19/11/2019
ZAQUEU E SUA CONVERSÃO
Terça-Feira da XXXIII Semana Comum
18 Eleazar era um
dos principais doutores da Lei, homem de idade avançada e de venerável
aparência. Quiseram obrigá-lo a comer carne de porco, abrindo à força sua boca. 19 Mas ele, preferindo morrer gloriosamente a viver
desonrado, caminhou espontaneamente para a tortura da roda, 20 depois de ter
cuspido o que lhe haviam posto na boca. Assim deveriam proceder os
que têm a coragem de recusar aquilo que nem para salvar a vida é lícito comer.
21 Os encarregados desse ímpio banquete ritual, que conheciam Eleazar desde
muito tempo, chamaram-no à parte e insistiram para que mandasse trazer carnes
cujo uso lhes era permitido e que ele mesmo tivesse preparado, apenas fingisse
comer carnes provenientes do sacrifício, conforme o rei ordenara. 22 Agindo
assim evitaria a morte, aproveitando esta oportunidade que lhe davam em
consideração à velha amizade. 23 Mas ele tomou uma nobre resolução digna da sua
idade, digna do prestígio de sua velhice, dos seus cabelos embranquecidos com honra,
e da vida sem mancha que levara desde a infância. Uma resolução digna,
sobretudo, da santa legislação instituída pelo próprio Deus. E respondeu
coerentemente, dizendo que o mandassem logo para a mansão dos mortos. 24 E
acrescentou: “Usar desse fingimento seria indigno da nossa idade. Muitos jovens
ficariam convencidos de que Eleazar, aos noventa anos, adotou as normas de vida
dos estrangeiros; 25 seriam enganados por mim, por causa do fingimento que eu
usaria para salvar um breve resto de vida. De minha parte eu atrairia sobre
minha velhice a vergonha e a desonra. 26 E ainda que escapasse por um momento
ao castigo dos homens, eu não poderia, nem vivo nem morto, fugir das mãos do
Todo-poderoso. 27 Se, pelo contrário, eu agora renunciar corajosamente a esta
vida, vou mostrar-me digno de minha velhice, 28 e deixarei aos jovens o nobre
exemplo de como se deve morrer, com entusiasmo e generosidade, pelas veneráveis
e santas leis”. Ditas estas palavras, caminhou logo para o suplício. 29 Os que
o conduziam, transformaram em brutalidade a benevolência manifestada pouco
antes. E consideraram loucas as palavras que ele acabara de dizer. 30 Eleazar, porém,
estando para morrer sob os golpes, disse ainda entre gemidos: “O Senhor, em sua santa sabedoria, vê muito bem que eu,
podendo escapar da morte, suporto em meu corpo as dores cruéis provocadas pelos
açoites, mas em minha alma suporto-as com alegria, por causa do temor que lhe
tenho”. 31 Assim Eleazar partiu desta vida. Com sua morte deixou um exemplo de coragem e um modelo inesquecível
de virtude, não só para os jovens, mas também para toda a nação.
Evangelho: Lc 19,1-10
Naquele tempo, 1 Jesus tinha entrado em Jericó e estava atravessando a
cidade. 2 Havia ali um homem chamado Zaqueu, que era chefe dos cobradores de
impostos e muito rico. 3 Zaqueu procurava ver quem era Jesus, mas não
conseguia, por causa da multidão, pois era muito baixo. 4 Então ele correu à
frente e subiu numa figueira para ver Jesus, que devia passar por ali. 5 Quando
Jesus chegou ao lugar, olhou para cima e disse: “Zaqueu, desce depressa! Hoje
eu devo ficar na tua casa”. 6 Ele desceu depressa, e recebeu Jesus com alegria.
7 Ao ver isso, todos começaram a murmurar, dizendo: “Ele foi hospedar-se na
casa de um pecador!” 8 Zaqueu ficou de pé, e disse ao Senhor: “Senhor, eu dou a
metade dos meus bens aos pobres, e se defraudei alguém, vou devolver quatro
vezes mais”. 9 Jesus lhe disse: “Hoje a salvação entrou nesta casa, porque
também este homem é um filho de Abraão. 10 Com efeito, o Filho do Homem veio
procurar e salvar o que estava perdido”. O encontro de Jesus com Zaqueu nos
mostra a etapas da conversão até chegar a salvação: “Hoje a salvação entrou
nesta casa”.
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Aquele Vive De Acordo Com Os
Mandamentos Do Senhor, Vive Para Sempre Com Deus
“Eleazar
era um dos principais doutores da Lei, homem de idade avançada e de venerável
aparência. Quiseram obrigá-lo a comer carne de porco, abrindo à força sua boca.
Mas ele, preferindo morrer gloriosamente a viver desonrado, caminhou espontaneamente
para a tortura da roda, depois de ter cuspido o que lhe haviam posto na boca”,
relatou-nos o autor dos Macabeus que lemos na Primeira Leitura de hoje.
O exemplo do ancião Eleazar (Heb: “Deus
ajudou”), que permanece firme em sua fé, apesar das promessas e das ameaças dos
inimigos de Israel, é verdadeiramente admirável e é uma grande lição para seus
contemporâneos e para nós.
Eleazar não somente recusar a comer a carne
proibida (carne de porco), mas também recusa a proposta de comer carne permitida
que é a carne oferecida para deuses: "Mas ele tomou uma nobre resolução digna da sua idade, digna
do prestígio de sua velhice, dos seus cabelos embranquecidos com honra, e da
vida sem mancha que levara desde a infância. Uma resolução digna, sobretudo, da
santa legislação instituída pelo próprio Deus: ‘Se eu agora renunciar
corajosamente a esta vida, vou mostrar-me digno de minha velhice, e deixarei
aos jovens o nobre exemplo de como se deve morrer, com entusiasmo e
generosidade, pelas veneráveis e santas leis”, disse Eleazar”. O preço da vivência
dos valores sagrados fielmente até o fim custa uma vida para Eleazar.
Com isso, o ancião Eleazar quer dar a todos
um exemplo de fidelidade à Aliança. Desta maneira Eleazar terminou sua vida,
deixando não somente aos jovens e sim a toda a nação, um exemplo memorável de heroísmo
e de virtude. “Verba
movent, exempla trahunt”: “As palavras movem, os exemplos arrastam”.
O martírio de Eleazar é o primeiro que a
Escritura conta com precisão conforme lemos na Primeira Leitura de hoje. É um
dos primeiro que dão testemunho de seu fé em Deus inclusive com sua vida. Trata-se
de uma conformidade de todo o ser à vontade de Deus. Eleazar é um escriba
eminente e ancião venarave de noventa anos que desperta compaixão. Morre com a
maior dignidade, à maneira dos mártires cristãos. É o protomártir do Antigo Testamento.
Como perito em Sagradas Escrituras, ele mesmo põe em prática o que ensina,
visto que para além da morte existe a retribuição justa (Dn 12,2; Sb 3,2;
4,16-5,8), porque quer dar exemplo aos jovens que precisam estar dispostos a
morrer pelos valores sagrados, sem cometer uma indignidade por um pouco mais de
vida (2Mc 6,25). Na agonia da morte, entrega-se ao Senhor que tudo sabe,
literalmente que “tem a santa sabedoria”: “O Senhor, em sua
santa sabedoria, vê muito bem que eu, podendo escapar da morte, suporto
em meu corpo as dores cruéis provocadas pelos açoites, mas em minha alma
suporto-as com alegria, por causa do temor que lhe tenho” (2Mc 6,30).
Com sua morte heróica Eleazar quer nos dizer
que é preciso superar todas as desventuras por amor e por reverência a Deus
(2Mc 6,30).
Comer ou não comer uma carne proibida não tinha
em si demasiada importância. Mas era um símbolo: não podemos desprezar algum
valor por menor que seja na hierarquia de valores, pois cometer os valores
altos começa com o cometer o valor inferior. Quando formos fieis nas coisas
pequenas, seremos fieis também nas coisas grandes (cf. Lc 16,10).
A atitude de Eleazar nos recorda a atitude de
Jesus diante de sua morte: “’A minha alma
está numa tristeza mortal; ficai aqui e vigiai’. Adiantando-se alguns passos,
prostrou-se com a face por terra e orava que, se fosse possível, passasse dele
aquela hora. ‘Aba!’ (Pai!), suplicava ele. ‘Tudo te é possível; afasta de mim
este cálice! Contudo, não se faça o que eu quero, senão o que tu queres”"
(Mc 14,34-36).
Também a atitude de Eleazar nos recorda a
atitude de tantos cristãos que, imitando estes exemplos, foram e continuam
sendo fiéis a sua consciência em meio de tentações, perseguições e ameaças. Mártires
de todos os tempos, exemplo e estímulo para nós, que às vezes tão facilmente
nos assustamos do esforço e aceitamos mudar de caminho em nome de nossos
interesses egoístas. Quantas vezes nos desviamos do caminho do bem, da verdade,
da honestidade, da fraternidade por vergonha ou medo ou para não perder “nossa
honra”. Mas será que conseguimos focar sossegados com isso?
Jesus Quer Nos Visitar Na
Nossa Casa
Estamos com Jesus no seu caminho para
Jerusalém, escutando suas ultimas e importantes lições para todos nós como seus
seguidores (Lc 9,51-19,28). Ele será crucificado, morto e glorificado. Ao viver
seus ensinamentos nós vamos levar adiante a missão ou a causa de Jesus.
O evangelho de hoje fala da visita de Jesus
para Lazaro em sua casa. O evangelista Lucas é o único evangelista que nos
conta a cena famosa d conversão de Zaqueo. Ele é, na verdade, o evangelista da
misericórdia e do perdão.
Como cobrador de impostos, Zaqueo era
desprezado e seus negócios eram muito duvidosos. Mas Jesus, com elegância, se
faz convidar para fazer refeição na casa de Zaqueo e consegue o que queria, consegue
alcançar o motivo pelo qual veio para este mundo: “Hoje a salvação entrou nesta
casa, porque também este homem é um filho de Abraão. Com efeito, o Filho do
Homem veio procurar e salvar o que estava perdido”. Os demais
excomungam Zaqueo. Jesus faz refeição com ele. Se no evangelho do dia anterior
Jesus devolveu a vista a um cego, hoje devolve a paz (Shalom) a uma pessoa de
vida complicada.
Nós devemos ser capazes de conceder uma
margem de confiança a todos, como fazia Jesus, em vez de fazer um simples
julgamento à distância. Jesus se aproxima, isto é tornar-se próximo do
necessitado. Deveríamos facilitar a reabilitação das pessoas que tiveram
momentos maus em sua vida, sabendo descobrir que, por debaixo de uma possível má
fama, tem muitas vezes valores interessantes. Podem ser “pequenos de estatura”,
como Zaqueo, mas em seu interior, quem o dirá, há o desejo de “ver Jesus”, e
podem chegar a ser autênticos “filhos de Abraão”.
“Hoje eu devo ficar na tua casa!”. “Hoje a salvação
entrou nesta casa!”. Toda vez que celebramos a Eucaristia, que algo mais que
receber a visita do Senhor, deveria notar-se que entrou a alegria em nossa vida
e que muda nossa atitude com os demais.
Etapas Da Conversão a
Partir Da Experiência De Zaqueu
Na passagem do evangelho de hoje o
evangelista Lucas nos descreve passo a passo o processo de conhecer Jesus que
terminará na conversão e no seguimento.
O primeiro passo consiste no desejo de
ver Jesus. O verbo “VER” é muito importante neste relato. O episódio que
precede a nossa narrativa é a cura de um mendigo cego (=não pode ver) às portas
da cidade (Lc 18,35-43). É claro que a graça de Deus faz surgir esse desejo de
ver Jesus. O “ver” e o “subir” (em uma árvore) indicam aqui mais do que
curiosidade: indicam uma procura intensa, uma vontade firme de encontro com
algo novo, uma ânsia de descobrir o “Reino”, um desejo de fazer parte dessa
comunidade de salvação que Jesus anuncia.
Zaqueu tem uma vontade intensa, profunda e
imensa em ver Jesus a ponto de subir em uma arvore por causa de sua estatura
pequena. Mas o que acontece nesse processo de querer ver Jesus? Em vez de ver
Jesus, é o próprio Jesus quem quer ver Zaqueu, e Zaqueu é visto por Jesus antes
de Zaqueu ver Jesus: “Zaqueu, desce depressa! Hoje eu devo ficar na tua casa”.
Jesus chama Zaqueu pelo nome. Zaqueu deve pensar em silêncio, no meio daquela
multidão de gente: “De onde Jesus sabe do meu nome? Eu sou pecador, pois sou
publicano e chefe dos publicanos. Sou ladrão do dinheiro público. Eu sou
excluído da sociedade. A sociedade faz questão de me esquecer, de não querer
olhar para mim ou me olha com um olhar cínico e clínico. E Jesus me chama pelo
nome e quer estar comigo na minha casa? Jesus me conhece?”.
Sim, Deus nos conhece e nos chama pelo nome:
“Eu te chamo pelo nome, és Meu”, diz o Senhor Deus (Is 43,1), pois nosso
nome está gravado na palma da mão de Deus (cf. Is 49,16). Deus não Se esquece
de mim: “Pode uma mulher esquecer-se daquele que amamenta? Não ter ternura
pelo fruto de suas entranhas? Mesmo que ela o esquecesse, Eu não te esqueceria”,
diz o Senhor (Is 49,15). Ninguém é anônimo diante de Deus. Eu posso estar no
meio da multidão desconhecida, mas dentro dessa multidão eu tenho meu nome para
Deus e Ele me chama pelo nome. Eu posso estar sozinho em casa, na rua ou em
qualquer lugar e situação, mas Deus está comigo (cf. Mt 28,20), me conhece e me
chama pelo nome. De fato, eu não estou sozinho nesse universo aberto com minhas
perguntas e interrogações, meus desejos e sonhos, meus medos e preocupações.
Deus me envolve de todos os lados, e me ama, pois Ele quer me salvar. Eu sou de
Deus! Ele quer me dizer, como disse a Zaqueu: “Hoje eu devo ficar na tua
casa!”.
O segundo passo exige a superação de
todos os obstáculos. Para Zaqueu o maior obstáculo é sua baixa estatura. Não se
trata de uma informação sem importância sobre o aspecto físico de Zaqueu. A
intenção do evangelista é a de nos mostrar que, aos olhos de todos, Zaqueu é
muito pequeno, insignificante, quase imperceptível por ser considerado um
pecador público. É um pequeno ponto perdido numa sociedade que se considera sem
mancha e sem falha. Zaqueu não é um simples publicano, mas é o “Chefe dos
publicanos”, um gerente de ladrões, por isso é um grande pecador público.
Zaqueu resolve o obstáculo de baixa estatura
ao subir numa árvore. Quando quisermos fazer algo de nossa importância ou de
nossa necessidade, usaremos todos os meios para alcançá-la. Este homem tem tudo
na vida, mesmo assim ainda está insatisfeito. É tão profunda, irreprimível,
avassaladora a necessidade de ver Jesus que para satisfazê-la, está até
disposto a expor-se ao ridículo diante de uma multidão que com certeza não tem
simpatia por ele. Um dito popular diz: “Para quem faz o melhor ou quer melhorar
a vida tanto material como espiritual não existe o ridículo nem medo nem
vergonha”.
Assim deve ser a nossa busca de Deus: nem
falsa vergonha nem medo ao ridículo devem impedir que ponhamos os meios para
encontrar o Senhor. Zaqueu procura ver aquele que tem condições de compreender
o seu drama interior, mas alguém quer impedi-lo. São os “grandes”, as pessoas
“de elevada estatura” que cercam Jesus e não toleram que “os pequenos”, “os
impuros” entrem em contato com Ele. Também na narrativa anterior a multidão
agiu da mesma maneira: os que seguiam Jesus repreendiam o cego rudemente para
que se calasse, mas a vontade de querer ficar curado era tão grande a ponto de
o cego gritar a Jesus. Em Zaqueu os que se acham “puros e santos” só conseguem
ver o publicano, o pecador, o aproveitador, nada mais. Não reconhecem nele nada
de bom, nada de positivo. É um perdido para eles. É como se estivessem usando
óculos escuros: estão enxergando tudo escuro. Mas Jesus vê os anseios de Zaqueu
e quer conversar com ele. Jesus dedica seu tempo para conversar com Zaqueu,
porque para Deus ninguém é pequeno por causa de Seu amor por nós. Nada é
pequeno quando o amor é grande.
Um verdadeiro cristão jamais opta por um
caminho de condenação ou de julgamento, e sim por um caminho que facilite a
chegada dos outros próximos de Deus. Quem condena o outro, se condena. Quem
salva o outro, se salva também: “Saiba”, diz São Tiago, “aquele que fizer um
pecador retroceder do seu erro, salvará sua alma da morte e fará desaparecer
uma multidão de pecado” (Tg 5,20).
O terceiro passo comporta deixar-se
amar por Jesus sem restrições nem desconfiança, abrindo-lhe as portas do
coração.
De seu posto de observador (árvore), não é
Zaqueu quem vê Jesus. É Jesus quem o vê e o chama pelo nome e se auto-convida
para hospedar-se na casa dele: “Zaqueu, desce depressa! Hoje eu devo ficar
na tua casa”. Para Zaqueu tudo isto é uma grande surpresa. Deus é surpresa
para quem tem o profundo desejo de encontrá-Lo. Como resposta Zaqueu desceu
depressa da árvore para receber Jesus em sua casa, com alegria. A salvação
entrou assim em sua casa.
Descer de pressa de uma arvore não é fácil,
pois ao ver para baixo de cima de uma arvore, parece a distância se dobrar e
por isso causa o medo de cair. Assim também, não é fácil sair de nossa posição
para outra posição; de um lugar para outro lugar. Não é fácil aceitar a
mudança. Geralmente mudamos por necessidade. Mas temos que aceitar e reconhecer
que o código de um mundo em desenvolvimento é mudança e transformação. Não há
nada que seja pior do que fazer muito bem o que não é necessário fazer. Os
nossos pseudo-desejos não preenchem o nosso coração. Mesmo que consigamos
realizá-los, eles nunca serão nossos desejos verdadeiros e por isso, eles vão
deixar nosso coração vazio.
O quarto passo é uma mudança radical
de vida. Radical significa deixar de lado os esquemas e mentalidades antigos,
para adequar-se às exigências do Reino de Deus. Isto não se faz com palavras ou
com boas intenções, mas com gestos concretos: “Senhor, eu dou a metade dos
meus bens aos pobres e, se defraudei alguém, vou devolver quatro vezes mais”. Zaqueu dispõe-se a dar metade de seus bens
aos pobres e a indenizar, quatro vezes mais, aquilo que roubou. Desta forma ele
prova que, realmente, a salvação tem entrado em sua casa. Aqui Zaqueu nos
mostra de que maneira a conversão influi em nossa relação com os bens
materiais. O encontro verdadeiro com Cristo faz abrir o coração, o bolso e as
mãos. O gesto de Zaqueu nasce da conversão interior, da mudança de vida,
provocada pelo encontro com Jesus. Quando colocarmos o ouro e a prata acima de
Deus que os criou, a conversão se tornará difícil. Mas quando reconhecermos que
Deus deve estar acima de ouro e prata, o caminho da conversão se torna fácil.
Zaqueu abandonou sue velho estilo de vida,
evidentemente perdeu seu dinheiro, mas encontrou sua honradez humana, sua
salvação, o sentido da justiça e o amor para seu próximo, especialmente para os
necessitados e os explorados por ele durante o exercício de sua profissão. Se
ontem Jesus devolveu a vista a um cego, hoje ele devolveu a paz para uma pessoa
de vida complicada.
Na casa de Zaqueu entrou a salvação de Deus e
Jesus mesmo se encontra dentro dela. Podemos dizer que a verdadeira casa de
Jesus é aquela onde o pai e a família, em conjunto, cumprem a exigência
representada e resumida na atitude de Zaqueu. Deus entra em cada casa onde o
amor fraterno tem seu lugar.
Será que a salvação também entrou na minha
vida, na minha casa, na sua casa como entrou na casa de Zaqueu? Será que tenho vontade de sair do chão da
minha vida e de procurar algo que posso “ver” e conhecer Jesus? Quais são
“arvores” que me ajudam com facilidade a “ver” e a conhecer Jesus?
P. Vitus Gustama,svd
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