quarta-feira, 27 de novembro de 2019

30/11/2019
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ORAR E VIGIAR PERMANENTEMENTE PARA PERMANECER COM O PODER DE DEUS E VENCER OS PODERES DO MAL
Sábado da XXXIV Semana Comum


Primeira Leitura: Dn 7,15-27
15 “Fiquei chocado em meu íntimo: eu, Daniel, fiquei aterrorizado com estas coisas, e as visões da imaginação me deixaram perturbado. 16 Aproximei-me de um dos presentes e pedi-lhe que me desse explicações sobre o significado de tudo aquilo. Respondeu-me, fazendo-me conhecer a interpretação das coisas: 17 ‘Estes quatro possantes animais são quatro reinos que surgirão na terra; 18 mas os que receberão o reino são os santos do Altíssimo; eles ficarão de posse do reino por todos os séculos, eternamente’. 19 Depois, quis ser mais bem informado a respeito do quarto animal, que era bastante diferente dos outros e o mais terrível de todos, com seus dentes de ferro e garras de bronze, sempre devorando e triturando, e calcando aos pés o que restava; 20 e ainda a respeito dos dez chifres que tinha na cabeça, e sobre o outro que nascera e fizera cair outros três, sobre o chifre que tinha olhos e boca, e que fazia ouvir uma fala forte, e era maior que os outros. 21 Eu continuava a olhar, e eis que este chifre combatia contra os santos e vencia, 22 até que veio o Ancião de muitos dias e fez justiça aos santos do Altíssimo, e chegou o tempo para os santos entrarem na posse do reino. 23 Respondeu-me assim: ‘O quarto animal é um quarto reino que surgirá na terra, e que será maior do que todos os outros reinos; há de devorar a terra inteira, espezinhá-la e esmagá-la. 24 Quanto aos dez chifres do reino, serão dez reis; um outro surgirá depois deles, e este será mais poderoso do que seus antecessores, e abaterá os três reis,25 e articulará insolências contra o Altíssimo e perseguirá seus santos e se julgará em condições de mudar os tempos e a lei; os santos serão entregues ao seu arbítrio por um tempo, por tempos e por um meio-tempo; 26 o tribunal se estabelecerá, e ao chifre será tirado o poder, até ser destruído e desaparecer para sempre; 27 e então, que seja dado o reino, o poder e a grandeza dos reinos que existem sob o céu ao povo dos santos do Altíssimo, cujo reino é um reino eterno, e a quem todos os reis servirão e prestarão obediência”.


Evangelho: Lc 21,34-36
34 “Tomai cuidado para que vossos corações não fiquem insensíveis por causa da gula, da embriaguez e das preocupações da vida, e esse dia não caia de repente sobre vós; 35 pois esse dia cairá como uma armadilha sobre todos os habitantes de toda a terra. 36 Portanto, ficai atentos e orai a todo momento, a fim de terdes força para escapar a tudo o que deve acontecer e para ficardes de pé diante do Filho do Homem”.
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Hoje termina o Ano Litúrgico “C”. E recebemos no entradecer um Novo Ano na liturgia. O Ano Novo Litúrgico será o Ano Lítúrgico “A” que vai do Primeiro Domingo do Advento até a Festa do Cristo Rei no ano seguinte. Durante o Ano Litúrgico “A” refletiremos sobre o Evangelho de Mateus.


É Preciso Manter A Fé No Poder Da Palavra De Deus Que Nos Garante o Futuro


Os que receberão o reino são os santos do Altíssimo; eles ficarão de posse do reino por todos os séculos, eternamente”.


O texto da Primeira Leitura é a continuação da leitura do dia anterior. Gigantesca luta entre as forças do Bem e as forças do Mal que verá o triunfo dos Santos contra as bestas malfeitoras.


Trata-se do anúncio do “Messias”. Todos os exegetas afirmam unanimanete este ponto. Mas trata-se, sobretudo, de uma interpretação “religiosa” de toda a História Humana. Daniel foi o primeiro que considera a história mundial como uma preparação do “Reino de Deus”. O combate da “santidade” aqu nesta terra conduz o homem para o umbral da eternidade de Deus.


A texto de hoje continua com a visão que começamos a ler ontem em que Daniel está preocupado em saber o significado das quatro bestas, especialmente o quarto, o último, o mais terrível, que parece lutar contra os santos e vencê-los.


Lembre-se, mais uma vez, de que o livro está escrito para aqueles que sofrem a perseguição de Antíoco, no tempo dos Macabeus, no segundo século antes de Cristo. O último rei, que blasfema e é cruel e acaba com os que o impedem, só vai durar "um ano, outro ano e outro ano e meio", isto é, três anos e meio, metade dos sete, metade de número perfeito, portanto, um número ruim, fatal para ele. Então o Altíssimo o aniquilará totalmente", e o poder real será dado ao povo dos santos, e será um reino eterno". É o cara do mal, da destruição, da infidelidade e do pecado que desaparece da história!


Essas quatro bestas são como as quatro partes da estátua que Nabucodonosor viu no seu sonho. Mas hoje sabemos que com o seu poder e o terror virá o único reino definitivo: o de Deus, o dos santos, o do amor eterno. O Filho do homem nos trará, quem é o rei do Messias.


Contemplando o espetáculo da ingratidão humana e dos reinos mundanos que se seguem, olhemos para trás e coloquemos nossa esperança no Rei dos reis, no Messias que virá inaugurar o reino de Deus ou dos santos. O Senhor do Reino será aquele que nos ensina a viver sem embotamento ou enfraquecimento da mente com vícios nefastos, sem cegueira que produz as paixões desenfreadas e as drogas, sem apetite desordenado de acumular os bens materiais que anulam a personalidade de qualquer homem em su convivência, solidariedade, gratuidade, serviço e amor. Trata-se do Reino da paz, da fraternidade, da justiça e assim por diante. Mantenhamos nos luta para ser construitores da fraternidade, da justiça, da idualdade e assim por diante apesar dos poderes mundanos aparentemente superpotentes, mas com pernas de barro que cedo ou tarde vão cair no chão para virar pó morto.


Os "triunfos de Deus" não são muito aparentes, e são frequentemente escondidos sob o triunfo monstruoso das forças do mal. Os tempos de "mártires" sabem bem disso. A era dos Macabeus, época de Daniel, eles conheciam. Ainda hoje, "aparências" são contra Deus ... "por um tempo"! porque nos foi prometido que esse triunfo do mal não durará.


Portanto, a lição é clara: o autor quer incentivar, despertar esperança, de modo que ninguém acredite que a última palavra seja daquele Antíoco que queria "aniquilar os santos e mudar o calendário e a lei", e sim a Palavra de Deus. Ninguém é capaz de lutar contra Deus e ninguém tem força suficiente para se rebelar contra Deus. Quem quiser ser vitorioso e salvo esteja sempre com Deus e conte com Ele nas lutas de cada dia. A história nos provou que aqueles que foram fiéis recebem a coroa da glória. São palavras de encorajamento também para os cristãos que estão tentando seguir os caminhos de Deus no meio das tentações que vêm de fora e de dentro, incorporados em Cristo Jesus, a Vítima do mal, mas que ressuscita vitorioso.


No texto aparece o caminho tempestuoso do mal que embriaga toda a existência. Mas em seu momento culminante, aparece um raio de luz: o fim nunca é o triunfo do poder do mal, mas o alvorecer da salvação. Deus e o Filho do Homem triunfam, com seus seguidores, na morada da felicidade. Acreditemos no poder de Deus e não na potência do mal que aparentemente muito poderosa. Mas apenas “aparentemente”.


É Preciso Viver Na Sobriedade Para Viver Saudavelmente Físico e Espiritualmente


Tomai cuidado para que vossos corações não fiquem insensíveis por causa da gula, da embriaguez e das preocupações da vida”.


Estamos na ultima parte do discurso escatológico ou apocalíptico de Jesus na versão de Lucas. Desta vez, somos alertados sobre a importância da vigilância e da oração no seguimento de Jesus Cristo.


Ficai atentos e orai a todo momento, a fim de terdes força para escapar a tudo o que deve acontecer e para ficardes de pé diante do Filho do Homem”, assim Jesus nos alerta.


No contexto do discurso, colocado imediatamente antes dos relatos da Paixão e da ressurreição do Senhor, esta exortação designa com claridade a Paixão do Filho do Homem durante a qual os discípulos se encontrarão em uma situação complicada. Consciente da situação complicada, com esta exortação Jesus quer animar seus discípulos para que sejam firmes em tudo, pois atrás do mistério da cruz está a ressurreição, atrás de uma aparente debilidade se encontra uma força irresistível, atrás de umas nuvens negras se esconde o sol. Em outras palavras, é preciso ir além da aparência e penetrar a camada exterior para entrar no miolo das coisas. Ao contemplar o mistério da Cruz na sua profundidade acabaremos enxergando o mistério da ressurreição, mistério que nos fortalece para superar tudo na nossa caminhada.


Mas o evangelista Lucas também pensa nos seus leitores de hoje e de amanhã. Encontrados ou situados no mistério da existência, com seus altos e baixos, não sentirão a tentação de abandonar tudo? Daí a importância da vigilância e da oração na vida de qualquer seguidor do Senhor.


Viver Orando


“Quando o Espírito (Santo) fixa a sua morada no coração do homem, este não pode parar de rezar... e a sua alma exala espontaneamente o perfume de oração” (Santo Isaac da Síria).


Para Jesus, rezamos “a fim de terdes força para escapar a tudo o que deve acontecer e para ficardes de pé diante do Filho do Homem”. A oração é a força sem limites para encarar a realidade, pois a encaramos com Deus, e se encararmos tudo com Deus, será cumprido aquilo que São Paulo escreveu: “Se Deus é por nós, quem será contra nós? Aquele que não poupou seu próprio Filho, mas que por todos nós o entregou, como não nos dará também com ele todas as coisas?” (Rm 8,31-32). Aquele que aprende a ficar de joelho diante de Deus em uma atitude de oração e adoração, ele ficará de pé firmemente diante da vida e de seus acontecimentos. Se pararmos de rezar, erraremos o caminho, pois rezar significa estar em comunhão com Deus e por isso, estar no caminho de Deus e com Deus. “Tuas orações são a seta que o mantém na raia” (Santo Agostinho: Serm. 22,5).


Na verdadeira oração encontramos Deus, Fonte do ser e do existir, e ao encontrar a Fonte de nosso ser, acabamos encontrando nosso próximo, objeto do amor de Deus (cf. Jo 3,16). Por isso, não pedimos a Deus que governe nossa vida através de milagres, e sim Lhe pedimos o milagre de amar até o fim (cf. Jo 13,1), pois somente o amor capaz de transformar o mundo porque “Deus é amor” (1Jo 4,8.16). O amor fraterno nos identifica como verdadeiros seguidores de Jesus Cristo (cf. Jo 13,35). Por isso, se nossa oração nos afasta dos homens, ainda não nos encontramos com o Deus dos homens, mas com sua fantasia. Sempre que rezamos de verdade, a nossa oração é eficaz porque nós nos modificamos. Não rezamos para convencer Deus que faça o que queremos e sim para conseguir nos aproximar de tudo que Deus espera de nós. Dizia Santo Agostinho: “É injusto desejar qualquer coisa do Senhor e não desejar a Ele mesmo. Pode, por acaso, a doação ser preferida ao doador?” (In ps.76,2).


Viver Na Vigilância e Na Permanente Atenção


Ficai atentos! Tomai cuidado para que vossos corações não fiquem insensíveis por causa da gula, da embriaguez e das preocupações da vida, e esse dia não caia de repente sobre vós; pois esse dia cairá como uma armadilha sobre todos os habitantes de toda a terra”.


A última recomendação de Jesus no seu discurso escatológico na versão de Lucas, o ultimo conselho do ano litúrgico é este: “Ficai atentos!” ou “Estejais vigilantes”.


Ser vigilante não é uma opção para um cristão, e sim faz parte do seu ser como seguidor do Senhor. Estar atento é a verdadeira espiritualidade cristã, pois o centro é sempre o outro e o Outro. A atenção nos leva a nos aproximarmos do outro para estar com ele ou para ajudá-lo na sua necessidade. A vigilância nos capacita a detectarmos tudo que possa desviar nossa atenção de nossa meta de estar em comunhão plena com o Senhor, fonte de nosso ser. Somente os vigilantes são capazes de se afastar do mal.


Além disso, a vigilância e a oração têm o seguinte objetivo: “para ficardes de pé diante do Filho do Homem”.  Estar de pé diante de Cristo é estar em vigilância e em atitude de oração na nossa passagem neste mundo cumprindo nossa missão como seguidores de Jesus Cristo. O verdadeiro cristão não se preocupa se a vinda gloriosa de Jesus está próxima ou ainda está distante, pois ele tem um compromisso com o presente de levar até o fim uma grande tarefa de evangelização, isto é, em levar o que é bom e digno para os outros.


O contrário da vigilância é a gula, a embriaguez e as preocupações da vida:Tomai cuidado para que vossos corações não fiquem insensíveis por causa da gula, da embriaguez e das preocupações da vida, e esse dia não caia de repente sobre vós; pois esse dia cairá como uma armadilha sobre todos os habitantes de toda a terra”.


Na época de Jesus, o alcoolismo, o afã de riqueza, a prostituição e os jogos de azar eram as grandes distrações. O povo judeu era muito zeloso de suas leis religiosas. Posteriormente as comunidades primitivas tiveram que definir parâmetros muito claros diante dos vícios que propagavam as culturas greco-romanas centradas no culto ao poder e ao prazer. 


O evangelho de hoje põe na boca de Jesus um conjunto de advertências acima mencionadas que tratam de resistir diante dos vícios que ameaçavam a integridade da pessoa e da comunidade. Não se trata de uma pregação moralista e sim um chamado para uma atitude ética consciente e responsável. O ser humano não pode ser livre se ainda permanece atado aos vícios que a cultura lhe impõe. O cristão não pode ficar atento à presença do Senhor se estiver dominado pelo vício. Ao contrário, o cristão precisa estar livre e estar atento diante da realidade para dar uma resposta adequada e eficaz. Por esta razão, o cristão precisa cultivar uma atitude orante que lhe permite estar atento diante da realidade e descobrir os sinais dos tempos. O fracasso sempre nos deixa muitos ensinamentos que nos ajudam a melhorar. Ele favorece a humildade e nos ajuda a manter os pés no chão; estimula nossa imaginação e nos leva a explorar novas alternativas; faz de nós pessoas mais reflexivas, evitando decisões precipitadas; é um convite para recomeçar. Ser cristão é ser eterno recomeço.


Em cada Eucaristia se concentram três direções para resumir tudo que foi falado até agora, no discurso escatológico de Jesus, através das palavras de São Paulo: “Todas as vezes que comeis desse pão e bebeis desse cálice (momento privilegiado do “hoje”) anunciais a morte do Senhor (o “ontem” da Páscoa), até que ele venha (o “amanhã da manifestação do Senhor)” (1Cor 11,26). Por isso aclamamos no momento central da missa: “Anunciamos, Senhor, a vossa morte, proclamamos a vossa ressurreição, vinde Senhor Jesus”.


Com este texto terminamos o Tempo Comum para entrar a partir do próximo domingo no Tempo do Advento e do Natal. Na época de Natal é bom ficar na nossa memória as palavras do Senhor lidas hoje:Tomai cuidado para que vossos corações não fiquem insensíveis por causa da gula, da embriaguez e das preocupações da vida, e esse dia não caia de repente sobre vós; pois esse dia cairá como uma armadilha sobre todos os habitantes de toda a terra”.
P. Vitus Gustama,svd

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