20/12/2016
DEIXAR-SE FECUNDAR
POR DEUS
PARA FECUNDAR OS DEMAIS
20 de Dezembro
26No sexto mês , o anjo
Gabriel foi enviado por
Deus a uma cidade
da Galileia, chamada Nazaré, 27a
uma virgem , prometida em
casamento a um
homem chamado José. Ele
era descendente
de Davi e o nome da Virgem
era Maria. 28 O anjo entrou onde
ela estava e disse: “Alegra-te, cheia de graça ,
o Senhor está contigo !” 29Maria ficou perturbada com estas palavras
e começou a pensar qual
seria o significado da saudação .
30O anjo , então , disse-lhe: “Não
tenhas medo , Maria, porque
encontraste graça diante
de Deus . 31Eis que conceberás
e darás à luz um
filho , a quem
porás o nome de Jesus. 32Ele será grande ,
será chamado Filho do Altíssimo, e o Senhor Deus lhe dará o trono
de seu pai
Davi. 33Ele reinará para sempre sobre os descendentes
de Jacó, e o seu reino
não terá fim ”.
34 Maria perguntou ao anjo : “Como acontecerá isso ,
se eu não
conheço homem algum ?”
35O anjo respondeu: “O Espírito virá sobre
ti, e o poder do Altíssimo te
cobrirá com a sua
sombra . Por
isso , o menino
que vai nascer
será chamado Santo , Filho
de Deus . 36Também Isabel, tua parenta, concebeu um filho na
velhice. Este já
é o sexto mês
daquela que era
considerada estéril , 37porque para Deus nada é impossível ”. 38Maria, então ,
disse: “Eis aqui
a serva do Senhor ,
faça-se em mim
segundo a tua palavra !”
E o anjo retirou-se.
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O relato da “Anunciação” de Jesus é paralelo ao do dia
anterior que anunciava o nascimento de João Batista. Este relato está cheio de reminiscências
bíblicas que podem ser verificadas nas “notas” do rodapé das Bíblias publicadas
recentemente. É conveniente deixar-se levar pelo encanto dos detalhes e a
contemplação do mistério da fé que se esconde neles.
Nazaré da Galileia. Nazaré: povoado ou vila
insignificante, desconhecido no AT. A simplicidade da casa de Maria contrasta
com a solenidade da anunciação a Zacarias, no marco sagrado do Templo, em
Jerusalém, a capital. Galileia: província desprezada pela mistura de judeus e
pagãos.
Uma jovem desposada cujo nome é Maria. É uma moça do povo
muito simples que nada a distingue de suas companheiras. A moça do povo. Maria,
uma humilde moça é eleita por Deus para ser a Mãe do Esperado, do Emanuel, do
Deus-Conosco. O anjo a chama de “cheia
de graça”, “bendita entre as mulheres”, “mãe do meu Senhor” e lhe anuncia uma
maternidade que não vem da sabedoria ou das forças humanas e sim do Espírito
Santo, porque seu Filho será o Filho do Deus altíssimo.
Maria é desposada com certo varão da descendência de Davi
cujo nome é José. José é, então, de etnia real despojado de toda grandeza: é um
artesão, um carpinteiro, sem nenhuma pretensão de ocupar um trono. No entanto,
através dele será cumprida a promessa feita a Davi.
A moça simples, Maria, mostra sua atitude de disponibilidade
para Deus apesar da pouca experiência como jovem, mas que acredita plenamente
na Palavra de Deus: “Eis aqui a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a
Tua Palavra!”. Esse “Faça-se” não é somente no momento da anunciação e sim
será para toda a vida, inclusive será na sua presença dramática ao pé da Cruz
do seu Filho, Jesus (cf. Jo 19,25-27).
Maria aparece já desde agora como a melhor mestra da vida
cristã. O mais acabado modelo de todos os que têm disponibilidade de dizer
“sim” à vontade ou ao plano de Deus. Maria é o melhor espelho no qual cada
cristão pode se espelhar. É possível ser instrumento do Senhor desde que
saibamos nos deixar fecundar pela Palavra de Deus para que possamos fazer
nascer o Salvador para nosso mundo.
Não é por acaso que de todas as cenas
que a Igreja usa na liturgia do Advento, a anunciação a Maria é a mais famosa
por excelência. A anunciação do Anjo do Senhor a Maria tem aparecido
freqüentemente na teologia, na espiritualidade, na arte, na música e na
literatura.
Na anunciação do nascimento de João Batista (Lc 1,5-25), o
anjo aparece num lugar sagrado, por excelência, no Templo de Jerusalém. A
aparição do anjo a Maria acontece em Nazaré, uma cidade desprezada de uma terra
desonrada e desconhecida. Até Natanael, o futuro apóstolo do Senhor perguntou:
“De Nazaré pode sair coisa boa?” (Jo
1,46). Esta diferença sublinha uma nova economia onde Deus se oferece, não mais
na economia do templo de pedra, o lugar sagrado, a sacralidade, mas num lugar
pobre, vulgar, até desprezado, naquilo que os homens desprezam e julgam
insignificante e humilde e na pessoa simples, como Maria. Como disse o Papa
Bento XVI: “Deus não habita num móvel, e sim numa pessoa, num coração:
Maria, Aquela que trouxe no seu ventre o Filho Eterno de Deus que se fez homem,
Jesus, nosso Salvador”.
A eleição de Maria como Mãe do Salvador não é fruto de uma
obra humana, e sim o fruto da complacência gratuita de Deus, da pura graça,
pois Deus se antecipa à obra do homem e é o pressuposto absoluto de toda a
iniciativa humana.
1. Somos O
Que Somos Pela Graça de Deus
A graça é benefício absolutamente gratuito, livre e sem
motivo (cf. Ex 33,12. 19; 34,6). Por isso, a graça é o espaço, é o lugar onde a
criatura pode encontrar o seu Criador e ao encontrar o Criador o ser humano se
encontra. Pela graça de Deus nós somos o que somos (cf. 1Cor 15,10). Pela
graça, Deus baixa-se em direção à criatura. O Eterno entra no tempo para
transformar o tempo humano em tempo da graça.
Que significa para a Igreja, e para cada um de nós, o fato
de que a história de Maria começa com a palavra “graça”? Significa que, para
nós também, no começo de tudo, está a graça, a livre e gratuita eleição de
Deus, o seu inexplicável favor, o seu vir ao nosso encontro em Cristo e o seu
doar-se a nós por puro amor. Significa que a graça é o “primeiro princípio do
cristianismo”.
Lucas coloca esta cena
na narrativa da infância
de Jesus para destacar
Maria como modelo
de qualquer cristão :
Ela é a primeira discípula-modelo;
modelo de fé
e modelo de quem
medita a Palavra de Deus no coração
e de quem vive de acordo com a Palavra de Deus (cf. Lc 1,38).
2. Maria É A Primeira
Discípula-Modelo
A primeira mensagem dessa anunciação
é centrada na concepção de Jesus como Messias e Filho de Deus .
E Lucas apresenta Maria como a primeira a ouvir e a acertar a mensagem , para depois
proclamá-la (Lc 1, 39-45). Sua condição de discípula
realiza-se quando ela
diz “sim ” à vontade
de Deus a respeito
de Jesus. Mas tal
prontidão lhe
é possível porque
Maria já dispõe da graça
de Deus pelo seu modo de vida . Desta maneira
não há exagero
ao dizer-se que Maria ouviu o Evangelho de Jesus Cristo
e de fato , foi a primeira
a fazê-lo. Assim Lucas eleva Maria à condição de primeira
discípula-modelo e Lucas fornece aqui a mais forte evidência para o fato importantíssimo de que
ela é discípula
de Jesus.
3. Maria É Modelo
De Fé
Duas coisas
transparecem de Maria em relação à fé : Sua vida de fé , de entrega humilde e confiante
que não
entende tudo , mas
confia, e sua fé
que cresce mediante
a reflexão e a meditação .
E a vida vai tornando manifesto daquilo que
lhe era
confuso. Mas certamente
é próprio da fé
viver no lusco-fusco (o anoitecer ) e criar luz na medida em que acolhe e
se entrega ao plano
de Deus . A fé
convive com a perplexidade, mas não pode subsistir com a incredulidade . Deve-se superar
a incredulidade . Faz parte da fé aqueles momentos
de escuridão , onde
a razão se cala
e a alma se entrega
a Deus .
4. Maria é modelo
de quem medita a Palavra
de Deus
Quantas vezes Deus se comunica conosco ,
mas a sua
Palavra não
penetra em nós . Por que isso
acontece? Com toda
a agitação e barulho
ao nosso redor
ou dentro
de nosso próprio
coração temos muita
dificuldade em
parar para escutar
a voz interior ,
a voz de Deus .
Certamente a vida
equilibrada e com sentido
começa com
a criação de um
espaço interior ,
no qual a pessoa
vai juntando os acontecimentos e procura seu sentido e com certeza pode perceber os sinais de Deus
na vida .
A partir de Maria, a acolhida da Palavra nem sempre é conseqüência
de uma escuta em
que ela
é ouvida com
total clareza .
Maria passou pela experiência
da obscuridade que
envolve a Palavra (cf. Lc 2,34s.49s). A Palavra é acolhida na fé ,
independentemente da clareza de seu significado .
Maria vem nos ensinar a cultivar a
interioridade. Guardar as coisas
no coração , meditar
e buscar sentido
nos acontecimentos
e preparar-se para o que
vai acontecer . Deus
se comunica através da vida e da Palavra
inspirada, a Bíblia . Somos chamados, a exemplo de Maria, a cultivar
a interioridade, para meditar
fatos e palavras
da vida e da Bíblia ,
guardá-las no coração e melhorar nossa
prática cristã.
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