sexta-feira, 5 de junho de 2020


09/06/2020
Elias e a viúva de Sarepta | Blog do Marcos LinoA viúva de sarepta, a provisão no meio da dificuldadePensando em Deus: Evangelho - 12.06.2018

SER SAL DA TERRA E LUZ DO MUNDO
Terça-Feira Da X Semana Comum


Primeira Leitura: 1Rs 17,7-16
Naqueles dias, 7 secou a torrente do lugar onde Elias estava escondido, porque não tinha chovido no país. 8 Então a palavra do Senhor foi-lhe dirigida nestes termos: 9 “Levanta-te e vai a Sarepta dos sidônios, e fica morando lá, pois ordenei a uma viúva desse lugar que te dê sustento”. 10 Elias pôs-se a caminho e foi para Sarepta. Ao chegar à porta da cidade, viu uma viúva apanhando lenha. Ele chamou-a e disse: “Por favor, traze-me um pouco de água numa vasilha para eu beber”. 11 Quando ela ia buscar água, Elias gritou-lhe: “Por favor, traze-me também um pedaço de pão em tua mão!” 12 Ela respondeu: “Pela vida do Senhor, teu Deus, não tenho pão. Só tenho um punhado de farinha numa vasilha e um pouco de azeite na jarra. Eu estava apanhando dois pedaços de lenha, a fim de preparar esse resto para mim e meu filho, para comermos e depois esperar a morte”. 13 Elias replicou-lhe: “Não te preocupes! Vai e faze como disseste. Mas, primeiro, prepara-me com isso um pãozinho, e traze-o. Depois farás o mesmo para ti e teu filho. 14 Porque assim fala o Senhor, Deus de Israel: ‘A vasilha de farinha não acabará e a jarra de azeite não diminuirá, até o dia em que o Senhor enviar a chuva sobre a face da terra’”. 15 A mulher foi e fez como Elias lhe tinha dito. E comeram, ele e ela e sua casa, durante muito tempo. 16 A farinha da vasilha não acabou nem diminuiu o óleo da jarra, conforme o que o Senhor tinha dito por intermédio de Elias.


Evangelho: Mt 5,13-16
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: 13 “Vós sois o sal da terra. Ora, se o sal se tornar insosso, com que salgaremos? Ele não servirá para mais nada, senão para ser jogado fora e ser pisado pelos homens.14 Vós sois a luz do mundo. Não pode ficar escondida uma cidade construída sobre um monte. 15 Ninguém acende uma lâmpada e a coloca debaixo de uma vasilha, mas sim num candeeiro, onde ela brilha para todos os que estão em casa. 16 Assim também brilhe a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e louvem o vosso Pai que está nos céus”.
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Viver Da Fé e Na Fe Nos Fazem Partir Para Evangelizar


’Levanta-te e vai a Sarepta dos sidônios, e fica morando lá, pois ordenei a uma viúva desse lugar que te dê sustento’. Elias pôs-se a caminho e foi para Sarepta!”.


Esta foi a ordem de Deus para Elias. A razão de Elias deve mudar-se para Sarepta é esta: “secou a torrente do lugar onde Elias estava escondido, porque não tinha chovido no país”. Deus também lhe deu um sinal: “ o encontro com uma viúva pobre. Ela há de prover o necessário para o sustento do profeta (e não mais corvo, animal, como no texto do dia anterior). E Elias obedece à ordem de Deus incondicionalmente, sem lançar nenhuma pergunta a Deus.


Esse episódio está cheio de sabedoria. É uma autentica meditação sobre os caminhos da evangelização. Alguns pontos deste episodio servem para nossa meditação. Em primeiro lugar, o profeta (evangelizador/missionário) deve estar disposto a partir, como Elias que se põe a caminho até Sarepta. Em segundo lugar, seus caminhos conduzem o evangelizador ao desconhecido, ao imprevisto. Em terceiro lugar, o missionário tem que saber reconhecer os sinais dos tempos, e o sinal de Deus, precisamente nos gestos dos pobres representados pela viúva de Sarepta. Em quarto lugar, terá de aceitar a ajuda dos pobres, sem pretender impor seus tesouros culturais, tal como oprofeta Elias aceita a ajuda da viúva  estrangeira. Em quinto lugar, será preciso que o profeta/evangelizador/missionário ouça a expressão de dor dos humildes, que se manifesta com frequência na confissão de sua pobreza: “Pela vida do Senhor, teu Deus, não tenho pão. Só tenho um punhado de farinha numa vasilha e um pouco de azeite na jarra. Eu estava apanhando dois pedaços de lenha, a fim de preparar esse resto para mim e meu filho, para comermos e depois esperar a morte”. Em sexto lugar, diante da dor e da desgraça, o missionário aceita a explicação elementar das pessoas sem apressar-se a impor sua própria interpretação teológica.
 


O Que É Extremo Para o Homem É Uma Oportunidade Para Deus: A Extremidade do Homem É a Oportunidade De Deus


Pela vida do Senhor, teu Deus, não tenho pão. Só tenho um punhado de farinha numa vasilha e um pouco de azeite na jarra. Eu estava apanhando dois pedaços de lenha, a fim de preparar esse resto para mim e meu filho, para comermos e depois esperar a morte”, disse a viúva de Sarepta ao profeta Elias.


A viúva de Sarepta  foi uma das vítimas da fome provocada pela seca que durou três anos e meio que aconteceu na época do profeta Elias no século IX antes de Cristo.


Sarepta é uma cidade fenícia no Sul do Sídon (hoje Libânio). Deste território foram importados para Israel o deus Baal (deus da fecundidade). Por influência de sua esposa, Jezabel (fenícia), o rei Acab “fez o que o Senhor reprova”, construiu um altar para Baal em Samaria e obriga o povo a prestar culto a este deus Baal (Do rei Acab e sua esposa nos fala 1Rs 16,29-34). O povo, por medo do rei e sua esposa, invoca ao Baal em suas necessidades. Porém, paradoxalmente, o deus Baal, isto é, o deus da fecundidade, é incapaz de enviar a chuva para o povo para acabar com a seca. Todos os ídolos gostam de prometer, mas incapazes de cumprir o que se promete. Ao contrário, Deus pode tardar, mas nunca falha, pois Ele é fiel a Si Próprio.


A situação econômica da viúva e de seu filho é extrema: eles se preparam para a última comida antes de esperar a morte. Mas mesmo sendo fenícia (pagã), a viúva pobre acredita na palavra do homem de Deus, no profeta Elias, que disse à viúva: “Não te preocupes! Vai e faze como disseste. Mas, primeiro, prepara-me com isso um pãozinho, e traze-o. Depois farás o mesmo para ti e teu filho. Porque assim fala o Senhor, Deus de Israel: ‘A vasilha de farinha não acabará e a jarra de azeite não diminuirá, até o dia em que o Senhor enviar a chuva sobre a face da terra’”. A viúva dá tudo o que tem para o profeta Elias. É um ato de caridade extrema. É um ato de uma fé muito profunda em Deus.


O resultado da caridade extrema da viúva pobre se resume na seguinte frase: “A mulher foi e fez como Elias lhe tinha dito. E comeram, ele e ela e sua casa, durante muito tempo. A farinha da vasilha não acabou nem diminuiu o óleo da jarra, conforme o que o Senhor tinha dito por intermédio de Elias”.


Deus sempre se compadece pelos pobres representados por essa viúva pobre que se apoia na Palavra de Deus. A compaixão ou a misericórdia é a razão pela qual tantas vezes move o coração do Senhor. A compaixão leva Jesus a multiplicar os pães, a curar os doentes, a conversar com os pecadores e não para demonstrar seu poder milagroso. E para aprender a ser misericordiosos, nós devemos nos fixar em Jesus que veio salvar o que estava perdido, carregar nossas misérias para nos salvar delas, compadecer-se dos que sofrem e dos necessitados. Cada página do Evangelho é uma amostra da misericórdia divina. A misericórdia divina é a essência de toda a história da salvação.


Toda nossa esperança se apoia na misericórdia do Senhor, como a viúva pobre que acredita na Palavra de Deus anunciada pelo profeta Elias. Se acreditarmos na eficácia do poder da Palavra de Deus, até nas situações extremas não perderemos a esperança, pois onde termina a força humana, começa a ação de Deus. O homem faz o possível e Deus opera no impossível. A extremidade do homem é a normalidade para Deus.


A viúva pobre nos ensina a ser generosos, mesmo que nos encontremos numa situação extrema. A generosidade é um sinal de gratidão e de liberdade interior. Tudo o que somos e temos vem de Deus, menos o pecado. Há muitas pessoas ricas e inteligentes que são pobres de coração por ignorarem ou até negarem a dimensão profunda daquilo que receberam gratuitamente de Deus. A prática da generosidade é o prolongamento da generosidade de Deus. Através da generosidade manifestamos nossa riqueza interior. Para aqueles que sabem partilhar até o pouco que tem é derramada abundantemente a bênção de Deus, como a viúva pobre da Primeira Leitura. O avarento é, ao contrário, o protótipo dos sem-coração e dos de espírito mesquinho.


Quando passamos por momentos maus, quando sofremos algum tipo de tempo seco em nossa vida e não experimentamos a proximidade de Deus, será que continuamos confiando em Deus ou temos facilidade de cair no desânimo? O Salmo Responsorial de hoje (Sl 4) nos ensina a termos confiança em Deus: “Quando eu chamo, respondei-me, ó meu Deus, minha justiça! Vós que soubestes aliviar-me nos momentos de aflição, atendei-me por piedade e escutai minha oração! Sobre nós fazei brilhar o esplendor de vossa face! Vós me destes, ó Senhor, mais alegria ao coração, do que a outros na fartura do seu trigo e vinho novo”.


E quando vemos outros na mesma situação, será que nós os ajudamos, compartilhando com eles o pouco que temos a exemplo da viúva de Sarepta? Como aqui, no caso de Elias, ou então, na parábola do Bom Samaritano, será verdade que os estrangeiros, os que não tem religião são mais generosos do que os do povo de Deus quando se trata de servir os necessitados?


Ser Cristão É Ser o Sal e a Luz Neste Mundo


1. Vós Sois O Sal Da Terra


Na cultura bíblica o sal é polivalente e tem uma grande função. Ele tempera e conserva os alimentos (Jó 6,6). Ele purifica a água para torná-la potável ou sadia (2Rs 2,19-23). O sal se usava nos pactos como símbolo de sua firmeza e permanência. Por isso, “uma aliança de sal” é uma aliança inviolável (Nm 18,19;2Cr 13,15). Para o povo antigo, o sal também simbolizava a amizade. Por isso, a expressão “comer sal com alguém” significava concluir amizade.  No AT, prescrevia-se que tudo o que se oferecesse a Deus devia estar condimentado com sal para significar o desejo de que a oferenda fosse agradável, principalmente como sinal da permanência da aliança (Lv 2,13). A criança recém-nascida é esfregada com sal não por motivo higiênico, e sim religioso (Ez 16,4).  Além disso, nos tempos antigos, derramava-se sal no terreno inimigo para torná-lo estéril (Jz 9,45; cf. Dt 29,22;Sf 2,9). O sal também é o símbolo  de sabedoria e de pureza moral. E não é em vão que nas línguas latinas os vocábulos sabor, saber e sabedoria pertencem à mesma raiz semântica e família lingüística. Uma pessoa sem sal é uma pessoa pouco agradável, sem conteúdo. Uma pessoa- sal é aquela que tem muita sabedoria, uma pessoa sensata. No árabe popular, a expressão “homens salgados” designa homens virtuosos, piedosos.


“Vós sois o sal da terra”, diz Jesus aos discípulos. A “terra” aqui é a humanidade inteira, o mundo habitado (cf. Mt 9,6;10,34;12,42;24,30). Acentua-se, assim, o tema querido por Mt da universalidade da missão. Os discípulos de Jesus são o sal que assegura a aliança de Deus com a humanidade (terra) e como o sal é firme e permanente na comida, os discípulos devem ser fiéis ao programa de Jesus. A missão dos discípulos é dar um sentido mais alto a todos os valores humanos, evitar a corrupção, trazer com as suas palavras a sabedoria aos homens. O discípulo é aquele que consegue dar sabor e sentido a tudo aquilo que acontece, difunde uma palavra de sabedoria onde existe dor, e semeia bondade e amor onde existe ódio e rancor. Com a sua presença o discípulo impede que a humanidade se corrompa, não permite que a sociedade seja conduzida por princípios perversos, apodreça e descambe para a ruína.


Se o sal torna-se insípido... Não serve mais para nada: joga-se fora e é pisado pelas pessoas”.  O povo antigo costumava colocar uma placa de sal nas fornalhas de terra como substância capaz de catalisar o calor. Com o tempo a placa formada por sal ia perdendo sua capacidade catalisadora e então era descartada (nota-se que o texto não diz que o sal perde seu sabor, e sim se desvirtua, pois quimicamente o sal não pode perder seu sabor). Assim acontece com cada discípulo de Jesus. Se aqueles que se chamam cristãos/discípulos de Jesus não forem fiéis aos ensinamentos de Jesus, ao espírito das bem-aventuranças, sem dúvida, merecerão o desprezo dos homens cuja libertação deviam ter colaborado (veja Mt 7,26), e eles serão inúteis, inclusive perigosos e odiosos para os homens. A impropriedade da imagem serve, então, para sublinhar a gravidade daquilo que acontecerá com os discípulos caso eles não vivam segundo o espírito das bem-aventuranças.  Uma comunidade ou um discípulo que, em sua prática, trai a mensagem evangélica perde a razão de existir. A comunidade de discípulos perderá sua identidade como sal, se ela parar de viver no mundo. Consequentemente, o mundo que os discípulos buscam salvar, acabam o destruindo.


2. Vós Sois a Luz Do Mundo


No AT, Deus é o Criador da luz. Ao criar a luz e dividir o tempo entre luz e trevas, Deus acabou com o primitivo estado de caos (Gn 1,3). A luz é criada por Deus, por isso, ela é um sinal que manifesta visivelmente alguma coisa de Deus. Em outras palavras, a luz é o reflexo da glória de Deus. O Sl 104,2 descreve a luz como vestimenta em que Deus se envolve. Como luz, quando Deus aparece, seu esplendor é semelhante ao dia e das suas mãos saem raios (Hab 3,3s). A luz é, então, a glória ou esplendor de Deus.


No NT a luz é reflexo da divindade. A nuvem luminosa na transfiguração mostra a presença de Deus (Mt 17,5). Deus habita em luz inacessível (1Tm 6,16). Deus é luz(1Jo 1,5). E quem obedece aos seus mandamentos andam na luz (1Jo 1,7). A luz de Deus é vista em Jesus, que é a luz do mundo (Jo 3,19;8,12;9,5;12,35s.46). Jesus é a luz que ilumina todo homem (Jo 1,9) por meio da vida que ele tem dentro de si (Jo 1,4) e brilha para os homens (1Jo 2,8-10). Jesus é também a luz para guiar os pagãos (Lc 2,32). O cristão através de sua participação na luz e na vida de Deus por meio de Jesus, transforma-se em instrumento de luz para aqueles que se acham nas trevas.


“Vós sois a luz do mundo”, diz Jesus aos discípulos. Os discípulos são chamados e enviados para orientar e indicar o caminho no meio da escuridão. A finalidade da missão dos discípulos é a de levar os homens a reconhecerem o Pai. E esse Pai se revela na existência operativa dos que fazem a sua vontade.  Imitando Deus, Pai, no amor por todos, até pelos inimigos, os discípulos se tornam a verdadeira luz para o mundo. Chamados a tornar-se “a luz do mundo”, os discípulos devem fazer tudo para garantir a continuidade da missão de Jesus. Essa luz há de ser percebida: a comunidade cristã e cada cristão não se podem esconder nem viver cerrados em si mesmos. A glória de Deus não mais se manifesta no texto da Lei nem no lugar do templo, mas no modo de agir dos que seguem Jesus. Os discípulos são a luz do mundo à medida que são os reflexos autênticos da vida e do ensinamento de seu Mestre Jesus, e não como os vaga-lumes que só piscam de vez em quando. Os cristãos devem estar bem visíveis e brilhar todos os que se aproximarem deles ou todos os que conviverem com eles. Apesar disso, eles não podem praticar as boas obras para chamar a atenção sobre si, para ser admirados e elogiados. Não é para eles que os homens devem olhar, mas para Deus de Bondade, fonte de todas as boas obras. Os discípulos devem permanecer discretos, pois se a luz bate diretamente nos olhos, somente prejudica, incomoda, irrita e cega.


Sal e luz são duas coisas que devem ser bem dosadas. O sal dá sabor ao alimento, mas quando excessivo tira-lhe o sabor e faz o paladar provar apenas o dissabor do sal. Acontece mesma coisa com a luz. Precisamos da luz como um dos elementos da sobrevivência. Mas quando a luz é excessiva, pode até cegar, eliminando a capacidade de visão dos olhos. A prática da religião, das virtudes e o bom exemplo, quando mal dosada, pode causar efeito contrário. Se praticarmos as virtudes para criticar os que não as têm e querendo que os outros sejam como nós, nasce, então, a aversão e ainda impede os outros de serem melhores. Mas se as pessoas virem a nossa fé religiosa e a nossa conduta orientadas para a fraternidade e o amor, reconhecer-nos-ão como portadores da luz de Cristo e glorificarão o Pai.


Por isso, devemos nos perguntar se os outros, os colegas, os nossos familiares, ao perceberem as nossas boas obras e veem nelas a luz de Cristo, os levam a glorificar a Deus e os levam a praticar as mesmas? Quem crê verdadeiramente em Jesus se converte em luz para si mesmo e para os outros.
P.Vitus Gustama,SVD

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