sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

Domingo, 01/01/2017

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MARIA, SANTA MÃE DE DEUS


Primeira Leitura: Nm 6,22-27


22O Senhor falou a Moisés, dizendo: 23'Fala a Aarão e a seus filhos: Ao abençoar os filhos de Israel, dizei-lhes: 24O Senhor te abençoe e te guarde! 25O Senhor faça brilhar sobre ti a sua face, e se compadeça de ti! 26O Senhor volte para ti o seu rosto e te dê a paz! 27Assim invocarão o meu nome sobre os filhos de Israel, e eu os abençoarei'.


Segunda Leitura: Gl 4,4-7


Irmãos: 4Quando se completou o tempo previsto, Deus enviou o seu Filho, nascido de uma mulher, nascido sujeito à Lei, 5a fim de resgatar os que eram sujeitos à Lei e para que todos recebêssemos a filiação adotiva. 6E porque sois filhos, Deus enviou aos nossos corações o Espírito do seu Filho, que clama: Abbá - ó Pai! 7Assim já não és mais escravo, mas filho; e se és filho, és também herdeiro: tudo isso, por graça de Deus.


Evangelho: Lc 2,16-21


Naquele tempo: 16 Os pastores foram às pressas a Belém e encontraram Maria e José, e o recém-nascido, deitado na manjedoura. 17Tendo-o visto, contaram o que lhes fora dito sobre o menino. 18E todos os que ou viram os pastores ficaram maravilhados com aquilo que contavam. 19Quanto a Maria, guardava todos estes fatos e meditava sobre eles em seu coração. 20Os pastores voltaram, glorificando e louvando a Deus por tudo que tinham visto e ouvido, conforme lhes tinha sido dito. 21Quando se completaram os oito dias para a circuncisão do menino, deram-lhe o nome de Jesus, como fora chamado pelo anjo antes de ser concebido.
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I. Maria, Santa Mãe De Deus


Celebramos no dia 01 de Janeiro a solenidade de Maria, Santa Mãe de Deus. No gozo desta celebração está presente esta mulher singular que saudamos e veneramos como Santa Maria, Mãe de Deus. O Senhor que decidiu fazer-se homem entre os homens quis fazê-lo a nosso estilo, nascendo de uma mulher, como sublinha São Paulo na segunda leitura: “Quando chegou a plenitude do tempo, enviou Deus o seu Filho, nascido de uma mulher a fim de que recebêssemos a adoção filial.... De modo que não és escravo, mas filho. E se és filho, és também herdeiro, graças a Deus” (Gl 4,4-5.7). Por ter nos dado como fruto de seu ventre Jesus, Filho de Deus, somos elevados à categoria de filhos de Deus por Maria. Por isso, ela também é a nossa mãe. Ela é a rainha da Paz porque o Príncipe da paz é o Filho de Deus de suas entranhas e paz é sua maternidade sobre o gênero humano.  A Virgem Maria, modelo e sinal da Igreja, nos indica que também nós temos de ser portadores da paz para o nosso mundo.


O títuloMãe de Deus” (theotókos) dado a Maria foi sancionado solenemente pelo Concílio de Éfeso em 431. Com o títuloMãe de Deus” quer-se declarar o vínculo indissolúvel que une Maria, como mãe, ao Filho de Deus feito homem. Através de sua colaboração com o Pai e o Espírito Santo, Maria adquire uma especial relação com a Trindade. Mãe escolhida para colaborar na encarnação do Filho de Deus, do Verbo do Pai, nós a chamamos de “Mãe de Deusporque Jesus-Deus nasce dela, “nascido de uma mulher” (Gl 4,4). É mãe no sentido físico, psicológico e espiritual, pois ela colabora com Deus, doa seu assentimento livre e gera no amor. Como mãe, Maria exerce sua função, seu papel e sua missão materna para com o filho, Jesus, o Verbo encarnado do Pai, colocando-se totalmente à disposição do filho no silêncio e na humildade. É mãe que faz o Filho crescer na estatura, graça e sabedoria (cf. Lc 2,52). É mãe que vive pelo filho com aflição (cf. Lc 2,48), participando de sua missão até a morte (cf. Jo 19,25) e também depois da morte (cf. At 1,4), e, sem dúvida, aquele que está cheia de graça (cf. Lc 1,28) hoje está ao lado do seu Filho na glória eterna.


Maria é mãe de Jesus não apenas no sentido de Jesus ter nascido dela, mas também porque ela aceitou a vontade de Deus incondicionalmente: “Faça-se em mim segundo a Sua Palavra!” (Lc 1,38). Por isso, o próprio Jesus afirmará mais tarde: “Minha mãe e meus irmãos são estes, que ouvem a Palavra de Deus e a observam” (Lc 8,21). É evidente que Maria foi mãe no sentido comum e corrente da palavra: gerou o afeto, deu a luz a um filho, o amamentou, criou, etc. Porém o evangelista Lc quer ir além dessa questão: gerar Jesus não é um simples processo biológico. É também um processo de , para que o filho seja realmente reconhecido como “Jesus”, o Salvador, tal como o anjo o anunciara, isto é, tal como estava nos desígnios de Deus. Como disse Santo Ambrósio: “Por isso, Maria concebeu duplamente seu Filho: pela em sua alma e pela maternidade em seu seio”.


Mas a maternidade divina de Maria não é graça exclusiva e sim graça eclesial. Também poderemos chegar a serMãe de Deus” se escutarmos e acolhermos a Palavra de Deus, se nos deixarmos penetrar pela Palavra de Deus. Podemos serMãe de Deus” se fazemos crescer a Palavra de Deus e a vivemos e dela produzimos os frutos para a humanidade carente de sentido da vida. Podemos chegar a serMãe de Deus”, se acolhemos o Espírito de Deus e nos deixamos impregnar por ele, se chegamos a sintonizar com seus desejos e moções, se nos comunicamos intimamente com ele. Podemos chegar a serMãe de Deus” se colocamos nossa vontade e todo nosso ser à disposição e ao serviço da vontade de Deus.


Maria sempre foi um veículo da graça de Deus e por isso ela é chamada pelo anjo do Senhor de “Cheia de graça”.  Por estar cheia de graça onde nãonenhum espaço para o pecado e por ser a Mãe do Redentor é que na segunda parte da Ave Maria pedimos: “Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós, pecadores, agora e na hora de nossa morte”. E pedimos a intercessão de Maria todos os dias porque ela é a nossa mãe também pela nossa participação na filiação de Jesus Cristo(cf. Jo 19,26). A mesma maternidade que Maria exercia para com Jesus se amplia em relação aos irmãos dele, para com aqueles que Jesus redimiu, e que desde aquele dia invocam Maria também como sua mãe(cf. LG 61-61). 


Nós chamamos Nossa Senhora de “Mãe”. “Mãe” é uma criatura que, antes de nascermos, conversava e dialogava conosco e pensava em nós. Antes de nascermos éramos alguém no amor e na esperança de nossa mãe. Mãe é aquela que, com seu amor deslumbrante, puro e maternal, continua fortalecendo nosso viver, nossa esperança e nossos ideais. Nós somos, existimos, falamos, amamos e respiramos porque a mãe foi tudo para nós.


Maria é a mãe da Igreja, nossa mãe com todas as características acima mencionadas. Ser mãe da Igreja é um serviço, um papel e uma missão. Maria é uma mãe que sempre dirige seu olhar sereno para nós para dizer aquilo que ela dizia na festa de casamento em Cana da Galiléia: “Fazei tudo o que Jesus vos disser!” (Jo 2,5).


Com Dom Helder Câmara rezemos:


MARIA-MÃE DE DEUS


“Mãe, que tantas vezes remendaste as roupas de Cristo- e teus remendos eram feitos com tanto amor que desapareciam aos olhos dos próprios anjos! – junta os pedaços da túnica de teu Filho e restaura, Senhora, a veste simbólica que um dia tuas mãos teceram...


Pode parecer pretensão para quem começa,
Pode parecer absurdo para quem é inábil,
Mas não me basta tecer...
Ensina-me o segredo das túnicas inconsúteis”.          


II. Santa Maria é uma Mulher da Paz que faz nascer o Príncipe da paz


O Senhor te abençoe e te guarde! O Senhor faça brilhar sobre ti a sua face, e se compadeça de ti! O Senhor volte para ti o seu rosto e te dê a paz!” (Nm 6,24-26)


 No dia primeiro de Janeiro celebramos também o Dia Mundial da Paz. Maria é a Mãe do Príncipe da Paz, Jesus Cristo. A encarnação do Verbo e a maternidade divina são duas faces do mesmo mistério: querendo fazer-se homem, Deus preparou para si um ventre; um ventre cheio da paz, o ventre de Maria. Foi Maria quem deu à luz o Príncipe da Paz, Jesus Cristo, Verbo Encarnado, porque ela disse sim à vontade de Deus: “Faça-se em mim segundo a Tua palavra” (Lc 1,38). Somente de uma pessoa da paz nasce a paz. Maria é uma mulher da paz e dela nasceu o Príncipe da paz, Jesus Cristo. Ela não guarda para si este Príncipe da Paz, mas ela dá ao mundo, a todos nós para que nossa vida seja reinada pela paz constantemente quando aceitarmos com coração aberto Jesus Cristo porque Jesus entre onde lhe é permitido entrar. Isto quer dizer que “Não basta ser pacífico. É necessário ser ‘promotor’ da paz. A paz entre o homem e Deus é a harmonia da obediência do homem à vontade de Deus. (Por isso) A paz há de ser sempre objeto de nossas aspirações” (Santo Agostinho). A paz é difícil, mas não é impossível porque exige renúncia à ira e às vinganças. A paz é um dever universal e perpétuo. É preciso querer a paz todos os dias e todas as noites, no descanso, na rádio, nas revistas, nos olhos, nas palavras, nas casas, na face dos grandes e no olhar dos pequenos. Juremos a paz em nós. Necessitamos de muitos prêmios para a paz nesta terra.


A maioria das imagens de Nossa Senhora tem um olhar muito sereno. No olhar sereno de tantas imagens de Maria com seu Filho Jesus Cristo temos como um sacramento o olhar de Deus capaz de restaurar nossos corações aflitos. O olhar de Maria dirigido a cada um de nós é um olhar que gera a paz e bem estar, pois ela está sempre com seu Filho, Jesus Cristo, o Príncipe da paz. O olhar de Maria desperta a paz no coração. A paz nasce certamente do coração bom. E no belo olhar de tantas mães dirigido ao filho nos seu colo temos também um sinal da bondade dos homens e da humanidade de nosso Deus.


Um olhar duro e agressivo, ao contrário, só desperta sentimentos de mal-estar, de oposição e de guerra. Precisamos do olhar de Maria logo no começo deste ano para que entre nós haja mais a fraternidade e a paz, para que o lugar onde estamos não se transforme em vale de lágrimas.


Se vis pacem, para bellum”, “se queres a paz, prepara-te para a guerra”. É um ditado baseado numa frase de Vegécio do século IV d.C: “Qui desiderat pacem, praeparet bellum”, “Quem deseja a paz, prepare a guerra” (Tratado da Arte Militar, III, Prólogo). “Deves amar a paz sem odiar os que fazem a guerra”, dizia Santo Agostinho. Será que precisamos preparar a guerra para ter a paz? A guerra que devemos preparar, na verdade, não é a guerra contra os inimigos, mas a guerra contra nós mesmos, contra as tendências violentas dentro de nós, como os sentimentos vingativos, rancorosos, ressentidos e outros sentimentos negativos que são mais contra nós mesmos do que contra os outros, pois ninguém dá aquilo que não tem. A desordem exterior provém da desordem interior.


Para que possamos encontrar o caminho que nos conduz à paz, precisamos entender a linguagem bíblica sobre a paz. Os hebreus quando se cumprimentam, eles mutuamente se desejam SHALOM para que o outro possa ter tudo o que o ser humano precisa para viver: paz, plenitude de vida, bem-estar, felicidade, contentamento. Em outras palavras: shalom é uma harmonia entre os homens e Deus, entre os homens mutuamente e uma harmonia dentro de cada ser humano espiritual e materialmente. E no sentido estrito, a harmonia significa unidade na variedade. Todos nós naturalmente somos atraídos pela unidade porque todas as diferentes criaturas e forças do universo foram criadas por um só Deus. Como uma folha, um galho e um pedaço de casca podem não se assemelhar em nada, mas todos eles fazem parte da mesma árvore. Por isso, a harmonia acontecerá quando cada um estiver consciente da sua origem do ser que é Deus. Sou diferente, mas sou de Deus. O outro é diferente, mas ele é de Deus. Por isso, eu e o outro somos um na origem do ser, somos irmãos e irmãs. O desafio da unidade é reconhecer as forças dos diferentes elementos e juntá-las sem anular a individualidade de cada um deles para evitar qualquer uniformidade no pensar e no agir.


Os gregos traduzem o termo hebraico “shalom” por “eirene” que significa prosperidade, mas também repouso, tranquilidade da alma. E no estado de tranquilidade e paz o ser humano pode criar uma existência segura e alcançar a prosperidade. Por isso, eirene tem a ver com harmonia: tudo combina com tudo. “A paz de todas as coisas é tranquilidade da ordem”, dizia Santo Agostinho. Se tudo está em ordem para o homem, ele pode viver harmoniosamente, em concordância com seu coração, mas também com os irmãos e irmãs. Consequentemente, surge uma consonância dos corações e uma harmonia das condições externas.


Neste começo do Ano Novo precisamos renunciar à discórdia para abraçar a concórdia. Discórdia vem da palavra “dis” que significa separação, divisão, afastamento; e “córdia” (cor, cordis) significa coração. Discórdia, portanto, significa separação dos corações, divisão dos corações. Isolamento. A separação dos corações doe muito mais do que a separação física. E “concórdia” vem da palavra “com” significa união, companhia, estar junto, ser companheiro (comer o mesmo pão ou do mesmo pão). Concórdia significa corações companheiros, juntos, unidos, fraternos, amigos, em aliança, em comunhão, interligados com laços de amor. Duas pessoas podem estar distantes fisicamente, mas se seus corações estiverem em concórdia, elas estão próximas uma da outra. Ao contrário, duas pessoas podem morar na mesma casa, mas se houver a separação dos corações, distantes interiormente, na verdade elas estão muito mais distantes do que a distância física.


Portanto, deixemos de lado a discórdia para tomar partido da concórdia. Discorde da injustiça. Concorde com a paz. Discorde do mal. Concorde com o bem. Discorde da vingança. Concorde com o perdão. Discorde da difamação. Concorde com o respeito mútuo. Discorde da exploração. Concorde com a honestidade. Discorde da mentira. Concorde com a verdade e a sinceridade. Discorde da briga violenta. Concorde com o diálogo amoroso. Discorde da libertinagem. Concorde com a liberdade com responsabilidade, pois a liberdade é um dom concedido pelo sangue do senhor derramado na cruz para nos salvar e o bom uso da liberdade é uma conquista.


E no início deste ano vamos limpar, perfumar o trono de Deus, que é a nossa alma, e Jesus Cristo virá, trazendo a paz. Que seu coração, nosso coração se encontre limpo e perfumado neste início do ano para que a paz do Senhor conduza sua caminhada, nossa caminhada neste ano que se inicia. Que cada participante da celebração possa dizer ao outro: “O Senhor te abençoe e te guarde! O Senhor faça brilhar sobre ti a Sua face, e se compadece de ti! O Senhor volte para ti o Seu rosto e te dê a paz!” Assim seja!


P. Vitus Gustama,svd

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