DEUS ESTÁ PRESENTE NA NOSSA VIDA
COTIDIANA
Quinta-feira da VI Semana da Páscoa
09 de Maio de 2013
Texto
de Leitura: João 16, 16-20
Naquele tempo, disse Jesus aos seus
discípulos: 16“Pouco tempo ainda, e já não me vereis. E outra vez pouco tempo, e
me vereis de novo”. 17 Alguns dos seus discípulos disseram então
entre si: “O que significa o que ele nos está dizendo: ‘Pouco tempo, e não me
vereis, e outra vez pouco tempo, e me vereis de novo’, e: ‘Eu vou para junto do
Pai? ’”. 18 Diziam, pois: “O que significa este pouco tempo? Não entendemos o
que ele quer dizer”. 19 Jesus compreendeu que eles queriam interrogá-lo;
então disse-lhes: “Estais discutindo entre vós porque eu disse: ‘Pouco tempo e
já não me vereis, e outra vez pouco tempo e me vereis?’ 20 Em
verdade, em verdade vos digo: Vós chorareis e vos lamentareis, mas o mundo se
alegrará; vós ficareis tristes, mas a vossa tristeza se transformará em
alegria”.
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O texto do evangelho lido neste dia
pertence ao conjunto do discurso de despedida de Jesus no evangelho de João (Jo
13-17). Ao ter consciência de sua iminente partida deste mundo (morte) Jesus dá
alguns conselhos para seus discípulos que vão continuar a missão de Jesus como
seus enviados ou missionários neste mundo (Jo 20,21).
No texto de hoje Jesus quer
transmitir aos discípulos algumas certezas para a caminhada neste mundo. Em
primeiro lugar, Jesus afirma conscientemente a certeza do término de sua vida
terrena eminentemente. Cada história tem seu início como também tem seu
término. Assim também a vida de Jesus na terra. A vida na história tem seu
começo, também tem seu fim. Para cada ser humano tem seu nascimento, também tem
sua morte (cf. Eclesiastes 3,1-8). A idade sempre aumenta em cada
segundo, pois o tempo não pára. A idade sempre aumenta e nunca diminui, mas
pode também terminar em qualquer segundo. Tudo é para frente. Não há parada,
pois a vida nos empurra por dentro. Estamos sempre em permanente viagem ou
caminhada, mesmo que estejamos dormindo. Até as palavras ditas passam no tempo.
Cada um vai criar seu caminho e sua própria história neste mundo. E o fim
depende das opções feitas entre dois extremos: entre o início e o fim. A maneira
como eu vivo nesses dois extremos vai determinar de que modo vou terminar minha
história.
Jesus não somente fala da certeza
do término de sua vida terrena, mas também da certeza de sua glorificação ou de
sua ressurreição. Por isso, ele afirma: “Eu vou para junto do Pai”. O
Deus revelado por Jesus em quem acreditamos é o Deus dos vivos (cf. Mt
22,31-32).
Por que Jesus tem tanta certeza da
comunhão plena com o Pai? Porque a vida de Jesus é vivida de acordo com o Plano
ou a vontade de Deus. E a vontade de Deus se resume no amor: “Deus amou
tanto o mundo que lhe deu seu Filho para que todo o que nele crer tenha a vida
eterna” (Jo 3,16). A partir de Deus o mundo é governado por amor e no amor.
A única lei que rege a vida de qualquer cristão é a lei do amor fraterno: “Nisto
todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros”
(Jo 13,35). O amor é o único meio capaz de convencer e converter até os ateus.
Nada compromete tanto como o amor, e ninguém é tão livre como aquele que ama.
A certeza da comunhão plena com o
Pai por ter vivido uma vida de acordo com a lei do amor faz com que Jesus tenha
outra certeza: a sua nova presença no meio dos seus discípulos. Por isso, ele
afirma: “E outra vez pouco tempo, e me vereis de novo”. O amor
possibilita uma presença eterna mesmo que aquele que é amado não esteja
presente fisicamente. O amor é eterno, pois “Deus é amor” (1Jo 4,8.16), mas as
caricaturas do amor não duram. Por causa desse amor eterno é que Jesus nos
garante: “Vós ficareis tristes, mas a vossa tristeza se transformará em
alegria”. A fé não nos faz contornarmos nossa tristeza. A fé nos dá forças
para atravessar nossa tristeza com a certeza de que Deus nos ama e nós amamos a
Deus e cremos no Seu amor. O encontro do meu amor por Deus e do amor de Deus
por mim resulta numa força tremenda capaz de superar aquilo que humanamente é
impossível. “Vós ficareis tristes, mas a vossa tristeza se transformará em
alegria”, garante-nos o Senhor.
“Vossa tristeza se transformará
em alegria”. Os discípulos experimentaram a inquietude. A mesma inquietude
dos primeiros discípulos, que se expressa profundamente nas palavras de Jesus
(Jo 16,16) concentra ou resume a tensão de nossas inquietudes de fé, de busca
de Deus em nossa vida cotidiana. Como os cristãos do primeiro século,
necessitamos experimentar a presença do Senhor em meio de nós para reforçar
nossa fé, esperança e caridade. Sem perceber podemos experimentar Deus em toda
a beleza, em todo o gesto de amor, no bem praticado, no perdão dado, na pessoa
que nos ajuda e nos anima, no coração que sabe amar e perdoar, no palpitar
intacto de cada novo ser, na vida que não termina com a morte. Afinal, em tudo
que é a expressão do amor, pois “Deus é amor” (1Jo 4,8.16). Deus nos toca em cada
gesto de amor e tocamos ou experimentamos o próprio Deus em cada gesto de amor
que praticamos. “Experimentar Deus não é pensar sobre Deus. É sentir Deus a
partir do coração puro e da mente sincera. Experimentar Deus é tirar o mistério
do universo do anonimato e conferir-lhe um nome, o de nossa reverência e de
nosso afeto”
(Leonardo Boff).
P.Vitus Gustama, SVD
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