segunda-feira, 21 de agosto de 2023

25/08/2023-Sextaf Da XX Semana Comum

O AMOR TRANSFORMA TUDO EM OBRA PRIMA, POIS DEUS É AMOR

Sexta-Feira Da XX Semana Comum

Primeira Leitura: Rt 1,1.3-6.14b-16.22

1 No tempo em que os juízes governavam, houve uma fome no país e um homem de Belém de Judá foi morar nos campos de Moab com sua mulher e seus dois filhos. 3 Entretanto, morreu Elimelec, marido de Noemi, e esta ficou sozinha com seus dois filhos. 4 Eles casaram-se com mulheres moabitas, uma das quais se chamava Orfa, a outra, Rute. E ali permaneceram uns dez anos. 5 Depois morreram também os dois, Maalon e Quelion e a mulher ficou só, sem os dois filhos e sem o marido. 6 Então ela se dispôs a voltar do campo de Moab para a sua pátria com as duas noras, porque tinha ouvido dizer que o Senhor havia olhado para o seu povo, e lhe tinha dado alimentos. 14b Orfa beijou sua sogra e partiu. Rute, porém, ficou com Noemi. 15 Esta disse-lhe: “Olha, tua cunhada voltou para o seu povo e para os seus deuses. Vai com ela”. 16 Mas Rute respondeu: “Não insistas comigo para que te deixe e me afaste de ti. Porque para onde fores irei contigo, onde pousares, lá pousarei eu também. Teu povo será o meu povo, e o teu Deus será o meu Deus”. 22 Assim Noemi voltou dos campos de Moab, acompanhada de sua nora Rute, a moabita. Regressaram a Belém, quando começava a colheita da cevada.

Evangelho: Mt 22, 34-40

Naquele tempo, 34 os fariseus ouviram dizer que Jesus tinha feito calar os saduceus. Então eles se reuniram em grupo, 35e um deles perguntou a Jesus, para experimentá-lo: 36 ”Mestre, qual é o maior mandamento da Lei?” 37 Jesus respondeu: “Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento!’ 38 Esse é o maior e o primeiro mandamento. 39 O segundo é semelhante a esse: ‘Amarás ao teu próximo como a ti mesmo’. 40 Toda a Lei e os profetas dependem desses dois mandamentos”.

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Deus Não Tem a Acepção De Pessoas

Não insistas comigo para que te deixe e me afaste de ti. Porque para onde fores irei contigo, onde pousares, lá pousarei eu também. Teu povo será o meu povo, e o teu Deus será o meu Deus”, disse Rute para sua sogra, Noemi, a viúva, que lemos na Primeira Leitura tirada do livro de Rute. 

Na época dos Juizes se situa também a história de Rute, uma mulher estrangeira que, pelo amor, entrou no povo de Israel e aparece, nada menos, na lista dos antepassados de Jesus, o Messias (cf. Mt 1,5). 

O Livro de Rute é o mais curto do canon do Antigo Testamento: somente há quarto capítulos. Mesmo que ele seja curto, a leitura deste livro é recomendável pelas lições religiosas, familiares e morais que se encontram nele.

O livro de Rute é uma história cheia de ternura e um canto para a providência de Deus. Os dois filhos de uma família, que emigraram de Belém (Belém significa “Casa do pão”, em contraste com a fome provocada) para a terra de Moab para buscar o sustento, se casaram com duas moças moabitas, pagãs, que em pouco tempo ficaram viúvas e sem descendência. 

Quando mudaram as circunstâncias, Noemi decide voltar para sua terra, Belém. Uma das noras, Orfa, ficou em Moab. Enquanto que outra nora, Rute, segue sua sogra, Noemi, e adota sua fé: “Teu povo será o meu povo, e o teu Deus será o meu Deus”, disse Rute a Noemi, sogra. É um exemplo de amor e de fidelidade. Trata-se de um relato familiar simples e confortante, além da fidelidade à aliança. Deus premiará Rute pela prática do casamento levirato para tornar possível a perpetuação da linha patriarcal. A prática do casamento levirato previa que o irmão de um homem morto ou um parente mais próximo tomasse e casasse com a viúva e, assim, ela poderia ter um filho que seria considerado, de fato, do homem morto. Segundo a mentalidade na época, a ausência de filhos significava que a pessoa deixaria de existir em Israel. O nome de Rute que gerou Obed será citado na genealogia de Jesus no evangelho de Mateus (Mt 1,5).

Os valores familiares, a misericórdia com o necessitado, a fidelidade aos mandamentos de Deus, a providência divina e o prêmio pela bondade são destacados no livro de Rute. 

A tragédia da família de Elimelec foi dolorosa: a morte de Elimelec e de seus dois filhos. Mas Deus recompensa copiosamente a piedade e devoção de Noemi, viúva de Elimelec que saiu de Moab para voltar novamente para sua família em Belém, acompanhada por Rute, viúva de um dos filhos de Noemi. 

O Deus que se apresenta neste livro é um Deus que não limita sua proteção aos israelitas que vivem dentro dos limites da terra prometida, mas também acompanha seus fieis servidores em qualquer lugar, fora da terra prometida, como aconteceu com Noemi. Este mesmo Deus cuida, sob sua proteção, dos estrangeiros que confiam nele e se refugiam sob suas asas como Rute (Rute 2,12). Em Deus não há acepção de pessoas. 

Os caminhos de Deus são sempre surpreendentes. Entre os antepassados de Jesus está Rute, que foi a bisavó de Davi. Deus nos dá uma lição de universalidade. Deus não quer que tenhamos a autossuficiência, como se fôssemos os únicos bons. As relações humanas numa família que na Primeira Leitura nada menos que entre sogra e nora, ou numa comunidade eclesial ou na sociedade, ficam interpeladas pelo exemplo da moça estrangeira, Rute cheia de amor, de misericórdia, de ternura, de fidelidade, e assim por diante. É um toque de atenção contra todo tipo de racismo. Todos são chamados a adotar um coração universal que saiba reconhecer valores também nos demais homens e mulheres ainda que sejam estrangeiros. 

Deus tem um coração universal e segundo o Salmo Responsorial Deus tem predileção pelos mais débeis e marginalizados da sociedade: O Senhor faz justiça aos que são oprimidos; ele dá alimento aos famintos, é o Senhor quem liberta os cativos....  Ele ampara a viúva e o órfão”. O amor nos leva a amarmos todos e a respeitá-los. 

O Amor Humaniza e Diviniza 

Quando um de vós ama, não diga: ‘Deus está no meu coração’, mas que diga antes: ‘Eu estou no coração de Deus” (Khalil Gibran. O Profeta). 

Mestre, qual é o maior mandamento?”. É uma pergunta tipicamente farisaica. A fidelidade à Lei era o grande problema debatido em seus grupos. Tinham muitas obrigações, numerosas práticas a observar e quantidades de interditos (365 leis negativas e 248 positivas). Mas sabiam que era preciso fazer distinções e não colocar tudo no mesmo plano: há mandamentos mais graves e outros menos graves. Por isso, a pergunta é dirigida a Jesus sobre o maior mandamento. 

Até aqui cada um de nós precisa se perguntar: “Será que eu também procuro o que é essencial na minha vida que é capaz de dar sentido para todos os meus atos diariamente? O que dá sentido para minha vida? O que é que é essencial para minha vida e minha salvação? Vivo de acordo com aquilo que é essencial na minha vida?”.

Amarás…”, respondeu Jesus. Tudo se resume nesta palavra: amor! É tão breve a palavra que temos o risco de passá-la por alto. Devo orar a partir desta palavra. Devo olhar para a minha vida e para a minha convivência a partir desta palavra. Devo liderar, orientar e governar a partir desta palavra. Devo fundamentar tudo o que digo e faço a partir dessa palavra: amor. Devo corrigir os outros a partir desta palavra. Devo olhar para tudo que faço a partir desta palavra, “pois não importa se você faz muito ou pouco, mas que você coloque o amor naquilo que você faz. Não importa se você dá muito ou pouco, mas que você coloque o amor naquilo que você dá” (Madre Teresa de Calcutá). O amor transforma tudo em obra prima, pois “nada é pequeno quando o amor é grande” (Santa Teresinha do Menino Jesus). “O amor nada dá de si próprio e nada recebe senão de si próprio. O amor não possui, nem se deixa possuir, pois o amor basta-se a si mesmo” (Khalil Gibran). Devo pensar na minha salvação a partir desta palavra, pois “Deus é Amor” (1Jo 4,8.16). Deus está no ato de amar. “Quanto mais amas, mais alto tu sobes” (Santo Agostinho. In ps. 83,10). 

Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento!”. Não economize o amor!  Amé até o limite da capacidade humana. Através destas palavras Jesus cita a oração cotidiana dos judeus (Dt 6,4-7). Em outras palavras, Deus deve ser amado de maneira total de nosso ser, segundo Jesus e não somente com uma parte de nossa vida ou de nosso tempo. 

Até aqui cada um de nós precisa se perguntar: “Será que eu amo a Deus de todo o meu ser?” 

E amarás o teu próximo como a ti mesmo”. Não tenha ódio de si nem dos outros, pois o ódio sufoca a própria vida e mata a fraternidade e a convivência. São Paulo expressa esse mandamento de outra maneira: “Não devais nada a ninguém, a não ser o amor mútuo, pois quem ama o outro cumpriu a Lei” (Rm 13,8). Quem é o próximo? Para Jesus “próximo” é qualquer pessoa que é objeto do amor de Deus. Isto quer dizer todos. “Amando o próximo tu limpas os olhos para ver Deus” (Santo Agostinho. In Joan. 17,8). 

O amor é que dá sentido para o resto de nossa vida. Com efeito, sem ele nada tem sentido. O homem morre não quando deixa de viver, mas quando deixa de amar. E Jesus nos alerta que no fim de nossa vida seremos examinados precisamente a partir do amor vivido ou praticado (cf. Mt 25,31-46). “No entardecer de nossa vida seremos julgados sobre o amor”, dizia São João da Cruz. 

Nós vivemos hoje em sociedades que tem muitas leis e normas, inclusive nossas Igrejas têm extensas legislações. No entanto, todas elas não resolvem positivamente a vida do ser humano. A lei (as leis), ainda que oriente alguns comportamentos ou alguns ritos litúrgicos, não pode ser o guia na vida das pessoas. O único guia é o Espírito de amor que nos permite vivermos em paz com Deus e em justiça com nossos irmãos. A maior injustiça que podemos cometer é a falta de amor, pois as outras injustiças são conseqüência da falta de amor.

Amar é silenciar para escutar.

Escutar para compreender.

Compreender para caminhar.

Caminhar para viver.

Amar é aprender das quedas.

Recomeçar nas chegadas.

Confiar apesar de tudo

(Canísio Mayer)

O que é que eu amo no amor?

Pe. Vitus Gustama

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