sexta-feira, 24 de julho de 2020

28/07/2020

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SER SEMEADOR DO BEM É UMA MANEIRA EFICAZ PARA MOSTRAR NOSSA FIDELIDADE AO SENHOR
Terça-feira da XVII Semana Comum


Primeira Leitura: Jr 14,17-22
17 “Derramem lágrimas meus olhos, noite e dia, sem parar, porque um grande desastre feriu a cidade, a jovem filha de meu povo, um golpe terrível e violento. 18 Se eu sair ao campo, vejo cadáveres abatidos à espada; se entrar na cidade, deparo com gente consumida de fome; até os profetas e sacerdotes andam à toa pelo país”. 19 Acaso terás rejeitado Judá inteiramente, ou te desgostaste deveras de Sião? Por que, então, nos feriste tanto, que não há meio de nos curarmos? Esperávamos a paz, e não veio a felicidade; contávamos com o tempo de cura, e não nos restou senão consternação. 20 Reconhecemos, Senhor, a nossa impiedade, os pecados de nossos pais, porque todos pecamos contra ti. 21 Mas, por teu nome, não nos faças sofrer a vergonha suprema de levar a desonra ao trono de tua glória; lembra-te, não quebres a tua aliança conosco. 22 Acaso existem entre os ídolos dos povos os que podem fazer chover? Acaso podem os céus mandar-nos as águas? Não és tu o Senhor, nosso Deus, que estamos esperando? Tu realizas todas essas coisas.


Evangelho: Mt 13,36-43
Naquele tempo, 36 Jesus deixou as multidões e foi para casa. Seus discípulos aproximaram-se dele e disseram: “Explica-nos a parábola do joio!” 37 Jesus respondeu: “Aquele que semeia a boa semente é o Filho do Homem. 38 O campo é o mundo. A boa semente são os que pertencem ao Reino. O joio são os que pertencem ao Maligno. 39 O inimigo que semeou o joio é o diabo. A colheita é o fim dos tempos. Os ceifadores são os anjos. 40 Como o joio é recolhido e queimado ao fogo, assim também acontecerá no fim dos tempos: 41 O Filho do Homem enviará os seus anjos e eles retirarão do seu Reino todos os que fazem outros pecar e os que praticam o mal; 42 e depois os lançarão na fornalha de fogo. Ali haverá choro e ranger de dentes. 43 Então os justos brilharão como o sol no Reino de seu Pai. Quem tem ouvidos, ouça”.
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Qualquer Pecado É Capaz De Destruir Nossa Vida


Derramem lágrimas meus olhos, noite e dia, sem parar, porque um grande desastre feriu a cidade, a jovem filha de meu povo, um golpe terrível e violento. Se eu sair ao campo, vejo cadáveres abatidos à espada; se entrar na cidade, deparo com gente consumida de fome; até os profetas e sacerdotes andam à toa pelo país... Reconhecemos, Senhor, a nossa impiedade, os pecados de nossos pais, porque todos pecamos contra ti”.


O texto da Primeira Leitura é tirado do capítulo XIV do livro do profeta Jeremias. Todo este capítulo XIV é uma espécie de liturgia suplicatória  composta por Jeremias para umas orações solenes feitas em Jerusalém por ocasião de uma “grande seca” que aconteceu durante o reinado de Joaquim.  Os grandes da cidade enviaram os servos à procura de água. Encaminham-se estes às cisternas; água, porém, não encontram, e voltam com os recipientes vazios, envergonhados, confundidos, cobertas as cabeças. Fende-se o solo todo, porque a chuva não rega a terra. Decepcionam-se os lavradores e cobrem suas cabeças" (Jr 14,3-4).


Como já foi dito nos dias anteriores (teologia do livro de Jeremias), Jeremias não é apenas um profeta que sofre por causa do povo, mas também é um profeta que sofre com seu povo. Nisto ele desempenha seu papel de intercessor do povo para pedir o auxílio de Deus e o perdão por todos os pecados do povo.


O texto da Primeira Leitura é uma nova lamentação do profeta Jeremias em forma de oração sobre a ruína de Judá como povo em consequência de seus pecados. A mortalidade é tão grande que tanto no campo quanto na cidade não há nada além da morte pela espada e o sofrimento pela fome. A expressão “virgem filha do meu povo” é sinônimo do "povo" de Judá, personificada em uma donzela, o objeto do amor de Deus. Os sacerdotes e os profetas, que anteriormente, acreditavam que não haveria guerra ou necessidades, são obrigados a vagar por um país que eles não conhecem em busca de alimento para cobrir suas necessidades mais básicas.


A catástrofe é tão grande que não há esperança: em vez de paz e alívio, a perturbação e a angústia ficam cada vez maiores. Certamente, tudo isso aconteceu pelos pecados de Judá e o povo o reconhece: “Reconhecemos, Senhor, a nossa impiedade, os pecados de nossos pais, porque todos pecamos contra ti”.


Depois de refletir o estado de ruína trágica de seu povo, o profeta Jeremias faz um apelo angustiado ao Senhor a fim de evitar tal miséria. O profeta relembra as relações íntimas que outrora existiram entre Deus e seu povo em virtude da Aliança. Deus havia prometido estar sempre com seu povo, mas agora quase não há esperança de salvação. Talvez Deus tenha mudado seus sentimentos em relação ao seu povo. “Acaso terás rejeitado Judá inteiramente, ou te desgostaste deveras de Sião?”, pergunta Jeremias a Deus.


Por fim, o profeta retorna ao assunto da seca. Deus é onipotente e só Ele pode enviar a chuva. Os ídolos não podem fazer com que os céus enviem a chuva neste momento. Tudo depende do Senhor, e os céus por si só não podem enviar a chuva esperada. E novamente ele lança um apelo às relações especiais que Deus tem com seu povo: “Não és tu o Senhor, nosso Deus, que estamos esperando?”, pergunta o profeta Jeremias.


Jeremias chora e intercede pelo povo. Um bom profeta se solidariza com seu povo nos seus fracassos e ele se alegra com o seu bem. Jeremias lamenta, fala de feridas e de dor em sua alma: tudo por causa do pecado do povo e os seus sofrimentos como consequência. E ele se dirige a Deus em uma sincera oração, intercedendo por todos: “Reconhecemos, Senhor, a nossa impiedade, os pecados de nossos pais, porque todos pecamos contra ti. Mas, por teu nome, não nos faças sofrer a vergonha suprema de levar a desonra ao trono de tua glória; lembra-te, não quebres a tua aliança conosco”. Os olhos do profeta Jeremias se derretem em lágrimas, noit e dia. A sensibilidade de Jeremias é a expressão da sensibilidade de Deus, pois é Deus quem lhe envia para dizer isto.


As secas e outras desgraças que nos afligem de tempos em tempos, como alguma pandemia de um vírus ou outr tipo de doença, não são necessariamente o castigo imediato de um pecado.


Mas nós também devemos tornar nossa a atitude penitente de Jeremias e reconhecer diante de Deus que nosso egoísmo, nosso desvio da Nova Aliança e nossos pecados nos trazem muitos males, não só para nós particularmente, mas também para os outros, dos quais devemos nos arrepender. O mal não tem rosto porque ele pode tomar o ser de qualquer um de nós. Ninguém está isento da possibilidade do mal. O mal é tudo que serve à morte; tudo que sufoca a vida, estreita-a, e corta-a em pedaços. Por isso, a realidade do mal exige vigilância permanente.  As principais ameaças à nossa sobrevivência já não vêm da natureza externa e sim de nossa natureza humana interna. São nossas hostilidades, nosso descaso, o egoísmo, a arrogância, a prepotência e a ignorância deliberada que põem o mundo ao nosso redor em perigo. Se não conseguirmos domar e transmutar o potencial da alma humana para o mal, nós estaremos perdidos e faremos perdida até nossa própria família.


São Paulo nos escreveu: “Ora, as obras da carne são manifestas: formicação, impureza, libertinagem, idolatria, feitiçaria, ódio, rixas, ciúmes, ira, discussões, discórdia, divisões, invejas, bebedeiras, orgias, e coisas semelhantes a estas, a respeito das quais eu vos previno como já vos preveni: os que tais coisas praticam não herdarão o reino de Deus” (Gl 5,19-21).


Na liturgia eucarística, começamos a celebração com um ato penitencial, reconhecendo-nos como pecadores. O Ato Penitencial é uma boa disposição para nos deixarmos encher, depois, com a Palavra e a Eucaristia.


Com o Salmos Responsório de hoje (Sl 78) peçamos a Deus: “Não lembreis as nossas culpas do passado, mas venha logo sobre nós vossa bondade, pois estamos humilhados em extremo. Ajudai-nos, nosso Deus e Salvador! Por vosso nome e vossa glória, libertai-nos! Por vosso nome, perdoai nossos pecados! Até vós chegue o gemido dos cativos: libertai com vosso braço poderoso os que foram condenados a morrer! Quanto a nós, vosso rebanho e vosso povo, celebraremos vosso nome para sempre, de geração em geração vos louvaremos”.


Ser Cristão É Ser Semeador Da Bondade


Continuamos a acompanhar o discurso de Jesus sobre o Reino de Deus em parábola.


No texto do evangelho de hoje Jesus explicou para os discípulos sobre o sentido da parábola sobre o joio e o trigo. "Aquele que semeia a boa semente é o Filho do homem", disse-lhes Jesus.


Jesus é um semeador. Mas não é qualquer semeador. Ele é um Semeador de boas sementes. Ele faz algo de bom... apenas o bom, nada de ruim. E eu? Será que sou um semeador de coisas boas ou eu semeio as sementes de joio? Vamos colher aquilo que semeamos.


Lançar sementes, semear sementes é sempre fácil. Mas precisamos saber daquilo que estamos semeando. O joio não vai produzir o trigo. O trigo não vai produzir o joio. Que tipo de semente que estou semeando, então? Semear joio é apenas uma forma de matar outras plantas boas para minha sobrevivência. Não posso semear aquilo que me prejudica e consequentemente prejudicará os outros ao meu redor.


A boa semente são os filhos do Reino”, disse Jesus. A fórmula é surpreendente. O que Jesus semeia neste momento no mundo somos "nós", filhos do Reino! Ele nos manda para o mundo para sermos sementes da bondade. É a tarefa principal como cristãos. Sou uma semente de Deus. Eu devo ser para os outros aquilo que sou para Deus. Se eu sou uma semente de Deus, eu devo ser, então, fonte de alegria de Deus no mundo, fonte da bondade de Deus no mundo para os demais. Deus fala e age através de mim no mundo. Para Deus eu existo para ser Sua semente neste mundo. Uma só semente. É pouco? Sim! Mas uma semente boa no terreno fértil pode produzir centenas de grãos bons. Eu devo me tornar multiplicador da bondade.


"Então os justos vão brilhar como o sol no reino do seu Pai”. O “sol” é uma belíssima imagem. O sol ilumina, aquece, ajuda no crescimento das plantas, orienta os caminhantes, faz os olhos saudáveis funcionarem, pois sem a luz por saudáveis que eles sejam, os olhos não enxergam. Somente numa boca saudável é que a comida gostosa fica saborosa. A bondade nos conduz à eternidade, para estar com o Supremo Bom que é Deus. Aquilo que tem algo divino em nós é que nos levará para o próprio Deus. Aquilo que não tem algo divino em nós pode nos levar para outra direção, menos para Deus.


O inimigo que semeou o joio é o diabo”. “Diabo” é aquele que desune. É aquele que está contra a igualdade. É aquele que está contra a comunhão e a comunidade. É o contrário do símbolo, duas coisas que se encaixam bem, bem se unem formando uma só força para construir e não para destruir. O diabo semeia à noite, na escuridão.  Na escuridão tem somente uma cor: preta. É uma grande pobreza ter só uma cor. O bom semeador semeia durante o dia, na claridade. Na claridade podemos perceber a variedade de cores. É uma grande riqueza. É uma harmonia. A palavra “harmonia” supõe a existência de várias coisas formando uma união que produz uma beleza. Serei diabo na medida em que eu semear a discórdia, a desunião, e a divisão.


A Palavra de Deus hoje nos chama a revisarmos nossa maneira de viver: Será que estou consciente de que sou semente de Deus neste mundo? Será que sou um semeador da bondade ou da maldade? Meus atos são diabólicos, atos que desunem ou são simbólicos, atos que criam união? Aquilo que tem algo divino em mim é que me levará para estar com o próprio Deus. Aquilo que não tem algo divino em mim pode me levar para outra direção, menos para Deus.  O que tem dentro de mim? 
P. Vitus Gustama,svd

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