quinta-feira, 11 de junho de 2020

Domingo,14/06/2020
Bíblia Melódica: Sacerdócio Real e Nação Santa - 1 Pedro 2:9Êxodo 19:6 - NVIILCE MARINHO: Evangelho: A Messe É Grande, Mas Os Operários São PoucosEVANGELHO DO DIA: Lucas 10,1-9 São... - Paróquia Imaculada ...
SOMOS CHAMADOS A SER MISSIONÁRIOS COMPASSIVOS
XI DOMINGO DO TEMPO COMUM “A”


Primeira Leitura: Êx 19,2-6a
Naqueles dias, os israelitas, 2 partindo de Rafidim, chegaram ao deserto do Sinai, onde acamparam. Israel armou aí suas tendas, defronte da montanha. 3 Moisés, então, subiu ao encontro de Deus. O Senhor chamou-o do alto da montanha, e disse: “Assim deverás falar à casa de Jacó e anunciar aos filhos de Israel: 4 Vistes o que fiz aos egípcios, e como vos levei sobre asas de águia e vos trouxe a mim. 5 Portanto, se ouvirdes a minha voz e guardardes a minha aliança, sereis para mim a porção escolhida dentre todos os povos, porque minha é toda a terra. 6ª E vós sereis para mim um reino de sacerdotes e uma nação santa”.


Segunda Leitura: Rm 5,6-11
Irmãos: 6 Quando éramos ainda fracos, Cristo morreu pelos ímpios, no tempo marcado. 7 Dificilmente alguém morrerá por um justo; por uma pessoa muito boa, talvez alguém se anime a morrer. 8 Pois bem, a prova de que Deus nos ama é que Cristo morreu por nós, quando éramos ainda pecadores. 9 Muito mais agora, que já estamos justificados pelo sangue de Cristo, seremos salvos da ira por ele. 10 Quando éramos inimigos de Deus, fomos reconciliados com ele pela morte do seu Filho; quanto mais agora, estando já reconciliados, seremos salvos por sua vida! 11 Ainda mais: Nós nos gloriamos em Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo. É por ele que, já desde o tempo presente, recebemos a reconciliação.


Evangelho: Mt 9,35-10,8
Naquele tempo, 36 vendo Jesus as multidões, compadeceu-se delas, porque estavam cansadas e abatidas, como ovelhas que não têm pastor. Então disse a seus discípulos: 37” A Messe é grande, mas os trabalhadores são poucos. 38 Pedi pois ao dono da messe que envie trabalhadores para a sua colheita!” 10,1 Jesus chamou os doze discípulos e deu-lhes poder para expulsarem os espíritos maus e para curarem todo tipo de doença e enfermidade. 2 Estes são os nomes dos doze apóstolos: primeiro, Simão chamado Pedro, e André, seu irmão; Tiago, filho de Zebedeu, e seu Irmão João; 3 Filipe e Bartolomeu; Tomé e Mateus, o cobrador de impostos; Tiago, filho de Alfeu, e Tadeu; 4 Simão, o Zelota, e Judas Iscariotes, que foi o traidor de Jesus. 5 Jesus enviou estes Doze, com as seguintes recomendações: “Não deveis ir aonde moram os pagãos, nem entrar nas cidades dos samaritanos! 6 Ide, antes, às ovelhas perdidas da casa de Israel! 7 Em vosso caminho, anunciai: ‘O Reino dos Céus está próximo’. 8 Curai os doentes, ressuscitai os mortos, purificai os leprosos, expulsai os demônios. De graça recebestes, de graça deveis dar!”
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Neste Domingo o Evangelho fala da vocação e da missão dos Doze. Jesus olha para a multidão de uma maneira muito especial, cuidando  da realidade deles. Ele se compadece dessa multidão “porque estavam cansadas e abatidas, como ovelhas que não têm pastor”.


E Ele dá resposta à situação com a oração comum, com a eleição dos Doze e sua missão ao povo.  Tudo é gratutitamente!


O evangelho nos mostra a compaixão que o Senhor tem por cada um de nós. Jesus não está interessado em pessoas em massa, mas em cada homem em particular. Ele se interessa por você. Ele conhece seu rosto, seu nome, sua história. Ele quer estabelecer um relacionamento com você. Você existe para Ele com seus problemas, suas dificuldades, suas exigências, suas esperanças. O único requisito para trabalhar em sua colheita/messe é abnegação, gratuidade; fugir dos êxitos, aplausos, honras, e privilégios. Escutemos as leituras que nos convidam a semearmos com paciência em tantos sulcos abertos que esperam a compaixão de cada um de nós e a compaixão de Cristo.


Do Evangelho aprendemos que devemos olhar para as pessoas como Jesus olha para a multidão, cuidando de sua situação e compadecendo-se, ou seja, entrando em sua pele para sentir o que elas sentem. É a campaixão! É sentir juntos para juntor procurarmos solução. Temos, ao mesmo tempo, uma missão de ajudar o outro a ter o olhar de Jesus sobre a realidade das pessoas, do povo. Jesus olha para as pessoas com amor. O que tem em cada coração fica transparente no seu olhar. De que maneira você olha para as pessoas e logo se saberá o que tem no seu coração. O olhar de Jesus é compacissvo, pois no seu coração somente tem amor.


O Livro do Êxodo, na Primeira Leitura (Êx 19,2-6ª) nos prepara para escutar o Evangelho com a recordação da Aliança que o Senhor estabelece com o povo eleito: o Senhor escolhe o povo como proprietário seu e atua em seu favor: “Sereis para mim a porção escolhida dentre todos os povos, porque minha é toda a terra. E vós sereis para mim um reino de sacerdotes e uma nação santa”. E o reconhecemos com o Salmo Responsorial (Sl 99): “Nós somos o povo e o rebanho do Senhor”. É sempre bom manter nossa consciência de que pertencemos ao Senhor. Somos o povo de Deus.


Através da Primeira Leitura, vemos como a mão de Deus está sempre por trás de nossos acontecimentos decisivos. É por isso que temos que reconhecer que tudo o que somos e temos devemos a Ele. Quantas dificuldades superamos em nossas vidas! Parece-nos quase impossível chegar até aqui; é toda a graça de Deus. O olhar misericordioso de Deus sempre nos acompanha como enfatiza o Evangelho. É preciso dirigirmos nosso olhar para Deus para agradecer e para pedir mais inspirações para nossas dificuldades de cada dia.


E finalmente, a Segunda Leitura (Rm 5,6-11), tirada da Carta de são Paulo aos Romanos, recorda o núcleo de nossa fé: fomos reconciliados com Deus pela morte de Jesus Cristo, e também seremos salvos graças à sua vida. A cruz de Jesus é o preço de nossa vida diante de Deus. Somos tão valiosos no olhar amoroso e misericordioso de Deus.


A segunda leitura, então, nos convida a tomarmos consciência de que Cristo morreu por nós sendo pecadores. Ai está a grandeza de seu amor: ele não morreu por nossos pecados, mas apesar deles. Seu sacrifício foi uma oferta generosa e gratuita. Seu amor se elevou acima de nossas rejeições.


Estendamos um pouco mais nossa meditação sobre o Evangelho proclamado neste domingo!


A seção de Mt 9,35-11,1, onde se encontra o nosso texto deste domingo (como também de alguns próximos domingos), é chamada o Discurso de Jesus sobre a missão da Igreja. Notemos que a missão em Mt não se limita apenas aos doze, mas para todos aqueles que queriam seguir a Jesus. Por isso, no discurso sobre a missão na versão de Mt não se fala nem da partida dos doze (Mc 6,12-13; Lc 9,6) nem de seu regresso (Mc 6,30; Lc 9,10). Podemos dizer que este discurso serve como um tipo de “manual” para os seguidores de Jesus na tarefa de exercer a missão como cristãos, seguidores de Jesus Cristo.


Neste discurso encontram-se uma introdução (9,35-38); o tema da missão (10,1-16); as perseguições na missão (10,17-25); a coragem requerida dos missionários frente as perseguições (10,26-33); as exigências radicais que se pedem dos missionários (10,34-39); e termina com uma conclusão(11,1).


Missão Baseada Sobre Compaixão e Oração


Vendo Jesus as multidões, compadeceu-se delas, porque estavam cansadas e abatidas, como ovelhas que não têm pastor. Então disse a seus discípulos” é a introdução do discurso sobre a missão.   


Nesta introdução fala-se, por um lado da reprovação dos líderes do povo: “As multidões estavam cansadas e abatidas, como ovelhas que não têm pastor”.


A tarefa do pastor é levar o rebanho para o bom pasto para dele se alimentar, e dele cuidar. O profeta Ezequiel acusava, em nome de Deus, os pastores oficiais de Israel, os príncipes e magistrados que não apascentavam o rebanho, mas a si mesmos (Ez 34,2). Por causa disso, no futuro, o próprio Deus vai exercer o ministério pastoral (Ez 34,11ss). O próprio Deus veio em Jesus como o Bom Pastor que veio para o rebanho ter vida em abundância (Jo 10,10). E para os que são encarregados de ser pastores ou líderes do rebanho, Jesus deixou a seguinte ordem: “Apascenta as minhas ovelhas!” (Jo 21,15-17). “Apascentar” significa guiar, conduzir, alimentar, reger, governar, conduzir ao pasto, vigiar no pasto, pastorear. É cuidar do rebanho do Senhor (minhas ovelhas).


Por outro lado, na introdução do discurso sobre a missão, fala-se também da compaixão de Jesus pela multidão cansada e abatida como rebanho sem pastor: Jesus ”ao ver a multidão teve compaixão dela, porque estava cansada e abatida como ovelhas sem pastor”(v.36).


Na Bíblia, a compaixão (hebraico, rahamim) significa um amor uterino (rehém quer dizer útero). O amor de Deus pelo povo é como uma mãe que olha e ama seu bebê que está no seu útero. Desta maneira é que Jesus olha e sente pela multidão. A vinda de Jesus ao mundo decorre da compaixão de Deus pela humanidade. Sua missão consiste em manifestar esta misericórdia, por meio dos gestos concretos. A compaixão é a marca da vida de Jesus. Por onde passa, o olhar de Jesus recai sobre os doentes e sofredores, as vítimas da marginalização e dos preconceitos e assim por diante.


A compaixão é o motivo pelo qual Jesus pensa na necessidade da missão feita por seus discípulos. Os discípulos são enviados como missionários da compaixão. A alma da missão é o amor compassivo. O próprio Jesus deseja que seus discípulos desempenhem o papel como pastores verdadeiros e compassivos do seu povo no seu lugar e conforme a sua maneira de apascentar o povo (missão movida pela compaixão). A raiz da missão é, certamente, a compaixão que significa sofrer junto, sentir em si mesmo as dores e os problemas do povo, significa compartilhar e tornar próprios os sofrimentos e os anseios dos outros, significa solidarizar-se. Consequentemente, esforçar-se em encontrar algumas soluções concretas.


Jesus olha a multidão com compaixão. O olhar de Jesus nos convida a ter um olhar contemplativo e compassivo. Olhar contemplativo e compassivo sobre as pessoas e a realidade é uma certa ternura que faz ver além das aparências e evitar a indiferença. É colocar-se no lugar de quem sofre. Esse olhar move alguém a fazer algo, e não apenas olhar. Foi por causa do povo abandonado que os discípulos foram chamados e enviados. Nenhum deles foi chamado por outro motivo. Era uma resposta às necessidades dos filhos e filhas de Deus e não em função da necessidade dos enviados.


Jesus afirma que a missão dos discípulos de levar a Boa Notícia aos outros e de apascentar fiéis na sua comunidade, também faz parte do acontecimento escatológico. Por essa razão Mt coloca a parte apocalíptica do discurso de Mc no seu discurso. Jesus sabe do tamanho da dificuldade dessa missão: por um lado, há poucos trabalhadores (v.37. Este versículo reflete a situação da comunidade de Mateus em que poucas pessoas têm interesse em ingressar no trabalho da missão. Mt admite que poucas pessoas se dedicaram à obra iniciada por Jesus. “Poucas” foram enviadas e continuava grande a necessidade de ajuda além das fronteiras da comunidade mateana. E nossa comunidade, também tem o mesmo problema?), e por outro lado, Jesus não oferece uma solução mágica ou através de milagre. Já que a missão faz parte do acontecimento escatológico, a solução desse problema, então, está nas mãos do Pai, dono da messe. O que os discípulos podem fazer é pedir ao Pai na oração para que mande mais trabalhadores para missão (v.38).


A Messe é grande, mas os trabalhadores são poucos. 38 Pedi pois ao dono da messe que envie trabalhadores para a sua colheita!”, disse o Senhor para seus discípulos. Nesta visão, a oração em si se torna missionária e escatológica. A oração deve fazer parte da missão, e não apenas se preocupar em procurar técnicas ou métodos para atrair mais pessoas para uma missão ou para a Igreja/comunidade. Aquele que é encarregado para liderar o rebanho tem que fazer seu trabalho dentro do espirito de oração, isto é, incluir Deus indispensavelmente no seu trabalho de pastor ou de líder. Um líder, um coordenador, um pastor que não reza não é digno de depositar confiança nele, pois ele vai fazer tudo em nome do próprio interesse e não em nome da salvação do rebanho do qual ele próprio faz parte.


Através desta última exortação, Mt convida a sua comunidade e a nossa a contemplar a missão a partir da perspectiva e dos critérios de Deus, e a orar antes de empreender a tarefa de anunciar o evangelho. Isto quer nos dizer que a missão não depende da iniciativa autônoma dos homens, mas origina-se da vontade soberana de Deus. O que os homens podem fazer é rezar sempre para o Dono da messe mandar mais missionários.


Jesus Nos Chama Pelo Nome Para Sermos Seus Apóstolos


Até este momento, Mt somente há nomeado cinco discípulos de Jesus: Pedro e seu irmão André (Mt 4,18), Tiago e seu irmão João (Mt 4,21), e Mateus (Mt 9,9). Agora o grupo se completa até chegar ao número simbólico de doze. Estes doze discípulos representam doze tribos de Israel, e serão as colunas do novo povo de Deus, simbolizando a unidade e a totalidade do povo eleito. Pedro encabeça a lista e Judas Iscariotes a encerra. Ambos terão um protagonismo especial no relato da paixão (Mt 26-27). E Pedro aparecerá mais com um papel especial em outros lugares do evangelho (Mt 14,28-31;16,16-19;17,24-27).


A lista dos escolhidos indica o caráter pessoal da vocação e da missão dos discípulos. Dificilmente encontramos os critérios adotados por Jesus na escolha dos Doze. Mas sabemos através da personalidade ou profissão dos Doze de que eles não eram pessoas de caráter excelente e firmes na fé, nem dotados de alto conhecimento teológico, tampouco provindos da classe alta da sociedade. Ao contrário, eles eram incultos, pescadores. Judas traiu e Pedro negou Jesus. Basta verificar a história da salvação. Ao longo dela, Deus serviu-se de meios precários para realizar seu plano. O próprio Deus continua sendo o próprio protagonista da missão. Somos apenas enviados. A missão é de Deus. Apesar da fragilidade dos escolhidos, eles foram instrumentos válidos nas mãos de Deus, pois era ele, como continua sendo quem realizava e continua realizando a salvação.


Por isso, ao ver a lista dos escolhidos, não podemos mais ter nem criar desculpas diante da chamada de Deus. Como dizia São João Crisóstomo: “Não há nada mais frio que um cristão despreocupado da salvação alheia. Não podes aduzir como pretexto a tua pobreza econômica. Acusar-te-á a velhinha que deu as suas moedas no Templo. O próprio Pedro dirá mais tarde: ‘Não tenho ouro nem prata’ (At 3,6). E Paulo era tão pobre que muitas vezes passava fome e não tinha o necessário para viver. Não podes pretextar a tua origem humilde: eles também eram pessoas humildes, de condição modesta. Nem a ignorância te servirá de desculpa: todos eles eram homens sem letras. Sejas escravos ou fugitivo, podes cumprir o que depende de ti. ...Não invoques a doença como pretexto, pois Timóteo estava submetido a frequentes indisposições...Cada um pode ser útil ao seu próximo, se quiser fazer o que está ao seu alcance” (Homilia 20 sobre os Atos dos Apóstolos).


E em relação ao grande tamanho da missão enquanto há poucos trabalhadores, São Gregório Magno comenta: “A messe é muita, mas os operários poucos...Ao escutarmos isto, não podemos deixar de sentir uma grande tristeza, porque é preciso reconhecer que há pessoas que desejam escutar coisas boas; falta, no entanto, quem se dedique a anunciá-la”.


A lista dos doze está aí. Verifique, se nesta lista você encontrou seu nome. Se não, então, você precisa acrescentar seu nome para aumentá-la. Você está disposto a colocar seu nome nesta lista?


Todos Nós Somos Enviados Para Libertar Os Irmãos De Qualquer Tipo de Escravidão


Os doze discípulos são chamados agora de os Doze Apóstolos ou enviados. Somente neste capítulo, Jesus usa o termo “Apóstolo”. Isso quer nos dizer que a missão é própria de todo discípulo de Jesus e que todos os seguidores de Cristo são chamados à missão.


A missão que devemos levar adiante é esta: Não deveis ir aonde moram os pagãos, nem entrar nas cidades dos samaritanos! Ide, antes, às ovelhas perdidas da casa de Israel! Em vosso caminho, anunciai: ‘O Reino dos Céus está próximo’. Curai os doentes, ressuscitai os mortos, purificai os leprosos, expulsai os demônios. De graça recebestes, de graça deveis dar!”


Ao chamar os Doze, Jesus lhes dá poder sobre os espíritos maus e sobre todo tipo de doença e enfermidade (10,1). A autoridade/poder que Jesus dá aos Doze não é qualquer autoridade e sim uma autoridade totalmente para o ministério apostólico: libertar e curar. É uma autoridade completamente missionária. Aqui, neste capítulo, não se fala do poder de presidir/dirigir ou governar.  Jesus capacita os discípulos para vencer a resistência à mensagem oposta pelas ideologias que dominam os homens, e a tudo que vai contra o projeto de Deus (cf. Mt 8,14-15). Os discípulos são chamados a lutar contra tudo aquilo que destrói a vida do homem, quer a física, quer a espiritual; contra aqueles sistemas sociais que reduzem o ser humano a instrumento de produção, sem receber a parte que lhe é devida, que negam a liberdade de falar a verdade.


Na hora de enfrentar qualquer dificuldade, o discípulo deve estar consciente de que ele já recebeu de Jesus a capacidade para superá-la (cf. Mt 28,18-19). Não cabe ao discípulo desistir diante de qualquer espécie de problema (cf. Mt 10,22). A maior derrota é desistir antes de lutar, enquanto em si tem capacidade suficiente para vencer.


A tarefa dada se concretiza em algumas instruções básicas para a missão. A primeira instrução de Jesus é “Não tomeis o caminho dos gentios, nem entreis em cidade de samaritanos” (v.5). Podemos ter duas interpretações deste versículo. Primeiro, ele reflete uma tensão viva na comunidade de Mt onde certos grupos de origem judaica não compreendiam nem aceitavam a missão aos pagãos. Segundo, na cultura de Jesus, a palavra “estrada/caminho” significa caminho ou modo de viver. Jesus pode ter querido dizer que não sigam o modo de viver dos pagãos que são idólatras.


A segunda instrução, “Ide, antes, às ovelhas perdidas da casa de Israel” (v.6).


Em Mt encontramos duas etapas da missão. Na primeira etapa (Mt 10), a missão de Jesus e de seus discípulos é limitada para as “ovelhas perdidas de Israel”. Aqui não se fala da seleção entre os melhores, mas trata-se de gente necessitada. Para as pessoas necessitadas de Israel foram enviados os Doze. Na segunda etapa (Mt 28,19), o mandato missionário será para espalhar a Boa Nova a todos os povos. Mais tarde, então, a missão se abrirá a todos.


Estas duas etapas da missão nos trazem uma lição muito importante para nossa comunidade: somos chamados a cuidar tanto dos de dentro da comunidade (missão ad intra), como dos de fora (missão ad extra). Na linguagem popular podemos dizer que vamos arrumar primeiro nossa casa. Vamos cuidar de nossa casa para depois cuidar das casas fora de nossa casa. Quem somente olha para a casa dos outros é porque não cuida da própria casa. A Igreja ou comunidade sem caridade interna, não tem força para dar testemunho. O testemunho interno de comunhão é o primeiro passo para um anúncio mais eloquente para fora dela.


Mas o cuidado com os de dentro não pode ser uma desculpa para ignorar os de fora. Ou, o cuidado com os de fora não justifica a falta de tempo ou atenção para com os de dentro. Temos, muitas vezes, mais facilidade de sorrir para os de fora do que para os de dentro.


Terceira instrução: Os Doze são enviados para anunciar a proximidade do Reino de Deus. E mensagem do Reino de Deus é a de libertação: curar os enfermos, ressuscitar os mortos, sarar os leprosos, expulsar os demônios (vv. 7-8). Em outras palavras, anunciar o Reino de Deus significa instaurar a vida ali onde há carência dela ou está sendo ameaçada; onde há marginalização e onde há a dominação do espírito da injustiça e da desunião. O sinal da chegada do Reino é a libertação do povo de todo tipo de escravidão e dominação.


Quarta instrução: Segundo Jesus, essa missão deve ser feita na gratuidade: “De graça recebestes, de graça daí” (v.8b). Se fosse com fins lucrativos, com certeza, muitos empresários teria interesse em exercê-la. Mas pelo fato de ter que fazê-la gratuitamente, poucas pessoas se interessam nesse trabalho. Para os que têm disposição para exercer a tarefa de evangelização, devem realizá-la na pobreza, sem intenção de lucro nem para proveito próprio. Trata-se de dar grátis o que foi recebido gratuitamente de Deus. Essa não é só uma proibição de fazer da evangelização uma fonte de lucro. É principalmente um alerta para que ninguém se engrandeça, se julgue superior, se envaideça quando se realiza algo de bom. Quando não envolve dinheiro, normalmente, as cobranças são outras: reconhecimento, prestígio, cargos, privilégios, e muitas vezes, competições entre grupos. Tudo isso não combina com o espírito de serviço que Jesus exige. Se alguém estiver consciente de que tudo nesta vida é graça de Deus, sem dúvida, é movido para fazer algo pelo bem dos outros, seguindo seguinte conselho de um sábio: “Se você fizer um benefício, nunca se lembre dele; se receber um, nunca se esqueça dele”.


A Igreja, isto é, cada batizado, existe no mundo como um sinal eficaz da graça de Deus. Isto significa que a Igreja, cada batizado é projetado para os homens como uma presença salvadora na comunhão plena com o próprio Salvador do mundo, Jesus Cristo. A Igreja não está adotada de umas prerrogativas que a fazem firme e sim que tem umas promessas de assistência divina até o fim dos tempos de que a salvação possa chegar a todos os homens da história: “Eis que estou convosco todos os dias até o fim dos tempos” (Mt 28,20).


Ser seguidor de Cristo nos constitui em missionários. De que maneira? Simplesmente fazer caso da chamada de Deus, sentir-se responsáveis do desígnio de Deus, ser misericordioso e diligente, lutar contra o mal, animar os demais, viver desprendido, viver na gratuidade.


Portanto, o evangelho de hoje que fala da missão não pode deixar ao lado sem ressonância para cada cristão batizado. Cada um deve autocriticar sobre o sentido missionário de sua existência cristã e buscar meios adequados que ajudem o sentido apostólico em seus diversos graus de compromisso. Assim seja!
P. Vitus Gustama,SVD

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