos? Somente o Ressuscitado: “No mundo vocês terão tribulações, mas tenha coragem: eu venci o mundo” (Jo 16,33b). Quando colocarmos nosso medo nas mãos de Jesus Ressuscitado, nos tornaremos mais prudentes do que paralisados: “Sejam prudentes como as serpentes, mas simples como as pombas” (Mt 10,16). A prudência é a capacidade de ver, de compenetrar-se e de ajustar-se à realidade. Segundo sua origem latina a palavra “prudência” (prudens-entis) significa precavido, competente. A prudência oferece a possibilidade de discernir o correto do incorreto, o bom do mau, o verdadeiro do falso, do sensato do insensato, para guiar o bom rumo de nossas ações. O homem sábio é sempre guiado pela prudência.


3. “Ide anunciar...”.


A ressurreição inaugura uma urgência. Acomodados em nossas seguranças de sempre significa que cavamos nossa própria tumba. Quando nos pomos em caminho, a força do Ressuscitado nos restaura. A mensagem da ressurreição nos urge a sairmos de nós mesmos ao encontro dos irmãos, especialmente ao encontro dos últimos, dos necessitados. A ressurreição não nos permite parados, mas nos coloca em missão para fazer algo, a partir de nossos dons, pelo bem da humanidade.


O evangelho nos relatou que diante do Ressuscitado as mulheres se prostraram reconhecendo a divindade em Jesus. Prostrar-se significa adorar. Jesus transformou essas mulheres em anunciadoras da Boa Noticia da ressurreição. Isto significa que a adoração e a missão, a oração e o anúncio são uma moeda de dois lados, sempre andam de mãos dadas. Aquele que adora a Deus deve ser ao mesmo tempo um anunciador e parceiro da Palavra de Deus, do bem, seja através de palavras, seja através do modo de viver, seja através das boas obras. Sejamos missionários da vida ressuscitada e vitoriosa. Não tenhamos medo das cruzes, pois a vitória já está anunciada antecipadamente. Estar consciente disso significa não faltará força para lutar até o fim em nome da vida que é o próprio Deus (Jo 11,25; 14,6).


P. Vitus Gustama,svd

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