TRISTEZA SERÁ TRANSFORMADA EM
ALEGRIA NA COMPANHIA DO SENHOR
Sexta-feira da VI Semana da Páscoa
10 de Maio de 2013
Texto
de Leitura: Jo 16,20-23
Naquele tempo, disse Jesus aos seus
discípulos: 20“Em verdade, em verdade vos digo: Vós chorareis e vos lamentareis,
mas o mundo se alegrará; vós ficareis tristes, mas a vossa tristeza se
transformará em alegria. 21A mulher, quando deve dar à luz, fica
angustiada porque chegou a sua hora; mas, depois que a criança nasceu, ela já
não se lembra dos sofrimentos, por causa da alegria de um homem ter vindo ao
mundo. 22Também vós agora sentis tristeza, mas eu hei de ver-vos novamente
e o vosso coração se alegrará, e ninguém vos poderá tirar a vossa alegria. 23aNaquele
dia, não me perguntareis mais nada”.
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O texto do evangelho de hoje faz
parte do conjunto do discurso de despedida de Jesus no evangelho de João (Jo
13-17). E o texto do evangelho de hoje nos fala da vida como ela é. A dor e o
sofrimento fazem parte de nossa vida. Além disso, eles nos fazem crescer. Eles
fazem parte de ingredientes para saborear a vida na sua plenitude, como cada
rosa tem seus espinhos, mas os espinhos não tiram a beleza de uma rosa. Todo
sofrimento por amor nos faz crescer na nossa maturidade.
Jesus anuncia para os discípulos
sua morte iminente como uma partida para o Pai (Jo 16,5). Consequentemente, os
discípulos ficarão tristes por causa da ausência física de Jesus. Mas Jesus
afirma que a tristeza dos discípulos é apenas uma passagem. Ele evoca a imagem
de uma mulher parturiente: “A mulher, quando deve dar à luz, fica angustiada
porque chegou a sua hora; mas, depois que a criança nasceu, ela já não se
lembra dos sofrimentos, por causa da alegria de um homem ter vindo ao mundo”.
Na Bíblia as dores do parto caracterizam um “castigo” terrível (Gn 3,16; Jr
4,31; 6,24; 13,21). No entanto, são as únicas dores que têm um sentido porque
trazem uma nova vida ao mundo. Para os discípulos os sofrimentos são de caráter
passageiro, pois sofrem em nome de Jesus que é a vida de suas vidas (Jo 14,6;
11,25), como uma mãe parturiente que sofre em nome de uma vida que está para
vir ao mundo. Trata-se, paradoxalmente, de um sofrimento que tem sabor de
alegria.
Para quem está com o Senhor os
sofrimentos desta vida não são sofrimentos de agonia e sim são sofrimentos de
parto que conduzem à vida. Com o Senhor e no Senhor todo sofrimento é fecundo.
Com o Senhor cada sofrimento faz nascer uma nova visão sobre a vida cada vez
maior e vasta. Se o coração se alegra,
se alegra todo o homem desde sua raiz mais profunda.
E Jesus promete aos discípulos: “Ninguém
vos poderá tirar a vossa alegria”. Trata-se da alegria que nunca se
acaba, da alegria eterna. É a promessa daquele que venceu a morte. As tristezas
de cada dia podem acontecer, mas nada nem ninguém possa nos tirar do caminho da
Vida. Nossa alegria nasce da serena certeza de que somos queridos do Senhor
infinitamente, amados em todas as nossas limitações e fraquezas. É a alegria de
saber que nossa vida tem sentido e tem futuro. Por isso, a falta de alegria
profunda, no fundo, é sinal da falta de fé, sinal da falta de profundidade na
vida de fé. Um cristão triste é, verdadeiramente, um triste cristão.
De início, o sofrimento nos parece
sempre grande demais. Porém, o sentido de qualquer sofrimento é levar-nos ao
nosso limite para nos fazer descobrir novas forças. Aprendamos da mulher-mãe da qual fala o
evangelho de hoje. Nela concorrem sucessivamente tristeza-dor e triunfante
alegria, porque o dom da maternidade é muito grande. Assim também nós, filhos e
filhas de Deus, discípulos e discípulas de Cristo, caminharemos da
provação-sofrimento-tristeza para a alegria-consolo, fecundidade do gozo no
Espírito de Deus. A força de Deus é tal que é capaz de nos encher de serenidade
e confiança, enquanto a provação, ao contrário, tenta nos impor um sentimento
de fracasso e o desejo de perecer.
Tenhamos confiança; o Senhor sempre
está conosco. O Senhor quer que através de cada um de nós surja uma nova
humanidade onde haja menos dor, menos pobreza, menos tristeza, menos angústia,
menos exploração dos menos favorecidos, menos injustiças sociais, menos vícios
que minem a saúde das pessoas e a paz familiar. O Senhor continua nos enviando
para que possamos gerar uma autêntica alegria cristã. Mas temos que estar
conscientes de que para gerar um homem novo e renovado nos custará grandes
sofrimentos, perseguições e incompreensões. Na vida o que é valioso custa
muito. Não há nada que seja valioso que seja dado de graça. Ninguém cresce sem
aprender a morrer de muitas coisas na vida. Mas o Senhor quer que sejamos
fortes, valentes, seguros e que confiemos n’Ele e caminhemos atrás de suas
pegadas. E quem crê em Jesus Cristo deve ser o primeiro em trabalhar pelo bem
de todos.
“Ninguém vos poderá tirar a
vossa alegria” é a Palavra do Senhor hoje para todos nós. para isso,
temos que viver de acordo com os ensinamentos de Cristo que se resumem no amor
fraterno, pois quem ama o próximo, não vai fazer mal contra ele.
Pela comunhão, Cristo morto e
ressuscitado se faz nossa força para passar triunfalmente pelo sofrimento que
encontramos na vida.
Vitus Gustama, SVD
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