Domingo,Solenidade de Todos Os Santos,03/11/2019
No Brasil a solenidade é celebrada neste domingo e não no dia 1 de Novembro
SOLENIDADE
DE TODOS OS SANTOS
Somos Chamados Á Santidade
Eu, João, 2 vi um
outro anjo, que subia do lado onde nasce o sol. Ele trazia a marca do Deus vivo
e gritava, em alta voz, aos quatro anjos que tinham recebido o poder de
danificar a terra e o mar, dizendo-lhes: 3 “Não
façais mal à terra, nem ao mar, nem às árvores, até que tenhamos marcado na
fronte os servos do nosso Deus”. 4 Ouvi então
o número dos que tinham sido marcados: eram cento e quarenta e quatro mil, de
todas as tribos dos filhos de Israel. 9 Depois
disso, vi uma multidão imensa de gente de todas as nações, tribos, povos e
línguas, e que ninguém podia contar. Estavam de pé diante do trono e do
Cordeiro; trajavam vestes brancas e traziam palmas na mão. 10 Todos proclamavam com voz forte: “A salvação
pertence ao nosso Deus, que está sentado no trono, e ao Cordeiro”. 11 Todos os anjos estavam de pé, em volta do trono e
dos Anciãos, e dos quatro Seres vivos, e prostravam-se, com o rosto por terra,
diante do trono. E adoravam a Deus, dizendo: 12 “Amém. O
louvor, a glória e a sabedoria, a ação de graças, a honra, o poder e a força
pertencem ao nosso Deus para sempre. Amém”. 13 E um dos
Anciãos falou comigo e perguntou: “Quem são esses vestidos com roupas brancas?
De onde vieram?” 14 Eu
respondi: “Tu é que sabes, meu senhor”. E então ele me disse: “Esses são os que
vieram da grande tribulação. Lavaram e alvejaram as suas roupas no sangue do
Cordeiro”.
Segunda Leitura: 1Jo 3,1-3
Caríssimos: 1 Vede que grande presente de amor o Pai nos deu: de
sermos chamados filhos de Deus! E nós o somos! Se o mundo não nos conhece, é
porque não conheceu o Pai. 2 Caríssimos,
desde já somos filhos de Deus, mas nem sequer se manifestou o que seremos!
Sabemos que, quando Jesus se manifestar, seremos semelhantes a ele, porque o
veremos tal como ele é. 3 Todo o que
espera nele purifica-se a si mesmo, como também ele é puro.
Evangelho: Mt 5,1-12
Naquele tempo, 1 vendo Jesus as multidões, subiu ao monte e
sentou-se. Os discípulos aproximaram-se, 2 e Jesus
começou a ensiná-los: 3 “Bem-aventurados
os pobres em espírito, porque deles é o Reino dos Céus. 4 Bem-aventurados os aflitos, porque serão consolados. 5 Bem-aventurados os mansos, porque
possuirão a terra. 6 Bem-aventurados
os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados. 7 Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão
misericórdia. 8 Bem-aventurados os
puros de coração, porque verão a Deus. 9
Bem-aventurados os que promovem a paz, porque serão chamados filhos de Deus. 10 Bem-aventurados os que são
perseguidos por causa da justiça, porque deles é o Reino dos Céus. 11 Bem-aventurados sois vós, quando vos
injuriarem e perseguirem, e, mentindo, disserem todo tipo de mal contra vós,
por causa de mim. 12ª Alegrai-vos e
exultai, porque será grande a vossa recompensa nos céus”.
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Celebramos a
solenidade de todos os santos. Em relação à santidade, o Papa Francisco
escreveu: “Para
ser santo, não é necessário ser bispo, sacerdote, religiosa ou religioso.
Muitas vezes somos tentados a pensar que a santidade esteja reservada apenas
àqueles que têm possibilidade de se afastar das ocupações comuns, para dedicar
muito tempo à oração. Não é assim. Todos somos chamados a ser santos, vivendo
com amor e oferecendo o próprio testemunho nas ocupações de cada dia, onde cada
um se encontra. És uma consagrada ou um consagrado? Sê santo, vivendo com
alegria a tua doação. Estás casado? Sê santo, amando e cuidando do teu marido
ou da tua esposa, como Cristo fez com a Igreja. És um trabalhador? Sê santo,
cumprindo com honestidade e competência o teu trabalho ao serviço dos irmãos.
És progenitor, avó ou avô? Sê santo, ensinando com paciência as crianças a
seguirem Jesus. Estás investido em autoridade? Sê santo, lutando pelo bem comum
e renunciando aos teus interesses pessoais” (Exortação Apostólica, Gaudete et Exsultate n.14).
O culto aos santos
é a conseqüência de nosso Credo, conhecido como Símbolo Apostólico, onde
professamos: “Creio...na comunhão dos
santos...”. Esta pequena frase nos indica e afirma que a nossa relação com
os santos é contínua porque acreditamos na não–interrupção da comunhão
eclesiástica pela morte, e, ao mesmo tempo, acreditamos no fortalecimento da
mútua comunicação dos bens espirituais (LG no 49; compare com Rm 8,38-39). A
comunhão dos santos é testemunhada em várias passagens bíblicas (Hb 12,1; Lc
15,7; 2Cor 6,14; 1Jo 1,3; Ef 1,10-23). E nossa tradição aprofunda essa
doutrina, pois afirma que existe uma comunhão entre os fieis antepassados e
todos nós pela fé em Jesus Cristo. Se os que já partiram deste mundo tinham fé
em Jesus Cristo durante sua passagem neste mundo e nós que ainda estamos
peregrinado neste mundo temos também a mesma fé em Jesus Cristo, logo estamos
em comunhão pela mesma fé em Jesus Cristo. Nada nos separa do amor de Jesus
Cristo (cf. Rm 8,35-39).
Todos os santos é uma festa familiar: a festa daqueles que caminharam com Jesus e agora gozam a alegria
eterna com Ele. Nosso destino é Deus, a felicidade eterna que nos falta. É uma festa de
vitória dos que nos precederam e levaram uma vida sem mancha,
superando todo tipo de ganância, de prepotência, de egoísmo e assim por diante.
A Igreja dos
peregrinos (todos nós mortais) sempre teve e continua tendo perfeito
conhecimento dessa comunhão reinante em todo Corpo Místico de Jesus Cristo que
é a Igreja (LG 50). Todos os santos em comunhão têm sua santidade como um
reflexo da santidade do Senhor. A Igreja venera os santos como exemplos. O
Culto aos santos une-nos a Igreja celestial, pois acreditamos na vida sem fim,
a vida eterna. A celebração dos santos abrange não somente os santos
canonizados, mas também nossos antepassados, que viveram na busca da santidade
e são contados entre os bem-aventurados. Na mensagem do Apocalipse (Ap
7,2-4.9-14), a comunhão dos santos é assinalada por uma multidão dos eleitos de
Deus, gente de todas as etnias, tribos, povo e línguas. São os redimidos pelo
Sangue do Cordeiro.
Os santos que
estão em comunhão e são recordados nesta solenidade procuravam viver as
bem-aventuranças (Mt 5,1-12) na misericórdia, na mansidão, na justiça e no
serviço ao Reino na caridade fraterna. Os santos no Céu não se tornam uns
egoístas que gozam a merecida felicidade, mas pessoas maduras no amor. Para
estar com Deus de amor tem que ter muito amor no coração e na vida com os
outros. Como irmãos que nos precederam, eles ainda se lembram de nós, pobres
mortais, como Cristo sempre se lembra de nós. Os santos no Céu e os cristãos na
terra são uma família única. Assim como uma família, um irmão ajuda o outro
irmão. Por isso é que pedimos a ajuda dos santos pelos seus méritos.
Entendemos aqui
por “santos” todos os que já estão no céu e vêem o próprio Deus face a face.
São aqueles que estão na paz e na felicidade suprema (GS 93); aqueles que estão
na comunhão perpétua da incorruptível vida divina (GS 18). Esta vida perfeita
chama-se “o Céu”. O Céu é, certamente, o fim último e a realização das
aspirações mais profundas do homem, o estado supremo e definitivo de
felicidade. O Céu é desejo de todos nós que estamos peregrinando nesta terra. Participar
da vida divina, a vida em sua plenitude, a vida cheia de amor é o que queremos
todos os dias, tanto para nós e nossos familiares como para aqueles que nos
precederam. O Céu conforme as palavras de São Paulo, citando Is 64,4, podemos
dizer de outra maneira: “O que os olhos não viram, os ouvidos não ouviram, e o
coração do homem não percebeu, isso Deus preparou para aqueles que O amam”
(1Cor 2,9).
É evidente que os
santos, cuja festa celebramos neste dia, não são somente aqueles que estão na
lista oficial da Igreja (beatificados ou canonizados). De quantos santos nós
não conhecemos nem a história nem o nome. O livro de Apocalipse (Ap 7,2-14)
fala de um desfile de 144 mil servos de Deus no céu. 144 é um número simbólico
(12 x 12) significa a unidade e totalidade do povo eleito. Entende-se, por
isso, uma grande multidão de pessoas de todos os povos e religiões, culturas,
de antes e depois de Cristo. Por isso, nunca podemos esquecer que há exemplos
de santidade e heroísmo cristãos em outras Igrejas, religiões, povos e culturas.
Reconhecer essa presença é uma ajuda para superar os nossos seculares
preconceitos e para acolher com alegria esses parceiros na construção do Reino
de Deus ou do mundo mais fraterno.
Além disto, na
solenidade de todos os santos não somente recordamos os santos que nos
precederam e nos ensinaram o caminho que os condiziu à felicidade plena (o céu),
mas quer que descubramos também os santos que nos acompanham agora e aqui em
nosso caminho terreno. Por isso, o Papa Francisco escreveu na sua Exortação Apostólica: Gaudete et
Exsultate: “Gosto de ver a santidade no povo paciente de Deus: nos
pais que criam os seus filhos com tanto amor, nos homens e mulheres que
trabalham a fim de trazer o pão para casa, nos doentes, nas consagradas idosas
que continuam a sorrir. Nesta constância de continuar a caminhar dia após dia,
vejo a santidade da Igreja militante. Esta é muitas vezes a santidade ‘ao pé da porta’, daqueles que vivem perto de nós e são um reflexo da
presença de Deus, ou – por outras palavras – da ‘classe média da santidade’” (n.7).
Como filhos de
Deus, estamos conscientes de que Deus é o Único Santo e fonte de toda
santidade. Por isso, consequentemente, Ele é o Único que faz santos os
participantes em sua vida por fruírem de sua santidade, por cumprirem seus
desígnios, por entrarem na esfera vital de seu reinado. Quando o homem já participa
em plenitude da vida de Deus no Reino dos céus, então é santo por sua comunhão
de vida com Deus, o Único Santo (cf. 1Jo 3,2).
Sabemos também que
somente Deus pode receber o verdadeiro culto de adoração. Dá-se, porém, o culto de veneração aos
servidores de Deus que já estão unidos a Ele plenamente na glória e pela
comunhão que mantém conosco, nos atraem para Deus e nos ajudam a percorrer o
caminho que trilharam e que nos conduzem à meta na qual nos precederam. Eles
são provas evidentes do amor de Deus e neles Deus nos fala. Se veneramos os
santos é porque descobrimos neles mais vivamente a presença e o rosto de Deus,
neles se manifesta a imagem de Deus, o Único Santo.
Por isso, o culto
aos santos não rebaixa nem diminui a adoração a Deus, pelo contrário,
enriquece-a intensamente porque nos aproxima mais da única santidade de Deus
que devemos imitar pessoalmente como o fizeram homens como nós enquanto
percorriam o mesmo caminho que estamos percorrendo.
Do ponto de vista
cristológico sabemos que Cristo é o Santo de Deus (Mc 1,24). Ele é a imagem do
Deus invisível (Cl 1,15). A santidade do homem consiste em sua perfeita união
com Jesus (LG 50). Os santos são santos porque imitaram e viveram os
ensinamentos de Jesus, Senhor de todos os santos. Eles produziram em si mesmos,
de forma significativa, o mistério pascal de Jesus. Por isso, a união com os
santos e seu culto unem-nos a Jesus, de quem dimana toda a graça santificadora;
eles são seus amigos e co-herdeiros. Enfatiza-se muito, por isso, esse valor
cristológico do culto aos santos na celebração eucarística.
Quando nós
veneramos os santos, portanto, não somos idólatras. Se nós admirarmos e
louvarmos um quadro de valor, por acaso o pintor deste quadro se sentirá
ofendido? Ao contrário, ele não ficará feliz? Os santos são as obras artísticas
de Deus, Aquele que esculpiu e pintou o seu semblante na alma deles. Se
admirarmos ou louvarmos os filhos, por acaso o pai se ofenderá? O pai não
ficará feliz pela admiração dada aos seus filhos por outras pessoas? Os santos
são os filhos prediletos do Senhor, aqueles que mais se lhe assemelham.
Mas devemos
reconhecer que há pessoas que amam o santo ou a santa,
mas não a sua santidade. São muitos cristãos que recorrem aos santos
somente para os interesses materiais ou só para alcançar determinada graça e
não para pedir a graça de seguir o exemplo desses santos. Podemos encontrar
muitíssimas pessoas em volta do altar de santos, mas poucas que seguem os
exemplos que os santos nos deixaram. Não podemos abusar dos santos só para
atender nossos desejos materiais, esquecendo que precisamos seguir seus
exemplos de santidade. Devemos saber que
não há devoção mais eficaz do que a imitação das virtudes dos santos. Para que,
seguindo o exemplo dos santos que viveram segundo os ensinamentos de Cristo
durante sua vida terrena, possamos também alcançar a santidade para a qual
todos nós somos chamados.
A vocação à santidade é universal. Todos são chamados à santidade, segundo diz S. Paulo: “Pois esta é a
vontade de Deus, a vossa santificação” (cf. 1Ts 4,3; Ef 1,4). E o fundamento de
nossa santidade ou da nossa perfeição é Jesus Cristo, cumpridor fiel da vontade
de Deus. Como dizia Santa Teresa do Menino Jesus: “...Quem aspira à santidade deve fugir à tentação de querer
santificar-se ao seu modo, conforme a própria vontade, seu ponto de vista, seus
planos humanos, mas entregar-se inteiramente à vontade de Deus. Deus traça o
caminho e o homem deve segui-lo” (Santa Teresa de Jesus, Fd.5-10). E na
mesma perspectiva São João da Cruz ensinou: “A santidade, ou seja, a união autêntica com Deus consiste na total
transformação de nossa vontade na vontade de Deus, de tal modo que, em nós,
nada contrarie a vontade do Altíssimo, mas nossos atos dependem totalmente do
beneplácito divino” (Subida I-II,2).
Portanto, o culto
verdadeiro de veneração que prestamos aos santos não deve terminar neles. Ao
contrário, deve acabar em Cristo como fonte da missão, grandeza, dignidade e
privilégios destes santos. Os santos nos ajuda a termos fé firme em Jesus
Cristo, mesmo que nos encontremos numa situação sufocante.
Os santos são um
grande exemplo de santidade e de cumprimento da vontade de Deus para nós. Não
pensemos que não podemos resistir às tentações. Também os santos tiveram carne
e sangue como nós; experimentaram as tentações como as nossas tentações,
contudo eles venceram. Basta ler a história da vida dos santos, como Santo
Agostinho, São Francisco de Assis, São João da Cruz, Santa Teresa de Ávila e
muitos outros santos, saberemos as lutas sem tréguas deles contra as paixões
desordenadas, contra as tentações e outros problemas, no entanto venceram.
Apesar de tantas dificuldades, os santos viveram os ensinamentos de Cristo até
o fim de sua vida. Se eles venceram, será que nós não podemos vencer também?
Segundo o
Evangelho deste dia, Jesus veio ao mundo para fazer todos felizes e indicar
qual é o caminho para alcançar a felicidade. Jesus faz sua proposta sobre como
podemos ser felizes ou bem-aventurados. Jesus nos oferece um modelo de vida,
uns valores que, segundo Ele, são os que nos podem fazer felizes de verdade. A
proposta de Jesus são as bem-aventuranças que lemos neste dia no evangelho.
As
bem-aventuranças são uns pensamentos, umas sentenças que à primeira vista podem
desconcertar o sentido comum. Jesus nos diz que serão bem-aventurados os pobres no espírito, os sofridos, os que choram, os que têm fome e sede da justiça, os
misericordiosos, os puros de coração, os que trabalham pela paz, os perseguidos
por causa da justiça.
Somente serão
autenticamente felizes os que põem toda sua confiança em Deus e tudo o mais
fica no segundo lugar; somente os que sabem viver umas atitudes de
desprendimento, de humildade, de desejo de justiça, de preocupação e de
interesse pelos problemas dos demais. É uma felicidade que aponta para o fundo
do coração, para o mais transcendente de si mesmo, para a salvação. Jesus
declara felizes àqueles que mantêm viva a confiança em Deus apesar de serem
indefesos, oprimidos, marginalizados e perseguidos por causa do bem praticado e
do amor vivido até o fim.
Os
felizes são os que têm um coração centrado em Deus e que se traduz no amor ao próximo e que rejeitam toda espécie de
idolatria. Os pobres em espírito são aqueles se submetem interiormente, sem
resistência à vontade de Deus. O espírito de humilde submissão à vontade de
Deus, nasce da fé inabalável na soberania e na misericórdia de Deus e que se
traduz em atitudes e condutas de bondade e de mansidão, de misericórdia e de
compaixão, de tolerância e de compreensão na convivência com os outros. Os
santos não se fecham no próprio egoísmo, mas sabem ser solidários com todos,
especialmente com os mais necessidade partilhando qie se tem e o que se é.
Os
felizes são os mansos que, por não responderem à violência com violência, estão
prontos a perdoar. Jesus declara felizes não os que são mansos por
temperamento, mas os que, apesar de não disporem de meios para fazer valer seus
direitos, não são violentos nem agressivos, mas pacientes e indulgentes. Eles
acreditam que a vida baseada no princípio “olho por olho” só resulta na
cegueira, e na cegueira nada se vê, só escuridão.
Os
felizes são os indefesos que não têm como defender seus direitos por falta de
recursos, mas que esperam somente a intervenção divina. Os felizes são os que não pactuam com a maldade, com a divisão, com a
malícia, nem se deixam levar pela lógica da dominação e do autoritarismo.
Os
felizes são os que têm um coração cheio de misericórdia para com os
semelhantes. Um misericordioso é aquele que é capaz de amar até
a pessoa que não merece ser amada do ponto de vista humano. Mas por acreditar
na misericórdia de Deus, ele sempre quer o bem da mesma.
Os
felizes são os promotores da paz que procuram criar laços de amizade e banir
toda espécie de ódio, ajudar a superar as divisões para que mundo seja cada vez
mais fraterno, e mais humano. Santo Agostinho
dizia: “Não
basta ser pacífico. É necessário ser promotor da paz. Quem são os pacíficos?
Não os pacifistas, mas os promotores da paz. Não basta estar disposto a perdoar
ou ignorar os inimigos, é preciso amá-los e ter compaixão por eles. Não odeias
aos cegos, mesmo que ames a luz. Da mesma forma, deves amar a paz sem odiar os
que fazem guerra”.
Os
felizes são os perseguidos por causa da justiça, por causa do bem que fazem,
por viverem retamente. Quem sempre faz o bem, muitas
vezes acaba sendo perseguido e crucificado como Jesus. Mas ele é feliz, pois
até o fim ele é capaz de dizer sim para o bem e dizer não para o mal. Quem pára
de crescer neste espírito das bem-aventuranças, começa a morrer de verdade.
Portanto, as
bem-aventuranças são uma proclamação de amizade de Deus para as pessoas que
participaram do espírito dessas bem-aventuranças e também são um programa da
vida de cada cristão (vocação à felicidade é para todos), e são uma celebração
da felicidade como dom ou graça presente, como uma realidade já presente e não
apenas como algo depois da morte ou uma recompensa futura pela carência na
terra. Se entendêssemos as bem-aventuranças somente como uma compensação para
depois da morte, elas seriam “ópio do povo”. Em outras palavras, somos felizes
já na medida em que pertencemos a Deus no presente que se traduz na vivência da
fraternidade universal. Então, também o futuro de Deus nos pertence. A partir
daí, o céu é a experiência de compartilhar a alegria, a paz e o amor de Deus na
plena capacidade humana.
As pessoas felizes, das quais Jesus
fala neste discurso, então, são felizes agora por causa do futuro que se abre
para elas. Elas são felizes porque têm uma esperança
magnífica apesar das tribulações e sofrimentos por uma causa digna para um ser
humano. É uma felicidade voltada para o futuro e que se antecipa na esperança
do que está por vir. Mas esta esperança não pode ser separada de uma realidade
vivida no momento presente. As bem-aventuranças se dirigem a algumas categorias
de pessoas caracterizadas por suas situações interiores, como são ditas nesse
sermão de Jesus. É a elas que é oferecida a esperança. O futuro feliz torna-se
realidade presente na pessoa de Jesus e tem nele a sua garantia.
Depois de ler as
bem-aventuranças e de refleti-las, você pode-se perguntar: “Você é feliz no
critério de Jesus? Ou você não está feliz? Por que esta infelicidade?” Para que
tenhamos o espírito das bem-aventuranças, para que possamos realmente ser
felizes, temos que deixar Deus dominar nossa vida, temos que deixar Deus
conduzir nossa vida e nossas decisões. Santo Agostinho dizia: “Deus, de quem
separar-se é morrer, a quem retornar é ressuscitar, com quem habitar é viver.
Deus, de quem fugir é cair, a quem voltar é levantar-se, em quem apoiar-se é
estar seguro”.
Todos os batizados
são chamados à santidade. “Pois esta é a vontade de Deus, a vossa santificação” (cf. 1Ts 4,3;
Ef 1,4). O Papa
Francisco escreveu: “Deixa que a graça
do teu Batismo frutifique num caminho de santidade. Deixa que tudo esteja aberto a Deus e, para isso, opta
por Ele, escolhe Deus sem cessar. Não desanimes, porque tens a força do
Espírito Santo para tornar possível a santidade e, no fundo, esta é o fruto do
Espírito Santo na tua vida (cf. Gal 5, 22-23). Quando sentires a tentação de te enredares
na tua fragilidade, levanta os olhos para o Crucificado e diz-Lhe: «Senhor, sou
um miserável! Mas Vós podeis realizar o milagre de me tornar um pouco melhor».
Na Igreja, santa e formada por pecadores, encontrarás tudo o que precisas para
crescer rumo à santidade. ‘Como uma noiva que se adorna com as suas joias’
(Is 61, 10), o
Senhor cumulou-a de dons com a Palavra, os Sacramentos, os santuários, a vida
das comunidades, o testemunho dos santos e uma beleza multiforme que deriva do
amor do Senhor” (Gaudete et Exsultate n.15).
Pedimos a ajuda dos santos que viveram os
ensinamentos de Cristo até o fim, para que possamos também viver segundo os
ensinamentos de Cristo até o fim de nossa vida terrestre para que um dia
mereçamos ser chamados de santos.
P. Vitus Gustama,SVD
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