22/12/2016
DEUS NOS
OLHA AMOROSAMENTE
22 de Dezembro
As leituras : 1Samuel 1,24-28; Lc 1,46-56
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Lc 1,46-56
Naquele tempo ,
46Maria disse: “A minha alma engrandece o Senhor , 47e
o meu espírito
se alegra em
Deus , meu
Salvador , 48porque
olhou para a humildade
de sua serva .
Doravante todas as gerações
me chamarão bem-aventurada ,
49porque o Todo-poderoso fez grandes
coisas em
meu favor . O seu nome é santo , 50e sua
misericórdia se estende, de geração em geração , a todos
os que o temem.51Ele mostrou a força de seu braço : dispersou os soberbos
de coração . 52Derrubou do trono os poderosos
e elevou os humildes . 53Encheu
de bens os famintos ,
e despediu os ricos de mãos vazias. 54Socorreu Israel, seu servo ,
lembrando-se de sua misericórdia ,
55conforme prometera aos nossos pais , em favor de Abraão e de sua descendência ,
para sempre ”.
56Maria ficou três meses com Isabel; depois
voltou para casa .
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As leituras
deste dia nos
propõem um paralelo
entre o cântico
de Ana e o de Maria. As duas mulheres , a do Antigo
Testamento (Ana) e a do Novo Testamento (Maria),
reconhecem a intervenção de Deus em suas vidas e
louvam a Deus por
isso .
No cântico
de Ana se inspira o Magnificat de Lucas,
fragmento que
lemos hoje . Esta resposta
de Maria à saudação de Isabel, sua
prima , que
conhecemos tradicionalmente com o nome de Magnificat, é uma oração
de ação de graças
composta de citações
do Antigo Testamento . Depois de escutar
os louvores de sua
prima , Maria entoa um
cântico de admiração ,
alegria e gratuidade a Deus , o Magnificat, que
a Igreja tem cantado ou rezado de geração
em geração .
“Magnificat” (= engrandece) é, na verdade , a primeira palavra
latina da tradução
do texto na versão
latina : “Magnificat anima mea,
Dominum”. No canto , as expressões
"minha alma "
e "meu espírito "
são sinônimos
e equivalem a "eu ". É o "eu " de Maria, não
simplesmente psicológico ,
mas ontológico
e espiritual . O Magnificat de Maria é uma das mais
belas orações do Novo
Testamento com
múltiplas reminiscências do Antigo Testamento
(cf. 1Sm 2,1-11; Sl 110,9; 102,17; 88,11;106,9; Is 41,8-9).
O cântico de Maria (Magnificat) que expressa a ação de graças pessoal
de Maria (vv. 48-49ª) reflete os cânticos litúrgicos judaicos. Essa ação de
graças é extraída, inteiramente, das fórmulas que o AT aplicava a Israel:
v. 48ª lembra Dt 26,7; v. 48b inspira-se em Ml 3,12; v.49 reproduz Dt
10,21. Assim há aqui a assimilação entre Israel e Maria que o evangelista Lucas
acompanha desde o início de capitulo I (cf. Lc 1,26-38; 2,39-47).
Nesta cena Maria é também igualmente identificada com Abraão: Lc 1,38 e
Gn 18,14; Lc 1,30 e Gn 15,2; Lc 1,48 e Gn 12,3. Em Abraão, o povo de Israel
recebeu as promessas; em Maria, ele toma posse dessas promessas.
No Magnificat, Maria aparece consciente
de sua grandeza ,
mas , como
humilde Serva
do Senhor , transfere-a para
Deus , reconhecendo, pois ,
sua pequenez ,
e dobrando-se diante do mistério
do Deus sempre
eterno e misericordioso. Maria sabe relacionar sua
maternidade divina
e messiânica com as promessas
antigas, feitas a Abraão e à sua descendência ,
ligando, assim , o favor
de Deus operante
nela ao cumprimento de tais
promessas . Maria se deixou ver por Deus , deixou-se amar por Deus com total transparência .
Nas palavras do Magnificat, a ordem dos valores
do mundo sofre uma alteração radical , e aqui
numa ressonância também
política , econômica
e social , pois
os pobres e humildes
são exaltados; os soberbos ,
derrubados de seus tronos ;
os ricos , opulentos
e insensíveis , são
despedidos de mãos vazias.
O canto ou
a oração que
o evangelista Lucas põe tão acertadamente nos
lábios de Maria e provavelmente provinha
da reflexão teológica
e orante da primeira comunidade é um
magnífico resumo
da atitude religiosa
de Israel na espera messiânica e é também a melhor
expressão da fé
cristã diante da história
da salvação que chegou à sua plenitude com a chegada
do Messias , Salvador e Libertador da humanidade .
Jesus, com sua
clara opção
preferencial pelos
pobres e humildes ,
pelos oprimidos
e marginalizados, pelos abandonados e
excluídos, pelos doente
e pecadores , é o melhor
desenvolvimento prático
do que é dito
no Magnificat.
Maria louva a Deus pelo Natal de seu Filho , nosso Salvador , Jesus Cristo . O Magnificat de Maria é o melhor
resumo da fé
de Abraão e de todos os justos do Antigo
Testamento . É um
canto dos humildes
de todos os tempos ,
de todos os que
necessitam da libertação de suas várias opressões
que a vida
ou os outros
impõem. Através de Maria o Deus-distante
se torna Deus-Conosco para
que vivamos o Natal
com convicção
de que Deus
está presente e atua em
nossa história
por difícil
que ela
pareça ser . Se soubermos apreciar
o Deus-Conosco, crescerão a paz interior e a atitude de esperança em nós . Ana nos ensina que com Deus não há nada que seja
perdido. Só o tempo
vai comprovar tudo
isso . Mas
o tempo de Deus
é o tempo certo
para nossa
salvação.
Maria se sabe pequena, humilde e modesta. Ela não faz parte dos grupos
de pessoa muito conhecida e bem relacionada. Sua única e profunda relação é
Deus. Não busca aparentar no sentido mundano. Vive ignorada por todos. Ninguém,
ao seu redor, salvo José e Isabel, sabe o grande mistério: Deus está nela,
escondido. No pequeno, no humilde, no modesto Deus se revela (cf. Mt 11,25).
Toda uma tradição bíblica conduz a essas expressões: Deus ama os
pobres, faz-se defensor dos débeis, dos que não tem apoio humano. É a
finalidade de um tema do AT: os “anawim”, os pobres, são os preferidos por
Deus. A “pobreza” é uma disposição essencial da alma. Um copo cheio não pode se
encher mais. Há que estar vazio de si mesmo para acolher Deus como Maria que se
esvaziou de si e por isso, estava cheia da graça de Deus (cf. Lc 1,28). O homem
muito seguro de si, o homem satisfeito (cheio) de si não tem nada que esperar.
Sou um pobre no espirito ou sou um pobre de espirito?
P. Vitus Gustama,svd
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