terça-feira, 17 de julho de 2018

21/07/2018
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JESUS É O AMOR ENCARNADO DE DEUS PARA SALVAR A HUMANIDADE
Sábado da XV Semana Comum


Primeira Leitura: Mq 2,1-5
1 “Ai dos que tramam a iniquidade e se ocupam de maldades ainda em seus leitos! Ao amanhecer do dia, executam tudo o que está em poder de suas mãos. 2 Cobiçam campos, e tomam-nos com violência, cobiçam casas, e roubam-nas. Oprimem o dono e sua casa, o proprietário e seus bens. 3 Isto diz o Senhor: “Eis que tenciono enviar sobre esta geração perversa uma desgraça de onde não livrareis vossos pescoços; não podereis andar de cabeça erguida, porque serão tempos desastrosos. 4 Naquele dia, sereis assunto de uma alegoria, de uma canção triste que diz: ‘Fomos inteiramente devastados; a parte de meu povo que passou a outro por ninguém lhe será restituída; os nossos campos são repartidos entre infiéis’. 5 Por isso, não terás na assembleia do Senhor quem meça com cordel as porções consignadas por sorte”.


Evangelho: Mt 12, 14-21
Naquele tempo, 14 os fariseus saíram e fizeram um plano para matar Jesus. 15 Ao saber disso, Jesus retirou-se dali. Grandes multidões o seguiram, e ele curou a todos. 16 E ordenou-lhes que não dissessem quem ele era, 17 para se cumprir o que foi dito pelo profeta Isaías: 18 “Eis o meu servo, que escolhi; o meu amado, no qual ponho a minha afeição; porei sobre ele o meu Espírito, e ele anunciará às nações o direito. 19 Ele não discutirá, nem gritará, e ninguém ouvirá a sua voz nas praças. 20 Não quebrará o caniço rachado, nem apagará o pavio que ainda fumega, até que faça triunfar o direito. 21 Em seu nome as nações depositarão a sua esperança”.
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Praticamos a Justiça Para Não Tratarmos Injustamente Nossos Irmãos


Ai dos que tramam a iniquidade e se ocupam de maldades ainda em seus leitos! Ao amanhecer do dia, executam tudo o que está em poder de suas mãos. Cobiçam campos, e tomam-nos com violência, cobiçam casas, e roubam-nas. Oprimem o dono e sua casa, o proprietário e seus bens”.


Durante três dia, a partir de hoje, vamos meditar sobre algumas passagens do livro do profeta Miqueias, que é um dos contemporâneos do profeta Isaias.


Como os demais profetas, Miqueias é, ao mesmo tempo, violento e pacífico. É ameaçador quando denuncia a injustiça ou idolatria, como lemos no texto da Primeira Leitura de hoje. Apesar disso, ele é um profeta cheio de esperança para consolar o povo.


Miqueias significa “Quem é como Javé?”. Ele exerce sua profecia mais ou menos em 727-701 a.C na capital do reino nos tempos de Acaz a e Ezequias. É um camponês  de Moreset Gat (mais ou menos 35 km a sudoeste de Jerusalém). Foi chamado por Deus para fazer ouvir Sua palavra nos tempos difíceis anteriores à ruina de Judá. Na sua época os poderosos praticam as injustiças com a cumplicidade dos juízes. Há a falsa pidedade que encobre a injustiça com o culto provocador de falsa segurança. O abismo entre os ricos e os pobres fica cada vez maior. Há a idolatria que se expressa no compromisso com os cultos estrangeiros. Miqueias enfrenta os poderosos de sua época e denuncia com valentiaos abusos dos poderosos, dos que praticam a iniquidade, que cobiçam os bens alheios, que roubam sempre que podem, que oprimem os demais.


A partir dessa situação o profeta Miqueias anuncia o castigo  devastador do Senhor contra Samaria e Jerusalém. Apesar disso, Miqueias vislumbra a esperança. O castigo tem função para provocar a conversão. Por isso, o profeta percebe sinais de um futuro diferente: surgirá o rei messiânico, descedente de Davi, do humilde clã de Efrata. O pequeno resto será instrumento de Deus para a purificação. Deste profeta conhecemos, sobretudo, sua oráculo sobre Belém: “Mas tu, Belém-Efrata, tão pequena entre os clãs de Judá, é de ti sairá para mim aquele que governará Israel” (Mq 5,1), que lemos no Adviento, porque anuncia que deste pequeno povo sairá aquele  que apascentará todo o povo de Israel (Mt 2, 6).


O texto da Primeira Leitura de hoje (Mq 2,1-5) é uma denúncia direita contra os opressores. Miqueias, como os outros profetas, não deixam de denunciar a exploração, a opressão e o acúmulo de bens mediante  processos ilegais.


Os perigos do poder e do dinheiro continuam sendo atuais. Também em nosso mundo na atualidade muitos cometem a mesma coisa: as injustiças flagrantes, os abusos cínicos do poder contra os pobres e inocentes, a roubalheira sem escrúpulos, o desvio do dinheiro público para o próprio interesse e assim por diante. Todos os corruptos, no fundo, são preguiçosos, pois não querem trabalhar. Eles se aproveitam do poder para ser rico rapidamente de maneira desonesta. “Esta é uma das tentações constantes da humanidade: apegando-se ao dinheiro por considerar que está dotado de uma força invencível, cai-se na ilusão de poder ‘comprar também a morte’, distanciando-a de si mesmo”, dizia o Papa João Paulo II em sua audencia no dia 28 de Outubro de 2004. Deus não quer que separemos o culto litúrgico da justiça social.


O espírito de cobiça contrista os corações, dificulta as relações com os demais, esfria a fraternidade humana, cria conflitos com os demais, despersonaliza o indivíduo ao torná-lo escravo e não o senhor de seu dinheiro e torna impossível o seguimento de Cristo. O dinheiro merece ser conquistado, mas  sempre no poder do Espírito de Deus. Assim o dinheiro torna-se um instrumento útil de serviço. Portanto, se você tem dinheiro acumulado, pergunte-se como o ganhou e como o usa. Se você continua acumulando mais dinheiro do que precisa para viver, sabe para que o faz?


Viver Para Amar e Amar Para Salvar


Continuamos com as controvérsias entre Jesus e as autoridades do seu tempo. Nos versículos anteriores do texto do evangelho deste dia Mt relatou a atividade de Jesus de curar muitos doentes no Sábado, dia sagrado para os judeus. Relatou-se que Jesus curou um homem de mão seca dentro da sinagoga (cf. Mt 12,9-13). Era proibido curar no Sábado, o dia sagrado. Para Jesus o sagrado é o ser humano (cf. 1Cor 3,16-17) e não o dia. Por isso, para Jesus salvar um ser humano está acima de qualquer lei religiosa, por mais sagrada que ela pareça ser. A lei religiosa existe em função do ser humano. Naturalmente os dirigentes do povo desaprovaram a atividade de Jesus. Por isso, decidiram matá-lo.


A hostilidade dos fariseus (Mt 12,14) é o ponto terminal do relato referido à atividade de Jesus durante o Sábado numa sinagoga. Diante da hostilidade, Jesus muda seu espaço: “Ao saber disso, Jesus retirou-se dali”, mas continua curando a todos. Sua tarefa é ajudar, socorrer e reviver a todos aqueles que se encontram ameaçadas na sua dignidade.


A maneira de atuar de Jesus é totalmente contrária à maneira de atuar dos fariseus. Observemos o contraste nesta controvérsia entre Jesus e seus adversários: Os adversários planejam matar Jesus, e Jesus planeja um serviço de caridade, de amor e de proximidade dos necessidades. Os adversários tomam atitudes violentas, e Jesus cumpre a visão profética de bendizer e de apreciar todos os detalhes da bondade que estão ao Seu alcance. O mal e o bem, chocando-se mutuamente, caminham em paralelo. O objeto da ação é o mesmo homem tanto para o bem como para o mal. Um coração que ama se enfrenta com um coração maldoso. Jesus será vítima disso, mas Deus bota a vida onde o homem põe a morte. Por isso, Jesus será ressuscitado por Deus, Seu Pai.


Jesus não lhes responde com ações violentas. Como verdadeiro Servidor de Deus, Jesus busca que a verdade brilhe sobre as trevas da morte e da miséria. A missão de Jesus é pacifista, solidária e defensora da justiça e do direito. Somente de um homem assim, sem pretensões mundanas é que o povo pode esperar a salvação.


Por que os dirigentes do povo defendem tanto a lei supostamente sagrada e não defende o ser humano, que é o filho de Deus, templo do Espírito Santo, segundo São Paulo? (cf.1Cor 3,16-17). É por causa do império dos interesses econômicos e sociais. Quando o dinheiro se torna o objetivo da vida de uma pessoa, ela não admite rivais.  E se tiver rivais, será eliminado. Quem se entrega ao dinheiro, não consegue ver mais ninguém senão a si mesmo. O dinheiro se revela uma arma mais letal do que as armas nucleares, quando usado unicamente em vista dos interesses de alguns. É por isso que Jesus disse que, ou se serve a Deus, ou se serve ao dinheiro (cf. Mt 6,24). Quem se preocupa com a própria glória não se preocupa com o bem do outro.


Jesus age como um profeta: falar em nome de Deus na defesa da igualdade e da fraternidade, embora Jesus seja mais do que um profeta, pois ele é a encarnação do amor de Deus, Deus-Conosco. Os profetas do Antigo Testamento com muita freqüência se atiram contra as prepotências dos ricos em relação aos pobres, por sensibilidade social, mas, sobretudo, por sensibilidade teológica no sentido de que as injustiças entre os homens quebram a relação com Deus. O mal que se faz ao homem é mal feito a Deus (cf. Mt 25,40.45).


O verdadeiro objetivo da vida de Jesus é amar para salvar (Jo 3,16). Esse objetivo se expressa da seguinte maneira: “Não quebrará o caniço rachado, nem apagará o pavio que ainda fumega, até que faça triunfar o direito”. Jesus veio não para desencorajar e sim para encorajar. Ele veio não para ameaçar o fraco com condenação e sim com a compreensão. Jesus veio não para apagar “o pavio que ainda fumega” e sim para fortalecer sua luz a fim de clarear mais. Por isso, “Em seu nome as nações depositarão a sua esperança”. Tudo em Jesus era manifestar o amor de Deus para os homens. Logo, tudo na vida de cada cristão deve ser a manifestação do amor de Deus, porque o amor humaniza e diviniza, cria a fraternidade e a comunhão, pois “Deus é amor” (1Jo 4,8.16).


Como cristãos seguidores de Cristo, nós temos em Jesus nosso espelho para podermos nos ver melhor ou para comprovar se aprendemos ou não as principais lições de nosso Mestre Jesus. Temos que fazer chegar para as pessoas a mensagem de amor de Jesus. Mas não devemos impor, e sim propor, não gritar e sim anunciar motivando, respeitando a situação de cada pessoa.


Por isso, como cristãos, nós devemos ser contrários a toda a forma de luta violenta, mas também devemos agir energicamente com todas as iniciativas e meios não violentos, para afirmar a justiça, o respeito pelos direitos humanos, pela fraternidade, pela dignidade de cada pessoa e pela caridade no mundo. Podemos combater o pecado sem eliminar o pecador, pois Deus odeia o pecado, mas não se cansa de perdoar quem se converte: “Porventura, tenho Eu prazer na morte do ímpio? Porventura, não alcançará ele a vida se ele se converter de seus maus caminhos?” (Ez 18,23). A missão de cada cristão, a exemplo do mestre Jesus, é pacifista, solidária e defensora da justiça e do direito. É “Não quebrar o caniço rachado, nem apagar o pavio que ainda fumega, até que faça triunfar o direito”.
 
P. Vitus Gustama,svd

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