sexta-feira, 10 de julho de 2020

14/07/2020
29. O profeta IsaíasÉ PRECISO CAMINHAREvangelho do dia 18 de julho terça feira | Swjohn's Blog
SOMOS CHAMADOS  À CONVERSÃO PERMANENTE PARA ALCANÇAR A QUALIDADE DE VIDA E DE CONVIVÊNCIA
Terça-Feira Da XV Semana Comum


Primeira Leitura: Is 7,1-9
1 No tempo de Acaz, filho de Joatão, filho de Ozias, rei de Judá, aconteceu que Rason, rei da Síria, e Faceia, filho de Romelias, rei de Israel, puseram-se em marcha para atacar Jerusalém, mas não conseguiram conquistá-la. 2 Foi dada a notícia à casa de Davi: “Os homens da Síria estão acampados em Efraim”. Tremeu o coração do rei e de todo o povo, como as árvores da floresta diante do vento. 3 Então disse o Senhor a Isaías: “Vai ao encontro de Acaz com teu filho Sear-Iasub (isto é, ‘um resto voltará’) até a ponta do canal, na piscina superior, na direção da estrada do Campo dos pisadores; 4 e dirás ao rei: Procura estar calmo; não temas nem estremeça o teu coração por causa desses dois pedaços de tição fumegantes, diante da ira furiosa de Rason e da Síria, e do filho de Romelias, 5 por terem a Síria, Efraim e o filho de Romelias conjurado contra ti, dizendo: 6 ‘Vamos atacar Judá, enchê-lo de medo e conquistá-lo para nós, e nomear novo rei, o filho de Tabeel’. 7 Isto diz o Senhor Deus: ‘Este plano fracassará, nada disso se realizará! 8 Que seja Damasco a capital da Síria e Rason o chefe de Damasco; dentro de sessenta e cinco anos deixará Efraim de ser povo; 9 que seja a Samaria capital de Efraim e o filho de Romelias chefe de Efraim. De resto, se não confiardes, não podereis manter-vos firmes’.


Evangelho: Mt 11,20-24
“Ai de ti, Corazim! Ai de ti, Betsaida! Porque se tivessem sido feitos em Tiro e em Sidônia os milagres que foram feitos em vosso meio, há muito tempo elas se teriam arrependido sob o cilício e a cinza. Por isso vos digo: no dia do juízo, haverá menor rigor para Tiro e para Sidônia que para vós!  E tu, Cafarnaum, serás elevada até o céu? Não! Serás atirada até o inferno! Porque, se Sodoma tivesse visto os milagres que foram feitos dentro dos teus muros, subsistiria até este dia. Por isso te digo: no dia do juízo, haverá menor rigor para Sodoma do que para ti!”


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É Preciso Confiar Mais Em Deus Do Que Na Força Limitada Do Homem


Então disse o Senhor a Isaías: ‘Vai ao encontro de Acaz com teu filho Sear-Iasub (isto é, ‘um resto voltará’)... e dirás ao rei: Procura estar calmo; não temas nem estremeça o teu coração por causa desses dois pedaços de tição fumegantes... Este plano fracassará, nada disso se realizará!”.


Continuamos a acompanhar a leitura do livro do profeta Isaias como a Primeira Leitura. Isaías, de origem aristocrática, vive em Jerusalém, a capital do reino de Judá, em um círculo de escribas, especialistas políticos, conselheiros do rei. Continuamente intervém na política do seu país, pois Deus quer que fale aquilo que lhe é inspirado. Já vimos como isso parecia natural para todos os profetas.


É mencionado, no texto de hoje, o nome do rei Acaz. Estamos no ano 735 antes de Cristo. Jerusalém está cercada pelos exércitos que acampam a poucos quilômetros antes de atacar Jerusalém. O enloquecimento é geral: “Tremeu o coração do rei e de todo o povo, como as árvores da floresta diante do vento”. Acaz (forma abreviada de Jeoacaz. Heb. “O Senhor tem possuído”) foi sucessor de seu pai Joatão (740-736 a.C. Jotão: “o Senhor é perfeito. Cf. 2Rs 15,32-38). Acaz (736-716 a.C: cf. 2Rs 16,1-4) reinou em Judá durante o final conturbado do reino de Israel, no Norte. Seu governo foi caracterizado por muitos problemas e ele mesmo recebeu esse epitáfio: “Não fez o que era reto aos olhos do Senhor seu Deus, como Davi, seu pai” (2Rs 16,2). Acaz ganhou esta reputação por aprovar a colocação das imagens dos ídolos assírios no Templo de Jerusalém (2Rs16,10-16). Além disso, fazendo parte do povo de Aliança, Acaz ofereceu sacrifícios aos deuses de Damasco (2Crônicos 28,23).


Até aqui é bom nos perguntarmos: Quais são os ídolos que colocamos no nosso “Templo” que somos nós, profanando o Templo do Espirito Santo que somos nós? (cf. 1Cor 3,16-17). Se não os tirarmos imediatamente, a nossa própria destruição estará certa, como a queda de Judá era inevitável pela mesma razão. Se uma pessoa não se mudar pelo bem e pelo amor, um dia será obrigada a se mudar pela dor. E isso pode ser que seja tarde demais.


O profeta Isaías estava em atividade nessa época e os capítulos 7 a 10 de seu livro nos dão uma visão do estado do governo de Acaz. Acaz começou seu reino diante de alguns problemas consideráveis como coalizão entre a Síria e Israel contra Judá, além da aprovação da colocação das imagens dos ídolos no Templo. O profeta Isaías está contra essa coalizão e pede que o rei Acaz confie em Deus: “Se não o crerdes, certamente não ficareis firmes” (Is 7,9b). Contudo, como essa confiança já comprometida, a queda de Judá se tornou inevitável e Deus usou a Babilônia como seu instrumento para trazer o juízo divino.


Não é que cada desgraça seja castigo pelo pecado cometido ou cada êxito, como prêmio para a virtude. Mas nós mesmos vamos nos construindo um futuro bom ou mau conforme os caminhos que seguimos e as opções que fazemos. O que semeia ventos recolhe tempestades. O mal que praticamos tem sempre as consequências destrutivas para nossa vida e a vida das pessoas ao nosso redor. Como poderemos ter uma vida estável, se a construirmos sobre os interesses ou falsidades? Somos chamados a projetar aquilo que fazemos agora para saber por antecipação como vai ser nossa vida daqui a algum tempo. Ninguém colherá o milho se plantar o arroz.


No texto da Primeira Leitura lemos: “Então disse o Senhor a Isaías: ‘Vai ao encontro de Acaz com teu filho Sear-Iasub (isto é, ‘um resto voltará’)... e dirás ao rei: Procura estar calmo; não temas nem estremeça o teu coração por causa desses dois pedaços de tição fumegantes... Este plano fracassará, nada disso se realizará!’”.


O gesto simbólico que Deus sugere a Isaías é lindo. Ele tem que ir ao encontro do rei Acaz acompanhado pelo filho do profeta, que tem por nome "Sear Yasub", que significa "um resto voltará". Deus nunca fecha a porta para a esperança. Aqueles que fecham a porta da esperança, muitas vezes, somos nós, com nossos desvios e esquecimentos sobre as graças de Deus na nossa vida.


“Dirás ao rei: Procura estar calmo!” porque “Tremeu o coração do rei e de todo o povo, como as árvores da floresta diante do vento” diante da noticia sobre a tentativa da invasão de Israel e da Assíria em Jerusalém. Acreditamos que  Quando o poder do amor sobrepuser sobre o amor pelo poder, o mundo alcançará a paz e a convivência fraterna.


“Procura estar calmo!”. Como seres humanos imperfeitos,  a tentação e o nervosismo são características  comuns para todos nós. Muitas vezes, entregamos o comando de nossa vida ao nervosismo e ao medo, quando nossa mente deixa de funcionar e nossa fé deixa de operar, pois está faltando o espaço na nossa vida para esta fé dominar a situação.


“Procura estar calmo!”. É a Palavra de Deus para o rei Acaz através do profeta Isaías. Em outras palavras: “Tenha fé em Deus apesar de tudo!”. A verdadeira fé em Deus é capaz de vencer as influências nefastas do mundo, pois quem se mantém na profissão da verdadeira fé vive no mundo de Deus e vence o mundo mundano. A fé nos garante a serenidade. A serenidade não é a libertação da tempestade, e sim a paz no meio da tempestade, porque acreditamos que Deus está conosco (Cf. Mt 4,35-41). A serenidade abre a porta para a inspiração e para a criatividade.


O contraste é evidente entre a perturbação do rei Acaz e a lúcida serenidade do profeta Isaías, pois Isaias escuta Deus em pleno centro dos acontecimentos: “O Senhor disse a Isaias”. O profeta Isaias é um fiel ouvinte de Deus. O Salmo Responsorial insiste nesta confiança baseada no amor que Deus tem a Jerusalém: “Deus revelou-se em suas fortes cidadelas um refúgio poderoso.... Os reis da terra se aliaram, e todos juntos avançaram; mal a viram, de pavor estremeceram, debandaram perturbados”.


Para o profeta Isaias os acontecimentos são a chamada a uma intensa vida espiritual, a uma intensa vida com Deus. É sempre importante escutar Deus que sabe de todos os mistérios.


Será que eu sei escutar Deus que também fala a mim através de tudo que sucede na minha vida e também através das situações coletivas que afetam uma grande número de pessoas. A finalidade de revisão de vida ou do exame de consciência é procurar escutar o que Deus diz em pleno centro dos acontecimentos.


Jesus Nos Chama à Conversão Permanente Para Que a Graça Opere Na Nossa Vida


No evangelho deste dia Jesus dirigiu suas maldiçoes para três cidades: Corazim, Betsaida e Cafarnaum que se situam à beira do lago Tiberíades. “As cidades” são sedes de escolas rabínicas e centros de cultura religiosa. Essas maldições são a contrapartida das bem-aventuranças que Jesus pronunciou no Sermão da Montanha. Essas cidades tiveram mais ocasiões de ouvir Jesus e de presenciar os milagres operados por ele. Os milagres de Jesus são sinais que anunciam a chegada do Reino de Deus.  Os milagres são a assinatura de Deus sobre Sua existência. E a resposta do ser humano deve ser a conversão e a fé. No entanto, ninguém se converteu nessas três cidades. Continuavam a viver na injustiça e na arrogância.


Jesus não aguentou mais a dureza do coração dos habitantes dessas cidades, e por isso, pronunciou as maldiçoes. Não se trata de o ódio da parte de Jesus para essas cidades. Sua voz é a voz profética. Os profetas do AT falavam duro para que seus ouvintes mudassem de vida. Deus não quer a morte do pecador, mas sua salvação. Deus está do lado do pecador e odeia o pecado, pois “Pecar é desmoronar o próprio ser e caminhar para o nada”, dizia Santo Agostinho (De mor. manich. 6,8). Por isso, o que tem por trás dessas maldições é o convite de Jesus para a conversão. Converter-se significa, neste sentido, deixar de praticar a injustiça e começar uma vida baseada na justiça. Justiça é o reconhecimento dos direitos dos outros. A verdadeira conversão deve mudar a qualidade das relações humanas.


Às vezes a Palavra de Jesus é ameaçadora, porque a vida humana não é um “jogo”; é algo muito sério onde há lugar para o juízo de Deus: nossa vida cotidiana é uma correspondência a Deus ou é uma recusa a Deus. Em todo momento nossos atos são uma escolha pró ou contra Deus. Infelizmente nem sempre pensamos nisso. Em todo momento Deus quer algo de nós. E em todo momento podemos saber qual é a vontade de Deus sobre nós. Quando pensarmos realmente em Deus em todo momento, e não só em algum momento de nossa vida, poderemos viver com Ele em correspondência à Sua vontade.


As maldições pronunciadas por Jesus no evangelho de hoje são as terríveis advertências para os que se gloriam de ser cristãos, mas não vivem os ensinamentos de Jesus ou não se convertem permanentemente. “De que vale ter o nome de cristão se tua vida não é cristã”, perguntou Santo Agostinho (In epist. Joan. 4,4). “O nome de cristão traz em si a conotação de justiça, bondade, integridade, paciência, castidade, prudência, amabilidade, inocência e piedade”, acrescentou Santo Agostinho (De vit. Christ. 6). Basta substituir nome das cidades amaldiçoadas por seu nome e ouvir estas palavras atentamente, creio que, logo você dá a vontade de fazer o sinal da cruz e se benzer. E você diria: “Deus me livre!”.


O Reino de Deus certamente começa em nós pela nossa conversão aos valores do Reino de Deus tais como à verdade, à veracidade, à honestidade, à justiça, à paz, à fraternidade, ao respeito pela vida e dignidade dos outros e assim por diante. No coração de cada cristão deve germinar a semente dos valores do Reino de Deus, porque do coração humano brota tudo o que é bom e mau que vemos no mundo. Temos que lutar contra a armadilha do velho egoísmo que quer perpetuar o desamor, e a falta de respeito pela dignidade dos outros. Viver em estado permanente de conversão é a lei de crescimento para cada cristão. Lembemo-nos de que “As trevas obscurecem a vista. Os pecados obnubilam a mente. E não permitem ver a luz nem a si mesmo”, dizia Santo Agostinho (In ps. 18,13).


O texto do Evangelho de hoje está construído tendo em conta os oráculos e lamentações dos grande profetas contra as cidades pecadoras e resumem o juízo do Messias sobre o povo que não aceitou sua mensagem de conversão ao Reino de Deus. converter-se significa deixar de praticar a injustiça e começar uma vida justa e honesta. A conversão deve mudar a qualidade das relações humanas.


É bom cada um de nós perguntar-se: Como posso me situar diante das maldiçoes de Jesus? A cidade onde eu moro e o país ao qual eu pertenço merecem as advertências de Jesus como Ele amaldiçoou Cafarnaum, Corazim e Betsaida?
P.Vitus Gustama, SVD

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