sábado, 11 de julho de 2020


16/07/2020
Dia de Nossa Senhora do Carmo! Leia e faça um pedido a Ela.Evangelho de hoje (Mt 12,46-50) - Egídio Serpa | Egídio Serpa ...

NOSSA SENHORA DO CARMO
16 de Julho


Primeira Leitura: Zc 2,14-17
14 “Rejubila, alegra-te, cidade de Sião, eis que venho para habitar no meio de ti, diz o Senhor. 15 Muitas nações se aproximarão do Senhor, naquele dia, e serão o seu povo. Habitarei no meio de ti, e saberás que o Senhor dos exércitos me enviou a ti. 16 O Senhor entrará em posse de Judá, como sua porção na terra santa, e escolherá de novo Jerusalém. 17 Emudeça todo mortal diante do Senhor, ele acaba de levantar-se de sua santa habitação”.


Evangelho: Mt 12, 45-50
Naquele tempo, 46 enquanto Jesus estava falando às multidões, sua mãe e seus irmãos ficaram do lado de fora, procurando falar com ele. 47 Alguém disse a Jesus: “Olha! Tua mãe e teus irmãos estão aí fora, e querem falar contigo”. 48 Jesus perguntou àquele que tinha falado: “Quem é minha mãe, e quem são meus irmãos?” 49 E, estendendo a mão para os discípulos, Jesus disse: “Eis minha mãe e meus irmãos. 50 Pois todo aquele que faz a vontade do meu Pai, que está nos céus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe”.
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Nossa Senhora Do Carmelo


Celebramos neste dia (16 de julho) a festa de Nossa Senhora do Carmo (Carmelo). “Karmel”, em hebraico significa “Jardim fértil”. “Carmelo” é uma elevação montanhosa que se estende para além de 25 km do golfo de Haifa, no Mediterraneo, até a planície palestinense de Esdrelon, atingindo os 456m de altitude. Aos olhos dos hebreus, acostumados com as areias e as cores do deserto, o Carmelo se tornou de modo compreensível a imagem da presença de Deus. O Carmelo sempre foi um monte sagrado.


Por isso, esta festa nos traslada espontaneamente para a terra da Bíblia, para o monte Carmelo (cf. Is 35,2; Ct 7,6; Am 1,2). No Carmelo o profeta Elias tinha levado o povo a descobrir a verdadeira fé, eliminando os cultos idolátricos de Baal e reconstruindo o altar em honra de Javé, o Deus único (Cf. 1Rs 18,19-46). No século IX antes de Cristo, o profeta Elias converteu esse lugar no refúgio da fidelidade ao Deus único (monoteísmo) e no lugar dos encontros entre o Senhor e seu povo (cf. 1Rs 18,39). Durante as Cruzadas, os ermitãos cristãos se recolheram nas grutas daquele monte emblemático, até que no século XIII formaram uma família religiosa à qual o patriarca Alberto Avogadro de Jerusalém deu “uma regra de vida” e congregando-os ao redor da mencionada igrejinha de “Nossa Senhora” em 1209. Sabemos de tudo isso por um documento do Papa Inocêncio IV, em 1552, que estes ermitãos eram chamados “irmãos da ordem de santa Maria do monte Carmelo” e se consideravam parte da família de Maria.


O Monte Carmelo está situado na planície de Galileia, perto de Nazaré, onde viveu Maria, a Mãe do Senhor que conservava tudo em seu coração (cf. Lc 2,51). Por isso, a Ordem do Carmelo se põe desde suas origens sob a proteção da Mãe dos contemplativos. Do Carmelo receberá São João da Cruz a inspiração para fazer de sua subida, o Monte da Perfeição Evangelica, Monte repleto de paz e doçura e de santidade. É natural que no século XVI, os dois doutores da Igreja e reformadores da Ordem, Santa Teresa de Jesus e São João da Cruz converteram o Monte Carmelo no sinal do caminho para Deus.


Desde aqueles ermitãos que se estabeleceram no monte Carmelo, os carmelitas se distinguiram por sua profunda devoção à Santíssima Virgem Maria.


Quando Palestina foi invadida pelos sarracenos (árabes), os Carmelitas tiveram que abandonar o Monte Carmelo. Enquanto cantavam o cântico Salve apareceu lhes a Virgem Maria e lhes prometeu que seria sua Estrela do Mar, pela analogia da beleza do Monte Carmelo que se alça como uma estrela junto ao mar Mediterrâneo. Do Monte Carmelo os carmelitas migraram para o Ocidente. A ordem carmelita implorou a proteção e a defesa de Maria.  Por isso, apesar das contraposições, a ordem carmelita foi reconhecida, de alguma maneira, pelo Concílio de Lião em 17 de julho de 1274 e mais tarde aprovado por Bonifacio VIII em 1298. A ordem se difundiu pela Europa, e a Estrela do Mar lhe acompanhou e a Ordem foi se propagando pelo mundo e eram chamados de “Irmãos de Nossa Senhora do Monte Carmelo”. Em sua profissão religiosa se consagravam a Deus e a Maria, e tomavam o habito em sua honra, como lembrança (aviso) de que suas vidas pertencem a ela, e por ela a Cristo. A busca da sabedoria, a escuta da Palavra de Deus e o cumprimento da vontade de Deus são temas que iluminam o sentido mais verdadeiro da devoção à Virgem do Carmelo segundo a mais pura e genuína tradição da Ordem do Carmelo.


Simon Stock, nomeado superior da Ordem dos Carmelitas (1245), compreendeu que sem a intervenção da Virgem Maria, a Ordem teria vida curta. Recorreu a Maria a qual chamou de “Flor do Carmelo” e “Estrela do Mar” e pus a Ordem sob seu amparo, suplicando-lhe sua proteção para toda a comunidade. Na resposta à sua oração, no dia 16 de Julho de 1251 apareceu-lhe a Virgem Maria (em Cambridge na Inglaterra) e deu-lhe o escapulário para a Ordem com a seguinte promessa: “Este deve ser um sinal e privilégio para ti e para todos os Carmelitas: quem morre com o escapulário não sofrerá o fogo eterno”.


Nós nos comunicamos por símbolos, bandeiras, emblemas, escudos e uniformes que nos identificam. As comunidades religiosas levam seu habito ou outro sinal ou símbolo como sinal de sua consagração a Deus. Os leigos que desejam associar-se aos religiosos no caminho da santidade podem usar escapulários, miniatura de habito, com rosário e a medalha milagrosa. São Afonso Ligório disse: “Os homens se orgulham quando os outros usam sua uniforme, e a Virgem está satisfeita quando seus servidores usam seu escapulário como prova de que se dedicaram a seu serviço, e são membros da família da Mãe de Deus”. O escapulário foi instituído pela Igreja como sacramental e sinal que nos ajuda a viver santamente e a aumentar nossa devoção e que propicia a renúncia ao pecado.


Por isso, é preciso que estejamos conscientes de que o escapulário de Nossa Senhora do Carmo, como qualquer outro, não é um objeto para uma proteção mágica (um amuleto); nem uma garantia automática de salvação; nem uma dispensa para não ouvir as exigências da vida cristã. O escapulário é um sinal “forte” aprovado pela Igreja desde séculos que representa nosso compromisso de seguir a Jesus como Maria: abertos a Deus e a sua vontade, guiados pela fé, pela esperança e pelo amor, ser próximos dos necessitados, orando constantemente e descobrindo Deus presente em todas as circunstâncias, ser um sinal que alimenta a esperança do encontro com Deus na vida eterna.


Quem usa o escapulário deve estar consciente de sua consagração a Deus e à Virgem Maria e ser consciente em seus pensamentos, palavras e obras. Maria, a Mãe do Senhor foi a primeira discípula de Jesus Cristo, pois ela viveu segundo a Palavra de Deus: “Eis me aqui a Serva do Senhor. Faça-se em mim segundo a Tua Palavra” (Lc 1,38). Para são João da Cruz a Virgem Maria foi sempre dócil aos impulsos do Espírito Santo, pois “jamais teve impressa na alma forma de alguma criatura, nem se moveu por ela; mas sempre agiu sob a moção do Espírito Santo” (III Subida 2,10). E para Santa Teresa de Jesus Maria “estava sempre firme na fé” (VI Moradas 7,14), cheia de “tão grande fé e sabedoria” que sempre aceitou em sua vida os caminhos de Deus, escutando humildemente a Palavra (cf. Conceitos do Amor de Deus 6,7).


Mensagem Do Evangelho


O evangelho lido neste dia é escolhido em função da festa de Nossa Senhora do Carmo. No episódio do Evangelho de hoje é revelada a passagem da fraternidade-familiaridade puramente natural para a espiritual que Maria vive já, pois ela é Aquela que afirma: “Eis aqui a Serva do Senhor. Faça-se em mim segundo a Tua Palavra” (Lc 1,38).


Na passagem do evangelho de hoje Jesus pergunta e afirma: “Quem é minha mãe? Quem são meus irmãos. Todo aquele que faz a vontade do meu Pai, que está nos céus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe” (Mt 12,50). Trata-se de uma família ou uma comunidade de Deus, e por isso, de uma comunidade de salvação. A pergunta não significa um desprezo de Jesus aos seus parentes ou familiares. Ninguém amou Sua mãe melhor do que o próprio Jesus. E nenhuma mãe amou melhor seu Filho, Jesus, do que a própria Maria. Jesus oferece aos homens a qualitativa intimidade de sua família. A família humana de Jesus viveu conforme a vontade de Deus: José que criou Jesus era chamado de “o justo”, aquele que vive segundo os mandamentos de Deus (cf. Mt 1,19). Maria, a Mãe de Jesus foi chamada pelo anjo do Senhor “cheia de graça” (cf. Lc 1,28) e “Bendita entre as mulheres” e a “Mãe do meu Senhor” por Isabel (Lc 1,42-43).


Por isso, a família humana de Jesus serve de exemplo para todas as famílias humanas. Que é possível formar uma família de Deus nesta terra. Que é possível viver no céu aqui na terra através da vivência da Palavra de Deus. A única maneira de salvar a família humana é transformá-la em família de Deus, família que vive de acordo com os mandamentos de Deus, família que coloca Deus como o centro de sua vida e a família que se funda sobre a rocha da Palavra de Deus (cf. Mt 7,24-25).


Todo aquele que faz a vontade do meu Pai, que está nos céus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe, disse Jesus. A nova família formada por Jesus supera as medidas da família natural por causa da vivência da Palavra de Deus. Maria, a Serva (Lc 1,38), a discípula que se entrega por completo a fim de que se cumpra a vontade de Deus é o grande exemplo desta comunhão familiar com Jesus através do vínculo da Palavra divina escutada e vivida. O ciristão gera em si mesmo Jesus mediante o cumprimento da Palavra de Deus. Os frutos da participação no Reino anunciado por Jesus são: a fraternidade, a maternidade, comunhão de todos na mesma fé, na mesma esperança e no mesmo amor.


Maria concebeu Jesus antes com a fé que em seu seio virginal. Maria acreditou e logo foi mãe. Todos nós, cristãos, temos algo de filhos gerados no amor e algo de mães e irmãos gerados na fé que nos faz filhos no Filho de Deus, Jesus Cristo. Vivamos como Maria: creiamos em Cristo, vivamos com Ele e n’Ele, e assim contribuiremos a gerar filhos para Deus.


A Virgem Maria, Nossa Senhora do Carmo, nos ensina a vivermos abertos diante de Deus e de Sua vontade, manifestada nos acontecimentos da vida; a escutarmos a voz ou a Palavra de Deus na Bíblia e na vida, para meditá-la, pondo depois em prática as exigências desta voz; a orarmos fielmente sentindo Deus presente em todos os acontecimentos; a vivermos próximos de nossos irmãos e a sermos solidários com eles em suas necessidades. A Mãe do Senhor e nossa mãe (cf. Jo 19,26-27) jamais nos abandona, pois somos seus filhos no seu Filho Jesus Cristo. Nenhuma mãe normal é capaz de abandonar seu filho. Imagine a Mãe do Senhor!


QUE FIZESTE, MARIA para valer tanto diante de Deus? Foi tua beleza, ou tua inteligência ou tua bondade que venceu o Criador e Pai, a ponto de te tornares participante direta e pessoal de todos os mistérios divinos? Quem não conhece a resposta cantada no Magnificat? O Pai viu que ninguém seria tão simples continuaria tão humilde, sendo Cheia de Graça e Mãe de Deus. ... Estás tão cheia que, a cada passo, a cada gesto, a cada pensamento, transbordas e derramas sobre os homens a Graça que é perene em Ti” (Dom Helder Câmara: Nossa Senhora No Meu Caminho, Ed. Paulus 7ª edição,2005 p.75 e 93).


“Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós pecadores agora e na hora de nossa morte. Amém!”.
P. Vitus Gustama, SVD

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