07/10/2019
BEM-AVENTURADA
VIRGEM MARIA DO ROSÁRIO
SER DISCÍPULO-MODELO A EXEMPLO DE MARIA
07 de Outubro
Primeira Leitura: At 1,12-14
Depois
que Jesus foi elevado ao céu, 12 os apóstolos voltaram para Jerusalém, vindo do
monte das Oliveiras, que fica perto de Jerusalém, a mais ou menos um
quilômetro. 13 Entraram na cidade e subiram para a sala de cima, onde
costumavam ficar. Eram Pedro e João, Tiago e André, Filipe e Tomé, Bartolomeu e
Mateus, Tiago, filho de Alfeu, Simão Zelota e Judas, filho de Tiago. 14 Todos
eles perseveravam na oração em comum, junto com algumas mulheres, entre as
quais Maria, mãe de Jesus, e com os irmãos de Jesus.
Evangelho: Lc 1, 26-38
Naquele tempo, 26 o anjo Gabriel foi enviado
por Deus a uma cidade da Galileia, chamada Nazaré, 27 a uma virgem, prometida
em casamento a um homem chamado José. Ele era descendente de Davi e o nome da
Virgem era Maria. 2 8O anjo entrou onde ela estava e disse: “Alegra-te, cheia
de graça, o Senhor está contigo!” 29 Maria ficou perturbada com estas palavras
e começou a pensar qual seria o significado da saudação. 30 O anjo, então,
disse-lhe: “Não tenhas medo, Maria, porque encontraste graça diante de Deus. 31
Eis que conceberás e darás à luz um filho, a quem porás o nome de Jesus. 32Ele
será grande, será chamado Filho do Altíssimo, e o Senhor Deus lhe dará o trono
de seu pai Davi. 33 Ele reinará para sempre sobre os descendentes de Jacó, e o
seu reino não terá fim”. 34Maria perguntou ao anjo: “Como acontecerá isso, se
eu não conheço homem algum?” 35 O anjo respondeu: “O Espírito virá sobre ti, e
o poder do Altíssimo te cobrirá com sua sombra. Por isso, o menino que vai
nascer será chamado Santo, Filho de Deus. 36 Também Isabel, tua parenta,
concebeu um filho na velhice. Este já é o sexto mês daquela que era considerada
estéril, 37 porque para Deus nada é impossível”. 38 Maria, então, disse: “Eis
aqui a serva do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra!” E o anjo
retirou-se.
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A memória de Nossa
Senhor do Rosário (de caráter devocional) está ligada à vitória de Lepanto em
1571 contra a inavasão do exército turco. A vitória foi obtida por uma particular
proteção da Santíssima Virgem Maria. O Papa Pio V (o Papa dominicano)
instituiu, então, a festa de Nossa Senhora da Vitória em Roma. Dois anos
depois, a pedido da Ordem dominicana o Papa Gregório XIII, sucessor do Pio V,
estendeu esta festa para toda a Igreja (universalmente). O Papa Gregório XIII
mudou o nome da festa: de Nossa Senhora da
Vitória passa a ser chamada de Santíssimo
Rosário da Bem-aventurada Virgem Maria. Era celebrada no primeiro
domingo do mês de outubro. A reforma rubrical de 1960 retocou o título da festa
de “SS.Rosário da Bem-Aventurada Virgem”
para “Bem-aventurada Virgem Maria do Rosário”.
A nova denominação desloca oportunamente o acento da forma de oração (o rosário)
para a PESSOA da Mãe de Deus. Dai deriva o convite a não vermos no rosário o
objeto da celebração, e muito menos “uma arma de guerra”, e sim a exortação a
olhar para Aquela que gerou o mistério da nossa pacificação, Cristo Senhor. O
gesto expresso pelo Papa Paulo VI na
viagem à Turquia em julho de 1967 é
muito eloquente: devolvendo ao presidente turco o estandarte mulçumano que caíra
nas mãos dos cristãos, o Papa Paulo VI demonstrava que seu gesto queria indicar
que “as divergências do passado haviam cessado definitivamente e que a Igreja
tinha por todos os povos uma só mensagem, a da paz”. Atualmente a festa é celebrada
no dia 7 de outubro.
Na Idade Média a Virgem
Maria é saudada com o título de rosa, símbolo da alegria. O Bem-aventurado
Hermann dizia a Maria: “Alegra-te, Tu, a mesma beleza. Eu Te digo: Rosa, Rosa”.
E num manuscrito francês medieval está escrito: “Quando
a bela Rosa Maria começa a florescer, o inverno de nossas tribulações se
desvanece e o verão da terna alegria começa a brilhar”. As imagens
da Virgem Maria eram adornadas ou decoradas com uma coroa de rosas e se cantava
a Maria como “Jardim de rosa” (em latim medieval rosarium). Assim se
explica a etimologia do nome que chegou a nossos dias. Nessa época, os que não sabiam recitar os 150 Salmos do
Oficio Divino, eles substituíam por 150 Ave Marias, acompanhadas de genuflexões.
O Rosário e Seus Mistérios
A oração do rosário parece uma das orações
mais fáceis propostas pela Igreja. Na realidade o rosário é uma oração
contemplativa. Ele nos faz passarmos através de todos os mistérios de nossa
redenção.
Nos mistérios gozosos, por exemplo, nós
entramos na casa da Mulher bendita de Nazaré (Maria) para escutar a mensagem
salvífica do Divino Mensageiro, o Anjo Gabriel (Lc 1,26-38). Logo depois, vamos
a Ain Karim (para a casa de Isabel e Zacarias) onde com Isabel e com ela
(Maria) proclamamos a Maternidade divina de Maria (Maria é chamada de “Mãe do meu
Senhor” por Isabel cf. Lc 1,43). Em Belém ficamos com pasmo diante da
manjedoura onde se deita o Salvador do mundo e honramos com os pastores ao
mesmo Salvador, Jesus Cristo (cf. Lc 2,8-14). Logo em seguida, vemos o mesmo
Salvador no Templo apresentado a Deus pelos seus pais (Lc 2,22-40), e
reencontra entre os doutores cheios de estupor por sua inteligência (Lc
2,41-52). E nos mistérios luminosos contemplamos a vida publica de Jesus para
aprender d’Ele como devemos viver como cristãos para que, um dia, possamos
contemplar a vida glorificada. Ou, nos mistérios dolorosos, contemplamos a
Paixão de Jesus e de Maria que O acompanhava, desde Getsêmani até o Calvário
(cf. Jo 19,25-27). E nos mistérios gloriosos, refletimos sobre o triunfo de
Jesus, no qual tem parte Sua Mãe na economia da salvação.
Por essa razão, o rosário (ou o terço) não é
apenas mariológico, mas, principalmente, cristológico, pois nele se contemplam
os mistérios de Cristo que são os mistérios de nossa redenção. Na sua Carta
Apostólica sobre o Rosário o Papa João Paulo II escreveu:
- “O Rosário, de fato, ainda que caracterizado pela sua fisionomia mariana, no seu âmago é oração cristológica. Na sobriedade dos seus elementos, concentra a profundidade de toda a mensagem evangélica, da qual é quase um compêndio. Nele ecoa a oração de Maria, o seu perene Magnificat pela obra da Encarnação redentora iniciada no seu ventre virginal. Com ele, o povo cristão freqüenta a escola de Maria, para deixar-se introduzir na contemplação da beleza do rosto de Cristo e na experiência da profundidade do seu amor. Mediante o Rosário, o crente alcança a graça em abundância, como se a recebesse das mesmas mãos da Mãe do Redentor”. (ROSARIUM VIRGINIS MARIAE no.1)
Assim começando com a oração que Jesus nos
ensinou (Pai Nosso) e que nos autoriza a invocarmos ao Seu Pai como nosso Pai,
nós repetimos a Ave Maria, a saudação do Anjo dada à maior de todas as
criaturas (Maria) e a saudação de Isabel para a mesma (primeira parte da Ave
Maria) e ao mesmo tempo, somos convidados a contemplar os maiores mistérios de
nossa redenção em cada dezena de Ave-Marias.
A riqueza mística da oração de rosário
permite a cada sacerdote, de maneira especial, entrar no mistério da própria
vocação, contemplar os princípios da vida sacerdotal e dar a possibilidade de
retornar aos momentos mais íntimos nos quais nascia, crescia e amadurecia a
chamada de Jesus a segui-Lo. Como aconteceu com Jesus, a vida sacerdotal passa
pelos momentos gozosos e dolorosos para chegar aos momentos gloriosos que terão
seu cumprimento na vida futura para a qual são dirigidas as seguintes palavras:
“Venha o Teu Reino!”. Por isso, a contemplação dos mistérios do Rosário pode
chegar a ser um exame de consciência da devoção sacerdotal a Maria. Essa
devoção consiste em imitar as virtudes de Maria. Não é por acaso que o Papa João
Paulo II dizia as seguintes palavras:
- “O Rosário é a minha oração predileta. Oração maravilhosa! Maravilhosa na simplicidade e na profundidade. Nesta oração repetimos muitas vezes as palavras que a Virgem Maria ouviu ao Arcanjo e à Sua parente Isabel. A estas palavras associa-se a Igreja inteira. Pode dizer-se que o Rosário é, em certo modo, um Comentário-prece do último capítulo da Constituição Lumen Gentium do Vaticano II, capítulo que trata da admirável presença da Mãe de Deus no mistério de Cristo e da Igreja. De fato, sobre o fundo das palavras "Ave Maria" passam diante dos olhos da alma os principais episódios da vida de Jesus Cristo. Eles dispõem-se no conjunto dos mistérios gozosos, dolorosos e gloriosos, e põem-nos em comunhão viva com Jesus através — poderíamos dizer — do Coração de Sua Mãe. Ao mesmo tempo o nosso coração pode incluir nestas dezenas do Rosário todos os fatos que formam a vida do indivíduo, ela família, da nação, da Igreja e da humanidade. Acontecimentos pessoais e os do próximo, e de modo particular daqueles que nos estão mais vizinhos, que temos mais no coração. Assim a oração simples do Rosário marca o ritmo da vida humana”. (Angelus, 29.10.1978)
Mensagem Do texto Do Evangelho Deste Dia
No texto do evangelho lido neste dia,
inicialmente o Anjo de Deus não chama Maria pelo nome, mas chama-a simplesmente
de “Cheia de graça”. O termo ‘graça’ significa benefício absolutamente
gratuito, livre e sem motivo (cf. 1Cor 15,10). Também tem outro significado: um
efeito do favor divino que torna alguém belo, amável e encantador. A graça da
criatura depende da graça de Deus, e não vice-versa.
Na graça reside a completa explicação de
Maria, a sua grandeza e a sua beleza. Maria encontrou graça, isto é, favor,
junto de Deus; ela é cheia do favor divino. Como as águas preenchem o mar,
assim a graça preenche a alma de Maria. Maria é cheia de graça também em outro
sentido: ela é bela, daquela beleza que chamamos de santidade. Sendo agraciada,
Maria é também graciosa.
Maria lembra cada um de nós que tudo na
nossa vida é graça. A graça é a presença de Deus. As duas expressões: “cheia de
graça” e “o Senhor está contigo” são quase a mesma coisa. Esta presença de Deus
no homem realiza-se agora em Cristo e por Cristo. De fato ele é o Emanuel, o
Deus-Conosco (Mt 1,23; 18,20;28,20).
A primeira coisa que cada um de nós deve
fazer como resposta à graça de Deus é dar graças. A graça de Deus tem de ser
acompanhada pelo agradecimento do homem. Dar graças significa, antes de tudo,
reconhecer a graça, aceitar a gratuidade da mesma. Dar graças significa
aceitar-se como devedor, como dependente; deixar que Deus seja Deus. É preciso
fazer o possível para renovar cada dia o contato com a graça de Deus que está
em nós. Pela graça podemos manter, desde esta vida, o contato com Deus.
Precisamos crer na graça, crer que Deus nos ama, que nos é favorável de
verdade, pela graça fomos salvos.
O texto quer dizer também que Maria é a
primeira cristã por causa do seu sim a Deus para que possa nascer para a
humanidade Jesus Cristo, nosso Salvador. Não era nenhuma princesa nem nenhuma
patroa na sociedade do seu tempo. Era uma mulher simples do povo, uma moça
pobre. Mas Deus se compadece dos humildes e dos simples. Para Deus tudo é
simples, e para o simples tudo é divino. A simplicidade atrai a bênção de Deus
e a simpatia humana. O simples, o humilde é o terreno fértil onde a graça de
Deus encontra seu lugar e através do qual Deus fala para o mundo.
De certa forma, podemos dizer que com o sim
de Maria à vontade de Deus a Igreja começou. A Virgem Maria, no momento de sua
eleição radical e no momento de seu sim a Deus foi início e imagem da Igreja.
Quando ela aceitou o anúncio do anjo, da parte de Deus, pode-se dizer que começou
a Igreja: a humanidade, nela representada, começou a dizer sim à salvação que
Deus lhe ofereceu. Nela e através dela a humanidade foi abençoada. Podemos
olhar, por isso, para Maria como modelo de fé e motivo de esperança e de
alegria.
O sim de Maria à Palavra de Deus expressa um
compromisso total, uma confiança absoluta no amor e no poder de Deus que a faz
sair de si mesma e aposta totalmente sua vida no poder de Deus. E este
compromisso total de uma moça simples com a Palavra de Deus compromete também o
destino da humanidade. Nós, cristãos, devemos ter uma consciência mais clara
daquilo que sucede quando nos reunimos para celebrar a Eucaristia. A
participação da Palavra e do Corpo de Cristo é algo que produz a união mais
íntima possível com Cristo vivo. Por isso, o sim pronunciado no momento desta
participação eucarística é o que compromete de uma maneira mais profunda todos
nós cristãos.
Toda vez que dissermos Sim à vontade de Deus
e aos seus mandamentos geraremos algo de bom, algo de humano e algo de divino
para o mundo. Toda vez que dissermos a Deus conscientemente “Faça-se em mim
segundo a Sua Palavra!”, nossa vida se encherá de Deus (cheia de graça),
seremos instrumentos eficazes de Deus e faremos nascer algo de Deus para salvar
o mundo. Toda vez que dissermos Sim a Deus e à Sua vontade, sairemos de nós
para ir ao encontro dos demais para ajudá-los.
Cada cristão é chamado a dizer Sim ao bem, à bondade, ao amor, à
justiça, à solidariedade, à honestidade, à retidão e assim por diante, pois
tudo isso significa dizer Sim a Deus.
O compromisso da vida cristã é deixar-se
fecundar pelo Espírito de Deus, como Maria, escutando a Palavra de Deus que vem
por meio de mensageiros, tendo em conta nossa situação e nossas forças, mas
respondendo a Deus com confiança e interesse. O cristão deve deixar-se encarnar
pela Palavra de Deus para que se torne Boa Nova para os demais como Maria.
“Ó, Virgem
fiel, dia e noite permaneces em profundo silêncio, em uma paz inefável, em uma
oração divina, que não cessa nunca, com a alma inteiramente inundada por
eternos resplendores. (...) Em uma paz inefável, em um misterioso silêncio,
penetraste no insondável levando em ti o Dom de Deus. Guarda-me sempre em um
abraço divino. Que leve sempre em mim a estampa deste Deus de amor”. (Isabel da Trindade)
P. Vitus Gustama,SVD
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