Nossa Senhora de Guadalupe, 12/12/2016
NOSSA SENHORA DE
GUADALUPE
PADROEIRA DA AMÉRICA LATINA
12 de
Dezembro
Texto de
leitura: Lc 1,39-47
39 Naqueles dias, Maria partiu para a região
montanhosa, dirigindo-se, apressadamente, a uma cidade da Judeia. 40 Entrou na
casa de Zacarias e cumprimentou Isabel. 41 Quando Isabel ouviu a saudação de
Maria, a criança pulou no seu ventre e Isabel ficou cheia do Espírito Santo. 42
Com um grande grito, exclamou: “Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o
fruto do teu ventre! 43 Como posso merecer que a mãe do meu Senhor me venha
visitar? 44 Logo que a tua saudação chegou aos meus ouvidos, a criança pulou de
alegria no meu ventre. 45 Bem-aventurada aquela que acreditou, porque será
cumprido o que o Senhor lhe prometeu”. 46 Então Maria disse: “A minha alma
engrandece o Senhor, 47 e o meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador”.
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No dia 12 de
dezembro celebramos a festa de Nossa Senhora de Guadalupe.
A história do surgimento
desta festa foi contada da seguinte
maneira. O índio Juan Diego, cujo nome asteca era Cuauhtlatohayc, nasceu em
1471, perto da cidade do México, na aldeia de Cautitlán, pertencente aos índios
Mazehuales. Era então Arcebispo da
cidade do México, Dom Juan de Zumárraga, franciscano basco. Era o segundo bispo
da Nova Espanha.
Conforme a lenda e
tradição, no Sábado, 9 de dezembro de 1531, pelas seis horas da manhã,
quando o índio Juan Diego se dirigia de sua aldeia para a de Tolpetlac para
assistir uma função religiosa na missão franciscana de Tratetolco, ao chegar ao
monte Tepeyac, às margens do lago Texcoco, viu uma jovem de uns 15 anos, que
lhe ordenou ir falar com o Bispo a fim de pedir-lhe que construísse um templo
no vale próximo.
No mesmo dia a tarde
por volta das 17:00 horas, Juan Diego vê novamente a jovem, e lhe relata a
incredulidade do bispo e pede que escolha outro mensageiro. Porém a jovem
insiste em sua missão de ir ter novamente com o bispo e pedir a construção do
templo.
No dia seguinte, Domingo 10 de dezembro, às 15 horas, Juan Diego fala novamente com o bispo. O bispo ainda não acredita e pede algum sinal. Pela terceira vez a jovem lhe "aparece" e ordena a Juan Diego que volte ao monte no dia seguinte para receber o sinal pedido pelo bispo. Entretanto, no dia seguinte, Juan Diego, não vai ao monte devido a doença de seu tio Juan Bernardino.
No dia seguinte, Domingo 10 de dezembro, às 15 horas, Juan Diego fala novamente com o bispo. O bispo ainda não acredita e pede algum sinal. Pela terceira vez a jovem lhe "aparece" e ordena a Juan Diego que volte ao monte no dia seguinte para receber o sinal pedido pelo bispo. Entretanto, no dia seguinte, Juan Diego, não vai ao monte devido a doença de seu tio Juan Bernardino.
Na madrugada do dia
12 de dezembro, terça-feira, devido a gravidade da doença de seu tio, Juan
Diego sai de sua aldeia para buscar um sacerdote, e rodeia o monte para não
encontrar a virgem. Mesmo assim ela lhe "aparece" e fala que seu tio
ficará curado, e pede que vá ao monte buscar rosas que seria o sinal. Ao seu
regresso, a virgem diz: Estas diferentes flores são a prova, o sinal que
levarás ao bispo.Diga-lhe que veja nelas meu desejo, e com isso, execute minha
vontade.
Ao mesmo tempo que
Juan Diego encontra a jovem, ela "aparece" também a seu tio doente e
cura instantaneamente suas enfermidades e manifesta seu nome: "Sempre
Virgem Santa Maria de Guadalupe".
No dia 12 de
dezembro, após a quarta "aparição", Juan Diego leva em seu poncho,
como prova, rosas frescas de Toledo (e isto em pleno inverno mexicano). Já na
casa do bispo, por volta do meio dia, na hora que abriu o poncho (ayate) onde
estavam embrulhadas as flores, estava estampada a imagem de Nossa Senhora: "A
Virgem de Tequatlaxopeuh". A mesma que hoje se venera na Basílica de
Guadalupe, México. A imagem estampada é de 143 cm de altura. Durante 116 anos,
de 1531 a 1647, a pintura esteve desprotegida e exibida em várias procissões
solenes. A pintura resistiu à umidade e ao salitre, muito abundante e muito
corrosivo naquela região, antes de ter sido secado o lago Texcoco. O tecido da
tela é de tão má qualidade que deveria ter se desintegrado em questão de 20
anos, mas resistiu até hoje. A veneração popular levou piedosos e doentes a que
beijassem as mãos e a face da pintura ou que fosse tocada com objetos cujo
material deveria ter deteriorado ou destruído o tecido e a pintura. Só Deus
pode explicar a razão de tudo isso. Somos capazes de dizer é um milagre.
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O texto do evangelho lido neste dia nos fala
que Maria atravessando Palestina de norte a sul com o Filho de Deus em suas
entranhas, e chegando à casa de Zacarias e provocando ali cenas de entusiasmo é
uma imagem muito sugestiva. Ao dizer sim, Maria aceitou ser fecundada pelo
Espírito de Deus (cf. Lc 1,38). Por isso, Maria é portadora da salvação e é
fonte de alegria por causa do Senhor que habita no seu coração.
O sim de Maria para a entrada de Deus na sua
vida é radical. Quanto maior for a radicalidade de nosso sim a Deus, maior será
nossa fecundidade e numerosos terão filhos espirituais. Eu sou chamado a ser
“Pai” para ter “filhos espirituais” que salvam o mundo.
Além disso, para que sejamos fonte de
alegria para os outros temos que dizer sim ao plano de Deus e deixar que o
Espírito de Deus nos fecunde. Para que nossa presença se torne uma presença
alegre temos que deixar Jesus ocupar nosso coração, como Maria que se deixa para
que seu ventre seja habitado pelo Salvador do mundo, Jesus Cristo.
Na Anunciação o Anjo do Senhor “entrou” na
casa de Maria e a “saudou”. Nessa visita Maria fez a mesma coisa: ela “entrou”
na casa de Zacarias e saudou a Isabel. É a saudação da Mãe do Senhor para a mãe
do Precursor do Senhor. A saudação de Maria comunica o Espírito a Isabel e ao
menino. A presença do Espírito Santo em Isabel se traduz em um grito poderoso e
profético: “Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu
ventre. Como posso merecer que a mãe do meu Senhor me venha visitar? Logo que
tua saudação chegou aos meus ouvidos, a criança pulou de alegria no meu ventre.
Bem-aventurada aquela que acreditou, porque será cumprido o que o Senhor lhe
prometeu” (Lc 1,42-45). Aqui Isabel fala como profetisa: se sente pequena e
indigna diante da visita daquela que leva em seu seio o Senhor do universo.
Sobram as palavras e explicações quando alguém entra na sintonia com o
Espírito. Maria leva no seu seio o Filho de Deus concebido pela obra do
Espírito Santo. E a presença do Espírito Santo em Isabel faz com que Isabel
glorifique a Deus. Por isso, o encontro entre Maria e sua prima Isabel é uma
espécie de “pequeno Pentecostes”. Onde entra o Espírito Santo, ai entra também
paz, alegria e vida divina.
A Mãe de Senhor que leva Jesus em seu seio é
a causa de alegria. Ou podemos dizer de outra maneira: o Senhor no seio de
Maria “empurra” Maria ao encontro dos outros. Quando estivermos cheios de Jesus
Cristo em nosso coração, a nossa presença traz alegria e a paz para a
convivência. A ausência de Cristo em nosso coração produz problemas na
convivência.
A mulher de fé, Isabel, felicita Maria
porque crê e Maria responde com uma nova e solene afirmação de fé, proclamada
em forma de hino de alegria: o Magnificat. Podemos nos perguntar se nossa fé
fica longe da fé de Maria tanto em consistência como em conteúdo. Isabel
felicita Maria porque crê que Deus é capaz de atuar e salvar ainda que possa
parecer impossível (cf. Lc 1,37). Temos esta fé que Isabel felicita? Somos
capazes de acreditar em Deus até nas coisas impossíveis?
Pela fé, que se traduz na vivência do amor
fraterno, é que entramos em comunhão com Jesus e com seu Pai que o enviou para
nos salvar (cf. Jo 14,23-24). A fé, como foi dito, é o reconhecimento do
próprio desamparo, de um lado e a aceitação do poder salvador de Deus na nossa
vida, do outro lado.
O canto de Maria, o Magnificat, é algo mais
que uma proclamação social. Ele nos revela que somente Deus é a riqueza
verdadeira. Por isso, quem se encontra cheio de si e de suas coisas, na verdade
está vazio do essencial. Somente abrindo-se à profundidade de Deus e de seu
amor, ao receber a graça do perdão e ao estendê-lo para os outros, o homem
chegará a converter-se verdadeiramente em rico. O exemplo máximo é a figura de
Maria.
P. Vitus Gustama,svd
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