terça-feira, 21 de julho de 2020






25/07/2020
Igreja celebra São Tiago, o MaiorReflexão do Pastor (20/03) – Padre João Alves – Paróquia Coração ...
SÃO TIAGO MAIOR, APÓSTOLO


VIVER UMA VIDA APOSTÓLICO NO SERVIÇO AOS IRMÃOS COMO ESTILO DE VIDA 


25 de julho


 


Primeira Leitura: 2Cor 4,7-15


Irmãos, 7 trazemos esse tesouro em vasos de barro, para que todos reconheçam que este poder extraordinário vem de Deus e não de nós. 8 Somos afligidos de todos os lados, mas não vencidos pela angústia; postos entre os maiores apuros, mas sem perder a esperança; 9 perseguidos, mas não desamparados; derrubados, mas não aniquilados; 10 por toda a parte e sempre levamos em nós mesmos os sofrimentos mortais de Jesus, para que também a vida de Jesus seja manifestada em nossos corpos. 11 De fato, nós, os vivos, somos continuamente entregues à morte, por causa de Jesus, para que também a vida de Jesus seja manifestada em nossa natureza mortal. 12 Assim, a morte age em nós, enquanto a vida age em vós. 13 Mas, sustentados pelo mesmo espírito de fé, conforme o que está escrito: “Eu creio e, por isso, falei”, nós também cremos e, por isso, falamos, 14certos de que aquele que ressuscitou o Senhor Jesus nos ressuscitará também com Jesus e nos colocará ao seu lado, juntamente convosco. 15 E tudo isso é por causa de vós, para que a abundância da graça em um número maior de pessoas faça crescer a ação de graças para a glória de Deus.


Evangelho: Mt 20,20-28
20 Naquele tempo, a mãe dos filhos de Zebedeu aproximou-se de Jesus com seus filhos e ajoelhou-se com a intenção de fazer um pedido. 21 Jesus perguntou: “O que tu queres?” Ela respondeu: “Manda que estes meus dois filhos se sentem, no teu Reino, um à tua direita e outro à tua esquerda”. 22 Jesus, então, respondeu-lhes: “Não sabeis o que estais pedindo. Por acaso podeis beber o cálice que eu vou beber?” Eles responderam: “Podemos”. 23 Então Jesus lhes disse: “De fato, vós bebereis do meu cálice, mas não depende de mim conceder o lugar à minha direita ou à minha esquerda. Meu Pai é quem dará esses lugares àqueles para os quais ele os preparou”. 24 Quando os outros dez discípulos ouviram isso, ficaram irritados contra os dois irmãos. 25 Jesus, porém, chamou-os e disse: “Vós sabeis que os chefes das nações têm poder sobre elas e os grandes as oprimem. 26 Entre vós não deverá ser assim. Quem quiser tornar-se grande, torne-se vosso servidor; 27 quem quiser ser o primeiro, seja vosso servo. 28 Pois, o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida como resgate em favor de muitos”.
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Sobre Apóstolo São Tiago Maior
Há dois apóstolos que tem o mesmo nome: Tiago, o Maior e Tiago, o Menor. A festa de São Tiago Maior celebramos no dia 25 de julho. A festa de São Tiago Menor celebramos no dia 3 de Maio juntamente ao apóstolo Filipe.

O apóstolo Tiago Maior é irmão de João. Ele ocupa o segundo lugar logo depois de Pedro (Mc 3, 17), ou o terceiro lugar depois de Pedro e André no Evangelho de Mateus (Mt 10, 2; Lc 6,14) e de Lucas (6, 14), ou depois de Pedro e de João (At 1,13). Ele faz parte do grupo dos três discípulos privilegiados (Pedro, Tiago e João) que foram admitidos por Jesus em momentos importantes da sua vida, especialmente na Transfiguração de Jesus (Mc 9,2-13; Mt 17,1-13; Lc 9,28-36) e no horto do Getsêmani (Mc 14,32-41; Mt 26,36-46; Lc 22,39-46).


Uma tradição sucessiva, que remonta pelo menos a Isidoro de Sevilha, relata que São Tiago Maior permaneceu algum tempo na Espanha para evangelizar aquela importante região que fazia parte do Império Romano. Mas outra tradição disse que o seu corpo teria sido transportado para a cidade de Santiago de Compostela na Espanha onde até hoje essa cidade continua sendo um lugar de veneração e objeto de peregrinações.


Graças ao Apóstolo São Tiago, como a outros Apóstolos a Boa Noticia de salvação chega até nós hoje. Por nossa vez não podemos deixar a Palavra de Deus morrer em nossas mãos. Precisamos ser apóstolos na atualidade.


Mensagem da Festa do Apostolo São Tiago Maior


Sempre que celebramos a festa de um apóstolo, fazemos memória do fato fundacional da Igreja. Nossa Igreja é chamada a Igreja apostólica e nossa fé é a fé apostólica, fé que foi nos transmitida pelos apóstolos, testemunhas oculares da vida de Jesus. Falar da fé apostólica significa que nossa fé, nossa esperança, nossa vida de comunidade tem como base a experiência dos apóstolos que estiveram perto de Jesus e o acompanharam até a morte e testemunharam sua ressurreição. Falar da “fé apostólica” significa sentir-se parte de uma longa cadeia de homens e mulheres que em muitos lugares e de muitas maneiras foram atraídos por esse Jesus que os apóstolos conheceram e viveram a mesma experiência que eles viveram e transmitiram aos demais. Falar da fé apostólica significa que tudo que cremos e vivemos não é algo que foi inventado. A fé que os apóstolos viveram e que é transmitida para nós hoje.


O Novo Catecismo da Igreja Católica no artigo 857 afirma: “A Igreja é apostólica, porque está fundada sobre os Apóstolos. E isso em três sentidos:
  1. -foi e continua a ser construída sobre o «alicerce dos Apóstolos» (Ef 2, 20), testemunhas escolhidas e enviadas em missão pelo próprio Cristo;
  2. -guarda e transmite, com a ajuda do Espírito Santo que nela habita, a doutrina, o bom depósito, as sãs palavras recebidas dos Apóstolos;
  3. -continua a ser ensinada, santificada e dirigida pelos Apóstolos até ao regresso de Cristo, graças àqueles que lhes sucedem no ofício pastoral: o colégio dos bispos, assistido pelos presbíteros, em união com o sucessor de Pedro, pastor supremo da Igreja: ‘Pastor eterno, não abandonais o vosso rebanho, mas sempre o guardais e protegeis por meio dos santos Apóstolos, para que seja conduzido através dos tempos, pelos mesmos chefes que pusestes à sua frente como representantes do vosso Filho, Jesus Cristo’”.
E no artigo 869 do mesmo Catecismo lê-se: “A Igreja é apostólica: está edificada sobre alicerces duradouros, que são os Doze apóstolos do Cordeiro; é indestrutível; é infalivelmente mantida na verdade: Cristo é quem a governa por meio de Pedro e dos outros apóstolos, presentes nos seus sucessores, o Papa e o colégio dos bispos”.
 
E os apóstolos são as testemunhas de Jesus Cristo ressuscitado; são testemunhas de que para aquele que aceita Jesus Cristo não conhece a morte, pois ressuscitará como Jesus Cristo ressuscitou. Os apóstolos são proclamadores do triunfo de Jesus sobre a morte, portanto, são os primeiros anunciadores da salvação para todos os homens. E os apóstolos faziam tal proclamação com valentia, sem medo porque era fruto da convicção profunda que produz a verdadeira fé.  Como diz São Paulo: “Sustentados pelo mesmo espírito de fé, conforme o que está escrito: ‘Eu creio e, por isso, falei’, nós também cremos e, por isso, falamos, certos de que aquele que ressuscitou o Senhor Jesus nos ressuscitará também com Jesus e nos colocará ao seu lado” (2Cor 4,13-14). Quando você tem realmente convicção de uma coisa, você jamais se entregará. Você vai lutar até o fim. Assim foi a vida dos apóstolos. A valentia e a ousadia dos apóstolos não se detinham nem sequer diante das ameaças dos poderosos porque estavam com uma grande convicção da ressurreição do Senhor. São Tiago foi o primeiro de todos a pagar com sua própria vida a intrepidez de seu testemunho. São Tiago aceitou beber o cálice do Senhor. Consequentemente, teve que aprender a servir, a viver desprendido de si mesmo até dar a vida por sua fé e sua dedicação pelo bem comum. 

Nós somos encarregados de continuar no mundo esse mesmo testemunho dos apóstolos. Somos chamados e enviados a ser testemunhas da ressurreição, da vida sem fim. Se nós acreditamos realmente na ressurreição, devemos respeitar a vida, a nossa própria e a dignidade da vida dos outros no seu início, na sua duração e no seu fim na história. Quem desrespeita a própria vida e a vida dos outros, nega a ressurreição. Se realmente acreditamos na ressurreição temos que ter certeza de que a vida não termina aqui, pois a vida é de Deus (cf. Jo 11,25; 14,6). Se acreditamos realmente na ressurreição devemos ter certeza de que os que nos precederam estão em comunhão conosco e intercedem por nós como nossos irmãos. Se realmente acreditamos na ressurreição não devemos prolongar nossa tristeza pelo falecimento de nosso irmão/ nossa irmã, nosso pai/nossa mãe, marido/esposa, filho/filha, pois eles apenas voltaram para a casa do Pai (cf. Jo 14,1-6). Se acreditamos realmente na ressurreição, devemos ter certeza de que o amor dos que nos precederam para a eternidade não morre, pois o amor é o nome próprio de Deus: “Deus é amor”, disse são João (1Jo 4,8.16). São Paulo escreveu: “Se o Espírito d'Aquele que ressuscitou Jesus de entre os mortos habita em vós, Ele, que ressuscitou Cristo Jesus de entre os mortos, também dará vida aos vossos corpos mortais, pelo seu Espírito que habita em vós” (Rm 8, 11). E o Novo Catecismo da Igreja Católica afirma: “Crer na ressurreição dos mortos foi, desde o princípio, um elemento essencial da fé cristã. A ressurreição dos mortos é a fé dos cristãos: é por crer nela que somos cristãos” (Artigo 991). 

Portanto, devemos revisar com seriedade a nossa fé na ressurreição e a qualidade de nossa maneira de testemunhar essa fé: se nosso testemunho realmente provém de uma convicção interior ou não. A prova disto é a nossa perseverança em tudo a exemplo dos apóstolos.
 
Por isso, ser cristão, como lição tirada do evangelho deste dia, não pode ser um pretexto para situar-se bem no mundo, para ficar nos primeiros postos ou posições, como pediram os dois irmãos, Tiago e João. Se viver desta maneira, a religião é capaz de cair no perigo de fanatismo e na violência. Ser cristão é seguir Jesus Cristo. Seguir Cristo significa acompanhá-lo em cada momento. É adotar a vida dele na nossa vida e sua missão na nossa missão.
 
O maior perigo para qualquer cristão, especialmente para aqueles que trabalham na Igreja do Senhor é o mesmo: converter a autoridade em poder e domínio e não em serviço. Quem busca o poder, e uma vez no poder será difícil perceber e achar que está errado. Toda autoridade que se exerce como poder e não como serviço tiraniza e oprime. Quem exerce a autoridade puramente como serviço ao irmão e à comunidade tem um mérito extraordinário. O poder já é perigoso, muito mais ainda super-poderoso.
 
Na Igreja de Cristo todos nós somos chamados a servir no espírito de Jesus. Servir é adorar a Deus em ação. Servir é fazer algo de bom sem esperar nada de troca ou de reconhecimento. Uma Igreja que não serve, não serve para nada. Servir pela salvação dos demais é o centro do cristianismo. O poder e o serviço se excluem. A ambição de poder é o câncer do serviço. O poder pode servir para muitas coisas, mas não serve para tornar bons os homens. Geralmente os maus líderes produzem os maus funcionários. A competitividade na Igreja do Senhor faz desaparecer a solidariedade, a compaixão, a igualdade e a colaboração. A competitividade sempre torce para que a vida do outro não dê certo para que ele possa estar em destaque solitariamente para ser adorado pelos demais. O cristão existe para os outros e é batizado para os outros.
 
Não é a missão de Cristo na terra situar seus seguidores nos melhores postos e conceder honras, e sim salvar os homens com um amor que jamais morre.Toda autoridade na Igreja é fazer os outros crescerem no bem e para salvar as pessoas.
 
Alguma Mensagem Dos Textos
 
O pedido da mãe em favor de seus filhos Tiago e João é o fruto de um pensamento no reino temporal em que há honras, dignidades, privilégios, primeiros lugares em tudo e assim por diante. Mas não é a missão de Jesus Cristo situar seus amigos nos melhores postos e conceder honras e honrarias e sim salvar os homenes com um amor que não se detém diante da morte e morte de cruz. Aquele que ressuscitou Jesus dentre os mortos, também ressuscitará e premiará em seu dia os que agora seguem os passos de Jesus.
 
É admirável a ambição de alguém que deseja redimir sua humilde condição de nascimento, valorizando todas as suas capacidades de inteligência e de luta. É um desejo inato, primordial. É muito normal ter o desejo de ser, de valorizar a própria existência, de subir mais alto na vida. E isso acontece em todos os campos. Não há ninguém que, para viver, não sinta necessidade de ser o primeiro em alguma coisa.
 
Porém, o perigo está na ambição desenfreada onde tudo vale. Para um ambicioso as honras valem tudo: ele se sente totalmente envolto pela espiral da glória. Quando dominado pelo vício, ele não suporta competidores, nem admite rivais. Quem é ambicioso, é dificilmente se preocupará com ser justo. Perante a necessidade de alcançar o que deseja, ele só enxerga uma alternativa: humilhar os outros e eliminá-los. Os outros já não são pessoas que merecem respeito, mas são degraus que só servem para ser galgados no intuito de ele atingir o vértice do poder. O ambicioso, quando estiver no vértice do poder, transmitirá aos súditos os seus sentimentos, arruinando a nação/grupo/comunidade etc. com assim chamada de política do prestígio, dos que só visam a conseguir a sua própria grandeza. Ele só obedece ao seu instinto de mandar e receber honrarias.
 
Em sua Meditação sobre o poder e a graça, José I. Gonzalez Faus (o mesmo autor de A autoridade da verdade) afirmou:  “O poder serve para muitas coisas. Mas não serve para que os homens se tornem bons; não serve para libertar ou curar a liberdade humana, só serve para suprimi-la. A graça, ao contrário, faz bons homens e liberta a liberdade humana. O poder obriga, a graça ajuda. O poder cria quartéis ou campos de concentração; o carisma edifica a comunidade. O poder impõe o silêncio, o carisma fala em silêncio...O poder se atribui carismas, o carisma não se atribui poderes. O poder suplanta o Espírito, o carisma faz transparecer o Espírito. E por isso, o poder acaba por levantar a cruz, e o carisma acaba por morrer pregado na cruz”.        
 
Poderíamos resumir o Evangelho de hoje com o seguinte pensamento: o modelo do Reino, e, portanto, dos que o pregam, não será o do poder politico e sim do serviço tal como Jesus o entende e o realiza em sua vida. O modelo que Jesus propõe é o do “servidor” (diakonos), e “escravo” dos demais. A novidade deste modelo é o serviço aos demais: para os judeus era uma honra chamar-se servidores de Deus, mas não dos homens.
 
E este serviço que Jesus propõe tem um modelo muito claro: Ele próprio. Com suas últimas palavras Jesus corrige um concepção errônea que poderia ter sobre sua pessoa e ao mesmo tempo se apresenta como modelo do serviço que lava até os pés dos apóstolos (cf. Jo 13,1-20; Mc 10,45). Com uma frase negativa: “Eu não vim para...” e logo com outra frase positiva: “e sim para dar sua vida...”, Jesus indica que Ele será o verdadeiro Servo de Javé e que Sua morte terá sentido de ser para todos os homens uma libertação (resgate) para levar uma vida nova. Para Jesus o serviço não é somente um conjunto de pequenas boas obras de ajuda aos demais. Para ele o que conta é a atitude de serviço como atitude de vida: “Eu vim para servir”. Ou seja, desejar sempre uma vida gozosa e plena para todos e orientar toda a atividade para consegui-la: “Eu vim para que todos tenham vida e a tenham em abundância” (Jo 10,10). Servir torna-se, então, um estilo de vida, e não é apenas uma atividade em determinado momento da vida diante dos demais.
 
O serviço pode produzir até a morte de quem serve, mas será a vida para os demais. Jesus foi morto por ter servido a todos até o fim por amor (Cf. Jo 13,1). A vida inteira de Jesus foi um serviço, uma entrega pessoal de amor. Nos misteriosos caminhos de Deus, o sofrimento de um justo por causa do serviço vivido até a morte se torna uma dinâmica geradora de vida nova para todos. Jesus Cristo demonstrou, com a sua Paixão, Morte e Ressurreição, a verdade desta afirmação. Por essa absoluta fidelidade ao amor, por essa entrega plena, os homens são arrebatados até a esfera divina.
 
O caminho da conversão dos Doze, em particular de Tiago e João, é uma chamada para todos nós. Também nós podemos mudar. Podemos, sim, fazer o melhor na Igreja em que não há governantes nem súditos, poderosos e escravos, uns lá em cima e outros lá em baixo.
 
Para que isto possa acontecer, temos que voltar ao Evangelho de Jesus Cristo. Cada cristão deve marchar pelo caminho do Mestre, que não veio para ser servido e sim para servir e dar sua vida pela salvação dos homens. Esta plena solidariedade com os homens e a entrega da vida por eles é o programa permanente de todos os cristãos. Dar a vida significa projetar a existência inteira como doação.
 
Mas não é fácil viver essa missão, pois “trazemos esse tesouro em vasos de barro...”.
 
O “tesouro” que a passagem alude é o conhecimento, a experiência de Jesus ressuscitado. Este é o incomparável dom que levamos em “vasos de barro”, expressão que pode fazer referência à debilidade da pessoa do próprio Paulo (cf. 2Cor 12,7-10; Gl 4,14) ou talvez, ao próprio corpo do homem saído de barro segundo a tradição de Gn 2,7. A pregação da fé se faz a partir da própria limitação do homem. Essa limitação faz o cristão recorrer sempre ao Senhor para pedir ajuda.
 
Paulo sabe muito bem que sem a graça de Deus ele cairia ao fracasso total. A debilidade do que crê não é sintoma de fracasso e sim lugar da manifestação de Deus. Na debilidade de Jesus como ser humano se manifesta a glória do Pai. A Igreja, cada cristão anuncia o Evangelho não a partir do poder e sim da distância do poder, pois o Evangelho só pode ser anunciado com credibilidade a partir da Cruz onde aparece a verdade crua.
 
João e Tiago, no evangelho de hoje, pedem honras, e Jesus lhes prediz o martírio. Eles querem mandar (poder), e Jesus lhes exorta ao serviço humilde dos irmãso.
 
Esta é uma lição perpetuamente válida na Igreja, não somente para os que, continuando o ministério apostolico, têm cargos de direção na comunidade cristã, mas também para todos os membros de dita comunidade, chamados igualmente ao serviço recíproco. Jesus é consciente de que o ideal que ele propõe vai contra as tendências mais inatas do espirito humano que impulsiona a dominar aos demais, a utilizá-los e abusá-los.
 
Por isso, depois de recordar o que costuma a passar nas sociedades humanas, nas quais predomina a prepotência, a tirania e o abuso de poder, o Senhor diz com força: “Não será assim entre vós!”, e formula um princípio que deveria guiar todas as nossas relações no interior da comunidade cristã: “Quem quiser tornar-se grande, torne-se vosso servidor; 27 quem quiser ser o primeiro, seja vosso servo”.
 
São Tiago e todos os demais apóstolos entenderam perfeitamente a lição, e fizeram de suas vidas um SERVIÇO, um MINISTÉRIO para a Igreja e para toda a humanidade. Sua autoridade não foi nunca de domínio e sim de disponibilidade de entrega amorosa até dar sua própria vida, seguindo o exemplo do próprio Cristo.
 
São Tiago aceitou beber o cálice do Senhor. Com efeito, São Tiago teve que aprender a servir, a viver desprendido de si mesmo, como Cristo, até dar a vida por sua fé. Que a recordação do sangue derramdo de São Tiago seja para nós uma força para continuarmos a testemunhar uma vida dedicada ao bem.
 
Além disso, ser cristão não pode ser um pretexo para situar-se bem no mundo, para alcançar primeiros postos pela ambição de poder a fim de ter privilégios desmedidos. Quando a religião se degrada, a fé facilmente se torna uma pseudo-crença e cai no perigo de fanatismo.
 
Celebrar a Eucaristia é comer o pão e beber o cálice. Com esse gesto de comunhão significamos nossa comunhão com Jesus e com os irmãos. Comungamos, então, com a causa de Jesus. Assim damos sentido à nossa fé e nos envolvemos na missão da Igreja, fundada sobre os apóstolos. Nesta Eucaristia, em que fazemos memória do martírio de São Tiago Maior, sejamos conscientes de que sua morte é inseparável da de Cristo, objeto central de toda celebração eucarística.
 
P.Vitus Gustama, SVD

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