segunda-feira, 20 de maio de 2013

SER PARCEIRO DO BEM E DOS QUE FAZEM O BEM
 
Quarta-feira da VII Semana Comum
22 de Maio de 2013
 
Texto: Mc 9,38-40

 
Naquele tempo, 38 João disse a Jesus: “Mestre, vimos um homem expulsar demônios em teu nome. Mas nós o proibimos, porque ele não nos segue”. 39 Jesus disse: “Não o proibais, pois ninguém faz milagres em meu nome para depois falar mal de mim. 40 Quem não é contra nós é a nosso favor”.

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Mestre, vimos um homem que não nos segue, expulsando demônios em teu nome, e o impedimos porque não nos seguia”, são palavras de João, um dos discípulos de Jesus, no texto do evangelho de hoje.


Trata-se de um tema muito atual e sempre atual. Precisamos olhar e ir para além dos confins da comunidade cristã, da Igreja e perceberemos quemuita gente que faz o bem independentemente de pertencer ou não a uma crença, a uma Igreja ou a uma religião. Fazer o bem não é exclusividade dos que pertencem a uma religião. Quem sabe, os que não pertencem a uma Igreja ou a uma religião fazem muito mais o bem do que os que se dizem crentes. Precisamos tomar parte dos que praticam o bem, pois eles são reflexos do Bem Maior que é o próprio Deus. Quando está em jogo o bem, o primeiro dever daqueles que têm “poder” na comunidade ou dos que simplesmente pertencem à comunidade é não impedir o bem, mas ser parceiro do bem ou dos que o praticam. Ninguém pode ficar alheio do bem ou aleijado do bem, muito menos ser inimigo do bem. Não podemos odiar quem pratica o bem nem os que não o praticam. É preciso sermos parceiros do bem, da verdade, da solidariedade, da bondade, da compaixão, da caridade e dos demais valores semelhantes.


A reação de João que é um dos discípulos de Jesus é uma reação de domínio, uma vontade de poder, uma preocupação de conservar um monopólio. Anteriormente, os discípulos foram enviados por Jesus a pregar e a expulsar demônios (Mc 6,7-13).  João quer guardar para si , monopolizar para o grupo dos Doze o poder de Cristo. É uma das tentações “dos bons”: monopolizar Deus, monopolizar seus dons e seus bens, sentir ciúmes porque os outros fazem algo melhor. João quer ver a atuação do Espírito de Deus enquadrado em um grupo definido para evitar a perda de prestigio, de poder e de influência.


Jesus rejeita esta tendência de monopólio ou a de exclusivismo: Não o impeçais, pois nãoninguém que faça milagre em meu nome e logo depois possa falar mal de mim. Porque quem não é contra nós é por nós”, responde Jesus a João. Para Jesus o bem não tem fronteiras, nem religiosas nem sagradas nem denominacionais nem ideológicas.


Quem não atua como inimigo da comunidade na qual vive Jesus é, em certo sentido, parte da comunidade. Se alguém, que não é cristão, faz o bem invocando o nome de Jesus, isto significa que Jesus está atuando nele e que um dia o unirá também visivelmente à sua comunidade (cf. Mt 25,34-40). Jesus não é monopólio da comunidade e sim construtor da comunidade mediante o Espírito e para fazer isto tem que atuar também fora dela. Temos que descobrir a presença de Jesus também fora da Igreja.


“Ninguém faz milagres em meu nome para depois falar mal de mim”, disse Jesus. Homem nenhum tem o direito de encurtar a mão de Deus e de projetar como instrumento exclusivo dele. Não somos os únicos bons. Não somos donos do Espírito de Deus. Quem é de Deus reconhece o que é divino no outro. Todos os homens de boa vontade, os que querem salvar a humanidade, embora não pisem nossos templos ou igrejas, são de Deus porque eles fazem aquilo que tem a marca divina: a bondade e o amor. Todos aqueles que amam seu próximo e lutam por um mundo melhor e mais fraterno e pelos direitos dos homens, especialmente pelos menos favorecidos fazem parte da família de Deus embora não pertençam a nenhuma Igreja e religião. Quem é de Deus é identificado não pela sua pertença religiosa, mas pelo modo de viver, pelas suas opções diárias. Mas quem pertence a uma Igreja ou a uma religião tem obrigação maior de fazer o bem. Se não fizer o bem, estará contra a própria Igreja ou a própria religião.


Quem de nós não teve alguma vez o sectarismo de grupo ou monopólio de grupo? Muitas vezes usamos a capa da solidariedade, da defesa pelo bem comum, mas escondemos nossos próprios interesses? Quem de nós não teve alguma resistência diante de uma capacidade dos outros, porque não gostou dele? Não exageramos algumas vezes nossa tendência de monopolizar a verdade, o poder ou a razão? A partir do ensinamento de Jesus de hoje, nós devemos saber aceitar a parte ou a total razão dos outros, reconhecer seus valores, admitir que os outros possam e podem atuar de acordo com o Espírito de Deus. O Espírito de Deus não é propriedade de nenhum grupo, de nenhuma estrutura. Ele sopra para onde e para quem quer. Precisamos ter discernimento para ler as marcas onde o Espírito de Deus. Hoje em dia convivemos como vizinhos próximos de outras religiões e crenças. O Espírito ecumênico de Jesus devem nos levar a aceitarmos e reconhecermos com gozo a presença de Deus que atua em todos os povos. Quem não é contra nós é a nosso favor”.


P. Vitus Gustama,svd

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