segunda-feira, 27 de maio de 2013

DEIXAR MUITO PARA GANHAR TUDO EM JESUS CRISTO
 
 

Terça-feira da VIII Semana Comum
28 de Maio de 2013
 
Texto de Leitura: Mc 10,28-31

Naquele tempo, 28começou Pedro a dizer a Jesus: “Eis que nós deixamos tudo e te seguimos”. 29Respondeu Jesus: “Em verdade vos digo, quem tiver deixado casa, irmãos, irmãs, mãe, pai, filhos, campos, por causa de mim e do Evangelho, 30receberá cem vezes mais agora, durante esta vida — casa, irmãos, irmãs, mães, filhos e campos, com perseguições — e, no mundo futuro, a vida eterna. 31Muitos que agora são os primeiros serão os últimos. E muitos que agora são os últimos serão os primeiros”.
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O texto do evangelho de hoje, como também o do dia anterior, se encontra na parte central do evangelho de Marcos (Mc 8,22-10,52). Este conjunto começa com a cura do cego (8,22-26) e termina com a mesma (10,46-52). Com isso Marcos quer nos mostrar que os discípulos continuam com sua incompreensão diante da missão de Jesus.


No início e no fim desta seção, Marcos coloca o tema de fé como dom de Deus. A fé faz ver quem é Jesus. Desde o começo da atividade pública de Jesus, Marcos mostrou-nos a cegueira dos discípulos. Mas Jesus fará tudo para, pouco a pouco, tirar a cegueira dos discípulos. A visão clara que se tem de Jesus não vem de uma só vez. Mas com a ajuda de Jesus, veremos mais claro e com maior nitidez o seguimento. A fé também faz ver o caminho que Jesus trilhou e que devemos trilhar. Assim a seção começa e termina com a cura de um cego (8,22-26; 10,46-52). E essas duas curas têm uma função simbólica: para mostrar a cegueira dos discípulos. Elas também lembram o leitor que é Jesus quem faz possível a fé daqueles que acreditam nele e O seguem no caminho.


No evangelho do dia anterior (Mc 10,17-27) o jovem rico recusou o convite de Jesus para que ele vendesse tudo que tinha para depois dar tudo aos pobres e seguir a Jesus. Em vez de seguir a Jesus, Àquele que tem “as palavras da vida eterna” (Jo 6,68b), o jovem rico foi embora triste porque tinha muitos bens e não quis partilhá-los nem com os necessitados (pobres).


Isto quer nos dizer que para ser salvo é preciso despojar-se das riquezas e seguir a Jesus. O primeiro (despojar-se das riquezas) não é suficiente; é necessário o segundo (seguir a Jesus). Muitos podem abandonar suas riquezas, mas nem todos seguem a Jesus. Somente segue Jesus quem O imita e trilha Seus passos.


Lembremo-nos de que os bens materiais sempre são alheios a nós. Eles nunca serão nossos amigos. A vida feliz está na partilha. A partilha é a alma do projeto de Jesus Cristo. Ele nos chama para segui-lo nessa direção. No evangelho de Marcos Jesus e seu Espírito vão ajudando os discípulos para que cheguem à maturidade de sua fé. Somente depois da ressurreição (Páscoa) é que eles vão se entregar também gratuito e generosamente ao serviço de Jesus Cristo e da comunidade até sua morte, pois eles captaram o sentido da mensagem de Jesus.


Depois que o homem rico foi embora, Jesus pronunciou esta frase para os discípulos: “Meus filhos, como é difícil entrar no Reino de Deus! É mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha do que um rico entrar no Reino de Deus!”.  


Ao ouvir essa frase, Pedro perguntou a Jesus: “Eis que nós deixamos tudo e te seguimos”. E o evangelista Mateus explicita ou acrescenta a seguinte frase: “O que é que vamos receber?” (Mt 19,27). Através de sua pergunta Pedro quer nos dizer: “Já rompemos com os laços familiares, abandonamos as atividades profissionais, deixamos para trás nossas propriedades e seguimos o Mestre Jesus. Queremos saber, de antemão, o que receberemos em troca?”. Aparentemente, no fundo, os discípulos buscam postos de honra, recompensas humanas, soluções econômicas e políticas. Dizia Santo Agostinho: “Não esqueças: Deus plenifica os corações, não os bolsos” (In ps. 53,8). “A busca de Deus é a busca da felicidade. O encontro com Deus é a própria felicidade”, disse o mesmo Santo Agostinho (De mor. Eccl. Cath. 11,18).


A resposta de Jesus diante da pergunta de Pedro é esperançosa e misteriosa ou enigmática, ao mesmo tempo: “Em verdade vos digo, quem tiver deixado casa, irmãos, irmãs, mãe, pai, filhos, campos, por causa de mim e do Evangelho, receberá cem vezes mais agora, durante esta vida e, no mundo futuro, a vida eterna”. Não se trata de quantidades aritméticas (cem vezes). A resposta se refere à nova família que se cria em torno de Jesus: deixamos um irmão e encontramos cem irmãos (irmãs). O Reino de Deus estabelece vínculos de nova família que consiste na comunhão de seus membros onde todos se sentem irmãos, irmãs, mães, pais, filhos e filhas. O laço desta nova família está na prática da vontade de Deus que consiste na prática do bem e na vivência do amor fraterno: “Quem fizer a vontade de Deus, esse é meu irmão, irmã e mãe” (Mc 3,35).


Quantos irmãos e irmãs leigos, quantos pastores, quantos médicos e enfermeiros sem fronteiras e as demais pessoas de boa vontade que entregam sua melhor força e tempo para trabalhar pelo bem dos irmãos da comunidade e fora da comunidade e para ajudar os sofredores em todos os sentidos! Quantos sacerdotes, quantos religiosos e religiosas, quantas pessoas consagradas que não formaram a própria família, mas não por isso que deixaram de amar. Ao contrário, eles estão plenamente disponíveis para todos, movidos de um amor universal. Todos esses irmãos e irmãs são reflexos da generosidade de Jesus Cristo neste mundo. Jesus está presente nesses irmãos e irmãs, se quisermos perguntar onde está Jesus Cristo (cf. Mt 25,31-46). Jesus promete já desde agora uma grande satisfação e promete a vida eterna: “Receberá cem vezes mais agora, durante esta vida e, no mundo futuro, a vida eterna”. Mas o verdadeiro amor supõe sacrifício, cruz e perseguição, porém, vale a pena, pois a Páscoa salvadora passa pelo caminho da Cruz da Sexta-feira Santa.

P. Vitus Gustama,svd

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