segunda-feira, 6 de maio de 2013

DEUS ESTÁ PRESENTE NA NOSSA VIDA COTIDIANA


Quinta-feira da VI Semana da Páscoa
09 de Maio de 2013

Texto de Leitura: João 16, 16-20

 
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: 16“Pouco tempo ainda, e já não me vereis. E outra vez pouco tempo, e me vereis de novo”. 17 Alguns dos seus discípulos disseram então entre si: “O que significa o que ele nos está dizendo: ‘Pouco tempo, e não me vereis, e outra vez pouco tempo, e me vereis de novo’, e: ‘Eu vou para junto do Pai? ’”. 18 Diziam, pois: “O que significa este pouco tempo? Não entendemos o que ele quer dizer”. 19 Jesus compreendeu que eles queriam interrogá-lo; então disse-lhes: “Estais discutindo entre vós porque eu disse: ‘Pouco tempo e já não me vereis, e outra vez pouco tempo e me vereis?’ 20 Em verdade, em verdade vos digo: Vós chorareis e vos lamentareis, mas o mundo se alegrará; vós ficareis tristes, mas a vossa tristeza se transformará em alegria”.

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O texto do evangelho lido neste dia pertence ao conjunto do discurso de despedida de Jesus no evangelho de João (Jo 13-17). Ao ter consciência de sua iminente partida deste mundo (morte) Jesus dá alguns conselhos para seus discípulos que vão continuar a missão de Jesus como seus enviados ou missionários neste mundo (Jo 20,21).


No texto de hoje Jesus quer transmitir aos discípulos algumas certezas para a caminhada neste mundo. Em primeiro lugar, Jesus afirma conscientemente a certeza do término de sua vida terrena eminentemente. Cada história tem seu início como também tem seu término. Assim também a vida de Jesus na terra. A vida na história tem seu começo, também tem seu fim. Para cada ser humano tem seu nascimento, também tem sua morte (cf. Eclesiastes 3,1-8). A idade sempre aumenta em cada segundo, pois o tempo não pára. A idade sempre aumenta e nunca diminui, mas pode também terminar em qualquer segundo. Tudo é para frente. Não há parada, pois a vida nos empurra por dentro. Estamos sempre em permanente viagem ou caminhada, mesmo que estejamos dormindo. Até as palavras ditas passam no tempo. Cada um vai criar seu caminho e sua própria história neste mundo. E o fim depende das opções feitas entre dois extremos: entre o início e o fim. A maneira como eu vivo nesses dois extremos vai determinar de que modo vou terminar minha história.


Jesus não somente fala da certeza do término de sua vida terrena, mas também da certeza de sua glorificação ou de sua ressurreição. Por isso, ele afirma: “Eu vou para junto do Pai”. O Deus revelado por Jesus em quem acreditamos é o Deus dos vivos (cf. Mt 22,31-32).


Por que Jesus tem tanta certeza da comunhão plena com o Pai? Porque a vida de Jesus é vivida de acordo com o Plano ou a vontade de Deus. E a vontade de Deus se resume no amor: “Deus amou tanto o mundo que lhe deu seu Filho para que todo o que nele crer tenha a vida eterna” (Jo 3,16). A partir de Deus o mundo é governado por amor e no amor. A única lei que rege a vida de qualquer cristão é a lei do amor fraterno: “Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros” (Jo 13,35). O amor é o único meio capaz de convencer e converter até os ateus. Nada compromete tanto como o amor, e ninguém é tão livre como aquele que ama.


A certeza da comunhão plena com o Pai por ter vivido uma vida de acordo com a lei do amor faz com que Jesus tenha outra certeza: a sua nova presença no meio dos seus discípulos. Por isso, ele afirma: “E outra vez pouco tempo, e me vereis de novo”. O amor possibilita uma presença eterna mesmo que aquele que é amado não esteja presente fisicamente. O amor é eterno, pois “Deus é amor” (1Jo 4,8.16), mas as caricaturas do amor não duram. Por causa desse amor eterno é que Jesus nos garante: “Vós ficareis tristes, mas a vossa tristeza se transformará em alegria”. A fé não nos faz contornarmos nossa tristeza. A fé nos dá forças para atravessar nossa tristeza com a certeza de que Deus nos ama e nós amamos a Deus e cremos no Seu amor. O encontro do meu amor por Deus e do amor de Deus por mim resulta numa força tremenda capaz de superar aquilo que humanamente é impossível. “Vós ficareis tristes, mas a vossa tristeza se transformará em alegria”, garante-nos o Senhor.


Vossa tristeza se transformará em alegria”. Os discípulos experimentaram a inquietude. A mesma inquietude dos primeiros discípulos, que se expressa profundamente nas palavras de Jesus (Jo 16,16) concentra ou resume a tensão de nossas inquietudes de fé, de busca de Deus em nossa vida cotidiana. Como os cristãos do primeiro século, necessitamos experimentar a presença do Senhor em meio de nós para reforçar nossa fé, esperança e caridade. Sem perceber podemos experimentar Deus em toda a beleza, em todo o gesto de amor, no bem praticado, no perdão dado, na pessoa que nos ajuda e nos anima, no coração que sabe amar e perdoar, no palpitar intacto de cada novo ser, na vida que não termina com a morte. Afinal, em tudo que é a expressão do amor, pois “Deus é amor” (1Jo 4,8.16). Deus nos toca em cada gesto de amor e tocamos ou experimentamos o próprio Deus em cada gesto de amor que praticamos. “Experimentar Deus não é pensar sobre Deus. É sentir Deus a partir do coração puro e da mente sincera. Experimentar Deus é tirar o mistério do universo do anonimato e conferir-lhe um nome, o de nossa reverência e de nosso afeto” (Leonardo Boff).

 
P.Vitus Gustama, SVD

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