07/11/2019
DEUS NOS AMA MISERICORDIOSAMENTe, POIS SOMOS FILHOS NO FILHO JESUS CRISTO
Quinta-Feira
da XXXI Semana Comum
Irmãos, 7 ninguém dentre
nós vive para si mesmo ou morre para si mesmo. 8 Se estamos
vivos, é para o Senhor que vivemos; se morremos, é para o Senhor que morremos.
Portanto,
vivos ou mortos, pertencemos ao Senhor. 9 Cristo morreu e
ressuscitou exatamente para isto, para ser o Senhor dos mortos e dos vivos. 10 E
tu, por que julgas o teu irmão? Ou, mesmo, por que desprezas o teu irmão? Pois
é diante do tribunal de Deus que todos compareceremos. 11 Com efeito, está
escrito: “Por minha vida, diz o Senhor, todo joelho se dobrará diante de mim e
toda língua glorificará a Deus”. 12 Assim, cada um de nós prestará contas de si
mesmo a Deus.
Evangelho: Lc 15, 1-10
Naquele
tempo, 1 os publicanos e pecadores aproximaram-se de Jesus para o escutar. 2 Os
fariseus, porém, e os mestres da Lei criticavam Jesus. “Este homem acolhe os
pecadores e faz refeição com eles”. 3 Então Jesus contou-lhes esta parábola: 4
“Se um de vós tem cem ovelhas e perde uma, não deixa as noventa e nove no
deserto, e vai atrás daquela que se perdeu, até encontrá-la? 5 Quando a
encontra, coloca-a nos ombros com alegria, 6 e, chegando a casa, reúne os
amigos e vizinhos, e diz: ‘Alegrai-vos comigo! Encontrei a minha ovelha que
estava perdida!’ 7 Eu vos digo: Assim haverá no céu mais alegria por um só
pecador que se converte, do que por noventa e nove justos que não precisam de
conversão. 8 E se uma mulher tem dez moedas de prata e perde uma, não acende
uma lâmpada, varre a casa e a procura cuidadosamente, até encontrá-la? 9 Quando
a encontra, reúne as amigas e vizinhas, e diz: ‘Alegrai-vos comigo! Encontrei a
moeda que tinha perdido!’ 10 Por isso, eu vos digo, haverá alegria entre os
anjos de Deus por um só pecador que se converte”.
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Somos De Cristo Pertencemos ao
Senhor e Somos Irmãos Em Jesus Cristo
“Se estamos
vivos, é para o Senhor que vivemos; se morremos, é para o Senhor que morremos.
Portanto, vivos ou mortos, pertencemos ao Senhor”, escreveu são
Paulo aos Romanos que lemos na Primeira Leitura de
hoje.
O texto que meditamos hoje (Primeira Leitura)
se encontra no contexto em que são Paulo trata das “divergências” concretas que
opõem aos cristãos entre si.
Alguns cristãos, que acabaram de abarçar a fé
no Cristo Salvador, se creem obrigados a observar as prescrições legais antigas
da Lei de Moisés: dias de jejum, abstinência de carne e vinho, proibições de
alguns alimentos. Outros cristãos, os mais “fortes”, estimavam que su fé lhes
conferia liberdade plena diante dessas antigas práticas religiosas. Por isso, é
bom ler desde o início de Rm 14 (ler Rm
14,1-7). Trata-se do encontro entre os “conservadores” e os “progressistas”.
São Paulo condena o individualismo: “Irmãos,
ninguém dentre nós vive para si mesmo ou morre para si mesmo”. Para são
Paulo as “divergências”
devem se orientar e canalizar-se para o bem comum. Todas as divergências devem ter
por objetivo o bem comum e não o interesse individualista (individualismo). Um
cristão não se pode viver “para si mesmo”. Cada cristão é católico: irmão de
todos em nome de Cristo.
Nossos valores pessoais, o que nos faz ser
nós mesmos, permanecem de baixo do "alqueire" (Mt 5,15) se não for
compartilhado, se não for posto em comum, se não for orientado "para os
outros", e para com Deus. Nisto o “individualismo” não tem nenhum sentido
para a vida de um cristão.
Por isso, são Paulo afirma categoricamente: “Se
estamos vivos, é para o Senhor que vivemos; se morremos, é para o Senhor que
morremos. Portanto, vivos ou mortos, pertencemos ao Senhor”. Este é o
primeiro princípio para conservar ou desenvolver a unidade entre cristãos de “opções” opostas: que cada um atue
com lealdade “como servidor do mesmo Senhor”. Para são Paulo, definitivamente, somente
Deus é a referência absoluta. Todos têm que olhar para o Senhor para avaliar seu
agir. A liberdade de ser e de agir precisa apenas da sua conformidade com o agir
de Jesus Cristo (Fl 2,5) que serve de ponto de referência; que o viver ou o
morrer, isto é, comer ou mortificar-se seja um comportamento no Senhor. O jejum
não pode estar acima do amor fraterno. A morte de Cristo tornou presente a filiação
ao Pai, sito é, somos filhos no Filho Jesus Cristo, logo somos todos irmãos em
Jesus Cristo.
Se somos irmãos em Cristo Jesus, então “tu, por que julgas o teu irmão? Ou, mesmo, por que
desprezas o teu irmão? Pois é diante do tribunal de Deus que todos
compareceremos”.
É o segundo “princípio” para continuar ou
desenvolver a unidade entre cristãos que têm “opções” opostas: quw cada um
cuide de não
julgar os comportamentos dos demais irmãos. Cada um devria poder
contar com o amor e o respeito de todos. Julgar é uma coisa; corrigir é outra
coisa. A tentação
de JULGAR os outros, por qualquer motivo, revela o complexo de superioridade,
prepotência ou supremacia. Neste complexo o outro é desprezado e desrespeitado.
Com a CORREÇÃO FRATERNA nos
tornamos um para o outro ocasião de salvação. Somente entre irmãos é que pode
haver correção. Ser irmão significa sentir-se responsável pelo crescimento e salvação
do outro e, portanto, gozar de seu bem ou capacidade e sentir seu mal. É ir
além da indiferença e do medo, da inveja, da rejeição e do ciúme. A
correção fraterna é um modo de ser e crescer juntos, de ligar a própria vida à
vida de quem me está “próximo”, de conceber a fraternidade como evento de
salvação.
O nosso julgamento tem um grande peso para o
fim de nossa vida, “Pois é diante do tribunal de Deus que todos compareceremos.
Assim, cada um de nós
prestará contas de si mesmo a Deus.”. Com efeito, não temos direito de julgar
nossos irmãos porque o “juízo” é uma prerrogativa somente de Deus e nós seremos
julgados por Ele! Precisamos ter em conta esta eventualidade. O próprio Jesus
nos recomendou firmemente esta atitude quando nos pediu que não olhássemos demasiadamente
para “a palha que está no olho do teu irmão e não vês a trave que está no teu?”
(Mt 7,3).
Deus Nos Ama Apesar De Sermos
Perdidos Pelo Nosso Pecado e Nos Quer De Volta
Estamos acompanhando Jesus no seu caminho
para Jerusalém escutando suas últimas e importantes lições para todos nós, seus
seguidores (Lc 9,51-19,28). Na passagem do evangelho de hoje Jesus nos revela o
amor sem limite de Deus para todos nós, o amor misericordioso. Deus nos ama
apesar de nossos pecados. Esse amor misericordioso deve nos fazer voltarmos
para Deus. Quando tivermos consciência dessa verdade, viveremos na alegria permanente,
e no constante ação de graças, pois saberemos que há Alguém que nos envolve e
nos ama de todos os lados: nosso Pai do céu.
Com a passagem do evangelho de hoje, começam
aqui as três parábolas chamadas de as parábolas da misericórdia: a parábola da ovelha
perdida (Lc 15, 3-7); a da moeda de prata perdida (Lc 15,8-10); e a parábola do
pai misericordioso, ou conhecida como a parábola do filho pródigo (Lc
15,11-32). Ao contar estas parábolas Lucas procede do menos precioso (ovelha e
moeda de prata) ao mais precioso (ser humano). Nestas três parábolas Jesus nos
mostra, como uma característica do coração de seu Pai, a predileção com que seu
amor se inclina até os mais necessitados, contrastando com a mesquinhez humana
que busca sempre os triunfadores.
O que é admirável na parábola da ovelha
reencontrada é a medida drástica que o pastor toma para buscar uma
ovelha perdida. Ele deixa noventa e nove ovelhas para que a perdida possa ser
trazida de volta ao aprisco. A ovelha não se desgarrou (cf. Mt 18,12), mas “se
perdeu”, e o pastor toma a iniciativa de encontrá-la. Essa é a condição do
pecador antes da conversão, e a resposta de Deus é buscar o perdido. Um cardeal
escreveu que Deus não sabe matemática, pois deixa 99 ovelhas para buscar uma
ovelha perdida. Isto nos mostra que cada um tem seu próprio valor diante de
Deus. Outro aspecto que Lucas sublinha também é o tom de alegria que acompanha
essa bem-sucedida conversão. Para Lucas, o resultado da verdadeira conversão é
a experiência de estar perdido, depois encontrado, que leva à alegria sem
limites.
A segunda parábola é a da moeda reencontrada,
desta vez usando uma mulher como personagem central. É uma parábola paralela do
mesmo motivo. A mulher pobre faz tudo para encontrar a moeda perdida. ”Acende
uma lâmpada, varre a casa e procura cuidadosamente até encontrá-la” (Lc
15,8). Os verbos mostram o esforço incansável para recuperar a moeda perdida.
Com essa solicitude, com essa impaciência amorosa, com esse carinho Deus se
comporta como pai paciente e misericordioso que busca todos os meios para
encontrar e salvar os perdidos.
O tema de perdido e reencontrado culmina na
parábola do Pai misericordioso ou na do filho reencontrado (filho pródigo). Na
parábola do Pai misericordioso, não se trata mais de um animal, ainda que de
estimação, como uma ovelha, nem de um objeto, mesmo precioso como uma moeda de
prata, mas de um ser humano amado por Deus, por ser Seu filho ainda que seja um
filho transviado. Cada um de nós é precioso nos olhos de Deus e ninguém escapa
do olhar misericordioso de Deus. “Veja, Eu tatuei você na palma da Minha mão:
suas muralhas estão sempre diante de mim “(Is 49,16). Basta que um de nós
esteja perdido para que seja objeto da preocupação de Deus.
Por isso, Lucas 15 é o coração do Evangelho de Lucas. É
quase um “evangelho“ dentro do Evangelho. Neste capitulo Jesus fala de sua
doutrina sobre a Divina Misericórdia e a alegria de Deus por ter reencontrado o
que estava perdido. Estes dois temas, misericórdia e alegria, são características
da obra de Lucas. Por isso, sem dúvida nenhuma “a face mais bonita do Amor de
Deus é a Misericórdia” (João Paulo II).
Para falar desse tema Jesus começou com esta
frase, na parábola sobre a ovelha perdida: “Quem de vós que, tendo cem
ovelhas e perdendo uma delas, não deixa as noventa e nove no deserto e vai em
busca da que se perdeu, até encontrá-la?” (Lc 15,4).
A aritmética ou a matemática de Deus é
diferente de nossa. Por isso, a matemática de Deus não é nossa. O número e a
quantidade nos impressionam sempre. Para nós “um” não é igual a “noventa e
nove”, pois o nosso critério é a quantidade. Para Deus “um” é igual a “noventa
e nove”, pois o critério de Deus é baseado sobre o valor de cada um. Cada homem
tem um valor inestimável para Deus. É o mistério do respeito que Deus tem para
cada um de nós. Cada um de nós é amado por Deus com um amor “pessoal”,
“individualizado”. Deus ama cada um na sua individualidade. Sou amado por Deus
independentemente da minha situação atual ou do meu passado. Ele me ama por
aquilo que sou. E esse amor me potencia para melhorar minha vida e minha
convivência.
“O pastor vai em busca da ovelha que
se perdeu, até encontrá-la?”. É precisamente aquela que se escapou, se
perdeu. É para aquela ovelha perdida que o pensamento do pastor é dirigido. É
assim nosso Deus! Um Deus que continua pensando nos que O abandonaram, um Deus
que ama os que não O amam, um Deus que anda em busca de seus filhos perdidos e
desaparecidos de Sua presença. É a ovelha que causa preocupação para Deus. Esta
ovelha talvez seja eu, talvez seja você, porque podemos estar ausentes na
presença de Deus, podemos comer diante de Deus e não com Deus (cf. Lc 13,
26-27).
“E depois de encontrá-la, o pastor a
põe nos ombros, cheio de júbilo” (Lc 15,5). É um homem, um pastor feliz, sorridente,
exultante e muito contente. É assim que Deus é apresentado para nós. Deus é um
Ser que se alegra, e de Sua alegria faz partícipes os demais. A alegria de Deus
é encontrar novamente os filhos que estavam perdidos. Um só que se converteu
passa a ter uma importância desmesurada diante dos olhos de Deus. Onde há
experiência da graça de Deus (grego: “cháris”) sempre há alegria (grego:
“chára”). Somente quando experimentamos que Deus é alegre e que nos contagia
sua alegria é que poderemos renunciar a tudo sem sentir que nossa vida fique
vazia. Nada é possível sem um coração alegre. A alegria é fonte de heroísmo. O
esforço sem alegria gera ressentimento, pois não tolera os erros, como se
comportam os fariseus criticados por Jesus.
Este evangelho nos faz sentirmos gozo,
sobretudo esperança. Quem de nós que, alguma vez, não se sentiu como a ovelha
perdida? Não só pelo pecado. Há tantos conflitos e problemas na vida. Todos nós
conhecemos dias amargos na vida. Mas nossa vida tem sentido porque Deus cuida
de nós, nos ama, se alegra com nossas alegrias e nos consola nas nossas
tristezas. Além disso, precisamos estar conscientes de que onde estivermos,
para onde formos, em que situação nos encontrarmos, Deus continua nos amando do
mesmo jeito, pois para Ele cada um tem nome (cf. Is 43,1) e nosso nome está
tatuado na palma das mãos de Deus (cf. Is 4916). Quando tivermos essa
consciência, aconteça o que acontecer, Deus é nosso Pai que nos ama eternamente
(cf. Jr 31,3). Como é bom saber que nós somos amados de Deus e por Deus. Essa
consciência nos leva a vivermos nossa vida com força total e com carinho.
Sabemos que Deus nos ama e cremos no seu amor.
P. Vitus Gustama,svd
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