sábado, 5 de agosto de 2023

08/08/2023-Terçaf Da XVIII Semana Comum

DEUS,ORIGEM DOS CARISMAS, ESTÁ CONOSCO EM TODOS OS MOMENTOS

Terça-Feira Da XVIII Semana Comum

Primeira Leitura: Nm 12,1-13

Naqueles dias, 1 Maria e Aarão criticaram Moisés por causa de sua mulher etíope. 2 E disseram: “Acaso o Senhor falou só através de Moisés? Não falou, também, por meio de nós?” E o Senhor ouviu isto. 3 Moisés era um homem muito humilde, mais do que qualquer outro sobre a terra. 4 Então o Senhor disse a Moisés, Aarão e Maria: “Ide todos os três à Tenda da Reunião”. E eles foram. 5 O Senhor desceu na coluna de nuvem, parou à entrada da Tenda, e chamou Aarão e Maria. Quando se aproximaram, ele lhes disse: 6 “Escutai minhas palavras! Se houver entre vós um profeta do Senhor, eu me revelarei a ele em visões e falarei com ele em sonhos. 7 O mesmo, porém, não acontece com o meu servo Moisés, que é o mais fiel em toda a minha casa! 8 Porque a ele eu falo face a face; é às claras, e não por figuras, que ele vê o Senhor! Como, pois, vos atreveis a rebaixar o meu servo Moisés?” 9 E, indignado contra eles, o Senhor retirou-se. 10 A nuvem que estava sobre a Tenda afastou-se, e no mesmo instante, Maria se achou coberta de lepra, branca como a neve. Quando Aarão olhou para ela e a viu toda coberta de lepra, 11 disse a Moisés: “Rogo-te, meu Senhor! Não nos faça pagar pelo pecado que tivemos a insensatez de cometer. 12 Que Maria não fique como morta, como um aborto que é lançado fora do ventre de sua mãe, já com metade da carne consumida pela lepra”. 13 Então Moisés clamou ao Senhor, dizendo: “Ó Deus, eu te suplico, dá-lhe a cura!” 

Evangelho: Mt 14,22-36

Depois que a multidão comera até saciar-se, 22 Jesus mandou que os discípulos entrassem na barco e seguissem, à sua frente, para o outro lado do mar, enquanto ele despediria as multidões. 23 Depois de despedi-las, Jesus subiu ao monte, para orar a sós. A noite chegou, e Jesus continuava ali, sozinho. 24 A barca, porém, já longe da terra, era agitada pelas ondas, pois o vento era contrário. 25 Pelas três horas da manhã, Jesus veio até os discípulos, andando sobre o mar. 26 Quando os discípulos o avistaram, andando sobre o mar, ficaram apavorados, e disseram: 'É um fantasma'. E gritaram de medo. 27 Jesus, porém, logo lhes disse: 'Coragem! Sou eu. Não tenhais medo!' 28 Então Pedro lhe disse: 'Senhor, se és tu, manda-me ir ao teu encontro, caminhando sobre a água.' 29 E Jesus respondeu: 'Vem!' Pedro desceu da barca e começou a andar sobre a água, em direção a Jesus. 30 Mas, quando sentiu o vento, ficou com medo e começando a afundar, gritou: 'Senhor, salva-me!' 31 Jesus logo estendeu a mão, segurou Pedro, e lhe disse: 'Homem fraco na fé, por que duvidaste?' 32 Assim que subiram no barco, o vento se acalmou. 33 Os que estavam no barco, prostraram-se diante dele, dizendo: 'Verdadeiramente, tu és o Filho de Deus!' 34 Após a travessia desembarcaram em Genesaré. 35 Os habitantes daquele lugar, reconheceram Jesus e espalharam a notícia por toda a região. Então levaram a ele todos os doentes; 36 e pediam que pudessem, ao menos, tocar a barra de sua veste. E todos os que a tocaram, ficaram curados.

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Todos Os Dons e Carismas Provém De Deus Para a Edificação Da Comunidade 

Maria e Aarão criticaram Moisés por causa de sua mulher etíope. E disseram: ‘Acaso o Senhor falou só através de Moisés? Não falou, também, por meio de nós?’”. 

Desta vez a rebelião e o protesto não vem apenas do povo eleito em geral, mas também de sua própria família: seu irmão maior Aarão, o sacerdote que trabalhava em colaboração com Moisés, e sua irmã Maria (Miriam) que vigiava no rio onde sua mãe depositou o menino Moisés. Agora Aarão e Maria atacam Moisés e murmuram dele. 

Trata-se de um dos problemas familiares e da convivência em geral: a inveja. A inveja é a tisteza pelo bem alheio. A inveja nasce da sensação ou da crença de que nunca vai ter o que o outro possui. É uma profunda raiva produzida pela conquista dos outros. A inveja é um desejo de destruição, de ódio. A inveja tentará destruir o outro através da perseguição. A inveja nos tira do foco e conduz nossa energia para o lado errado, em vez de buscar novas oportunidades melhores. É a falta de autoestima. Tomemos cuidado com nossas invejas, pois pode resultar, para nós, numa  vida cheia de “lepras”. 

O ataque dos dois irmãos (Aarão e Maria) contra Moisés é ouvido por Deus por ser muito grave: “E o Senhor ouviu isto” (Nm 12,2c). Esta frase nos revela a onisciência e a onipresença de Deus. Tudo o que se passa nesta terra e entre os homens não fica fora do conhecimento de Deus. A onipresença divina deveria dar a segurança para aquele que crê em Deus, pois ele não está só nesta vida nas suas lutas de cada dia, pois Deus o acompanha todos os dias (cf. Mt 28,20). Por outro lado, tomemos cuidado com os nossos ataques injustos (ou justos) contra os irmãos, contra nosso próxomo que são filhos de Deus, pois pode acontecer algo pior na nossa vida como aconteceu com a irmã de Moises: “E, indignado contra eles, o Senhor retirou-se. A nuvem que estava sobre a Tenda afastou-se, e no mesmo instante, Maria se achou coberta de lepra, branca como a neve” (Nm 12,9-10). 

O leproso era considerado um pecador e um maldito, vítima de um particularmente doloroso castigo de Deus. Ele era considerado “ferido” por Deus. Aproximar-se dele e tocá-lo significavam contrair a impureza, igual como o contato com um cadáver. Segundo a lei, o leproso contaminava não somente as pessoas que se aproximassem dele, mas também os objetos que tocasse e as casas em que entrasse. Por isso, ele era excluído ou marginalizado da comunidade. Não tinha acesso ao Templo e a outros lugares públicos para não contaminá-los pela sua impureza. Além disso, toda vez que as pessoas se aproximassem dele, ele teria que gritar: “Impuro!” (cf.Lv 13,1ss). A lepra era considerada como a própria morte, pois dificilmente podia ser curada. A cura da lepra era, por isso, considerada um milagre, como se fosse uma ressurreição de um morto. Neste caso somente Deus podia curá-lo dessa lepra. 

Além disso, precisamos estar conscientes de que cada um nasce com seus dons. Basta multiplicarmos os dons recebbidos para edificar uma convivência mais fraterna. Em vez de ter inveja dos dons e das capacidades dos outros, precisamos cultivar nossos dons para poder multiplicá-los. O invejoso pelos dons dos outros mostra que ele enterra seus dons (cf. Mt 25,18). 

Apesar dos ataques injustos dos irmãos (Maria/Miriam e Aarão), Moisés mantém-se humilde e fiel a Deus e mostra o amor a sua irmã, Maria: “Rogo-te, meu Senhor! Não nos faça pagar pelo pecado que tivemos a insensatez de cometer. Que Maria não fique como morta, como um aborto que é lançado fora do ventre de sua mãe, já com metade da carne consumida pela lepra” (Nm 12,11-12). Moisés transforma os ataques recebidos em oração por aquela (Maria) que o atacou. Isso mostra a grandeza do coração de Moisés.

Há uma dupla reação diante deste ataque inesperado. Por parte de Moisés é a paciência e a humildae, porqueMoisés era um homem muito humilde, mais do que qualquer outro sobre a terra(Nm 12,3). Moisés não responde aos seus irmãos como palavras de ofensa. Por parte de Deus é a defesa de seu profeta Moisés: “Escutai minhas palavras! Se houver entre vós um profeta do Senhor, eu me revelarei a ele em visões e falarei com ele em sonhos. O mesmo, porém, não acontece com o meu servo Moisés, que é o mais fiel em toda a minha casa! Porque a ele eu falo face a face; é às claras, e não por figuras, que ele vê o Senhor! Como, pois, vos atreveis a rebaixar o meu servo Moisés?”. O livro interpreta como castigo de Deus a lepra que Maria sofreu (Nm 12,9-10). 

Sobre um fundo de problemática familiar guardado na memória da tradição, possivelmente da tradição eloísta, o autor bíblico nos oferece uma boa lição teológica sobre os carismas. O autor sagrado quer colocar em destaque a origem de todos os carismas. Deus que chama cada um para um serviço concreto, dá-lhe também o carisma correspondente e lhe assegura Sua assistência (cf. Nm 12,6-7). Deus é quem distribui para cada homem um carisma conforme Sua própria vontade (cf. 1Cor 12,11). E a vontade de Deus não é arbitrária, pois o carisma não se outorga para a promoção pessoal e sim para a edificação e o crescimento da comunidade. E para a livre generosidade de Deus deve corresponder a fidelidade do serviço do homem pelo bem da comunidade e sua edificação. O carisma que se transforma em autopromoção é uma traição à vontade de Deus. Este abuso pode resultar na desgraça: “Indignado contra eles (Aarão e Maria), o Senhor retirou-se. A nuvem que estava sobre a Tenda afastou-se, e no mesmo instante, Maria se achou coberta de lepra, branca como a neve”.

A intenção de dois irmãos, Aarão e Maria, de minar a autoridade de Moisés em benefício próprio atrai a ira de Javé (Deus). Maria era certamente profetisa (Ex 15,20) que recebeu este carisma, como Aarão havia recebido o carisma do sacerdócio. Por isso, era verdade que Deus havia falado com eles. Mas esta realidade não lhes dava nenhum direito de exigir igualdade de dons nem intentar reduzir Deus a um mero garantia da igualdade de sua própria graça. No fundo, é uma tentativa de manipular Deus e de converter o serviço ou ministério em título de honras e poder, como temos visto no curso da história do pecado.

Mas Aarão se arrepende de sua falta e pede a intercessão de Moisés: “Rogo-te, meu Senhor! Não nos faça pagar pelo pecado que tivemos a insensatez de cometer. Que Maria não fique como morta, como um aborto que é lançado fora do ventre de sua mãe, já com metade da carne consumida pela lepra”. O Salmo Responsorial de hoje parece recolher os sentimentos de Aarão: “Tende piedade, ó meu Deus, misericórdia! Na imensidão de vosso amor, purificai-me! Lavai-me todo inteiro do pecado, e apagai completamente a minha culpa! Eu reconheço toda a minha iniquidade, o meu pecado está sempre à minha frente. Foi contra vós, só contra vós, que eu pequei, e pratiquei o que é mau aos vossos olhos!” (Sl 50). E Moisés mostra, mais uma vez, seu coração magnânimo intercedendo diante de Deus por sua irmã Maria. 

O exemplo de Moisés deveria nos animar a ser mais generosos em nossas reações diante do tratamento que recebemos dos outros quando nos parece injusto. Jesus nos ensinou a perdoar (Cf. Mt 18,21-22). Quando não houver o perdão mútuo, existirão sempre duas vítimas: o agredido e o agressor, e a relação fica enfraquecida. A correção fraterna pode nos ajudar a recapacitarmos e a melhorarmos nossa relação mais saudável.

Para aprender a amar verdadeiramente, o cristão tem que aprender a perdoar, pois perdão é a expressão máxima do amor. Perdão é o último testamento de Jesus Cristo da cruz para todos os cristão (cf. Lc 23,34).  “O fraco jamais perdoa: o perdão é uma das características do forte”. (Mahatma Gandhi).

Deus Está Conosco Em Todos Os Momentos De Nossa Vida

1. É Preciso Manter Nossas Conversas Diárias Com Deus, Nosso Pai 

Depois que saciou a multidão com a Palavra de Deus e com o alimento, Jesus se afastou da multidão para rezar ou para estar em comunhão plena com Deus: “Jesus subiu ao monte para orar a sós”, assim o evangelista Mateus registrou.

A montanha, por ser um ponto elevado sobre a parte plana da terra, sempre foi considerada em todas as antigas religiões como um símbolo da “subida” do homem até Deus e como o sinal da manifestação ou epifania de Deus. Deus se manifesta no alto e o homem deve subir até Deus, abandonando uma vida medíocre, pois Deus está acima de nossos esquemas de viver e de pensar. Ou na linguagem do Livro dos Reis (1Rs 19,9-13) Deus não se encontra no terremoto, isto é, não tem como ouvir Deus numa vida agitada e barulhenta; também não se encontra no fogo. O fogo queima e transforma tudo em cinzas. Isto quer dizer que não tem como ouvir Deus para uma mente agitada ou comportamento esquentado. Deus se encontra na suavidade de uma brisa, isto é, quando tudo é sereno, a voz de Deus pode ser ouvida com clareza. Somente no silêncio e ao criar o silêncio a eternidade se faz presente para potenciar nossa humanidade. Um cristão sem oração perseverante é como alguém que anda com uma perna apenas: em pouco tempo fica cansado e cai. 

2. Deus Está Conosco Diariamente: Tenha Consciência Disso!

“Coragem! Sou eu. Não tenhais medo!”

Através desta frase Jesus se dá a conhecer ou Jesus se revela aos discípulos quem Ele é. A palavra “Coragem!” dissipa o medo provocado pela aparição de Jesus no meio do lago. Em seguida Jesus lhes disse: “Sou Eu!”. “Sou eu” é uma fórmula de identificação com que Deus se revelava no Antigo Testamento (cf. Ex 3,14; Is 43,1.3.10-11). “Sou Eu” corresponde à exortação “Não tenha medo”. Ao dizer “Sou Eu”, Jesus se revelou como Deus-Conosco (cf. Mt 1,23; 18,20; 28,20), um Deus que nos acompanha com sua providencia em todos os momentos de nossa vida. Através de seu evangelho, Mateus quer nos transmitir a certeza de que Deus jamais nos abandona: “Eis que Estou convosco todos os dias até o fim do mundo” (Mt 28,20). 

“Não tenhais medo”, diz-nos o Senhor todos os dias. Quando ouvirmos a voz do Senhor, a paz estará presente no nosso coração, ainda que estejamos rodeados pelas provações ou dificuldades, pois trata-se da Palavra de Quem nos criou e de Quem pode nos salvar. Precisamos nos deixar pelo poder da Palavra de Deus e não pelo aparente poder da situação em que nos encontramos. Em outras palavras, é preciso que Deus continue sendo o Senhor de nossa vida em todos os seus momentos. Para isso precisamos nos manter conectados com o Senhor para que Sua força continue sendo nossa força.

3. É Preciso Manter o Olhar Fixado No Senhor 

“’’Senhor, se és tu, manda-me ir ao teu encontro, caminhando sobre a água.’  E Jesus respondeu: ‘Vem!’ Pedro desceu da barca e começou a andar sobre a água, em direção a Jesus. Mas, quando sentiu o vento, ficou com medo e começando a afundar, gritou: ‘Senhor, salva-me!’”.

Pedro desafia Jesus. Ele chama Jesus de “Senhor” e pede para que vá até Jesus. Através desse pedido Pedro quer participar da condição divina de Jesus. Jesus não duvida e convida Pedro para ir ao seu encontro. Mas infelizmente Pedro esperava a condição divina sem obstáculos, de maneira milagrosa. Pedro precisa estar consciente de que o homem se faz filho de Deus em meio da oposição e perseguição do mundo (cf. Mt 5,10-11). O pedido de Pedro (cf. Sl 17(18),5-18; 143(144),5-7) vale uma reprovação, pois mostra sua falta de fé: “Homem fraco na fé, por que duvidaste?”. 

Pedro sente medo porque não entendeu o modo como se faz a missão: com a entrega total. Os discípulos ou Pedro apelam a Jesus nos momentos de dificuldade pedindo que Jesus intervenha. Eles têm conceito da salvação expressado nos salmos (cf. Sl 17[18],5-18; 143[144],5-7): uma intervenção milagrosa de Deus a partir do céu para que resolva a situação desesperadora do homem. o conceito de Jesus é diferente: estando com Ele, o homem se basta a si mesmo (cf. Mt 19,26: para Deus tudo é possível) e está salvo: “Coragem! Sou eu. Não tenhais medo!” 

Enquanto Jesus sobe à barca cessa o vento, isto é, a oposição e a resistência dos discípulos. O vento era a busca do triunfo humano. “Os que estão na barca”, que representam a comunidade cristã (barca=Comunidade/Igreja), reconhecem que Jesus é “Filho de Deus”. Jesus é “Filho de Deus”, mas eles têm acreditar no Filho de Deus para que possam chegar a sê-lo.

É preciso manter nosso olhar para Deus e não para as nossas dificuldades ou para as “ondas fortes” de nossa vida. Pedro olhava mais para as ondas e quase se afundou. A partir do momento em que ele voltou a olhar para Jesus a fim de pedir a ajuda e Jesus estendeu a mão para tirá-lo de sua situação, Pedro começou a andar com o Senhor sobre as ondas. Muitos de nossos medos são causados pela nossa maneira de olhar para nossa vida e seus problemas. Se nossa vida pertence a Deus e foi Ele quem nos deus, temos que confiar nossa vida no Senhor.

P. Vitus Gustama,svd

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