sábado, 18 de julho de 2020

21/07/2020

A Profecia de Miqueias by Denilson Mariano - issuuDIÁRIO ESPIRITUAL MISSÃO BELÉM 19/07/2016 - Mt 12, 46-50 - YouTubeEVANGELHO (Mt 12,46-50) 16.07... - Em Sintonia com Jesus e Maria ...
PARA TRANSFORMAR A FAMILIA HUMANA EM FAMÍLIA DE DEUS É NECESSÁRIO CONVERTER-SE E VIVER SEGUNDO A PALAVRA DE DEUS
Terça-feira da XVI Semana Comum

Primeira Leitura: Mq 7,14-15.18-20
14 Apascenta o teu povo com o cajado da autoridade, o rebanho de tua propriedade, os habitantes dispersos pela mata e pelos campos cultivados; que eles desfrutem a terra de Basã e Galaad, como nos velhos tempos. 15 E, como foi nos dias em que nos fizeste sair do Egito, faze-nos ver novos prodígios. 18 Qual Deus existe, como tu, que apagas a iniquidade e esqueces o pecado daqueles que são resto de tua propriedade? Ele não guarda rancor para sempre, o que ama é a misericórdia. 19 Voltará a compadecer-se de nós, esquecerá nossas iniquidades e lançará ao fundo do mar todos os nossos pecados. 20 Tu manterás fidelidade a Jacó e terás compaixão de Abraão, como juraste a nossos pais, desde tempos remotos.


Evangelho: Mt 12, 46-50
Naquele tempo, 46 enquanto Jesus estava falando às multidões, sua mãe e seus irmãos ficaram do lado de fora, procurando falar com ele. 47 Alguém disse a Jesus: “Olha! Tua mãe e teus irmãos estão aí fora, e querem falar contigo”. 48 Jesus pergun­tou àquele que tinha falado: “Quem é minha mãe, e quem são meus irmãos?” 49 E, estendendo a mão para os discípulos, Jesus disse: “Eis minha mãe e meus irmãos. 50 Pois todo aquele que faz a vontade do meu Pai, que está nos céus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe”.
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Deus é Misericordioso Em Quem Devemos Confiar e a Quem Devemos Voltar


Deus não guarda rancor para sempre, o que ama é a misericórdia. Voltará a compadecer-se de nós, esquecerá nossas iniquidades e lançará ao fundo do mar todos os nossos pecados”, assim disse o profeta Miqueias para o povo, que lemos na Primeira Leitura.


Com o texto de hoje terminamos a leitura do profeta Miqueias. O profeta Miqueias fala para alentar o povo eleito e para estimulá-lo a manter firme sua fé em Yahweh (Deus), pois tendo fé em Deus os tempos primitivos cheios de prodígios voltarão, sem medo aos ataques do inimigo nas fronteiras do Carmelo, de Basã e Galaad. Tendo a fé neste Deus, o povo verá novamente os prodígios de Deus como os que se narraram na época do êxodo (Cf. Êx 14-15).


O profeta Miqueias acredita que a potência das nações inimigas não pode destruir a obra de Yahweh, que é seu povo, o povo eleito por Deus entre as nações. O fundamento desta esperança está na fé na misericórdia de Deus, por puro dom. capaz de apagar a iniquidade do povo eleito e de perdoar o pecado.


Por isso, podemos entender que o texto nos apresenta uma oração humilde cheia de confiança em Deus da misericórdia. Na vivência religiosa da história do povo de Israel há uma forte dose de medo a Deus. Em meio deste sentimento de medo, também palpita uma experiência religiosa de confiança na misericórdia divina.


No texto de hoje, o profeta Miqueias, na sua oração, suplica a Deus que não abondone seu povo, mas que realize nele as promessas, de maneira que Israel, agora triste e abatido, possa refazer sua vida. Trata-se de uma oração humilde, cheia de confiança em Deus que o profeta Miqueias nos oferece hoje.


“Apascenta o teu povo com o cajado da autoridade, o rebanho de tua propriedade, os habitantes dispersos pela mata e pelos campos cultivados; que eles desfrutem a terra de Basã e Galaad, como nos velhos tempos”. O contexto deste texto é a saída do povo eleito do Egito. O povo eleito se sente como um rebanho no meio de uma floresta onde não se encontra nenhuma pastagem. Trata-se de um rebanho perdido sem guia. Nisto surge um pedido para que Deus continue sendo o Pastor para que o povo encontre uma “pastagem” abundante (Cf. Sl 23: o Senhor é o meu Pastor). Diante deste pedido muito humilde do povo, Deus se mostra benevolente e renova outra vez os pródigios do êxodo.


Como é bom reconhecermos com humildade de que, às vezes, nossa vida fica sem rumo a exemplo do povo eleito. Quantas vezes nos sentimos perdidos diante de determinadas situações. Mas para Deus nada é perdido. Basta nos dirigirmos a Ele é que vamos encontrar o caminho de volta para a nova pastagem abundante de nossa vida. Se formos capazes de invocar a Deus como o nosso Guia diário, nunca faltaremos a orientação para nossa vida.


No mesmo tom o salmista do Salmo Responsorial de hoje (Sl 84/85) pede a Deus: “Renovai-nos, nosso Deus e Salvador, esquecei a vossa mágoa contra nós! Ficareis eternamente irritado? Guardareis a vossa ira pelos séculos? Não vireis restituir a nossa vida, para que em vós se rejubile o vosso povo? Mostrai-nos, ó Senhor, vossa bondade, concedei-nos também vossa salvação!”.


Nesta oração, também, o profeta fala para alentar o povo e estimulá-lo a manter fé em Deus, e o povo verá prodígios de Javé como os que narram da época do êxodo (Mq 7,14-15). O fundamento da esperança está na fé na misericórdia de Javé que apaga a iniquidade e perdoa o pecado.


O profeta traça as características de Javé em que o povo deve confiar. Javé é como o pastor que irá reconhecendo as ovelhas de Israel que andam perdidas. Javé repetirá os prodígios que fez quando libertou o povo da escravidão do Egito. Javé não castigará o povo, mas perdoa, pois ele é a misericórdia. Javé “lançará ao fundo do mar todos os nossos pecados”. Do abismo de nossa miséria, sob o peso de nosso hábitos difíceis de vencer, como é bom saber que, quando nos arrependermos, Deus lança todos os nossos pecados ao fundo do mar e os desaparecerão para sempre. É um esquecimento total da parte de Deus. É uma verdadeira anistia que o profeta Miqueias nos anuncia hoje: “Ele não guarda rancor para sempre, o que ama é a misericórdia. Voltará a compadecer-se de nós, esquecerá nossas iniquidades e lançará ao fundo do mar todos os nossos pecados”. Efetivamente, nossa segurança é esta constante ação de Deus ao longo da história chamada misericórdia.


Através do texto de hoje o profeta Miqueias nos recorda da misericórdia de Deus para que o medo nunca obscureça a certeza de que a misericórdia do Senhor prevalece como resposta esperançada e libertadora do pecador. Sempre há conversão do pecador, há perdão de Deus, porque Deus é compassivo e misericordioso. Deus não quer a morte do pecador e sim que se converta e viva. Quando o homem arrependido retornar a Deus, ele encontrará sempre os braços do Pai, que sente ternura pelos seus filhos, como o filho pródigo que voltou para a casa paterna e foi recebido com os braços abertos do pai (cf. Lc 15,11-32). “A misericórdia é a palavra-chave para indicar o agir de Deus para conosco... A misericórdia de Deus é a sua responsabilidade por nós. Ele sente-Se responsável, isto é, deseja o nosso bem e quer ver-nos felizes, cheios de alegria e serenos. E, em sintonia com isto, se deve orientar o amor misericordioso dos cristãos. Tal como ama o Pai, assim também amam os filhos. Tal como Ele é misericordioso, assim somos chamados também nós a ser misericordiosos uns para com os outros”, escreveu o Papa Francisco na Bula Misericordiae Vultus (n.9d).


É Preciso Transformar a Família Humana Em Família Divina Para Que Seja Salva


Todo aquele que faz a vontade do meu Pai, que está nos céus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe”, disse Jesus.


A maior parte das religiões do mundo se apoia na família, comunidade natural. Jesus edifica sua comunidade não sobre as relações familiares, e sim sobre uma comunidade de tipo seletivo em virtude da fé para elevar a família humana para a família de Deus. Elevara a família humana para a família de Deus significa salvá-la. Para divinizar a família humana é preciso que Deus seja o centro de cada família e é preciso que cada membro viva de acordo com a Palavra de Deus. Por isso, podemos viver no céu já aqui na terra, quando nossa vida é fundada sobre a Palavra de Deus. É o céu aqui na terra.


A evolução do mundo técnico tende a tirar o homem de suas comunidades naturais para submergi-lo em comunidades mais “artificiais” ou “mais seletivas”. Por isso, a família vive, muitas vezes, de maneira dramática o conflito das gerações que caracteriza a nossa época. Os pais rezam melhor em companhia de seus amigos do que em família, com seus filhos e familiares. Mas se todos se preocuparem com a vontade de Deus ao praticar o bem, ao viver o amor fraterno, o único que nos edifica, humaniza e diviniza, acabarão salvar a comunidade natural que é a família humana. Por isso, Jesus afirma hoje: “Todo aquele que faz a vontade do meu Pai, que está nos céus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe” (Mt 12,50).


O verbo “fazer” é característico da narração do evangelista Mateus. Os fariseus dizem e não fazem (Mt 23,3.15). Unir-se a Cristo não significa outra coisa que fazer a vontade de seu Pai. No evangelho de São João Jesus fala de outra maneira sobre a mesma coisa: “Vós sois meus amigos se praticais o que vos mando” (Jo 15,14). Trata-se de uma família ou uma comunidade de Deus, e por isso, de uma comunidade de salvação.


No cristianismo, o mais importante são os fatos, os fatos de vida, as demonstrações práticas de que cremos em um Deus Pai e Amor. No cristianismo, o mais importante são os testemunhos vivos de que confiamos tanto em Deus. O mais importante no cristianismo é a fraternidade vivida dia a dia, junto a cada homem e sua necessidade concreta, sua dor pessoal, sua necessidade básica e específica. Por isso, Orígenes dizia: “Tu que segues a Cristo e o imitas, tu que vives na Palavra de Deus.... Não é um lugar onde há que buscar o santuário e sim nos atos, na vida, nos costumes... Se são de acordo com a vontade de Deus, pouco importa que estes em casa, ou na rua, pouco importa, inclusive, que te encontres no teatro; se serves ao Verbo de Deus, estás no Santuário, sem dúvida alguma!”.


Jesus, por sua encarnação, entrou no mundo e formou parte de nossa humanidade, de uma verdadeira humanidade, com os laços de sangue e de cultura. Ele se tornou humano para nos divinizar. Ele nasceu numa família para santificar a família. Ele viveu em um país determinado, Palestina; tinha uma mãe, Maria. Essas realidades humanas têm grande importância, constituem realmente o lugar de nossa vida.


Quem é minha mãe? Quem são meus irmãos?”, pergunta Jesus. A pergunta não significa um desprezo de Jesus à sua mãe, Maria. Maria sempre cumpriu a vontade de Deus: “Eu sou a serva do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra” (Lc 1,38). Ela foi chamada pelo anjo Gabriel de “cheia de graça” e que ela “está com o Senhor” (Lc 1,28). Além disso, ninguém amou Sua mãe melhor que o próprio Jesus. E nenhuma mãe amou melhor seu Filho, Jesus Cristo, Deus-Conosco do que a própria Maria, a mãe de Jesus. Ela acompanhava seu filho Jesus até ao pé da cruz, enquanto muitos discípulos o abandonaram (Jo 19,25-27).


É claro que a resposta de Jesus para a própria pergunta mostra que Jesus relativiza os vínculos familiares em função da vontade de Deus. Com esta pergunta Jesus quer nos revelar algo muito importante: o discípulo, cada cristão, cada cristã que vive os ensinamentos de Jesus é um parente de Jesus. Jesus oferece aos homens a qualitativa intimidade de sua família. A família humana de Jesus viveu conforme a vontade de Deus: José que criou Jesus era chamado de “o justo”, aquele que vive segundo os mandamentos de Deus (cf. Mt 1,19). Maria, a Mãe de Jesus foi chamada pelo anjo de “cheia de graça” (cf. Lc 1,28).


Por isso, a família humana de Jesus serve de exemplo para todas as famílias humanas. Que é possível formar uma família de Deus nesta terra quando Jesus se torna o centro de todos. Quando Jesus fica no meio, tudo se ordena e tudo se une e todos formarão um círculo de irmãos ao redor de Jesus Cristo. Quando Cristo se torna o centro, todos ficarão olhando para Ele para saber o que se deve fazer e como se deve fazer. Se alguém ocupar o centro, que é o lugar de Cristo, todos terão um olhar sem direção ou cada um vai criando sua própria direção. “Onde te envaideceste, ali mesmo caíste” (Santo Agostinho. Serm. 131,5). Jesus Cristo deve ser o fator central para que todos tenham a mesma direção: formar uma família divina logo nesta terra onde o amor fraterno é a única identidade para todos: “Nisto reconhecerão todos que sois meus discípulos, se tiverdes amor uns pelos outros” (Jo 13,35). “Quando se enfraquece o amor, também se enfraquece o fervor”, dizia Santo Agostinho (In ps. 85,24). A única maneira de salvar a família humana ou qualquer comunidade é transformá-la em família de Deus, família que vive de acordo com os mandamentos de Deus.


Entre Deus e os homens já não há somente relações frias de obediência e de submissão como entre o patrão e o empregado. Com Jesus entramos na família divina, como seus irmãos e irmãs, como sua mãe. Se em todos os meus atos e atitudes de cada dia, se em todos os minutos de minha vida procurar me manter unido a Deus, serei irmão de Jesus, farei parte da família de Deus desde aqui na terra junto aos outros irmãos e irmãs no mundo inteiro que fazem a mesma coisa.


Todo aquele que faz a vontade do meu Pai, que está nos céus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe”. O texto nos convida a pensarmos sobre a maneira como podemos pertencer ao grupo de Jesus e ser parte de sua verdadeira família a qual nos unimos se assumirmos seu projeto, isto é, se nos comprometermos na construção do Reino de Deus com uma atitude profética, que não cale diante da dor e do sofrimento e que grite firmemente contra a fome, a miséria, a opressão, a hipocrias e a injustiça, contra o egoismo e a morte dos inocentes fruto da exploração dos que se acham poderosos, contra a falta de compromisso com os empobrecidos e contra a insensibilidade diante da realidade cruel que vivemos. Ser parte da família de Jesus é, definitivamente, compartilhar sua vida e seu projeto. O Reino de Deus cria uma nova família que ultrapassa todos os laços terrenos sem diminuir o valor da família. A vivência da vontade de Deus eleva a família humana para o nível divino. Por isso, a frase de Jesus acima citada deve servir de orientação para nossa vida diária. Será que faço parte da família de Jesus?
P. Vitus Gustama,svd

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