29/06/2016
JESUS VEM NOS LIBERTAR DO MAL
Quarta-Feira
Da XIII Semana Comum
Primeira Leitura: Am
5,14-15.21-24
14 Buscai o bem, não o mal, para terdes mais vida,
só assim o Senhor Deus dos exércitos vos assistirá, como tendes afirmado. 15
Odiai o mal, amai o bem, restabelecei a justiça no julgamento, talvez o Senhor
Deus dos exércitos se compadeça do resto da tribo de José. 21 “Aborreço,
rejeito vossas festas, diz o Senhor, não me agradam vossas assembleias de
culto. 22 Se me oferecerdes holocaustos, não aceitarei vossas oblações e não
farei caso de vossos gordos animais de sacrifício. 23 Livra-me da balbúrdia dos
teus cantos, não quero ouvir a toada de tuas liras. Que a justiça seja
abundante como água e a vida honesta, como torrente perene”.
Evangelho: Mt 8,28-34
Naquele tempo, 28 quando Jesus chegou
à outra margem do lago, na região dos gadarenos, vieram ao seu encontro dois
homens possuídos pelo demônio, saindo dos túmulos. Eram tão violentos, que
ninguém podia passar por aquele caminho. 29 Eles então gritaram: “Que
tens a ver conosco, Filho de Deus? Tu vieste aqui para nos atormentar antes do
tempo?” 30 Ora, a certa distância deles, estava pastando uma grande
manada de porcos. 31 Os demônios suplicavam-lhe: “Se nos expulsas,
manda-nos para a manada de porcos”. 32 Jesus disse: “Ide”. Os demônios
saíram, e foram para os porcos. E logo toda a manada atirou-se monte abaixo
para dentro do mar, afogando-se nas águas. 33 Os homens que guardavam os
porcos fugiram e, indo até a cidade, contaram tudo, inclusive o caso dos
possuídos pelo demônio. 34 Então a cidade toda saiu ao encontro de
Jesus. Quando o viram, pediram-lhe que se retirasse da região deles.
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É Preciso Passar a Vida
Fazendo o Bem Para Viver Na Plenitude De Deus
“Buscai
o bem, não o mal, para terdes mais vida, só assim o Senhor Deus dos exércitos
vos assistirá. Detestai o mal, amai o bem, fazei reinar a justiça no tribunal.......”,
assim disse o profeta Amós na Primeira Leitura de hoje.
Apesar do anúncio da desgraça, o discurso do
profeta Amós não está totalmente fechado à esperança. A intenção do anúncio do juízo
como ameaça e predição é a última advertência para que todos se convertam. Trata-se
de um último chamamento para a criação das condições de justiça, de retidão e
de fraternidade para que todos vivam felizes e seguros. Segundo o profeta Amós,
a própria desgraça que Deus infligiu a seu povo tem como intenção de Deus de
trazer de volta o povo para Seu lado. Tanto na desgraça como na ameaça dessa
desgraça, segundo Amós, Deus se mostra interessado por seu povo.
Tudo isto quer nos dizer que no fundo do
discurso de Amós sobre a desgraça e a ameaça, há uma mensagem de confiança. Existe
uma tensão entre a ameaça do juízo, condicionada pelo pecado, pela conversão,
pela salvação e pela retidão dos homens, e a esperança de salvação condicionada
pela justiça e pela misericórdia de Deus. Deus é misericordioso desde que nos
convertamos: “Detestai o mal, amai o bem, fazei reinar a justiça no tribunal”.
“Buscai o bem, não o mal, para terdes mais
vida, só assim o Senhor Deus dos exércitos vos assistirá”.
Tudo o que é bom absolutamente é o bem.
Todo ser é bom
na medida em que é perfeito como ser. O bem metafísico é o próprio ser enquanto
perfeição absoluta. O bem vale por si. O bem é aquilo que todos desejam, porque
todos tendem naturalmente para um fim que é seu bem e a nada aspiram senão sob
o aspecto de bem. É aquilo que é buscado por razão de si próprio. Por isso, Aristóteles
dizia “O bem é aquilo a que todas as
coisas tendem” (Ética a Nicômaco, I,1).
Quando uma pessoa se deixar conduzir pelo
bem, ela praticará somente a bondade na convivência com as demais pessoas. A bondade
é a própria perfeição possuída por um ser. E como atividade, a bondade é a
capacidade que possui um ser de dar a outro a perfeição que lhe falta.
Busquemos o bem para que sejamos bons ou
para que sejamos pessoas de bondade. Somente assim Deus nos assistirá. Uma vida
significativa é feita de uma série de pequenos atos diários de bondade e de
decência, que
quando somados no final, resultam, paradoxalmente, em algo grandioso. Pela
prática de atos justos, aprendemos a ser justos; pela prática de atos de
autocontrole, aprendemos a ter autocontrole; e pela prática de atos de coragem,
chegaremos a ser corajosos. Vivemos neste planeta por um tempo muito curto. A
nossa vida relativamente curta é apenas faísca na tela da eternidade. Por isso,
precisamos aprender a apreciar a jornada e a saborear o processo praticando a
bondade.
“Buscai o bem, não o mal, para terdes mais
vida, só assim o Senhor Deus dos exércitos vos assistirá”.
Reflitamos sobre o seguinte pensamento: “Para ser, pelo menos, um
pouquinho feliz, para ter um pouco do paraíso na terra, você deve
reconciliar-se com a vida, com sua própria vida do jeito que estiver, deve
fazer as pazes com seu serviço, com os recursos de sua carteira, com seu rosto
que você não escolheu. Você deve fazer as pazes com as pessoas a seu redor, com
suas falhas e fraquezas, com seu marido (ou sua mulher), mesmo que você não tenha
encontrado o marido ou a mulher ideal. Reconcilie-se com a vida! Você está em
sua própria pele e, em outra pele ninguém mais pode gerar você” (Phil
Bosmans: Eu Gosto De Você,
Ed. Vozes).
É Preciso Acreditar Em
Jesus Porque Ele É Mais Forte Do Que o Mal
Depois que acalmou a tempestade na cena do
evangelho anterior, desta vez Jesus libertou (curou) dois enfermos dando-lhes
uma nova oportunidade na vida. O ato de Jesus de libertar os dois enfermos
mostra que Deus da Bíblia é o Deus que entende a realidade humana e chama o ser
humano a experimentar seu amor misericordioso para poder usufruir a vida
dignamente.
O milagre da libertação dos dois possuídos
na região dos gadarenos está cheio de símbolos. Mateus usa vários termos nesta
cena para nos levar ao sentido da cena e o sentido da presença de Jesus nessa
região: dois possuídos, violentos, moram entre os túmulos (cemitério), e uma
manada de porcos está por perto deles. “Túmulo” é o lugar dos mortos ou onde os
mortos são enterrados. É o lugar dos impuros, como também impuros são os porcos
segundo os judeus. Ao dizer que os dois homens estão “saindo dos túmulos” o
texto quer nos dizer que os dois pertencem aos descartáveis, estão no nível
inferior da sociedade, vivem fisicamente nas margens, longe de núcleos
familiares, estão em condições de mortos em vida e estão em rebelião contra a
sociedade que os oprimem (violentos).
Precisamos nos lembrar daqueles que vivem
desta maneira na nossa sociedade atual, especificamente na nossa cidade onde
moramos atualmente. Quem são os descartáveis nas nossas cidades ou sociedade?
Que não os vejamos como algo normal porque sempre passamos por eles
diariamente. É sempre uma situação desafiadora para qualquer cristão, é uma
situação que nos inquieta.
Os dois, mortos em vida, vão ao encontro da
Vida por excelência, que é Jesus Cristo (Jo 14,6). Mas eles se aproximam de
Jesus de maneira antagônica e fazem duas perguntas rápidas: 1). “Que queres
de nós, Filho de Deus?”. Eles se dirigem a Jesus como Filho de Deus e O
reconhecem como homem de Deus. 2). “Tu vieste aqui para nos atormentar antes
do tempo?”. Esta segunda pergunta revela a consciência do papel de Jesus
como juiz escatológico, aquele que julga no fim dos tempos (Mt 25,31-46). O
tempo do julgamento alvorece no ministério de Jesus embora ainda não seja
plenamente.
Sem responder às perguntas Jesus os libertou
e devolveu-lhes sua dignidade como filhos de Deus e os integrou novamente na
comunidade, mostrando que o poder de Jesus é superior ao mal e ao mau e o vence
eficazmente.
O milagre da libertação dos possuídos não
produz muito efeito para os habitantes locais, que pedem a Jesus que se retire
do seu território. Eles consideram Jesus como culpado pela perda de uma manada
de porcos e não lhe agradecem pela libertação dos dois homens de seus males.
Jesus vai em busca dos corações dóceis ao seu poder.
Isto significa que continua a oposição
contra o plano de Deus como a tempestade contra a barca onde Jesus se encontrava.
A existência alternativa do discipulado, seguindo o compromisso de Jesus para
beneficiar aos excluídos, marginalizados e abandonados significa conflito
porque ameaça os interesses criados pela elite de grande interesse pessoal da
sociedade. Mas no coração aberto para a graça de Deus vai morar a salvação.
Onde há o encontro com a Vida por excelência ali há libertação.
Não há lugar para o poder do maligno em um
mundo onde entrou ou deixa entrar o poder salvífico de Deus. E Jesus continua
sua luta contra o mal. E nós com Ele. É o mal que há dentro de nós e o mal que
há no mundo. É o mal dentro da Igreja e fora dela. É o mal entre os líderes da
Igreja e entre os seus membros. E Jesus continua sendo forte, e nós com Ele. E
no Pai Nosso pedimos sempre a Deus: “Livrai-nos do mal”, que também pode ser traduzido “livrai-nos do mau, do
nocivo”. Quando vamos comungar o Pão da
Vida somos lembrados que Jesus é Aquele que tira o pecado do mundo. E somos
enviados depois da comunhão a ajudar os outros a se libertarem de seus males.
Devemos ser bons transmissores dessa vida recebida na comunhão para os demais
para eles alcancem sua libertação e sua liberdade e vivam gozosamente sua vida.
Onde houver espaço para o Bem e para o bem, não sobrará espaço para o mal. Jesus
foi para a região dos gadarenos para que tenha espaço para o bem eliminando o
mal daquele lugar. Somos enviados para que o bem tenha lugar na vida dos
homens.
O poder de Jesus vence qualquer outro poder.
Por isso, há um só poder com que nós devemos contar: o poder de Deus. “Quem não
conta com Deus, não sabe contar” (B. Pascal). Crer verdadeiramente em Jesus,
com todas as consequência deste crer, é ser vitorioso, pois Deus tem a ultima
palavra sobre os homens. Mesmo que o mal tenha uma aparência poderosa, ele não
tem futuro. Somente o bem tem a marca do futuro, uma marca divina, uma marca da
eternidade.
Será que somos como os gadarenos que
desaprovam a presença de Jesus Cristo, nosso libertador de nossos males? Que
lugar ocupa Jesus nossa vida e que lugar ocupam os bens materiais na nossa
vida. Os gadarenos preferem perder Jesus a perder seus bens (porcos). Precisamos
pedir a Jesus que nos liberte das cadeias que nos atam, dos males que nos
possuem, das debilidades que nos impedem de uma marcha ágil em nossa caminhada
cristã. E temos nos esforçar para corrigir nossos erros. Não corrigir os nossos
erros é uma maneira de cometer novos erros.
P. Vitus Gustama,svd
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